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História | Material de Apoio

Professor Rodrigo Donin.

A Guerra do Contestado

A Guerra do Contestado, 1912 – 1916

Antecedentes

 Ao longo da chamada Primeira República (1889 a 1930), a estrutura da sociedade brasileira se diversificou.

 Aconteceria um “(...) avanço da pequena propriedade produtiva do campo, a expansão da classe média
urbana e a ampliação da base da sociedade. A grande novidade sob este último aspecto foi o surgimento do
‘colonato’ na área rural e sobretudo da classe operária nos centros urbanos. Os primeiros movimentos
sociais da classe operária se situam na República”.

O conflito em si envolveu posseiros e pequenos proprietários de terras contra representantes do poder estadual e
federal, numa região rica em erva-mate e madeira, disputada por SC e PR.

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Disputas políticas

No entanto, após 1853, o território Paranaense estendia-se até o Rio Grande do Sul, sem uma definição sobre as
divisas entre o Paraná e Santa Catarina.

Até 1901 o problema territorial entre os estados vizinhos foi debatido nas assembleias estaduais.

Foi neste ano que SC apresentou uma ação no STF reivindicando a fronteira com o PR pelos rios Saí-Guaçu, Negro e
Iguaçu.

importante observar que na região contestada por Paraná e Santa Catarina haviam núcleos urbanos já instalados há
algum tempo, bem como havia um grande grupo de caboclos, gente que vivia nas matas, em agrupamentos
menores. As populações dos núcleos urbanos identificavam-se mais com o Paraná, apesar de que a vontade política
do governo federal fosse tendenciosamente favorável aos catarinenses.

A questão social e os Monges

 A população paranaense sentia-se abandonada pelas autoridades paranaenses, faltando qualquer tipo de
assistência governamental e espiritual, vivendo seus integrantes na marginalidade.

 A população cabocla vivia dominada por líderes religiosos, sobretudo ligado a devoções católicas.

 A situação era ainda pior pois economicamente a região dispunha de latifúndios, que agrupavam grande
número de tropeiros, agregados, foreiros e desocupados, vivendo à míngua.

 Tais propriedades impediam o progresso e asfixiavam a comunidade.

 A estrada de ferro e a madeireira: consequências sociais

 Entre os anos de 1910-11 também construía-se na região a estrada de ferro SP-RS. Muitos se aproveitaram
para adquirir terras a preços baixos.

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 Milhares de posseiros que ocupavam as terras, no entanto, passaram a ocupar as terras sem de fato possuir
o título legal das terras.

Ações de madeireiras e de ferroviárias foram o início do estopim por terras na região do Contestado entre PR e SC.

Religiosidade e reivindicações sociais

 Figuras exóticas também pairavam nossos sertões, chamados pela população local de “monges”.

 Viviam na floresta, dormiam em grutas, possuíam barba crescida e cerrada, sandálias feitas de couro cru, na
cabeça um barrete de pele de onça, um bordão na mão e um terço pendurado no pescoço.

No período do Contestado foram, supostamente, três:

1. João Maria d’Agostini ou São João Maria, imigrante italiano, chegado ao brasil em 1844.

2. Anastás Marcaf ou João Maria de Jesus, recém chegado a cidade da Lapa em 1894, porém, de índole pacífica.

3. Miguel Lucena ou José Maria de Agostinho, fugitivo paranaense.

Monge João Maria de Jesus era o santo mais conhecido pela população cabocla.

Camponeses do Contestado

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 O 3º monte, José Maria, teve ao seu redor descontentes, injustiçados, desempregados, bandidos, facínoras e
deu-lhes instrução militar, armando-os com espadas, facões, paica-paus, garruchas.

 Por intermédio de José Maria que a alcunha “monge” guerreiro” surgiu. Dizia-se irmão do 1º monge. Usava
de qualidades de persuasão ao mesmo tempo que realizava milagres e rezas.

 Foi a partir de José Maria que ocorreram a resistência contra investidas policiais. Criou também os “quadros
santos”, redutos de resistência.

 Chegou a criar uma guarda especial fornada de 24 sertanejos, chamados de os 12 pares da França, influência
da literatura.

Sua ordem era clara: “não atacar, mas resistir”.

 Dentre as reivindicações do problema da terra, seus adeptos cresceram.

Estopim: a recusa de atender um doente da família do Cel. Albuquerque, proprietário dos sertões e
presidente da ALESC. A polícia foi acionada e o grupo disperso para território paranaense.

Pacificamente, levantaram acampamento e foram para Irani, então no Paraná. Quando, em Curitiba, o
governador soube, boatos haviam distorcido a história. Não eram religiosos agrupados, mas catarinenses
invadindo as terras paranaenses para garantir sua posse através do utis-possidetis. Mandou imediatamente
uma tropa com 60 homens, uma metralhadora e 11 cavalarianos, liderados pelo coronel João Gualberto,
para dispersar o grupo. Mal sabia ele que iriam enfrentar mais de 200 sertanejos. A vitória dos rebeldes foi
enfática, com todo o material bélico do exército caindo em suas mãos. Mas José Maria morreu no combate.
Os crentes abandonaram o local, e quando novas forças do governo chegaram lá, deram por encerrado o
assunto.

A Guerra do Contestado foi resultado do acúmulo de injustiças sociais sofridas, por décadas, pela população
sertaneja

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Vista do Cemitério do Contestado, município de Irani, Santa Catarina.

Em 22 de outubro de 1912 houve o confronto entre as tropas do Regimento de Segurança Pública do Paraná
comandados pelo coronel João Gualberto e os caboclos, comandados pelo monge José Maria.

Diversas cruzes de madeira, a maioria sem identificação, indicam as sepulturas de vítimas da guerra. Até meados da
década de 1990, os moradores da região podiam sepultar seus entes no local; mas atualmente o cemitério é
considerado campo histórico, não sendo mais permitida a abertura de novas sepulturas.

Batalha ou Combate do Irani, 1912

Ali foram enterrados o coronel e outros 21 corpos, entre caboclos e militares, no que foi chamado de "vala dos 21". O
monge José Maria foi enterrado em separado.

A verdadeira Guerra do Contestado

A conquista de Taquaruçu

 Liderados por Eusébio ferreira dos Santos, os remanescentes de Irani evocavam um “exército encantado”.

 Nesse reduto, era mais de 300 sertanejos e famílias que viviam sob normas religiosas rígidas, com punições
físicas para divergentes. A localidade estava no município de Curitibanos.

O episódio ficaria conhecido como “guerra dos pelados”.

O primeiro ataque foi um desastre, com deserções e falhas estratégicas. O segundo foi um massacre, com quatro
dias e quatro noites de bombardeios. Os sertanejos, sorrateiramente, foram fugindo, indo se reunir em Caragoatá.

A partir dos acontecimentos, a luta perdera toda a religiosidade o fanatismo, aliado ao banditismo, superando
qualquer misticismo. Os amotinados tornaram-se jagunços, salteadores, facínoras, lutando para saquear e roubar. A
fome e a epidemia de tifo foram comuns. Dali migraram para Santa Maria.

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Estatísticas do confronto

 Área conflagrada: 20.000 km²

 População da época envolvida na área de conflito: aproximadamente 40.000 habitantes;

 Municípios do Paraná, na época: Rio Negro, Itaiópolis, Três Barras, União da Vitória e Palmas;

 Municípios de Santa Catarina, na época: Lages, Curitibanos, Campos Novos, Canoinhas e Porto União;

 A tropa federal chegou a reunir mais de 7 mil soldados, associados às polícias de Santa Catarina e Paraná e
grande grupo de "vaqueanos civis", como eram chamados os capangas dos fazendeiros;

 Acredita-se que os mortos em combate, por epidemias e fome passaram dos 10 mil.

A Revolta de Porecatu, vale do Paranapanema

A Revolta

 Importante e violenta luta aconteceu na Região de Porecatu entre os anos de 1947 e 1952.

 Foi uma luta de posseiros X grileiros, jagunços e a Polícia do Paraná e aconteceu nos territórios entre os rios
Pirapó, Tibagi e Paranapanema.

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Contexto:

 Na década de 1940, atraídos pelas oportunidades do programa “Marcha para Oeste”, do presidente Vargas,
posseiros, pequenos proprietários, trabalhadores e colonos, vindos de todas as regiões do Brasil, ocuparam as
áreas rurais de Porecatu, Jaguapitã e Centenário do Sul, na região norte do estado — onde o governo
disponibilizara mais de 120 mil hectares para a colonização.

 Assentados em pequenas glebas, os camponeses cultivavam café e outros produtos alimentícios além de criar
porcos. Aos poucos, aquelas terras às margens do rio Paranapanema foram se valorizando, o que chamou a
atenção dos grandes fazendeiros.

Governadores do Paraná ligados a política de terras

Estopim:

 O primeiro conflito aconteceu em 1947, em Guaraci, quando jagunços e polícia

tentam expulsar os posseiros. Eles incendiaram casas, abateram animais e até

cometeram estupros contra filhas e mulheres de posseiros.

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 A região possuía mais de 1000 posseiros que desde 1942 tentavam legalizar as terras junto às autoridades,
porém as negociações não obtinham sucesso. Deste modo, começaram a se organizar. Em 1944, se reúnem e
organizam a Liga Camponesa.

 Aos poucos a organização e a luta pela legalização da terra vai ganhando intensidade.

 Por outro lado, grileiros, com jagunços e com apoio da política, também se articulam.

Envolvimento do PCB, 1948

 Parte dos posseiros do norte do Paraná aderiu à luta armada proposta pelos comunistas, invadiram fazendas,
expulsaram a tiros os jagunços e detiveram fazendeiros.

 Em resposta, resistiram à violência dos jagunços e interditaram ruas e avenidas para pressionar o governo do
estado a conceder os títulos de propriedade, mas nenhuma providência foi tomada pelas autoridades para
resolver o conflito

Forças de Segurança e governo do Estado

 Em 1951 começou uma grande ofensiva do Governo para debelar a resistência dos posseiros. Várias pessoas
foram presas.

 Para o grande e definitivo ataque contra os posseiros foram mobilizados dois batalhões da Polícia Militar e
15 agentes do DOPS. Para qualquer emergência, estavam em Londrina uma esquadrilha de aviões da FAB e
existiam tropas da polícia paulista na fronteira dos dois Estados.

 Dia 21 de Junho de 1951 um comboio de 12 veículos e centenas de soldados iniciam os ataques ocupando a
Vila Progresso e aos poucos toda a região. Muitos posseiros abandonaram a luta, alguns se entregaram e
outros fugiram.

 Foram efetuadas apenas 23 prisões.

Conflagração do Sudoeste

Municípios do Sudoeste, 2 de agosto de 1957

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Antecedentes:

 Ligada a fundação da CANGO, Colônia Agrícola Nacional General Osório, em 1943, resultado da política de
expansão territorial do Governo Vargas.

 Milhares de trabalhadores foram atraídos pela iniciativa e em busca de melhores oportunidades, oriundos
sobretudo do Rio Grande do Sul e assentados em pequenas glebas, que receberam sementes e ferramentas.

Entre os séculos XVI e XVII:

 Foram mais de 3 milhões de cativos.

 Grande parte do contingente foi absorvida pelo Nordeste e pelas região das Minas Gerais.

Camponeses em Francisco Beltrão. Fonte: “Correio da Manhã“, 15 de outubro de 1957.

Estopim:

 As terras da CANGO (que em 1951 dariam origem ao município de Francisco Beltrão) atraíram para o local
empresas colonizadoras como a Clevelândia Industrial (Citla) e a Apucarana Comercial — conhecidas por
forjar títulos de propriedade para se apossar ilegalmente de terras já ocupadas.

 As empresas acionaram a Justiça e exigiram que os colonos da CANGO assinassem contratos de compra e
venda, cedendo-lhes as terras.

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Assassinato do vereador Pedro José da Silva, o Barbeiro, do PTB.

A população, convocada pelas rádios locais, promoveu ações sucessivas nas cidades de Pato Branco, Francisco
Beltrão e Santo Antônio durante todo o mês de outubro. Os revoltosos invadiram os escritórios das duas companhias
e rasgaram promissórias e contratos. Ainda contrataram pistoleiros para defende-los (Farrapos).

Dezenas de jagunços foram detidos, e o delegado de polícia, destituído.

O movimento de resistência camponesa sufocou o poder de atuação das empresas na região.

OBJETIVO da CANGO:

O objetivo do ato era atrair o excedente de mão-de-obra agrícola do Rio Grande do Sul para o Sudoeste do Paraná.

Em consequência das vantagens oferecidas, o número de habitantes em 1947, que era de 467 famílias, passou para
2.725 em 1956.

A conflagração - perturbação

“A guerra havia começado. Os primeiros choques armados entre os dois grupos foram inevitáveis. Até que, no dia 14
de setembro de 57, foi registrado o mais sangrento episódio de luta, que teve sete mortos, dois feridos e quatro
desaparecidos”.

 João Miguel da Silva , policial aposentado, conta que quando chegou “em um dos locais, percebemos que
estávamos em menor número. Por isso, nós da Polícia Militar resolvemos não usar armas, tentamos resolver
o problema através da comunicação. Seria um suicídio usar armas”.

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