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Entender a saúde subjetivamente

Vemos nos dias de hoje a preocupação em garantir melhorias que


buscam compreender os processos de adoecimento, ainda que este
conceito seja subjetivo, pois tem representação única para cada um,
sendo resultado da combinação de tudo o que tange suas experiências e
vivências, bem como sua representação psíquica e corporal de
manifestação ou percepção de estar ou não doente.

O tratamento aos pacientes vai, então, além da oferta de fármacos que


tratem sintomas, para fundamentar-se na busca pelas razões que fazem
aquela pessoa queixar-se de tais sintomas. É necessário estar atento à
subjetividade, àquilo que não foi dito; investigar os sinais encontrados,
olhar para além da busca já antiquada de curar dores.

O que promove saúde é entender os processos de adoecimento subjetivos


para que seja sanada a fonte do problema verdadeiramente, ou que esta
seja o principal foco de promoção de melhorias e concentração dos
esforços.

E como ser capaz de ajudar seu paciente a encontrar os


porquês das experiências negativas de doença e auxiliá-lo a
encontrar o caminho para alcançar saúde? 

Há situações nas quais o clínico deve lidar com aspectos emocionais da


doença, assumindo a responsabilidade. Deverá realizar consultas
administrando medicamentos e realizando terapias cognitivas
explicativas e de apoio, dirigidas para o insight (consciência do estado de
saúde). Entre os fatores que afetam a condição física determinando
alterações fisiológicas ou psicossomáticas, temos os estados de
ansiedade, os estados depressivos, estresse sociogênico, compulsões,
obsessões e histerismo.

A psicologia é aliada do médico neste momento, pois visa compreender


o sujeito e suas representações, afim de ensiná-lo a organizar-se
internamente e inserir-se socialmente de forma que lhe garanta mais bem
estar, mudando suas configurações subjetivas, entendendo a si mesmo e,
principalmente, assumindo controle e atuando como protagonista de seu
tratamento. Pois, quando o paciente se torna agente ativo responsável
por sua saúde, alcança também melhor adesão ao tratamento, visto que
fica ciente de seu papel no processo de melhora.

“ Mais do que sermos profissionais capazes de resolver um problema


de saúde ou medicar uma doença, é nosso papel ensinar que a saúde é
a combinação de tudo o que acontece na vida de cada indivíduo, sendo
portanto, o resultados de todas essas manifestações.”

“Penso que é esse o trabalho que precisa ser feito para que emerja a
noção de sujeito. Do contrário, só continuaremos dissolvendo-o e
transcendentalizando-o, e não chegaremos a compreendê-lo jamais’’
(MORIN, 1996, p. 55).

Nos seus trabalhos, Campos (2009a, p. 55) enfatiza "a importância do


sujeito na constituição de si mesmo e dos processos de saúde e
doença". Na definição do autor, o sujeito se constitui como pessoas ou
instituições que interferem na produção de saúde. Nesse sentido, o autor
resgata a dimensão tanto individual como social na constituição dos
processos de saúde e doença, assim como reconhece o desejo da pessoa
como importante no cuidado e reflexões sobre saúde. Nas palavras de
Campos (2009b, p. 267):

. Por exemplo, seria mais adequado, como tratamento da hipertensão,


os que combinassem tecnologias medicamentosas potentes para reduzir
índices pressóricos, com ações voltadas para a capacidade das pessoas
de escutar e lidar com o próprio corpo, com eventuais patologias e com
as condições externas que as agravam ou que lhes protegem: serviços
de saúde, tensão e nervosismo no trabalho, obesidade, tabagismo, etc.

. (aliar a questão dos medicamentos + entender a subjetividade de cada


paciente através de terapias cognitivas explicativas e de apoio, dirigidas
para o insight (consciência do estado de saúde) )

Pensamos que essa citação reafirma a importância de reconhecermos a


pessoa na sua condição de sujeito que, na tensão das subjetividades
individual e social, é capaz de produzir sentidos subjetivos que lhe
permitam avançar em relação a uma condição objetiva que muitas vezes
a limita. Quando se representa a pessoa como doente, esta não é
considerada, por exemplo, como alguém capaz de tomar decisões em
relação ao seu processo de saúde/doença, e passamos a considerá-la
debilitada e incompetente.

Uma reflexão sobre saúde é inseparável da definição da categoria


sujeito, pois permite- nos a visualização do modo como a pessoa se
coloca em relação aos diferentes processos subjetivos que se organizam
ao longo de sua vida. A capacidade da pessoa de posicionar-se
ativamente em relação ao curso de um tratamento lhe permite recuperar
suas possibilidades como sujeito, assim como produzir diferentes
emoções que são importantes no enfrentamento da doença.

É impossível categorizar pessoas a partir de doenças ou


procedimentos que sejam melhores em termos universais, pois perde-
se a visão das diferentes tensões e significados que o contexto social e
o individual produzem ao interagirem de maneira complexa e
imprevisível

Boa sorte amanhã Re, espero que isso aqui tenha te ajudado nem que
seja um pouco ;)

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