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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS

Itamar Luiz de Oliveira Júnior

ANÁLISE DE DESMONTE DE ROCHA PARA CONSTRUÇÃO DE UM VERTEDOURO


DE BARRAGEM EM MATO VERDE/MG

Ouro Preto - MG
2017
Itamar Luiz de Oliveira Júnior

ANÁLISE DE DESMONTE DE ROCHA PARA CONSTRUÇÃO DE UM VERTEDOURO


DE BARRAGEM EM MATO VERDE/MG

Monografia apresentada ao curso de Engenharia de Minas da


Universidade Federal de Ouro Preto como requisito parcial para
obtenção do título de bacharel em Engenharia de Minas.

Área de concentração: Operações Mineiras.

Professora orientadora: Prof. Mestre Flávia Gomes

Ouro Preto - MG
2017
O482a Oliveira, Itamar Luiz.
Análise de desmonte de rocha para construção de um vertedouro de
barragem em Mato Verde-MGg [manuscrito] / Itamar Luiz Oliveira. - 2017.

88f.: il.: color; tabs.

Orientadora: M. Sc. Flávia Gomes.

Monografia (Graduação). Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de


Minas. Departamento de Engenharia de Minas.

1. Mineração - Explosão. 2. Desmonte de rochas. 3. Detonação. I. Gomes,


Flávia. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Titulo.

CDU: 622.23

Catalogação: ficha@sisbin.ufop.br
Dedico este trabalho aos meus pais e a todos aqueles que de alguma
forma estiveram e estão próximos de mim.
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou meu caminho durante esta etapa, me dando
saúde e força para superar as dificuldades. Aos meus pais, Itamar e Denise, pelo amor, incentivo
e apoio incondicional. Meus agradecimentos aos amigos que fizeram parte da minha formação
e que vão continuar presentes em minha vida. Ao DEMIN e todos os seus professores pelo
apoio e confiança. A minha orientadora Flávia pela paciência e incentivo.
RESUMO

A busca pela otimização do plano de fogo, no que se refere ao uso dos melhores valores
para os parâmetros variáveis de uma detonação, é de fundamental importância não apenas no
setor mineral mas também em obras de construção civil, onde o cálculo tem que ser ainda mais
preciso. Neste trabalho serão feitas análises de dois desmontes de rochas para construção de um
vertedouro de barragem no município de Mato Verde-MG, levantando-se os pontos positivos e
negativos das detonações já realizadas. Por fim, serão apresentadas alternativas às partes
negativas, buscando os melhores planos de fogo possíveis.

Palavras-chave: Detonação. Desmonte de Rochas. Plano de Fogo. Engenharia de Minas


ABSTRACT

The search for the optimization of the fire plan, with regard to the use of the best values for the
variable parameters of a detonation, is of fundamental importance not only in the mineral sector
but also in civil works, where the calculation has to be even more precise. This work analyses
will be made of two takedowns of rocks to build a spillway of dam in the municipality of Mato
Verde-MG, standing up the positive and negative points of the detonations carried out. Finally,
alternatives will be presented to the parties, seeking the best possible fire plans.

Key-Words: Detonation. Rock removal. Fire Plan. Mining engineering


LISTA DE FIGURAS

Figura 1:(a) Malha quadrada (b) Malha retangular (c) Malha estagiada .............................................17
Figura 2: ANFO ...............................................................................................................................19
Figura 3: Emulsão encartuchada .......................................................................................................20
Figura 4: Espoleta e estopim ............................................................................................................28
Figura 5: Espoleta simples ...............................................................................................................29
Figura 6: Cordel detonante ...............................................................................................................30
Figura 7: Retardos ............................................................................................................................31
Figura 8: Retardos ............................................................................................................................31
Figura 9: Brinel ................................................................................................................................32
Figura 10: Diferentes tipos de sequência de detonação ......................................................................34
Figura 11: Principais variáveis do plano de fogo ...............................................................................37
Figura 12: Tamanho médio do matacão vs Razão de carregamento ...................................................47
Figura 13: Exemplo do uso da técnica de perfuração linear ...............................................................50
Figura 14: Barragem de Viamão .......................................................................................................54
Figura 15: Perfuratriz rotativa PW5000 .............................................................................................55
Figura 16: Emulsão encartuchada .....................................................................................................56
Figura 17: Espoletopim ....................................................................................................................57
Figura 18: Peças de retardo ..............................................................................................................57
Figura 19: Peças de retardo ..............................................................................................................58
Figura 20: Cordel detonante .............................................................................................................58
Figura 21: Plano de Perfuração do Fogo 1 ........................................................................................59
Figura 22: Plano de Perfuração do Fogo 2 ........................................................................................60
Figura 23: Perfuratriz rotativa em operação .......................................................................................61
Figura 24: Furo tamponado com lona ...............................................................................................61
Figura 25: Plano de fogo 1 ...............................................................................................................62
Figura 26: Plano de Fogo 2 ..............................................................................................................63
Figura 27: Esquema de Amarração e Perfuração do Fogo 1 ..............................................................64
Figura 28: Esquema de Furação e Amarração do Fogo 2 ...................................................................65
Figura 29: Esquema de amarração .....................................................................................................66
Figura 30: Esquema de amarração ....................................................................................................66
Figura 31: Pilha de rochas desmontadas na primeira detonação ........................................................67
Figura 32: Pilha de rochas desmontadas na segunda detonação .........................................................67
Figura 33: Escavadeira PC350 com martelo hidráulico adaptado em operação ..................................68
Figura 34: Plano de Perfuração desenvolvido para o primeiro desmonte ............................................75
Figura 35: Plano de Fogo desenvolvido para o primeiro desmonte .....................................................76
Figura 36: Esquema de Furação e Amarração desenvolvido para o primeiro desmonte.......................77
Figura 37: Plano de perfuração desenvolvido para o segundo desmonte .............................................78
Figura 38: Plano de fogo desenvolvido para o segundo desmonte ......................................................79
Figura 39: Esquema de furação e amarração desenvolvido para o segundo desmonte .........................79
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Tipo de explosivo vs RBS .................................................................................................22
Tabela 2: Tipo de explosivo vc VOD ................................................................................................23
Tabela 3: Tipo de explosivo vs Resistência à água .............................................................................25
Tabela 4: Constante de retardo-tipo de rocha .....................................................................................33
Tabela 5: Tabela de recomendações para proteção de construções próximas a áreas de detonação ......35
Tabela 6: Tabela de afastamentos ......................................................................................................38
Tabela 7: Tabela de espaçamentos .....................................................................................................39
Tabela 8: Fórmulas para o cálculo da profundidade de perfuração .....................................................42
Tabela 9: Tabela de tampões .............................................................................................................43
Tabela 10: Tipos de rochas vs razão de carregamento ........................................................................47
Tabela 11: Tabela de espaçamentos em função do diâmetro do furo ..................................................51
Tabela 12: Tabela de afastamentos em função do diâmetro do furo ....................................................52
Tabela 13: Tabela de espaçamentos e razões lineares em função do diâmetro do furo ........................53
Tabela 14: Parâmetros do Plano de Fogo 1 ........................................................................................55
Tabela 15: Parâmetros do Plano de Fogo 2 ........................................................................................56
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................13
1.1. Justificativa..........................................................................................................................13
1.2. Objetivos ..............................................................................................................................13
1.2.1. Objetivos geral .................................................................................................................13
1.2.2. Objetivos específicos ........................................................................................................14
1.3. Estrutura do trabalho .........................................................................................................14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................................15
2.1. Perfuratrizes ....................................................................................................................15
2.1.1. Perfuratrizes rotativas .................................................................................................15
2.2. Compressores ...................................................................................................................15
2.3. Malhas de perfuração ......................................................................................................16
2.4. Tipos de Explosivos..........................................................................................................17
2.4.1. ANFO ...........................................................................................................................18
2.4.2. Emulsão ........................................................................................................................19
2.5. Propriedades dos explosivos ............................................................................................21
2.5.1. Força e Energia ............................................................................................................21
2.5.2. Velocidade de detonação ..............................................................................................22
2.5.3. Densidade .....................................................................................................................23
2.5.4. Pressão de detonação ...................................................................................................24
2.5.5. Estabilidade ..................................................................................................................24
2.5.6. Resistência à água ........................................................................................................24
2.5.7. Sensibilidade ................................................................................................................25
2.5.8. Transmissão da detonação ...........................................................................................25
2.5.9. Dessensibilização ..........................................................................................................26
2.5.10. Resistência a baixas temperaturas ..............................................................................26
2.5.11. Fumos ...........................................................................................................................26
2.6. Acessórios .........................................................................................................................27
2.6.1. Estopim de segurança ..................................................................................................27
2.6.2. Espoleta ........................................................................................................................28
2.6.3. Cordel detonante ..........................................................................................................29
2.6.4. Retardos .......................................................................................................................30
2.6.5. Sistema de iniciação não elétrico .................................................................................31
2.7. Sequência de detonação e tempo de retardo ...................................................................32
2.8. Parâmetros Controláveis da Detonação ..........................................................................36
2.8.1. Afastamento (A) ...........................................................................................................37
2.8.2. Espaçamento (E) ..........................................................................................................38
2.8.3. Subperfuração(S) .........................................................................................................40
2.8.4. Profundidade do furo (𝑯𝒇) ..........................................................................................41
2.8.5. Tampão(T) ...................................................................................................................42
2.8.6. Carga de coluna(CC) e Carga de fundo(CF) ..............................................................43
2.8.7. Ângulo de inclinação da bancada (α) ..........................................................................44
2.8.8. Diâmetro do furo(DF) ..................................................................................................45
2.8.9. Razão de Carregamento(RC) ......................................................................................46
2.8.10. Air-Deck .......................................................................................................................48
2.9. Desmonte Escultural ........................................................................................................48
2.9.1. Perfuração Linear ........................................................................................................49
2.9.2. Pós-fissuramento ou detonação amortecida ................................................................50
2.9.3. Pré-fissuramento ..........................................................................................................52
3. ESTUDO DE CASO ................................................................................................................54
3.1. Informações do Local do Desmonte ....................................................................................54
3.2. Operações Mineiras .............................................................................................................54
4. DESENVOLVIMENTO ..........................................................................................................68
4.1. Desmonte de Rochas ............................................................................................................68
4.1.1. Malha de perfuração .......................................................................................................69
4.1.2. Tipo de explosivo .............................................................................................................69
4.1.3. Acessórios .........................................................................................................................69
4.1.4. Carga máxima de espera .................................................................................................70
4.1.5. Sequência de detonação ...................................................................................................70
4.1.6. Afastamento .....................................................................................................................70
4.1.7. Espaçamento ....................................................................................................................71
4.1.8. Subfuração .......................................................................................................................71
4.1.9. Profundidade do furo ......................................................................................................72
4.1.10. Tampão ............................................................................................................................72
4.1.11. Carga de coluna e Carga de fundo ..................................................................................72
4.1.12. Diâmetro do furo .............................................................................................................73
4.1.13. Razão de Carregamento ..................................................................................................73
4.1.14. Desmonte Escultural ........................................................................................................74
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................80
5.1. Comparação Teoria vs Prática (Desmonte de Rochas) ......................................................80
5.1.1. Malha de perfuração .......................................................................................................80
5.1.2. Tipo de explosivo .............................................................................................................80
5.1.3. Acessórios .........................................................................................................................80
5.1.4. Carga máxima de espera .................................................................................................81
5.1.5. Sequência de detonação ...................................................................................................82
5.1.6. Afastamento .....................................................................................................................82
5.1.7. Espaçamento ....................................................................................................................82
5.1.8. Subfuração .......................................................................................................................83
5.1.9. Profundidade do furo ......................................................................................................83
5.1.10. Tampão ............................................................................................................................84
5.1.11. Carga de coluna e carga de fundo ...................................................................................84
5.1.12. Diâmetro do furo .............................................................................................................85
5.1.13. Razão de carregamento ...................................................................................................85
5.1.14. Desmonte escultural .........................................................................................................86
6. CONCLUSÃO .........................................................................................................................87
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................88
13

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Hartman e Mutmansky (2002) a separação de grandes quantidades de


maciço rochoso de seu depósito é denominado desmonte de rocha. Vários eventos históricos
contribuíram para o sucesso dos mineradores na sua busca de soluções para o desmonte de
rochas na mineração ou em projetos de construção. O primeiro avanço foi a descoberta nos
tempos pré-históricos que o contato alternado entre fogo e água no maciço rochoso provocava
sua quebra. Séculos depois foi descoberto que pólvora, dinamite, nitrato de amônio e óleo diesel
e explosivos gelatinosos poderiam ser usados para quebrar a rocha com mais eficiência.
O desmonte de rocha é feito com técnicas específicas e que consistem em perfurar o
maciço rochoso, introduzir explosivos nas perfurações, detoná-los e, finalmente, remover o
material detonado. (SOUZA RICARDO; CATALANI, 1977).
Com o avanço da tecnologia e aumento da concorrência, é necessário cada vez mais ter-
se um produto com qualidade e custos baixos. Pensando nisso foi desenvolvido esse trabalho
que visa otimizar os desmontes de rocha efetuados na construção do vertedouro de barragem
no município de Mato Verde-MG, aumentando a fragmentação do maciço rochoso e
diminuindo os custos com desmontes secundários.

1.1. Justificativa

A justificativa deste trabalho é pautada na necessidade de gerar economia e segurança


nos desmontes de rochas. Observando-se as pilhas de rochas desmontadas após as detonações,
fica notável a presença de grande quantidade de matacões, o que é um empecilho a progressão
das atividades, que inclui a passagem desse material em um britador com abertura de 0,90 m
por 0,70 m. Neste estudo serão tratadas maneiras simples de se otimizar um desmonte de rochas
alterando os parâmetros do mesmo.

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivos geral


14

O objetivo deste trabalho é analisar os desmontes de rochas efetuados para a construção


do vertedouro da barragem do município de Mato Verde-MG, ressaltando os pontos positivos
e criando alternativa aos pontos negativos.

1.2.2. Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:

 Realizar um estudo de revisão bibliográfica sobre os parâmetros que interferem


em um plano de fogo.
 Apresentar um estudo de caso aplicando os conceitos estudados na revisão
bibliográfica de acordo com o objetivo proposto.
 Analisar os resultados.

1.3. Estrutura do trabalho

A estrutura do trabalho foi dividida em introdução, definindo um contexto a respeito do


trabalho e apresentando seus objetivos e justificativa. No segundo capítulo foi realizada a
revisão bibliográfica, reunindo todo conteúdo teórico que deve ser apresentado para um bom
entendimento do estudo de caso. No terceiro capítulo foi realizado o estudo de caso com a
apresentação dos parâmetros dos desmontes de rochas realizados na prática. No quarto capítulo
foi realizado o desenvolvimento do problema e a apresentação dos parâmetros calculados com
base em teoria. No quinto capítulo foram realizadas as comparações entre os parâmetros
encontrados na teoria e os práticos. Por fim, no sexto capítulo, foi feita uma conclusão com
base em todo trabalho realizado.
15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Perfuratrizes

Ricardo e Catalani (1977) revelam que as perfuratrizes dividem-se em:

 Perfuratrizes percussivas
 Perfuratrizes rotativas
 Perfuratrizes percussivo-rotativas
 Perfuratrizes de furo-abaixo

2.1.1. Perfuratrizes rotativas

Os mesmos autores explicam que as perfuratrizes rotativas repassam à broca o


movimento de rotação e esta, consequentemente, transmite esse movimento para a rocha
produzindo sua quebra. A demolição da rocha pode ocorrer segundo três formas:

 Corte da rocha
 Abrasão
 Esmagamento

Jimeno et al. (1987), acrescenta que as brocas utilizadas nesse tipo de perfuratriz são
compostas, geralmente, de elementos de carbeto de tungstênio e outros materiais como
diamantes sintéticos ou policristais e podem ser classificados como:

 Drag bits de duas aletas, com diâmetros entre 36 e 50 mm;


 Drag bits de três e quatro aletas, com diâmetros entre 50 e 115mm;
 Bit com três lâminas substituíveis e com alargadores, com diâmetros entre 160
mm e 400 mm;

2.2. Compressores
16

Segundo Jimeno et al. (1987), ar comprimido é o fluido que tem sido usado como fonte
de energia para a perfuração de rocha, tanto para equipamentos pneumáticos com martelo de
topo ou martelo de fundo de furo, quanto para lavar os furos quando se faz a perfuração com
martelo hidráulico ou rotativo. Para qualquer projeto, seja em operações a céu aberto ou
subterrâneas, compressores são uma obrigação.
De acordo com Jimeno et al. (1987), quando se decide comprar uma perfuratriz, um dos
mais importantes aspectos é a seleção do compressor, pelos seguintes fatores:

 O preço em relação ao valor total de compra pode chegar, dependendo da


perfuratriz, entre 15 e 55%.
 Sua influência no custo por metro linear perfurado é considerável, pois se o fluxo
de ar for insuficiente, os seguintes problemas podem aparecer:

 Raio de baixa penetração;


 Crescimento dos custos devido ao desgaste de: bits, hastes, etc.;
 Crescimento do consumo de combustível;
 Maior exigência de manutenção da unidade compressora;
Quando em perfuratrizes maiores, um compressor de alta pressão é escolhido, é possível
perfurar com o martelo de fundo de furo ou com o bit cônico.
As duas principais características de um compressor, tipo e modelos à parte, são:

 O fornecimento de fluxo de ar;


 A saída de ar pressurizada

2.3. Malhas de perfuração

Silva (2014), explica que a geometria das malhas de perfuração se dividem em:

 Quadrada
 Retangular
 Estagiada
 Triângulo equilátero
 Malha alongada
17

Segundo o mesmo autor, as malhas quadradas possuem afastamento igual ao


espaçamento e as retangulares possuem espaçamento maior que afastamento, o que em alguns
casos pode gerar ultralançamento.
Jimeno et al. (1987), complementa dizendo que as malhas quadrada e retangular são
normalmente utilizadas devido à facilidade da marcação e perfuração, ainda que percam no
quesito efetividade.
Silva (2014), pensa que as malhas em forma de triângulo equilátero, ditas estagiadas e
que possuem relação espaçamento/afastamento igual a 1,15 são indicadas para rochas
compactas e duras.
Jimeno et al. (1987), adiciona que a relação E/A=1,15 é usada para furos verticais e que
E/A = 1,15 cos U, onde U é o ângulo entre os furos e a vertical, é utilizada para furos inclinados,
sendo E o espaçamento e A o afastamento. Além disso, o autor relata que em malhas quadradas
existe uma deficiência de cerca de 23% de energia em relação às estagiadas. Os diferentes tipos
de malha são retratados nas Figuras 1(a), 1(b) e 1(c).

Figura 1:(a) Malha quadrada (b) Malha retangular (c) Malha estagiada (Adaptado de Silva, 2014)

2.4. Tipos de Explosivos

Segundo Jimeno et al. (1987) os explosivos industriais são classificados em 2 grupos:


18

 Explosivos detonantes e rápidos: que possuem velocidades entre 2000 m/s e


7000m/s;
 Explosivos deflagrantes e lentos: velocidades abaixo de 2000 m/s;

De acordo com o mesmo autor, os deflagrantes estão relacionados a área de artilharia e


fogos de artifício. Por outro lado, os explosivos detonantes são divididos em Primários e
Secundários. Os primários são os iniciadores dos secundários, são altamente sensíveis e têm-se
como exemplo o fulminato de mercúrio, PETN, pentolita, etc. Os secundários são menos
sensíveis, porém, são responsáveis pelo trabalho mais importante que é a própria quebra e
desmonte da rocha.
Jimeno et al. (1987) explica que os explosivos industriais são divididos ainda em dois
grupos:
 Agentes detonantes

Essas misturas, por si só, em sua maioria, não contêm ingredientes classificados como
explosivos. São exemplos:

 ANFO
 ALANFO
 Lamas
 Emulsões
 ANFO pesado

 Explosivos convencionais

Esse tipo já possui substâncias explosivas. São exemplos:

 Dinamites Gelatinosas
 Dinamites Granulares
 Explosivos Permissíveis

2.4.1. ANFO
19

Ricardo e Catalani (1977) revelam que o ANFO é a mistura entre nitrato de amônio e
óleo mineral, conforme figura 2. Esse tipo de explosivo apresenta baixa resistência à água, baixa
densidade e baixa velocidade de detonação. Pode ser utilizado para rochas brandas a médias e
ainda pode ser melhor aproveitado como carga de coluna em furos que possuem outro tipo de
explosivo na carga de fundo.
Silva (2014) cita que as maiores vantagens do ANFO são:

 Ocupa inteiramente o volume do furo;


 Grande insensibilidade ao choque;
 Gera poucos gases tóxicos;
 Redução do preço global do explosivo;

Figura 2: ANFO ( www.nitrosulexplosivos.com.br)

2.4.2. Emulsão

De acordo com Dowding e Aimone (1992) emulsões são uma mistura de 2 líquidos
contendo gotas microscópicas de nitrato de amônio dispersas em óleo diesel, cera ou parafina,
usada como agente emulsificante. A emulsão encartuchada é retratada na Figura 3.
20

Ainda segundo os mesmos autores a emulsão possui altas pressões de detonação (de 10
a 12 GPa), velocidades de detonação que variam entre 4420 a 5640 m/s e densidades entre 1,15
a 1,45 g/cm³.
Jimeno et al. (1987) cita as seguintes vantagens da emulsão:

 Baixo custo, pois seu processo de manufatura não envolve ingredientes caros;
 Excelente resistência à água;
 Boa velocidade de detonação;
 Grande segurança na manufatura e manuseio;
 Possibilidade de carregamento mecanizado e preparação de misturas com
ANFO;

Para os mesmos autores, as desvantagens são:

 Condições de preparo;
 Alterações sob baixas temperaturas;
 Contaminação durante o carregamento, se for usada na forma a granel;
 Tempo de estoque e períodos longos de transporte;

Figura 3: Emulsão encartuchada ( www.explogranexplosivos.com.br)


21

2.5. Propriedades dos explosivos

De acordo com o Manual da Atlas Powder (1987), os explosivos possuem diferentes


propriedades que são importantes para cada situação específica nos quais eles são utilizados. A
boa fragmentação da rocha é resultado de vários fatores, porém o mais importante talvez seja o
tipo de explosivo utilizado na detonação.
Segundo Jimeno et al. (1987) as principais propriedades dos explosivos são:

 Força e Energia
 Velocidade de detonação
 Densidade
 Pressão de detonação
 Estabilidade
 Resistência à água
 Sensibilidade
 Transmissão da detonação
 Dessensibilização
 Resistência a baixas temperaturas
 Fumos

2.5.1. Força e Energia

Para Jimeno et al. (1987), a força do explosivo é definida como a energia disponível
para produzir efeitos mecânicos. Quando o uso da dinamite original ainda era comum, Ricardo
e Catalani (1977), revelam que a força era medida em relação a porcentagem de nitroglicerina
em peso existente no explosivo, no entanto a comparação entre explosivos diferentes com
porcentagens diferentes não era aconselhável.
Desde os anos 80, Jimeno et al. (1987) explicam que essa maneira de medição foi
substituída pelos testes chamados RWS e RBS, que utilizam normalmente o ANFO como base
para a medição dos outros explosivos.
Silva (2014), explica que RWS, ou Energia Relativa por Massa, pode ser calculada pela
Equação 1.
22

𝐸𝑇𝑥
𝑅𝑊𝑆 = (1)
𝐸𝑇𝑝

Onde: 𝐸𝑇𝑥 = energia termoquímica do explosivo x


𝐸𝑇𝑝 = energia termoquímica padrão
O mesmo autor revela que a RBS, ou Energia Relativa por Volume, pode ser
calculada pela Equação 2.
𝜌𝑥
𝑅𝐵𝑆 = 𝑅𝑊𝑆. (2)
𝜌𝑝

Onde:𝜌𝑥 = densidade do explosivo x

𝜌𝑝 = densidade do explosivo padrão

Wyllie e Mah (2004) sugerem a Tabela 1 de comparação das respectivas forças dos
explosivos.
Tabela 1- Tipo de explosivo vs RBS
Tipo de explosivo RBS (ANFO=100)
Emulsão encartuchada sensitiva a 115-170
detonador
Emulsão encartuchada sensitiva a booster 125-155
Gelatinas 129
Dinamites 130-170
Dinamites para controle das paredes 76-114
Boosters 167-280
ANFO 100
Emulsão em massa 120-150

Fonte: adaptado de Wyllie e Mah(2004)

2.5.2. Velocidade de detonação

Ricardo e Catalani (1977) revelam que a velocidade de detonação nada mais é do que a
velocidade com que a reação química, responsável pela detonação do explosivo, passa através
de um explosivo de forma cilíndrica. Essa grandeza varia entre 1500 e 7500 m/seg.
23

Silva (2014) complementa dizendo que a pressão produzida no furo durante a detonação,
função da velocidade de detonação e da densidade do explosivo, deve ser maior que a
resistência dinâmica da rocha para que haja fragmentação adequada do maciço.
Segundo o autor, a Equação 3 pode ser utilizada para o cálculo da pressão produzida no
furo durante a detonação.
𝑉𝑂𝐷2
𝑃𝐹 = 𝜌. . 10−6 (3)
4

Onde: PF = pressão produzida no furo quando o explosivo está completamente acoplado


ao furo(GPa)
ρ = densidade do explosivo(g/cm³)
VOD = velocidade de detonação de um explosivo confinado(m/s)
Wyllie e Mah (2004) sugerem a Tabela 2 de comparação entre as velocidades de
detonação dos explosivos.

Tabela 2: Tipo de explosivo vc VOD


Tipo de explosivo VOD(m/s)
Emulsão encartuchada sensitiva a 4600-5200
detonador
Emulsão encartuchada sensitiva a booster 4300-5050
Gelatinas 4785
Dinamites 3350-5600
Dinamites para controle das paredes 1650-2600
Boosters 5600-7900
ANFO 4000
Emulsão em massa 5200-5500
Fonte: adaptado de Wyllie e Mah(2004)

Por fim, o Manual da Atlas Powder (1987) sugere que explosivos de alta velocidade são
ideais para rochas duras e os de baixa velocidade oferecem melhores resultados em formações
mais macias.

2.5.3. Densidade
24

Dowding e Aimone (1992) explicam que a densidade do explosivo nada mais é do que
seu peso por unidade de volume e, no caso de explosivos comerciais, varia entre 0,5 e 1,7 g/cm³.
Jimeno et al. (1987) explicam que a escolha da densidade é crítica no sentido de
relaciona-la com a sensibilidade do explosivo aos acessórios de detonação. Se ela for muito
baixa, o explosivo se torna sensível e pode ser detonado antes da hora prevista, antes da chegada
ao cartucho iniciador por exemplo. Por outro lado, se a densidade for muito alta, o explosivo
pode perder a sensibilidade ao sistema de iniciação utilizado e não detonar.
Para Ricardo e Catalani (1977), ter um explosivo de alta densidade significa dizer que
haverá uma maior quantidade em peso de material detonante em um metro de perfuração do
que em um de baixa densidade, por isso se o grau de fragmentação desejado for alto, deve-se
adotar explosivos de alta densidade.

2.5.4. Pressão de detonação

De acordo com Dowding e Aimone (1992) a pressão de detonação é a pressão máxima


teórica que a carga explosiva gera dentro de uma determinada zona medida.
Jimeno et al. (1987) explica que essa pressão varia entre 500 e 1500 MPa para
explosivos comerciais. Além disso, para rochas duras e competentes, deve-se usar explosivos
que produzam altas pressões para que a fragmentação seja eficiente.

2.5.5. Estabilidade

Jimeno et al. (1987) revela que a estabilidade está relacionada à deterioração do


explosivo a certas condições do ambiente em que o mesmo foi armazenado, por exemplo.
O Manual da Atlas Powder (1987) complementa dizendo que a temperatura em que a
carga explosiva é estocada e utilizada é um fator primordial.

2.5.6. Resistência à água

Para Dowding e Aimone (1992), a resistência à água de um explosivo é entendida como


a habilidade da carga detonante de ficar exposta a umidade sem perder suas propriedades
essenciais.
Wyllie e Mah (2004) apresentam a Tabela 3 de comparação entre os explosivos e sua
resistência à água.
25

Tabela 3: Tipo de explosivo vs Resistência à água


Tipo de explosivo Resistência à água
Emulsão encartuchada sensitiva a Excelente
detonador
Emulsão encartuchada sensitiva a booster Excelente
Gelatinas Excelente
Dinamites Bom para excelente
Dinamites para controle das paredes Bom para ruim
Boosters Excelente
ANFO Nenhuma
Emulsão em massa Excelente
Fonte: adaptado de Wyllie e Mah(2004)

2.5.7. Sensibilidade

Segundo o Manual da Atlas Powder (1987) a sensibilidade é definida como a distância


entre um meio cartucho iniciador e um meio cartucho de carga explosiva (recebedor) na qual
um ainda consegue detonar o outro em um ambiente sem confinamento.
Jimeno et al. (1987) complementa dizendo que várias ações externas podem definir essa
característica do explosivo, como por exemplo: a aceitação de um explosivo a determinado tipo
de iniciador, a sensibilidade do explosivo ao choque ou fricção, sensibilidade ao calor, etc.
Por fim, Wyllie e Mah (2004) revelam que a sensibilidade de um explosivo define por
qual método ele será iniciado e o diâmetro do mesmo.

2.5.8. Transmissão da detonação

Jimeno et al. (1987) explica que a transmissão da detonação é a detonação de um


cartucho por outro através do fenômeno da simpatia, que consiste em um espaço entre esses
cartuchos, seja por ar ou por outro tipo de material inerte. Nesse caso, a onda de choque da
detonação de uma carga passa através do material ou do meio de separação e detona a outra
carga. Na maioria dos explosivos esse fenômeno ocorre para distâncias entre 2 a 8 vezes o
diâmetro do explosivo.
26

2.5.9. Dessensibilização

De acordo com Jimeno et al. (1987), a sensibilidade diminui com o aumento da


densidade. Esse fenômeno ocorre com maior frequência em composições ou agentes detonantes
que não possuem TNT e nitroglicerina em sua composição.
As possíveis causas da dessensibilização, para Jimeno et al. (1987), são:

 Dessensibilização pelo cordel detonante


Caso o cordel detonante não seja adequado para aquele determinado tipo de explosivo,
pode danificá-lo ou inutilizá-lo.
 Dessensibilização pelo efeito canal

Ocorre quando o furo possui um diâmetro maior que o explosivo utilizado, essa sobra
gera espaço para que os gases formados durante a detonação, e que estão a alta pressão, se
desloquem à frente da mesma e aumentem a densidade dos cartuchos, provocando a
dessensibilização das cargas e diminuindo a velocidade de detonação.

 Pressão exercida por cargas adjacentes

Nesse caso a dessensibilização ocorre pela detonação de cargas adjacentes. Seja pela
onda de choque que chega às cargas vizinhas, pela deformação do furo, pela compressão das
cargas pelo tampão intermediário ou pela infiltração de gases através das fissuras.

2.5.10. Resistência a baixas temperaturas

Dowding e Aimone (1992) revelam que as dinamites podem se tornar instáveis a baixas
temperaturas, enquanto os explosivos que possuem uma base de água têm sua sensibilidade e
velocidade de detonação alterados pelas baixas temperaturas. Jimeno et al. (1987) complementa
dizendo que em temperaturas abaixo de 8°C, explosivos que são feitos à base de nitroglicerina
tendem a congelar.

2.5.11. Fumos
27

Dowding e Aimone (1992) revelam que fumos são os gases nocivos, gerados após a
detonação. Silva (2014) diz que a classificação desses gases é mais importante em trabalhos
subterrâneos devido à escassez de ventilação.

2.6. Acessórios

Segundo Reis (1979), os explosivos industriais têm um certo grau de estabilidade


química que permite que eles sejam manuseáveis com uma certa segurança. Por isso sua
iniciação se dá através de uma certa energia de ativação, que é conseguida sob a forma de
choques, calor, atrito, impactos, etc.
Os acessórios de detonação são destinados a provocar estes fenômenos iniciais de uma
forma segura. Alguns deles são destinados a retardar a explosão, quando isso for desejável
(REIS, 1979, p.89).
Para Jimeno et al. (1987), os acessórios possuem os seguintes objetivos:

 Iniciação mais potente dos explosivos mais modernos


 Redução dos níveis de vibração, sobrepressão atmosférica e ultralançamento
produzido nas detonações
 Aumento na segurança para o pessoal envolvido na operação de desmonte

De acordo com Reis (1979), entre os acessórios de detonação, pode-se citar:

 Estopim de segurança
 Espoleta simples
 Espoletas elétricas: instantâneas e de retardos
 Cordel detonante
 Retardos para cordel
 Reforçador, ou iniciador(booster)
 Explosores
 Nonel, hercudet e brinel

2.6.1. Estopim de segurança


28

Reis (1979) explica que o estopim é um acessório que consiste em um núcleo de pólvora
negra encapado com material plástico, conforme Figura 4. Tem a finalidade de detonar uma
espoleta simples e para isso sua queima acontece a uma velocidade de cerca de 120 segundos
por metro. Sua iniciação deve acontecer através de palitos de fósforo, que devem entrar em
contato com a pólvora negra do lado livre do estopim.

Figura 4: Espoleta e estopim (Silva, 2014)

2.6.2. Espoleta

Silva (2014) revela que a espoleta é um tubo de alumínio ou cobre, contendo em seu
interior uma carga detonante de azida de chumbo e uma de PETN. O estopim é responsável
pela iniciação da azida que, por sua vez, detona a carga de PETN. A Figura 5 retrata o interior
de uma espoleta.
29

Figura 5: Espoleta simples (Reis, 1979)

2.6.3. Cordel detonante

Para Ricardo e Catalani (1977), o cordel detonante é formado por um núcleo de


tetrainitrato de penta-eritritol (PETN), que tem velocidade de detonação de cerca de 6000
m/seg., revestido de cera, algodão e plástico, conforme Figura 6.
Segundo os autores o cordel funciona como escorva das cargas explosivas com as quais
ele está em contato e a velocidade de detonação pode ser considerada a própria velocidade do
cordel. Além disso, sua iniciação é feita através da espoleta, comum ou elétrica.
Silva (2014) complementa citando algumas vantagens do cordel detonante:

 As correntes elétricas não o afetam


 Permite o carregamento das minas em regime descontínuo, com o uso de
espaçadores
 Detona todos os cartuchos, ao longo dos quais está em contato
 É muito seguro, pois, não detona por atrito, calor, choques naturais ou faíscas
(SILVA, 2014, p.28).
30

Figura 6: Cordel detonante (www.explogranexplosivos.com.br)

2.6.4. Retardos

O Manual da Atlas Company (1987) explica que os retardos (Figuras 7 e 8) são peças
que permitem a divisão da detonação total em partes menores, as quais são detonados em
tempos específicos, de acordo com o tempo de retardo estabelecido. As vantagens de se dividir
uma detonação em partes menores estão no aumento da fragmentação, redução das vibrações e
do ultralançamento.
31

Figura 7: Retardos (www.nitrosulexplosivos.com.br)

Figura 8: Retardos (www.tecnovoladuras.com)

2.6.5. Sistema de iniciação não elétrico

Segundo Reis (1979), os sistemas de iniciação não elétricos foram criados para atenuar
o barulho, sobrepressão atmosférica e vibrações causadas pelo cordel detonante e ao mesmo
tempo garantir a segurança do operador no que tange ao manuseio dos acessórios próximos a
correntes induzidas e de rádio frequência, que são as principais desvantagens das espoletas
elétricas. A Figura 9 retrata um exemplo de sistema de iniciação não elétrico.
32

O autor relata ainda que o sistema de iniciação não elétrico é um acessório que consiste
em um tubo de plástico com uma substância pirotécnica dentro, a qual quando iniciada libera
um plasma gasoso com velocidade em torno de 1000 m/s. A liberação desse plasma não é
suficiente para a destruição do tubo plástico, que permanece intacto. O plasma é responsável
por iniciar uma espoleta simples ou de retardo na extremidade oposta à de iniciação. Com
relação a iniciação, pode ser feita através da escorva estopim-espoleta ou cordel detonante.

Figura 9: Brinel (www.pedreirao.com.br)

2.7. Sequência de detonação e tempo de retardo

Wyllie e Mah (2004), destacam que a detonação simultânea de grande quantidade de


explosivo não só produz pouca fragmentação da rocha, como também danifica as paredes que
deveriam permanecer intactas, além de claro, aumentarem as vibrações nas estruturas próximas.
Para superar esse problema é aconselhável o uso de retardos para se dividir a detonação e
diminuir a carga máxima detonada ao mesmo tempo. Os retardos podem ser colocados furo-a-
furo, onde cada furo é detonado em uma sequência de tempo específico, aumentando assim a
fragmentação, o controle da vibração e diminuindo o overbreak e o tamanho da pilha. Ou então,
eles podem ser colocados linha-a-linha, onde cada linha é detonada em um tempo específico.
Wyllie e Mah (2004), afirmam que se um número muito grande de retardos entre furos
e entre linhas for utilizado, poderá se usar uma combinação entre retardos de superfície e de
fundo de furo para evitar cortes na detonação.
Os mesmos autores sugerem as Equações 4 e 5 para o cálculo dos tempos de retardo.
Detonações linha-a-linha:
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑟𝑑𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 ≈ (10 − 13). 𝐴 (4)
33

Onde: Tempo de retardo entre linhas(ms)


A = afastamento(m)
Detonação furo-a-furo:
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑟𝑑𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑓𝑢𝑟𝑜𝑠 ≈ 𝐾. 𝐸 (5)

Onde: Tempo de retardo entre furos(ms)


E = espaçamento(m)
K = constante de retardo dado pela seguinte tabela:
A Tabela 4 fornece os valores de K em função do tipo de rocha.

Tabela 4: Constante de retardo-tipo de rocha


Tipo de rocha Constante de retardo(ms/m)
Areia.marga,carvão 6-7
Calcário macio,xisto 5-6
Calcário compacto, mármore, granito, 4-6
basalto, quartzito, gnaisse, gabro
Gnaisse compacto e micaxisto, magnetita 3-4
Fonte: adaptado de Wyllie e Mah(2004)
Jimeno et al. (1987) apud Fadeev et al., por sua vez, indicam a Equação 6.
Cálculo do tempo de retardo entre furos:
𝜌𝑟
𝑇𝑅𝐵 = 2( )0,5 (6)
𝐶𝐸

Onde: 𝜌𝑟 = densidade da rocha(t/m³)


CE = razão de carregamento(kg/m³)
Ou de forma mais simplificada, a Equação 7.
𝑚𝑠
𝑇𝑅𝐵 = 4 − 8 𝑑𝑒 𝑎𝑓𝑎𝑠𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (7)
𝑚

Cálculo do tempo de retardo entre linhas de furos, segundo Equação 8.

𝑇𝑅𝐹 = 2 − 3 𝑇𝑅𝐵 (8)

De acordo com Jimeno et al. (1987) os parâmetros como afastamento e espaçamento


são radicalmente modificados de acordo com a sequência de detonação escolhida. Por isso esses
parâmetros serão chamados de Ae e Ee para afastamento e espaçamento, respectivamente,
representando assim seus valores efetivos quando necessário após a escolha da sequência de
detonação.
34

O autor relata que para uma detonação de várias linhas de furos e uma bancada com face
livre, as seguintes condições devem ser satisfeitas:
 Cada carga deve ter uma face livre no momento da detonação
 A relação Ee/Ae deve estar entre 3 e 8, preferencialmente entre 4 e 7
 As linhas com o mesmo retardo devem formar um ângulo entre 90° e 160°, e
preferencialmente entre 120° e 140°
A Figura 10 retrata as diferentes sequências de iniciação disponíveis para detonações
múltiplas com malhas quadradas ou estagiadas.

Figura 10: Diferentes tipos de sequência de detonação (Jimeno et al., 1987)

De acordo com o Manual da Atlas Powder (1987) as sequências de detonação em V


resultam em um melhor controle da progressão da detonação, o que por consequência, diminui
as chances de ultralançamento e reduzem o deslocamento da pilha de rochas. Além disso,
35

quando esta sequência é utilizada, os dois lados opostos da detonação, que possuem o mesmo
tempo de retardo, ao serem detonados, chocam-se entre si aumentando a fragmentação.
Silva (2014) explica que em uma detonação, parte da energia produzida é direcionada
para a quebra e lançamento da rocha e outra parte passa diretamente pelo maciço na forma de
ondas que podem causar vibrações no terreno, e quando passam do maciço para a atmosfera
causam ruídos e sobrepressão atmosférica.
Existem equipamentos específicos para a medição dessas vibrações, os chamados
sismógrafos, porém na falta destes, Jimeno et al. (1987) explicam que existem outras formas
de se ter uma ideia das vibrações e de distâncias em que construções e moradias podem estar
seguras, sem que haja prejuízo físico as mesmas.
Segundo o autor, a O.S.M., órgão de mineração norte-americano, criou em 1983 uma
série de recomendações que estão resumidas na Tabela 5.
Tabela 5: Tabela de recomendações para proteção de construções próximas a áreas de detonação
Distância à área de Velocidade máxima da Distância escalonada
detonação partícula(mm/s) recomendada quando não
há instrumentação
disponível (m/𝑘𝑔0,5 )
0 a 90m 32 22,30
90 a 1500m 25 24,50
>1500m 19 29,00
Fonte: adaptado de Jimeno et al.(1987)

Aliada à Equação 9.
𝐷𝑆
𝐷𝑅 = (9)
√𝑄

Onde: DR = Distância escalonada(m/𝑘𝑔0,5 );


DS = distância da detonação à construção(m);
Q = carga máxima de espera(kg);
É possível ter uma ideia de distâncias seguras para construções e da carga máxima de
espera a ser utilizada.
Silva (2014), complementa dizendo que a Equação 10, para estimar a vibração do
terreno, também pode ser utilizada.
𝐷
𝐷𝐸 = (10)
√𝑄
36

Onde: DE = distância escalonada(m);


D = distância horizontal entre o ponto de medição e o ponto mais próximo da
detonação, em metros;
Q = carga máxima de explosivos a ser detonado por espera(kg);
Segundo o autor a fórmula acima pode ser utilizada para situações em que houve
impedimento da realização do monitoramento sismográfico. Nesses casos, o valor de DE deve
seguir a regra: 𝐷𝐸 ≥ 40 𝑚/𝑘𝑔0,5 para 𝐷 ≤ 300𝑚.

2.8. Parâmetros Controláveis da Detonação

Segundo Silva (2014), as principais variáveis geométricas, conforme Figura 11, em um


plano de fogo são:
 Afastamento (A): A menor distância que vai do furo à face livre da bancada ou
a menor distância de uma linha de furos a outra;
 Espaçamento (E): Distância entre dois furos de uma mesma linha;
 Subperfuração (S): Comprimento perfurado abaixo da praça da bancada;
 Profundidade do furo (Hf): Comprimento total perfurado;
 Tampão (T): Parte superior do furo que não é carregada;
 Ângulo de inclinação da bancada (α);
 Altura da bancada (Hb);
 Carga de Coluna (CC);
 Carga de Fundo (CF);
 Diâmetro do furo (DF);
37

Figura 11: Principais variáveis do plano de fogo (Silva, 2014)

2.8.1. Afastamento (A)

Wyllie e Mah (2004), explicam que a escolha certa do afastamento faz com que a
detonação dos explosivos gere uma onda de choque que vai em direção à face livre e, ao chegar
lá, é refletida pela mesma, gerando tensão e a fragmentação da rocha de maneira eficiente.
Quando o afastamento é muito grande, essa onda de choque não é refletida, resultando em pouca
fragmentação e perda geral de eficiência. Por outro lado, se o afastamento é pequeno, as fendas
radiais geradas se intensificarão, permitindo a dissipação dos gases explosivos com
consequente perda de eficiência, ultralançamento e problemas de sobrepressão atmosférica.
Ainda segundo o mesmo autor, a relação existente entre a altura do banco (H b) e o
afastamento (A) deve estar entre três e quatro para gerar bons resultados na detonação, ou seja,
3<Hb/A<4.
Jimeno et al. (1987), complementa dizendo que várias fórmulas foram desenvolvidas
ao longo dos anos para o cálculo do afastamento, mas todos os valores convergem para uma
faixa que varia entre 25 a 40D, onde D é o diâmetro de perfuração.
Seguem algumas fórmulas utilizadas para o cálculo do afastamento:
38

Para Wyllie e Mah (2004) a Equação 11 pode ser usada.

𝐴 = 𝐾. 𝐻𝑏 (11)

Onde: K = constante que varia entre 0,25 a 0,33


Hb = altura da bancada
Para Silva (2014) é aconselhável a utilização da Equação 12.
𝜌𝑒
𝐴 = 0,0123 [2. ( ) + 1,5] . 𝑑𝑒 (12)
𝜌𝑟

Onde: 𝜌𝑒 = densidade do explosivo (g/cm³)


𝜌𝑟 = densidade da rocha (g/cm³)
𝑑𝑒 = diâmetro do explosivo (mm)
Para Ricardo e Catalani (1977), pode-se usar as Equações 13 e 14.

(Para linhas múltiplas de furos)

𝐴𝑝 = 𝐴𝑡 − 0,05𝐻𝑏 (13)

𝐴𝑡 = 45𝐷 (14)

Onde: Ap = afastamento prático


At = afastamento teórico
D = diâmetro da perfuração em mm
Hb = altura da bancada
Jimeno et al. (1987), sugere a Tabela 6.

Tabela 6: Tabela de afastamentos


Parâmetros de Força Compressiva Uniaxial (M Pa)
Projeto
Baixo Médio Alto Muito alto
<70 70-120 120-180 >180
Afastamento 39D 37D 35D 33D
(A)
Fonte: adaptado de Jimeno et al.(1987)

2.8.2. Espaçamento (E)


39

Wyllie e Mah (2004), revelam que quando rachaduras são abertas paralelas à face livre
pela ação da onda de tensão, gases pressurizados entram nessas fendas e forçam a fragmentação
da rocha. No entanto, o alcance desses gases é limitado pela extensão, tamanho das fendas e
volume de gás disponível. O espaçamento, nesse sentido, amplia a ação dos gases ao definir a
distância correta entre furos numa mesma linha, aumentando a força total agindo na faixa de
material e tornando a fragmentação mais uniforme.
Segundo Jimeno et al.(1987), um espaçamento muito pequeno pode causar
fragmentação excessiva entre as cargas, a presença de matacões na frente dos furos e problemas
de “repé”. Por outro lado, um espaçamento muito grande pode causar o fraturamento
insuficiente entre as cargas dos furos e a irregularidade da face do novo banco formado após a
detonação.
A seguir encontram-se algumas da fórmulas utilizadas para o cálculo do espaçamento:
Para Ricardo e Catalani (1977) o espaçamento pode ser calculado pela Equação 15.
𝐸 = 𝐶. 𝐴 (15)

Onde: C = constante que varia entre 1,0 a 1,3


A = afastamento
Para o caso de bancadas verticais, utiliza-se a Equação 16.
𝐸 = 𝐴𝑝 (16)
(Para a primeira bancada e aumenta-se ou não o valor de E em função dos resultados obtidos)

Para bancadas inclinadas, utiliza-se a Equação 17.


𝐸 = 1,2𝐴𝑝 (17)
(Para a primeira bancada e corrige-se a partir dos resultados obtidos para as próximas)

Para Jimeno et al. (1987), pode-se utilizar a Tabela 7 para o cálculo.

Tabela 7: Tabela de espaçamentos


Parâmetros de Força Compressiva Uniaxial (M Pa)
Projeto
Baixo Médio Alto Muito alto
<70 70-120 120-180 >180
Espaçamento 51D 47D 43D 38D
(E)
Fonte: adaptado de Jimeno et al.(1987)
40

Para Wyllie e Mah (2004), utiliza-se as Equações 18 e 19.

𝐻
Se 1< 𝑏 <4:
𝐴

(𝐻𝑏 + 7A)
𝐸= (18)
8
𝐻𝑏
Se >4:
𝐴

𝐸 = 1,4. 𝐴 (19)

Onde:𝐻𝑏 = altura da bancada


A = afastamento
Silva (2014), sugere as Equações 20, 21, 22 e 23.
𝐻𝑏
Se <4:
𝐴

Para furos iniciados instantaneamente:


𝐸 = 0,33(𝐻𝑏 + 2𝐴) (20)

Para furos detonados com retardos:


(𝐻𝑏 + 7𝐴)
𝐸= (21)
8
𝐻𝑏
Se > 4:
𝐴

Para furos iniciados instantaneamente:


𝐸 = 2. 𝐴 (22)

Para furos detonados com retardos:


𝐸 = 1,4. 𝐴 (23)

2.8.3. Subperfuração(S)

Jimeno et al. (1987), explicam que a subperfuração é uma extensão do furo


propriamente dito, é feito abaixo da linha do chão e é necessário para quebrar a rocha na altura
do banco e ativar a fragmentação adequada.
Segundo Wyllie e Mah (2004), a baixa fragmentação na base do banco a ser detonado,
resultado de uma subperfuração pequena, pode formar uma série de “repés”, que são
irregularidades no nível do chão, fazendo com que o custo de operações como carregamento e
transporte se eleve consideravelmente.
41

Jimeno et al. (1987) ainda complementam dizendo que se a subperfuração for excessiva,
poderá ocorrer um aumento nos custos de perfuração e detonação, um aumento do nível de
vibração, fragmentação excessiva do solo e um aumento no risco de cortes do fogo e
overbreaks.
Segundo o mesmo autor, a quebra no fundo do furo é feita na forma de cones invertidos,
os quais os ângulos com a horizontal dependem da estrutura da rocha e do stress residual. Esse
ângulo varia de 10 a 30 graus. O valor de subperfuração que produz a interseção entre as
superfícies dos cones no nível do banco e regulariza o nível do chão está por volta de 0,3A.
Ricardo e Catalani (1977), Wyllie e Mah (2004) e Silva (2014) sugerem a Equação 24 para o
cálculo da subperfuração.

𝑆 = 0,3. 𝐴 (24)

Onde: A = afastamento
Ricardo e Catalani (1977) ainda acrescentam que, caso a face da bancada seja
inclinada, utiliza-se a Equação 25.

S = 0,2. A (25)

Onde: A = afastamento
2.8.4. Profundidade do furo (𝑯𝒇 )

Ricardo e Catalani (1977) explicam que a profundidade de perfuração é função da altura


da bancada, mas não é igual a mesma, pois deve-se levar em conta a subperfuração.
Silva (2014) complementa dizendo que o comprimento do furo aumenta com a
inclinação, porém a subperfuração diminui com o aumento da mesma.
Ricardo e Catalani (1977) sugerem a Equação 26 e 27 para o cálculo da profundidade
do furo.
Bancada inclinadas:
𝐻
𝐻𝑓 = + 0,2𝐴𝑝 (26)
cos ∝
Bancadas verticais:
𝐻𝑓 = 𝐻 + 0,3𝐴𝑝 (27)
Onde: H = altura da bancada
α = ângulo de inclinação da face com a vertical
𝐴𝑝 = afastamento prático
42

E a Tabela 8.

Tabela 8: Fórmulas para o cálculo da profundidade de perfuração


Bancada Profundidade de perfuração
Vertical H + 0,3𝐴𝑝
Inclinada 3:1 1,05H + 0,2𝐴𝑝
Inclinada 2:1 1,12H + 0,2𝐴𝑝
Fonte: adaptado de Ricardo e Catalani(1977)

Silva (2014), sugere a Equação 28.


𝐻𝑏 ∝
𝐻𝑓 = + (1 − ).𝑆 (28)
cos ∝ 100
Onde:𝐻𝑏 = altura da bancada
α = inclinação do furo com a vertical
S = subperfuração

2.8.5. Tampão(T)

Segundo Jimeno et al. (1987), a porção que fica acima do material explosivo e
preenchido com material inerte, no furo, é chamado de tampão. É utilizado para confinar os
gases provenientes da detonação. Se o tampão for muito pequeno poderá causar um escape
prematuro dos gases e problemas de sobrepressão atmosférica e ultralançamento. Por outro
lado, se o tampão for muito grande, poderá ocasionar a presença de matacões no topo da
bancada, pouca fragmentação e aumento do nível de vibração.
Segundo o mesmo autor, para determinação do tampão devem ser levados em conta o
tipo e o tamanho do material utilizado e o comprimento da coluna de material.
Wyllie e Mah (2004), completam dizendo que o material ideal para se utilizar no tampão
é o cascalho angular(brita) ao invés dos detritos de perfuração normalmente utilizados.
Silva (2014), finaliza ao afirmar que o tamanho ideal do material utilizado deve ser por
volta de 0,05 vezes o diâmetro do furo.
Silva (2014) e Wyllie e Mah (2004) concordam que a Equação 29 é a melhor para se calcular o
tampão.
𝑇 = 0,7. 𝐴 (29)
43

Onde: A = afastamento
Ricardo e Catalani (1977) são mais conservadores ao afirmarem que a Equação 30 é a
melhor.
𝑇 = 𝐴𝑝 (30)
Onde:𝐴𝑝 = afastamento prático
Jimeno et al. (1987), por sua vez, recomenda a Tabela 9.

Tabela 9: Tabela de tampões


Parâmetros de Força Compressiva Uniaxial (M Pa)
Projeto
Baixo Médio Alto Muito alto
<70 70-120 120-180 >180
Tampão (T) 35D 34D 32D 30D
Fonte: adaptado de Jimeno et al.(1987)

2.8.6. Carga de coluna(CC) e Carga de fundo(CF)

Para Jimeno et al. (1987) são necessárias diferentes energias para se quebrar a rocha no
fundo e no meio do furo. Para que isso ocorra devem ser utilizados explosivos de grande
densidade e força na carga de fundo, onde é mais difícil de se deslocar a rocha, e explosivos de
força média e baixa densidade na carga de coluna, onde é mais fácil a retirada.
Jimeno et al. (1987) apud Langerfors acredita que o comprimento da carga de fundo
deve ficar entre 0,6A a 1,3A.
Ricardo e Catalani (1977) sugerem que a Equação 31 é a melhor para o cálculo do
comprimento da carga de fundo.
𝐻𝐶𝐹 = 1,3. 𝐴 (31)
Eles ressaltam ainda que para uma detonação com múltiplas linhas, deve-se colocar
maior quantidade de explosivo no fundo do furo das linhas mais distantes da face livre, pois
essas terão de executar maior trabalho porque devem empurrar também o material detonado nas
primeiras linhas.
Silva (2014), por sua vez, indica a Equação 32 como sendo a melhor para o cálculo do
comprimento da carga de fundo.
𝐻𝐶𝐹 = 0,3. (𝐻𝑓 − 𝑇) (32)
Onde:𝐻𝑓 = profundidade do furo
44

T = tampão
Para a carga de coluna, segundo Jimeno et al. (1987), a energia do explosivo deve ser
de 2 a 2,5 vezes menor que a da carga de fundo.
Ricardo e Catalani (1977) acrescentam que a concentração da carga de coluna deve ser
cerca de 40 a 50% menor que o da carga de fundo, e para eles a Equação 33 pode ser utilizada
para o cálculo do comprimento da carga de coluna.
𝐻𝐶𝐶 = 𝐻𝑓 − 2,3. 𝐴 (33)
Onde:𝐻𝑓 = profundidade do furo
A = afastamento
Silva (2014), sugere a Equação 34 para o cálculo do comprimento da carga de coluna.
𝐻𝐶𝐶 = 𝐻𝐶 − 𝐻𝐶𝐹 (34)
Onde: HC = altura total da carga
HCF = altura da carga de fundo
O mesmo autor sugere ainda a Equação 35 para o cálculo da carga total.
𝐶𝑇 = 𝐶𝐹 + 𝐶𝐶 (35)
Onde: CF = carga de fundo
CC = carga de coluna

2.8.7. Ângulo de inclinação da bancada (α)

Segundo Ricardo e Catalani (1977), as vantagens em se utilizar a face e furos inclinados


nas bancadas são as seguintes:
 A subperfuração é menor
 Consequentemente o consumo de explosivo também é reduzida
 A segurança aumenta, pois em taludes verticais o risco é sempre maior
Jimeno et al. (1987) acrescenta ainda:
 Melhor fragmentação e deslocamento pois o afastamento é mantido
constante
 Menor probabilidade de falha na detonação devido ao corte pelo
movimento desigual do afastamento
 Maior produtividade da pá carregadeira devido à baixa altura da pilha de
rocha desmontada
Ricardo e Catalani (1977) citam as seguintes desvantagens:
45

 A ocorrência de desvios na perfuração é maior


 O tempo para o embocamento do furo é maior logo a produtividade
diminui
 A marcação da correta inclinação apresenta certa dificuldade
Jimeno et al. (1987) adiciona:
 Maior uso dos bits e estabilizadores
 Menor produtividade das shovels à cabo devido à baixa altura da pilha
de rocha fragmentada
 Problemas na colocação das cargas explosivas, principalmente em furos
com água
Para Ricardo e Catalani (1977) é primordial a análise da inclinação das camadas de
rocha. Em determinados casos, uma inclinação que se oponha a da perfuração inviabilizaria a
perfuração inclinada.

2.8.8. Diâmetro do furo(DF)

Silva (2014) revela que existem vários fatores que influenciam na escolha do diâmetro
dos furos, dentre eles estão o tamanho desejado dos fragmentos, o tipo de explosivo utilizado,
a vibração permitida do terreno, etc.
Segundo Jimeno et al. (1987), se o diâmetro do furo for pequeno, o custo com
perfuração e iniciação aumentam. Além disso, a colocação do tampão e dos conectores levam
mais tempo e trabalho. Por outro lado, a razão de carregamento tende a ser baixa devido a
melhor distribuição do explosivo no maciço.
O mesmo autor relata ainda que se o diâmetro for grande, a malha será maior e a
consequente distribuição dos furos poderá prejudicar a detonação se existir blocos in situ.
Nesses casos a melhor solução é o “fechamento” da malha. O aumento de DF é acompanhado
pelas seguintes vantagens:
 Menor custo de perfuração e detonação
 Aumento da produtividade da perfuração (JIMENO et al.,1977, p.179)
Ricardo e Catalani (1977) ressaltam ainda que o diâmetro de perfuração deve ser
compatível com o equipamento de carregamento da rocha desmontada. Para que isso ocorra
faz-se uso da seguinte regra prática: O valor máximo do diâmetro da perfuração em polegadas
é igual à capacidade da caçamba do equipamento de carga em jardas cúbicas.
46

Wyllie e Mah (2004), por sua vez, sugerem a Equação 36 para o cálculo do diâmetro
do furo.
𝐴. 1000
𝑑𝑒𝑥 ≈ (36)
24𝛾𝑒𝑥⁄
( 𝛾𝑟 ) + 18
Onde:𝛾𝑒𝑥 = densidade do explosivo
𝛾𝑟 = densidade da rocha

2.8.9. Razão de Carregamento(RC)

De acordo com Jimeno et al. (1987), a razão de carregamento pode ser entendida como
a quantidade de explosivo necessária para fragmentar 1m³ de rocha.
Wyllie e Mah (2004) salientam que a razão de carregamento é o principal parâmetro
para se avaliar a produção do desmonte e o consequente grau de fragmentação da rocha.
Para esses mesmos autores, pode-se calcular a razão de carregamento pela Equação 37.
𝐶𝑇
𝑅𝐶 = (37)
𝑉
Onde: CT = quantidade de explosivo por furo(kg)
V = Volume de rocha detonado por furo(m³)
A Figura 12 mostra, baseada em estudos de Langerfors e Kihlstrom (1973), valores de
razões de carregamento associados a valores de afastamento para a previsão do tamanho médio
de matacões no desmonte.
47

Figura 12: Tamanho médio do matacão vs Razão de carregamento (Rock Slope Engineering; p.255)

Jimeno et al. (1987) sugerem a Tabela 10 para comparação entre valores de razão de
carregamento.

Tabela 10: Tipos de rochas vs razão de carregamento


Tipo de rocha Razão de carregamento(kg/m³)
Maciço rochoso de alta resistência 0,60-1,5
Rochas de média resistência 0,30-0,60
Rochas altamente fissuradas, macias 0,10-0,30
Fonte: adaptado de Jimeno et al.(1987)

O autor ainda complementa, ao dizer que uma razão de carregamento alta gera boa
fragmentação, deslocamento da rocha, menos problemas com “repé” e otimização da relação
custo-benefício da operação.
Silva (2014), por fim, explicita algumas outras fórmulas importantes:
Volume de rocha por furo (Equação 38): Nada mais é do que o volume de rocha que
cada furo fragmenta.
𝑉 = 𝐻𝑏 . 𝐴. 𝐸 (38)
Onde: 𝐻𝑏 = altura da bancada
A = afastamento
E = espaçamento
48

Perfuração especifica (Equação 39): Relação entre a quantidade de metros perfurados e


o volume de rocha por furo(V).
𝐻𝑓
𝑃𝐸 = (39)
𝑉
Onde: 𝐻𝑓 = profundidade do furo
Razão Linear de carregamento(RL) (Equação 40).
𝜋𝑑𝑒2
𝑅𝐿 = .𝜌 (40)
4000 𝑒
Onde:𝑑𝑒 = diâmetro do explosivo(mm)
𝜌𝑒 = densidade do explosivo(g/cm³)

2.8.10. Air-Deck

Segundo um estudo conduzido por Thote e Singh (1999), a técnica conhecida como air-
deck, que consiste na colocação de bolsões infláveis de ar em parte do furo, ao invés de
explosivos, revelou-se bastante vantajosa na fragmentação da rocha e sem custos adicionais.
Na experiência realizada pelos autores, cerca de 8 detonações foram feitas com o mesmo
número de furos, na mesma bancada. Em metade dos furos foi realizada a técnica de “air-deck”
e na outra metade não. No final do teste foi constatado que nos furos onde foi aplicado o
procedimento a razão de carregamento aumentou, houve melhora na fragmentação e uma
redução de 15-20% no consumo de explosivos.
Thote e Singh (1999) apud Melnikov et al. (1979) recomendam que o comprimento total
do air-gap individual seja calculado pela Equação 41.
𝑙𝑎𝑔 = (8 − 12). 𝐷𝑎 (41)

Onde:𝑙𝑎𝑔 = comprimento individual do air-gap


𝐷𝑎 = diâmetro da carga explosiva
A fórmula do comprimento total do air-gap é dada pela Equação 42.

∑ 𝑙𝑎𝑔 = (0,15 − 0,35). 𝐿𝑐 (42)

Onde:∑ 𝑙𝑎𝑔 = comprimento total do air-gap


𝐿𝑐 = comprimento da carga de explosivo

2.9. Desmonte Escultural


49

Segundo Jimeno et al. (1987), parte da energia criada na detonação para quebra e
deslocamento da rocha, em alguns casos a maior parte dessa energia, na verdade acaba
excedendo os limites da escavação, provocando a criação de planos de fraqueza, facilitando a
abertura de juntas e fendas, e deixando o maciço rochoso em um estado crítico.
Dentre as consequências negativas desse fenômeno, o autor cita:
 Aumento nos custos de carregamento e transporte devido ao grande volume da
pilha de detritos
 Aumento nos custos de concretagem para engenharia civil: túneis, hidrelétricas,
câmaras de estoque, fundações, muros, etc.
 Risco de chocos nos taludes finais da detonação
 Etc.

Para contornar esse problema e limitar o dano ao talude final, Wyllie e Mah (2004)
explicam que foi criada a detonação controlada, ou desmonte escultural, que tem como
princípio básico uma linha de furos paralelos, pouco espaçados e perfurados na face final com
uma carga menor de explosivo, que tem um diâmetro menor que o do furo.
De acordo com o mesmo autor, os três métodos básicos de detonação controlada são:
perfuração linear, pós-fissuramento e pré-fissuramento.

2.9.1. Perfuração Linear

Ricardo e Catalani (1977) relatam que esses foi o primeiro método criado para obtenção
de superfícies regulares. Consiste em realizar furos com um diâmetro menor do que o utilizado
no resto da detonação, pouco espaçados e não carregados com explosivo, no limite da
escavação. Essa série de furos forma uma superfície de plano de fraqueza preferencial, que é o
próprio plano em que os furos estão contidos, por isso quando a detonação é realizada, forma-
se uma parede regular nesse local. O diâmetro do furo deve ser de 2” ou 3” no máximo. O
espaçamento entre os furos é de duas a quatro vezes o diâmetro de perfuração.
Os autores citam que a profundidade do furo para este método não deve ultrapassar os
9 metros. A coluna de furos mais próxima a do método deve possuir um espaçamento
correspondente a 75% do utilizado no resto da detonação e um afastamento correspondente de
50 a 75% do utilizado no resto da detonação. A carga de explosivo nessa coluna deve possuir
50

50% da carga explosiva encontrada nas demais colunas. Além disso, é recomendado que as
duas últimas colunas de furos mais próximas à linha de perfuração do método sejam detonadas
após a detonação do miolo.
Por fim, Ricardo e Catalani (1977), revelam que o método é mais indicado para maciços
homogêneos, não sendo adequados para rochas que possuem planos de fraqueza, fraturas ou
veios. Devido à grande quantidade de furos, o método é considerado pouco econômico.

Figura 13: Exemplo do uso da técnica de perfuração linear (www.mslpc.com.br)

2.9.2. Pós-fissuramento ou detonação amortecida

Segundo Wyllie e Mah (2004), a técnica de pós-fissuramento é uma das mais utilizadas.
Nesse método a linha de furos que limita a escavação é detonada por último, depois da
detonação do núcleo.
De acordo com o autor, o método pode ser aplicado para furos entre 8 e 10 metros. Os
explosivos utilizados são menores que os do resto da escavação, gerando uma razão diâmetro
do furo por diâmetro do explosivo maior que 2, e devem ficar espaçados uns dos outros dentro
51

do furo, através da sua fixação com fita adesiva ao cordel detonante. Para o cálculo da carga de
explosivo por metro a ser utilizado sem causar dano a parede final do talude, utiliza-se a
Equação 42.
𝑑ℎ2
𝑙𝑒𝑥 = (42)
12,100

Onde: 𝑙𝑒𝑥 = carga de explosivo por metro(kg/m)


𝑑ℎ = diâmetro do furo(mm)

Com relação ao tampão, espaçamento e afastamento, os mesmos autores explicam que


o tampão para furos maiores do que 4” deve ficar entre 0,6-1,0m. O espaçamento para esse
método é calculado pela Equação 43.
𝐸 ≈ 16. 𝐷 (43)
Onde: D = diâmetro do furo

Ricardo e Catalani (1977) sugerem a Tabela 11.

Tabela 11: Tabela de espaçamentos em função do diâmetro do furo


Diâmetro do Espaçamento(m) Explosivo(kg/m)
furo(mm)
50-62 0,90 0,120-0,370
75-88 1,20 0,200-0,750
100-112 1,50 0,370-1,100
125-137 1,80 1,100-1,500
150-162 2,10 1,500-2,200
Fonte: adaptado de Ricardo e Catalani(1977)

Para o afastamento, Wyllie e Mah (2004) sugerem a Equação 44.


𝐴 ≥ 1,3. 𝐷 (44)
Onde: D = diâmetro do furo
Ricardo e Catalani(1977), por outro lado, indicam a Tabela 12.
52

Tabela 12: Tabela de afastamentos em função do diâmetro do furo


Diâmetro do Afastamento(m) Explosivo(kg/m)
furo(mm)
50-62 1,20 0,120-0,370
75-88 1,50 0,200-0,750
100-112 1,80 0,370-1,100
125-137 2,10 1,100-1,500
150-162 2,70 1,500-2,200
Fonte: adaptado de Ricardo e Catalani(1977)

2.9.3. Pré-fissuramento

Silva (2014) revela que a técnica de pré-fissuramento, ou pré-corte, consiste na


perfuração de furos em um mesmo plano, no limite da onde se quer escavar. Esses furos são
carregados com cargas menores de explosivo e são detonados antes do núcleo. Esse método
cria um plano de fraturas capazes de dissipar a expansão dos gases vindos da escavação
principal.
De acordo com o autor, a técnica pode ser aplicada utilizando como base as Equações
45, 46, 47 e 48.
𝐸 = 10 − 12. 𝐷 (45)

Onde: E = espaçamento(m)
D = diâmetro do fruo
𝑇 = 0,6 − 1,0𝑚 (46)
Onde: T = tampão(m)
𝐴 = 15 − 20. 𝐷 (47)
Onde: A = afastamento(m)
D = diâmetro do furo(m)
𝑑
𝐷𝑅 = = 0,4 − 0,6 (48)
𝐷
Onde: DR = raio de desacoplamento
d = diâmetro do explosivo
D = diâmetro da perfuração
E Tabela 13.
53

Tabela 13: Tabela de espaçamentos e razões lineares em função do diâmetro do furo


Diâmetro do furo(mm) Espaçamento(m) Razão Linear(g/m)
32 0,25-0,45 90
38 0,30-0,50 130
45 0,30-0,50 180
51 0,50-0,70 230
64 0,60-0,80 350
76 0,60-0,90 500
89 0,70-1,00 690
102 0,80-1,20 900
127 1,00-1,50 1400
152 1,20-1,80 2000
200 1,50-2,10 3000
Fonte: Silva(2014)

Por fim, Silva (2014), enfatiza que da mesma forma que na técnica de pós-fissuramento,
na de pré-fissuramento, a linha de furos mais próxima da do método deve reduzir em 50% a
carga de explosivos geralmente utilizada no restante dos furos. Além disso, o êxito, não só dessa
técnica como também das outras citadas, pode ser constatada pela presença de “meias canas”
nas paredes do talude final.
54

3. ESTUDO DE CASO

3.1. Informações do Local do Desmonte

A cidade de Mato Verde está localizada no Norte de Minas Gerais, a 550 metros de
altitude. Possui clima quente e seco, com temperaturas variando entre 20°C e 30°C em média.
O projeto de ampliação da barragem do Rio Viamão, retratada na Figura 14, que
pertence ao município, prevê a elevação da altura da barragem dos atuais 12 metros, à época,
para 35 metros, o que permitirá o acúmulo de mais água durante o período chuvoso e o
abastecimento de toda a população. Esta fica localizada na região rural do munícipio, a
aproximadamente 10 quilômetros da área urbana.

Figura 14: Barragem de Viamão (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

Os desmontes analisados neste trabalho foram realizados para a criação do vertedouro


da barragem, que é por onde o excesso de água escoa em uma eventual cheia. A litologia
presente no local do desmonte é o granito.

3.2. Operações Mineiras

A construção do vertedouro envolveu o desmonte de rocha com o uso de explosivos e


para isso foram realizadas duas detonações. A primeira bancada possuía altura média de 2,5 m
e a segunda de 11,3 m.
55

Nos dois desmontes foi utilizada uma perfuratriz rotativa PW5000 que possuía bits de
perfuração de 2.5”, conforme Figura 15.

Figura 15: Perfuratriz rotativa PW5000 (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

Os parâmetros do plano de fogo, tais como afastamento, espaçamento, tampão,


profundidade do furo, razão de carregamento, etc., referente ao primeiro desmonte se encontram
na Tabela 14.
Tabela 14: Parâmetros do Plano de Fogo 1
Parâmetros Valores
Afastamento 1,00 m
Espaçamento 2,00 m
Altura do banco 2,50 m
Densidade da rocha 2,60 kg/m³
Razão de carga 0,55 kg/m³
Inclinação dos furos 7°
Sub-furação 0,30 m
Densidade do explosivo 1,15 kg/m³
Total gasto de explosivo 550 kg
Carga máxima de espera <= 25 kg
Total gasto de cordel detonante NP10 1000 m
Valor aproximado de M³ desmontados 840 m³
Número de peças de espoleta de retardo 37 pçs
Número de peças de espoletopim 2 pçs
Fonte: Destroy Desmontes Técnicos (2015)
56

Os parâmetros do plano de fogo do segundo desmonte realizado se encontram na Tabela


15.

Tabela 15: Parâmetros do Plano de Fogo 2


Parâmetros Valores
Afastamento 1,50 m
Espaçamento 2,50 m
Altura do banco 11,30 m
Densidade da rocha 2,60 kg/m³
Razão de carga 0,430 kg/m³
Inclinação dos furos 7°
Sub-furação 0,50 m
Densidade do explosivo 1,15 kg/m³
Total gasto de explosivo 1750 kg
Carga máxima de espera <= 75 kg
Total gasto de cordel detonante NP10 2000 m
Valor aproximado de M³ desmontados 4025,63 m³
Número de peças de espoleta de retardo 28 pçs
Número de peças de espoletopim 2 pçs
Fonte: Destroy Desmontes Técnicos (2015)

O explosivo utilizado nas duas detonações é do tipo emulsão encartuchada. Conforme


mostrado na Figura 16.

Figura 16: Emulsão encartuchada (Destroy Desmonte Técnicos, 2015)


57

Foram utilizados nesses desmontes os seguintes acessórios: estopim de segurança


(espoletopim de 1,20 m) conforme mostrado na Figura 17, peças de retardos de 17 ms, 25 ms e
42 ms conforme mostrado nas Figuras 18 e 19 e cordel detonante NP10, conforme Figura 20.

Figura 17: Espoletopim (Destroy Desmontes Técnico,2015)

Figura 18: Peças de retardo (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)


58

Figura 19: Peças de retardo (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

Figura 20: Cordel detonante (Destroy Desmontes Técnicos)

A primeira ação a ser realizada no desmonte de rochas é o decapeamento da área do


desmonte, que consiste na retirada do material solto que fica sobreposto à rocha que
efetivamente será desmontada. Em seguida, a equipe de topografia faz a marcação da malha
59

(afastamento, espaçamento e profundidade) de acordo com o plano de perfuração estabelecido,


Figura 21 e Figura 22.

Figura 21: Plano de Perfuração do Fogo 1 (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)


60

Figura 22: Plano de Perfuração do Fogo 2 (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

Logo após, a equipe responsável realiza as perfurações de acordo com a marcação


estabelecida, na inclinação e diâmetros adequados, conforme mostra a Figura 23.
61

Figura 23: Perfuratriz rotativa em operação (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

Assim que cada furo é realizado, ele é tamponado com lonas para evitar que detritos
caiam dentro do mesmo e o obstruam, conforme Figura 24.

Figura 24: Furo tamponado com lona (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

Após o término da perfuração, é realizado o pedido de compra dos explosivos e


acessórios. Estando os mesmos disponíveis, ocorre o carregamento do explosivo e do cordel
62

detonante nos furos e o respectivo tamponamento, de acordo com o plano de fogo estabelecido,
conforme retratado na Figura 25 e Figura 26.

Figura 25: Plano de fogo 1 (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)


63

Figura 26: Plano de Fogo 2 (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

Então é estabelecido o plano de amarração, que consiste na sequência em que o fogo será
detonado, onde serão utilizados cordel detonante, retardos e os tempos de retardos necessários, conforme
Figura 27 e Figura 28.
64

Figura 27: Esquema de Amarração e Perfuração do Fogo 1 (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)
65

Figura 28: Esquema de Furação e Amarração do Fogo 2 (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

As Figuras 29 e 30 mostram parte do esquema de amarração.


66

Figura 29: Esquema de amarração (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

Figura 30: Esquema de amarração (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

Por fim, a área da detonação é evacuada em um raio de 500 metros para pessoas e
equipamentos e a detonação é efetuada. A área do desmonte só será visitada novamente
passados 10 minutos após a detonação, para verificação de eventuais falhas ou cortes no
67

esquema de amarração. As Figuras 31 e 32 retratam a aparência das pilhas de rochas


desmontadas na primeira e segunda detonações, respectivamente.

Figura 31: Pilha de rochas desmontadas na primeira detonação (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)

Figura 32: Pilha de rochas desmontadas na segunda detonação (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)
68

4. DESENVOLVIMENTO

Uma análise visual das duas pilhas desmontadas constatou um grande número de
matacões nas mesmas, o que se mostrou um empecilho ao desenvolvimento das atividades, pois
as rochas do desmonte serão transportadas até um britador móvel com abertura de 0,70 m por
0,90 m e britadas até tamanhos de 0,03 m a 0,08 m. Com esse entendimento foi realizada essa
proposta de trabalho que visa a análise do desmonte, ressaltando os pontos positivos e a criação
de alternativas aos pontos negativos, com o intuito de melhorar a fragmentação das rochas dos
desmontes, diminuindo o uso da escavadeira (com martelo hidráulico), que era responsável pela
quebra dos matacões (Figura 33) e, consequentemente, reduzindo os custos com desmontes
secundários.

Figura 33: Escavadeira PC350 com martelo hidráulico adaptado em operação (Destroy
Desmontes Técnicos, 2015)

Para isso foi seguida uma linha de raciocínio baseada em fórmulas propostas por Silva
(2014), em sua maioria. A seguir encontram-se os cálculos, os novos valores para os parâmetros
do plano de fogo e os novos planos de fogo.

4.1. Desmonte de Rochas


69

4.1.1. Malha de perfuração

A malha de perfuração adotada no primeiro e no segundo fogo realizados no vertedouro


da barragem foi do tipo triangular, por isso decidiu-se em manter a mesma malha, uma vez que
ela é a que possui melhor fragmentação.

4.1.2. Tipo de explosivo

O tipo de explosivo utilizado pela empresa no primeiro desmonte realizado foi do tipo
emulsão encartuchada na carga de coluna e de fundo. Porém, para se limitar a vibração do
terreno, decidiu-se pela utilização de emulsão encartuchada apenas na carga de fundo, deixando
a carga de coluna preenchida com ANFO, que possui velocidade de detonação menor.

4.1.3. Acessórios

Os desmontes realizados utilizaram retardos com tempos de 17, 25 e 42 ms, alternados


entre si. No entanto, através das fórmulas consultadas, optou-se pela modificação dos tempos
desses retardos, fazendo-se uso dos tempos sugeridos pela Equações 4 e 5.
 Primeiro desmonte:
O tempo de retardo entre linhas foi estabelecido pela Equação 4.

 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑟𝑑𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 ≈ (10 − 13). 𝐴 = 13.1,5 ≈ 20 𝑚𝑠

O tempo de retardo entre furos foi estabelecido pela Equação 5.

 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑟𝑑𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑓𝑢𝑟𝑜𝑠 ≈ 𝐾. 𝐸 = 6.1,8 ≈ 11 𝑚𝑠

 Segundo desmonte:
O tempo de retardo entre linhas foi estabelecido pela Equação 4.

 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑟𝑑𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 ≈ (10 − 13). 𝐴 = 13.1,5 ≈ 20 𝑚𝑠

O tempo de retardo entre furos foi estabelecido pela Equação 5.


70

 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑟𝑑𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑓𝑢𝑟𝑜𝑠 ≈ 𝐾. 𝐸 = 6.2,1 ≈ 13 𝑚𝑠

Além disso, preferiu-se também pela utilização de sistema de iniciação não elétrico ao
invés do cordel detonante na parte central do desmonte para evitar ultra lançamentos e ruídos
sonoros. O sistema de iniciação não elétrico é uma linha silenciosa que possui em sua
extremidade uma espoleta iniciadora. Essa espoleta deve possuir um tempo de retardo que seja
superior à soma dos tempos de retardo da superfície, para evitar cortes nas linhas da detonação.
Sendo assim, como foram utilizados 21 retardos de 25 ms, temos que o tempo de retardo da
espoleta deve ser de no mínimo 525 ms para o primeiro desmonte. Já no segundo foram
utilizados 21 retardos de 25 ms e 38 retardos de 17 ms, então temos que o tempo de retardo da
espoleta deve ser de no mínimo 1175 ms.

4.1.4. Carga máxima de espera

A barragem se encontrava a 200 metros do local das duas detonações, utilizando valores
de segurança propostos por Jimeno et al. (1987), chegou-se aos seguintes valores:
A carga máxima de espera foi calculada pela Equação 9.

𝐷𝑆 200
 𝐷𝑅 = = 24,50 = => 𝑄 = 66,64 𝑘𝑔
√𝑄 √𝑄

4.1.5. Sequência de detonação

A sequência de detonação utilizada nos dois desmontes consistia na detonação de linha


a linha em uma mesma direção e com um certo tempo de retardo entre elas. Para aumentar a
fragmentação da rocha decidiu-se pela sequência de detonação em V, que lança os fragmentos
de rochas uns contra os outros, diminuindo o seu tamanho.

4.1.6. Afastamento

Para o cálculo do afastamento foi utilizada a Equação 12.


 Primeiro desmonte:
71

𝜌 1,15
 𝐴 = 0,0123 [2. (𝜌𝑒) + 1,5] . 𝑑𝑒 = 0,0123 [2. (2,60 ) + 1,5] . 50,8 = 1,5 𝑚
𝑟

 Segundo desmonte:
𝜌 1,15
 𝐴 = 0,0123 [2. (𝜌𝑒) + 1,5] . 𝑑𝑒 = 0,0123 [2. (2,60 ) + 1,5] . 50,8 = 1,5 𝑚
𝑟

4.1.7. Espaçamento

 Primeiro desmonte:

Para o cálculo do espaçamento utilizou-se a Equação 20.

𝐻𝑏 2,5
 = 1,5 = 1,67 < 4
𝐴

 𝐸 = 0,33(𝐻𝑏 + 2𝐴) = 0,33(2,5 + 2.1,5) = 1,8 𝑚

 Segundo desmonte:

Para o cálculo do espaçamento foi utilizada a Equação 19.

𝐻𝑏 11,3
 = = 7,53 > 4
𝐴 1,5

 𝐸 = 1,4. 𝐴 = 1,4.1,5 = 2,1 𝑚

4.1.8. Subfuração

Para o cálculo da subfuração foi utilizada a Equação 24.

 Primeiro desmonte:

 𝑆 = 0,3. 𝐴 = 0,3.1,5 = 0,45 𝑚

 Segundo desmonte:
72

 𝑆 = 0,3. 𝐴 = 0,3.1,5 = 0,45 𝑚

4.1.9. Profundidade do furo

Para o cálculo da profundidade do furo foi utilizada a Equação 28.

 Primeiro desmonte:

𝐻 𝛼 2,5 7
 𝐻𝑓 = cos𝑏𝛼 + (1 − 100 ) . 𝑆 = cos 7 + (1 − 100) . 0,45 = 2,9 𝑚

 Segundo desmonte:

𝐻 𝛼 11,3 7
 𝐻𝑓 = cos𝑏𝛼 + (1 − 100 ) . 𝑆 = cos 7 + (1 − 100) . 0,45 = 11,80 𝑚

4.1.10. Tampão

Nos dois desmontes realizados no vertedouro da barragem foram utilizados detritos de


perfuração como material de enchimento para o tampão, o que Silva (2014) desaconselha. Para
o autor, devem ser utilizadas britas com cerca de 0,05 vezes o diâmetro do furo.
Para o cálculo do tampão foi utilizada a Equação 29.

 Primeiro desmonte:

 𝑇 = 0,7. 𝐴 = 0,7.1,5 = 1,0 𝑚

 Segundo desmonte:

 𝑇 = 0,7. 𝐴 = 0,7.1,5 = 1,0 𝑚

4.1.11. Carga de coluna e Carga de fundo

Nos dois fogos realizados no vertedouro da barragem foram utilizadas emulsões


encartuchadas como carga de fundo e como carga de coluna. Baseando-se na teoria consultada
73

porém, preferiu-se o uso de emulsão encartuchada apenas na carga de fundo, deixando para a
carga de coluna o explosivo do tipo ANFO.

Para o cálculo da altura da carga de fundo foi utilizada a Equação 32.


 Primeiro desmonte:

 𝐻𝐶𝐹 = 0,3. (𝐻𝑓 − 𝑇) = 0,3. (2,9 − 1,0) = 0,6 𝑚

 Segundo desmonte:

 𝐻𝐶𝐹 = 0,3. (𝐻𝑓 − 𝑇) = 0,3. (11,80 − 1,0) = 3,20 𝑚

Para o cálculo da altura da carga de coluna foi utilizada a Equação 34.

 Primeiro desmonte:

 𝐻𝐶𝐶 = 𝐻𝐶 − 𝐻𝐶𝐹 = 1,9 − 0,6 = 1,3 𝑚

 Segundo desmonte:

 𝐻𝐶𝐶 = 𝐻𝐶 − 𝐻𝐶𝐹 = 10,8 − 3,24 = 7,60 𝑚

4.1.12. Diâmetro do furo

O diâmetro do furo foi calculado pela Equação 36.

 Primeiro e Segundo desmontes:

𝐴.1000 1,5.1000
 𝑑𝑒𝑥 ≈ 24𝛾𝑒𝑥 = 24.1,15 = 52𝑚𝑚
( ⁄𝛾𝑟 )+18 ( )+18
2,6

4.1.13. Razão de Carregamento

A Razão de carregamento foi calculada pela Equação 37.


74

 Primeiro desmonte:

𝐶𝑇 (0,80+2,24)
 𝑅𝐶 = = = 0,45 𝑘𝑔/𝑚³
𝑉 6,75

 Segundo desmonte:

𝐶𝑇 (4,30+13,10)
 𝑅𝐶 = = = 0,49 𝑘𝑔/𝑚³
𝑉 35,60

De acordo com o gráfico da Figura 12 proposto por Langerfors e Kihlstrom (1973), é


possível observar que o tamanho médio do matacão para o afastamento e razão de carregamento
obtidos fica por volta de 0,5 metros para os dois desmontes.

4.1.14. Desmonte Escultural

Optou-se pela técnica de desmonte escultural conhecida como pré-fissuramento para os


dois desmontes pois, ao ser realizada, ela faz um corte na rocha e cria um vazio nas laterais do
desmonte, diminuindo a vibração no terreno.

Para o cálculo das variáveis do pré-corte foram utilizadas as Equações 45, 46 e 47.

 Espaçamento

 𝐸 = 10. 𝐷 = 10.0,05 = 0,5 𝑚

 Tampão

 𝑇 = 0,6𝑚

 Afastamento

 𝐴 = 20. 𝐷 = 20.0,05 = 1,00 𝑚

A razão linear do pré-corte foi estabelecida em 230 gramas de explosivo por metro.
75

A seguir encontram-se o plano de perfuração (Figura 34), plano de fogo (Figura 35) e
esquema de amarração e perfuração (Figura 36) com as devidas alterações para a execução do
primeiro desmonte.

Figura 34: Plano de Perfuração desenvolvido para o primeiro desmonte


76

Figura 35: Plano de Fogo desenvolvido para o primeiro desmonte


77

Figura 36: Esquema de Furação e Amarração desenvolvido para o primeiro desmonte

A seguir encontram-se o plano de perfuração (Figura 37), plano de fogo (Figura 38) e
esquema de amarração e perfuração (Figura 39) com as devidas alterações para a execução do
segundo desmonte.
78

Figura 37: Plano de perfuração desenvolvido para o segundo desmonte


79

Figura 38: Plano de fogo desenvolvido para o segundo desmonte

Figura 39: Esquema de furação e amarração desenvolvido para o segundo desmonte


80

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir é realizada uma comparação entre os valores efetivamente utilizados no


desmonte e os valores teóricos encontrados, respectivamente, ressaltando-se qual deve ser
utilizado para a otimização do fogo e as respectivas razões da escolha.

5.1. Comparação Teoria vs Prática (Desmonte de Rochas)

5.1.1. Malha de perfuração

 Primeiro e Segundo desmontes:

Malha utilizada: Triangular


Malha teórica escolhida: Triangular

No caso da malha de perfuração, tanto a malha efetivamente utilizada, quanto a malha


teórica escolhida foi a mesma (triangular), pois a pequena distância entre furos nesse tipo de
malha melhora a fragmentação do maciço rochoso.

5.1.2. Tipo de explosivo

 Primeiro e Segundo desmontes:

Explosivo utilizado: Emulsão encartuchada


Explosivo escolhido baseado em teoria: Emulsão encartuchada na carga de fundo e
ANFO na carga de coluna

Optou-se pela utilização de emulsão e ANFO pois a velocidade do ANFO é menor que
a da emulsão, portanto a vibração é menor, além disso, seu custo é menor em relação a emulsão.

5.1.3. Acessórios

 Primeiro desmonte:
81

Acessórios utilizados na detonação: espoletopim, cordel detonante, retardos de


superfície de 17 ms, 25 ms e 42 ms
Acessórios escolhidos baseados em teoria: espoletopim, brinel com espoleta de 525 ms,
retardos de superfície de 25 ms

 Segundo desmonte:

Acessórios utilizados na detonação: espoletopim, cordel detonante, retardos de


superfície de 17 ms, 25 ms e 42 ms
Acessórios escolhidos baseado em teoria: espoletopim, brinel com espoleta de 1175 ms,
retardos de superfície de 25 ms e 17 ms.

O uso do sistema de iniciação não elétrico no lugar do cordel detonante diminui os


ruídos sonoros e melhora a efetividade do fogo, uma vez que a detonação começa na parte de
baixo do furo, preservando o tampão até o último instante. A diminuição do tempo de retardo
diminui a chance de cortes na detonação.

5.1.4. Carga máxima de espera

 Primeiro desmonte:

Carga máxima de espera efetivamente utilizada na detonação: Q = 25 kg


Carga máxima de espera calculada pela teoria: Q = 66,64 kg

 Segundo desmonte:

Carga máxima de espera efetivamente utilizada na detonação: Q = 75 kg


Carga máxima de espera calculada pela teoria: Q = 66,64 kg

No caso do primeiro desmonte, tanto a carga de espera efetivamente observada na


detonação quanto a encontrada no novo plano feito, devido a configuração da sequência de
detonação, são menores que os dois valores calculados, não causando interferência no
desmonte. No caso do segundo desmonte, decidiu-se pela utilização da carga máxima de espera
82

calculada em teoria (Q = 66,64 kg), pois seu valor é menor e consequentemente também é a
vibração da rocha. Com base nisso foi necessária a utilização de alguns retardos entre furos na
mesma linha.

5.1.5. Sequência de detonação

 Primeiro e Segundo desmontes:

Sequência de detonação efetivamente utilizada: detonação linha a linha


Sequência de detonação encontrada na teoria: detonação em V

Optou-se pela sequência de detonação em V, pois esta, ao ser acionada, leva fragmentos
de rocha de encontro uns aos outros, aumentando a fragmentação.

5.1.6. Afastamento

 Primeiro desmonte:

Afastamento utilizado no desmonte: A = 1,00 m


Afastamento calculado com base em teoria: A = 1,50 m

 Segundo desmonte:

Afastamento utilizado no desmonte: A = 1,50 m


Afastamento calculado com base em teoria: A = 1,50 m

5.1.7. Espaçamento

 Primeiro desmonte:

Espaçamento utilizado no desmonte: E = 2,00 m


Espaçamento calculado com base na teoria: E = 1,80 m

 Segundo desmonte:
83

Espaçamento utilizado no desmonte: E = 2,50 m


Espaçamento calculado com base na teoria: E = 2,10 m

Decidiu-se pela escolha da malha anteriormente utilizada (A = 1,00 m e E = 2,00 m) no


primeiro desmonte, pois ela abrange um volume menor e aumenta o grau de fragmentação do
maciço rochoso. Já no caso do segundo desmonte, decidiu-se pela escolha da malha encontrada
em teoria (A = 1,50 m e E = 2,10 m), pois ela abrange um volume menor e aumenta o grau de
fragmentação do maciço rochoso.

5.1.8. Subfuração

 Primeiro desmonte:

Subfuração utilizada no desmonte: S = 0,30 m


Subfuração calculada com base na teoria: S = 0,45 m

 Segundo desmonte:

Subfuração utilizada no desmonte: S = 0,50 m


Subfuração calculada com base na teoria: S = 0,45 m

Escolheu-se a subfuração de menor valor (S = 0,30 m), no primeiro desmonte, pois é a


indicada para o tipo de afastamento utilizado. Assim como no segundo desmonte, escolheu-se
a subfuração de menor valor (S = 0,45 m) pois é a indicada para o tipo de afastamento utilizado.

5.1.9. Profundidade do furo

 Primeiro desmonte:

Profundidade do furo do desmonte: Hf = 2,80 m


Profundidade do furo calculada com base em teoria: Hf = 2,90 m
84

 Segundo desmonte:

Profundidade do furo do desmonte: Hf = 11,85 m


Profundidade do furo calculada com base em teoria: Hf = 11,80 m

Seguindo a linha de raciocínio apresentada até aqui, a profundidade do furo é de 2,80m


para o primeiro desmonte e de 11,80 m para o segundo.

5.1.10. Tampão

 Primeiro desmonte:

Tampão efetivamente utilizado no desmonte: T = 0,85 m


Tampão calculado com base na teoria: T = 1,00 m

 Segundo desmonte:

Tampão efetivamente utilizado no desmonte: T = 3,50 m


Tampão calculado com base na teoria: T = 1,00 m

No caso do primeiro desmonte, optou-se pela escolha do tampão utilizado no desmonte


(T = 0,85 m) por questões de segurança, visto que, para a malha utilizada, seria adequado um
tampão de 0,7 m de acordo com a fórmula. Além disso, deve-se fazer uso da brita no lugar dos
detritos de perfuração como material de tamponamento para evitar ultralançamentos. Já no
segundo, optou-se pela escolha do valor de tampão encontrado em teoria (T = 1,00 m), pois
valores de tampão de grande metragem tendem a gerar matacões na parte superior do desmonte.

5.1.11. Carga de coluna e carga de fundo

 Primeiro desmonte:

Carga de coluna e carga de fundo utilizados no desmonte: Emulsão encartuchada para


as duas.
85

Carga de coluna e carga de fundo utilizadas com base em teoria: ANFO como carga de
coluna (1,3 m) e emulsão encartuchada como carga de fundo (0,6 m)

 Segundo desmonte:

Carga de coluna e carga de fundo utilizados no desmonte: Emulsão encartuchada para


as duas.
Carga de coluna e carga de fundo utilizadas com base em teoria: ANFO como carga de
coluna (7,60 m) e emulsão encartuchada como carga de fundo (3,20 m)

Escolheu-se utilizar ANFO como carga de coluna e emulsão como carga de fundo, nos
dois desmontes, como explicado anteriormente, para diminuir a vibração.

5.1.12. Diâmetro do furo

 Primeiro e Segundo desmontes:

Diâmetro do furo utilizado no desmonte: D = 2,5”


Diâmetro do furo calculado com base em teoria: D = 2,0”

Decidiu-se pela manutenção do diâmetro do furo (D = 2,5”) nos dois desmontes, pois
sua diminuição acarretaria em prejuízos à fragmentação.

5.1.13. Razão de carregamento

 Primeiro desmonte:

Razão de carregamento utilizada no desmonte: RC = 0,55 kg/m³


Razão de carregamento calculada com base na teoria: RC = 0,45 kg/m³

 Segundo desmonte:

Razão de carregamento utilizada no desmonte: RC = 0,43 kg/m³


Razão de carregamento calculada com base na teoria: RC = 0,49 kg/m³
86

Decidiu-se pelo uso da razão de carga originalmente utilizada no primeiro desmonte


(RC = 0,55 kg/m³) pois ela é maior e otimiza a fragmentação. Já no segundo desmonte, decidiu-
se pelo uso da razão de carga encontrada com base em teoria (RC = 0,49 kg/m³) pois ela é maior
e otimiza a fragmentação.

5.1.14. Desmonte escultural

 Primeiro desmonte:

Desmonte escultural utilizado no desmonte: Pós-fissuramento (A = 1,00 m, E = 1,00 m)


Desmonte escultural escolhido com base em teoria: Pré-fissuramento (A= 1,00 m, E =
0,50 m)

 Segundo desmonte:

Desmonte escultural utilizado no desmonte: Pós-fissuramento (A = 2,50 m, E = 1,00 m)


Desmonte escultural escolhido com base em teoria: Pré-fissuramento (A= 1,00 m, E =
0,50 m)

Preferiu-se pelo uso do pré-fissuramento nas duas detonações pois ele, ao cortar a rocha,
cria um vazio nas laterais do desmonte, diminuindo a passagem das ondas vibracionais, abrindo
espaço para o escape dos gases provenientes da detonação central.
87

6. CONCLUSÃO

De um modo geral, os dois desmontes realizados no município de Mato Verde – MG,


para a construção do vertedouro da barragem de Viamão, seguiram a mesma linha de raciocínio
e obtiveram pontos positivos e negativos.
Por um lado, a malha de perfuração, o afastamento, o espaçamento, a subfuração, a
profundidade do furo, o diâmetro do furo e a razão de carregamento quando não foram melhores
do que os propostos em teoria, ficaram muito próximos dos valores desejados.
Por outro lado, pode-se melhorar e muito, o resultado do desmonte, alterando os
seguintes parâmetros:
 Tipo de explosivo
 Acessórios
 Carga máxima de espera
 Sequência de detonação (esquema de amarração)
 Tampão
 Desmonte escultural
88

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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HOLMBERG, R.; Explosives & Blasting Technique. Praga- República Tcheca.2000;

JIMENO, C.L.; JIMENO, E.L.; CARCEDO, F.J.A.; Drilling and Blasting of Rocks. Nova
York. 2° Edição.1987;

MUTMANSKY, J.M.; HARTMAN, H.L.; Introductory Mining Engineering. 2° Edição.


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REIS, D.V; Apostila de Operações Mineiras. Universidade Federal de Ouro Preto.


Departamento de Engenharia de Minas.1979;

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Escavação de Rocha). São Paulo: McGraw- Hill do Brasil.1977;

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Preto. Departamento de Engenharia de Minas.2014;

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Departamento de Engenharia de Minas.1979;

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Unidos da América.2004;

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