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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA...

VARA DE
FAMÍLIA DA COMARCA DE GUAIAQUI

ANTÔNIO PEDRO, nacionalidade..., viúvo, desempregado, portador da carteira de


identidade RG... e inscrito sob o CPF nº..., com endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua..., nº..., bairro..., Cidade da Luz, Estado de..., CEP..., por
intermédio de seu advogado legalmente constituído, conforme procuração em anexo, através
de instrumento procuratório em anexo, com endereço na Rua Treze de Maio, nº 40, São
Geraldo – Cariacica, ES – CEP: 29146-672 – Tel. (027) 3354-6250, endereço eletrônico...
vem, com fulcro na lei 5478/68 respeitosamente a presença de Vossa Excelência propor a
presente

AÇÃO DE ALIMENTOS c/c


ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Em face de ARLINDO, nacionalidade..., estado civil..., empresário, portador da carteira de


identidade RG..., e inscrito sob o CPF nº..., com endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua..., nº..., bairro..., Cidade de Italquise, Estado de..., CEP...

Pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

Rua Treze de Maio, nº 40, São Geraldo – Cariacica, ES – CEP: 29146-672 – Tel. (027) 3354-6250 CNPJ:
39.780.655/0001-65 - www.multivix.edu.br
1. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Antes de narrar os fatos importa dizer que o Requerente não possui condições financeiras para
arcar com as despesas processuais e honorários, sem prejuízo do próprio sustento e de seus
familiares.
Assim, requer o Autor à concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, nos
termos do art. 5°, inciso LXXIV da CF/88 e art. 98 e ss CPC, vejamos:

Artigo 5°, LXXIV CF/88. O estado prestará assistência


judiciaria integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos.

Art. 98 CPC. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou


estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar às
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios
têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

Portanto, demonstrado a hipossuficiência do Requerente no prezado momento, requerer a


concessão da Assistência Judiciária Gratuita assegurando um direito que lhe é garantido por
Lei.

1.2 DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

O Autor possui a idade de 72 (setenta e dois) anos e por tal motivo é respaldado pelo Estatuto
do Idoso, Lei 10.741, que em seu artigo 71 prevê a tramitação prioritária em razão da idade
superior a 60 (sessenta) anos, vejamos:

Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos


processos e procedimentos e na execução dos atos e
diligências judiciais em que figure como parte ou
interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos, em qualquer instância.
Diante do exposto e demonstrado a idade avançada do Requerente, requer o benefício de
tramitação prioritária, que lhe é assegurado pelo Estatuto do Idoso.

2. DOS FATOS

O Requerente encontra-se atualmente impossibilitado de trabalhar, aos 72 anos de idade e passa


atualmente por grandes dificuldades financeiras, sobrevivendo da ajuda de parentes, como
Marieta (sobrinha-neta), e vizinhos. O Autor está nessas condições por conta do falecimento
de sua amada esposa Lourdes, conforme certidão de óbito em anexo, a qual foi casado por
mais de quarenta anos, conforme certidão de casamento em anexo, e tiveram um filho
chamado Arlindo, ora Requerido.

Tal acontecimento deixou o Requerente com profunda tristeza e mais ainda se agrava a
situação quando se considera que em nada lhe socorre o filho, único e legítimo, impondo, ao
requerente, uma situação de abandono sentimental e material.

Marieta ingressou no curso de Direito, relatando aos colegas de curso o desapontamento com
o abandono que seu tio-avô sofrera, foi informada de que a Constituição Federal assegura que
os filhos maiores têm o dever de amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Desta forma, ciente dos direitos que lhe garante a Constituição Federal de 1988, razão de sua
idade avançada, da indiferença e do abandono a que foi relegado e da situação de extrema
necessidade em que se encontra, não restou ao Requerente outra alternativa, senão a de buscar
a tutela jurisdicional para ser amparado por seu único filho.

3. DO DIREITO

3.1 – DOS ALIMENTOS

A ação de alimentos é regida por rito especial, consoante art. 1º da Lei n. 5.478/68. Vejamos:
“Art. 1º. A ação de alimentos é de rito especial,
independente de prévia distribuição e de anterior
concessão do benefício de gratuidade.”

Assim, requer que o procedimento respeite as disposições contidas na respectiva lei.

O conceito do termo alimentos encontra explicitação na proverbial lição do seguro e


respeitável magistério de YUSSEF SAID CAHALI:

Adotada no direito para designar o conteúdo de uma


pretensão ou de uma obrigação, a palavra
"alimentos" vem a significar tudo o que é necessário
para satisfazer aos reclamos da vida; são as
prestações com as quais podem ser satisfeitas as
necessidades vitais de quem não pode provê-las por
si; mais amplamente, é a contribuição periódica
assegurada a alguém, por um título de direito, para
exigi-la de outrem, como necessário à sua
manutenção. (CAHALI, 2002, p. 16).

A "ratio legis" da obrigação alimentar elaborada com o esmero didático de


WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO prescinde de qualquer retoque quando
assevera:
De fato, sobre a terra, o indivíduo tem inauferível
direito de conservar a própria existência, a fim de
realizar seu aperfeiçoamento moral e espiritual. E
arremata: "Muitas vezes, entretanto, por idade
avançada, doença, falta de trabalho ou qualquer
incapacidade, vê-se ele impossibilitado de
pessoalmente granjear os meios necessários à
subsistência". (MONTEIRO, 1997, p. 295).
Não obstante, o pedido do autor é também amparado pela lei 5.478/68 (lei de alimentos) assim
como o direito de pedir alimentos que podem os pais requererem dos filhos caso necessitem e
não vivam de modo compatível com sua condição social, como disposto no código civil, artigo
1.694 e 1.695:

Artigo 1.694, Código Civil: “Podem os parentes, os


cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo
compatível com a sua condição social, inclusive para
atender às necessidades de sua educação.”

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os


pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo
seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário
ao seu sustento.

Tem-se que, o direito a prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, como destacado
no artigo 1.696, e extensivo a todos os ascendentes, obrigação essa a recair nos mais próximos
em grau, uns em falta de outros:

Artigo 1.696, Código Civil: O direito à prestação de


alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos
os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos
em grau, uns em falta de outros.”

O artigo 226, 227 e 229 da Constituição Federal são claros em definir a responsabilidade dos
filhos em prestar assistência aos pais na velhice, carência ou enfermidade. Preceitua que:

 Art. 226, Constituição Federal: “A família, base da


sociedade, tem especial proteção do Estado.”

Art. 227, Constituição Federal: “É dever da família, da


sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente
e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Artigo 229, Constituição Federal: "os pais têm o dever de


assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores
têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade".

Não há dúvidas então, no caso em concreto, quanto a responsabilidade do requerido para com o
requerente, uma vez que a própria Carta Magna aduz tal direito.

É necessária ainda a ordem de sucessão para o pedido de alimentos, como disposto no artigo
1.697 do código civil, pela falta dos ascendentes caberá a obrigação aos descendentes e na falta
destes aos irmãos assim germanos como unilaterais de forma taxativa. Advindo desse fato, não
se podem pedir alimentos aos colaterais de terceiro grau, quarto grau, sequer os parentes por
afinidade.

Artigo 1.697, Código Civil: “Na falta dos ascendentes cabe


a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de
sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos
como unilaterais.”

Também a jurisprudência caminha no mesmo sentido, conforme assenta o Colendo


Superior Tribunal de Justiça no seguinte julgado:

Alimentos. Ação julgada procedente. Morte do alimentante. I -


A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros
do devedor, respondendo a herança pelo pagamento das
dívidas do falecido. Lei nº 6. 515, de 1977, art. 23, e Código
Civil, art. 1796. Aplicação. II - A condição de alimentante é
personalíssima e não se transmite aos herdeiros; todavia,
isso não afasta a responsabilidade dos herdeiros pelo
pagamento dos débitos alimentares verificados até a data do
óbito." (REsp 64112-SC, Rel. Min. Antonio de Pádua Ribeiro,
3ª. Turma, julg. 16.05.2002, pub. DJU 17.06.2002).
Ademais, sobre a questão da obrigação do Requerido em prestar auxílio ao Autor, a Lei 5478/68
em seu artigo 2º e os artigos 11 e 12 do Estatudo do Idoso (Lei 10.741/2003) aduzem o seguinte:

ART. 2º Lei 5478: O credor, pessoalmente, ou por intermédio


de advogado, dirigir-se-á ao juiz competente, qualificando-se,
e exporá suas necessidades, provando, apenas, o
parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor,
indicando seu nome e sobrenome, residência ou local de
trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha
aproximadamente ou os recursos de que dispõe.

 Art.11 (Lei 10.741). Os alimentos serão prestados ao idoso


na forma da lei civil.

Art. 1 (Lei 10.741). A obrigação alimentar é solidária,


podendo o idoso optar entre os prestadores.

Diante do apresentado acima, está lúcido e cristalino que a obrigação de alimentos é de seu único
filho, o Requerido. Filho esse que tem totais condições de incumbir-se dessa responsabilidade,
pois é um empresário de rede de hotelaria. Dentro dos preceitos legais supracitados, ele tem o
dever de amparar o seu pai que passa por essa situação de incalculável mágoa, desgosto, dor e
desolação, sendo esse amparo algo mínimo na condição de filho singular.

3.2 – DA NECESSIDADE X POSSIBILIDADE

Aduz o § 1º do art. 1.694 do Código Civil que os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.

Levando em consideração que o Reclamado é dono de uma rede de hotéis e por tal motivo tem
uma vida financeira excelente, não resta dúvidas diante de todos os fatos narrados e do direito
certo visto acima que o Requerido deve, e tem condições para isso, prestar auxílios alimentícios
ao seu pai, ora Requerente.

A jurisprudência é consolidada no tocante ao binômio necessidade x possibilidade, sendo em


relação ao mérito não há o que se discutir, vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS.


FILHO. ALIMENTADA PESSOA IDOSA. AUSÊNCIA DE
PROVA DA ALTERAÇÃO NO BINÔMIO NECESSIDADE-
POSSIBILIDADE. ALIMENTOS MANTIDOS EM
PERCENTUAL DO SALÁRIO MÍNIMO. Descabida a redução
de pensão pactuada em ação de alimentos movida pela
alimentada, pessoa idosa e mãe do alimentante, quando não
comprovada por este, alteração na capacidade de pagar os
alimentos, fixada em recente ação de alimentos julgada
procedente. Dever alimentar derivado do dever de parentesco,
conforme regra insculpida no art. 1.696 do CCB. Constitui ônus
do alimentante comprovar a sua impossibilidade em arcar com
a verba arbitrada, bem como a redução da necessidade por
parte do alimentado. Conclusão 37 do CETJRGS. NEGARAM
PROVIMENTO À APELAÇÃO.

Conclui-se que os pais idosos estão amplamente amparados no ordenamento jurídico


brasileiro e deverão procurar o poder judiciário seja no caso de abandono material, seja
no caso de abandono moral por seus filhos, buscando reparação, como forma de amenizar
a dor sofrida pelo desamparo de seus descendentes.

Importa dizer que ao trazer a ponderação do binômio necessidade-possibildiade, resta claro que o
Autor está passando por dificuldade financeiras e necessita da ajuda de vizinhos e alguns
parentes para até mesmo se alimentar. Já o Requerido tem a possibildiade de auxiliar seu genitor
já que possui recursos para isso, porém não o faz.

Diante de todo o exposto, requer seja julgado procedente o pedido de condenação do Requerido.

3.3 – DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO

Atendendo o disposto no artigo 319, VII do Código de Processo Civil, vem a presença de Vossa
Excelência informar que tem interesse na audiência de conciliação ou mediação.

4 - DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

A prestação de alimentos em nosso Ordenamento Jurídico é revestido de proteção especial,


dado sua importância para a sobrevivência de quem o pede. Desse modo, o art. 4º da Lei n.
5.478/68 dispõe da possibilidade de fixação de alimentos provisórios, conforme veremos:

“Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo


alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo
se o credor expressamente declarar que deles não
necessita.”

De tal modo, o requerente requer, desde já, a fixação de Alimentos Provisórios no valor de R$
6.000,00 (seis mil) reais, dada a urgência e a natureza do pedido de alimentos.
DOS PEDIDOS

Ante tudo o exposto, pleiteia a parte autora:

a) Em sede antecipada, a concessão initio litis de alimentos provisórios em favor do


requerente;

b) Seja concedido o benefício da asssitência judiciária gratuita, com fundamento no art.


5°, inciso LXXIV da CF/88 e art. 98 e ss CPC;

c) A prioridade na tramitação do processo, com fundamento no art. 71 da Lei n.


10.741;

d) Seja observado por este douto juízo o procedimento especial no caso em concreto,
seguindo as normas da lei n. 5.478;

e) Em cumprimento ao que dispõe o art. 319, VII, do CPC, o Autor informa interesse na
realização de audiência de conciliação ou mediação.

f) A citação do requerido para possa responder a presente ação, sob pena de revelia no que
for cabível por se tratar de direitos indisponíveis.

g) A intimação do Ministério Público, na condição de custus legis;


h) Seja a presente demanda julgada procedente nos termo do artigo 487, inciso I do Código de
Processo Civil e o Requerido condenado ao pagamento dos alimentos em sede definitiva;

i) Seja a presente demanda julgada procedente nos termo do artigo 487, inciso I do Código
de Processo Civil e o Requerido condenado ao pagamento dos alimentos em sede definitiva;

j) Seja convertido os Alimentos provisórios em Definitivos;


k) A condenação do Requerido em custas e honorários advocatícios;

Requer ao final, que tosas as intimações de todos os atos processuais sejam


publicadas exclusivamente em nome de seu procurador ..., inscrito na OAB/ES ...,
consoante o disposto no Código de Processo Civil, sob pena de nulidade.

Requer a produção por todos os meios de prova em direito admitida, mormente,


prova documental, testemunhal e pericial.

Dá à causa o valor de R$ 6.000,00 (seis mil) reais.

Nestes termos, Pede

deferimento.

Data: 21/09/2021

ÁQUILA VITÓRIA ALMEIDA GADIOLE


OAB 31.345

CAIO CÉSAR BATISTA GONÇALVES


ESTUDANTE DE DIREITO

GABRIELA CLEMENTINO LOPES


ESTUDANTE DE DIREITO

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