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ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS
Ouro Preto - MG
2017
Itamar Luiz de Oliveira Júnior
Ouro Preto - MG
2017
O482a Oliveira, Itamar Luiz.
Análise de desmonte de rocha para construção de um vertedouro de
barragem em Mato Verde-MGg [manuscrito] / Itamar Luiz Oliveira. - 2017.
CDU: 622.23
Catalogação: ficha@sisbin.ufop.br
Dedico este trabalho aos meus pais e a todos aqueles que de alguma
forma estiveram e estão próximos de mim.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou meu caminho durante esta etapa, me dando
saúde e força para superar as dificuldades. Aos meus pais, Itamar e Denise, pelo amor, incentivo
e apoio incondicional. Meus agradecimentos aos amigos que fizeram parte da minha formação
e que vão continuar presentes em minha vida. Ao DEMIN e todos os seus professores pelo
apoio e confiança. A minha orientadora Flávia pela paciência e incentivo.
RESUMO
A busca pela otimização do plano de fogo, no que se refere ao uso dos melhores valores
para os parâmetros variáveis de uma detonação, é de fundamental importância não apenas no
setor mineral mas também em obras de construção civil, onde o cálculo tem que ser ainda mais
preciso. Neste trabalho serão feitas análises de dois desmontes de rochas para construção de um
vertedouro de barragem no município de Mato Verde-MG, levantando-se os pontos positivos e
negativos das detonações já realizadas. Por fim, serão apresentadas alternativas às partes
negativas, buscando os melhores planos de fogo possíveis.
The search for the optimization of the fire plan, with regard to the use of the best values for the
variable parameters of a detonation, is of fundamental importance not only in the mineral sector
but also in civil works, where the calculation has to be even more precise. This work analyses
will be made of two takedowns of rocks to build a spillway of dam in the municipality of Mato
Verde-MG, standing up the positive and negative points of the detonations carried out. Finally,
alternatives will be presented to the parties, seeking the best possible fire plans.
Figura 1:(a) Malha quadrada (b) Malha retangular (c) Malha estagiada .............................................17
Figura 2: ANFO ...............................................................................................................................19
Figura 3: Emulsão encartuchada .......................................................................................................20
Figura 4: Espoleta e estopim ............................................................................................................28
Figura 5: Espoleta simples ...............................................................................................................29
Figura 6: Cordel detonante ...............................................................................................................30
Figura 7: Retardos ............................................................................................................................31
Figura 8: Retardos ............................................................................................................................31
Figura 9: Brinel ................................................................................................................................32
Figura 10: Diferentes tipos de sequência de detonação ......................................................................34
Figura 11: Principais variáveis do plano de fogo ...............................................................................37
Figura 12: Tamanho médio do matacão vs Razão de carregamento ...................................................47
Figura 13: Exemplo do uso da técnica de perfuração linear ...............................................................50
Figura 14: Barragem de Viamão .......................................................................................................54
Figura 15: Perfuratriz rotativa PW5000 .............................................................................................55
Figura 16: Emulsão encartuchada .....................................................................................................56
Figura 17: Espoletopim ....................................................................................................................57
Figura 18: Peças de retardo ..............................................................................................................57
Figura 19: Peças de retardo ..............................................................................................................58
Figura 20: Cordel detonante .............................................................................................................58
Figura 21: Plano de Perfuração do Fogo 1 ........................................................................................59
Figura 22: Plano de Perfuração do Fogo 2 ........................................................................................60
Figura 23: Perfuratriz rotativa em operação .......................................................................................61
Figura 24: Furo tamponado com lona ...............................................................................................61
Figura 25: Plano de fogo 1 ...............................................................................................................62
Figura 26: Plano de Fogo 2 ..............................................................................................................63
Figura 27: Esquema de Amarração e Perfuração do Fogo 1 ..............................................................64
Figura 28: Esquema de Furação e Amarração do Fogo 2 ...................................................................65
Figura 29: Esquema de amarração .....................................................................................................66
Figura 30: Esquema de amarração ....................................................................................................66
Figura 31: Pilha de rochas desmontadas na primeira detonação ........................................................67
Figura 32: Pilha de rochas desmontadas na segunda detonação .........................................................67
Figura 33: Escavadeira PC350 com martelo hidráulico adaptado em operação ..................................68
Figura 34: Plano de Perfuração desenvolvido para o primeiro desmonte ............................................75
Figura 35: Plano de Fogo desenvolvido para o primeiro desmonte .....................................................76
Figura 36: Esquema de Furação e Amarração desenvolvido para o primeiro desmonte.......................77
Figura 37: Plano de perfuração desenvolvido para o segundo desmonte .............................................78
Figura 38: Plano de fogo desenvolvido para o segundo desmonte ......................................................79
Figura 39: Esquema de furação e amarração desenvolvido para o segundo desmonte .........................79
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Tipo de explosivo vs RBS .................................................................................................22
Tabela 2: Tipo de explosivo vc VOD ................................................................................................23
Tabela 3: Tipo de explosivo vs Resistência à água .............................................................................25
Tabela 4: Constante de retardo-tipo de rocha .....................................................................................33
Tabela 5: Tabela de recomendações para proteção de construções próximas a áreas de detonação ......35
Tabela 6: Tabela de afastamentos ......................................................................................................38
Tabela 7: Tabela de espaçamentos .....................................................................................................39
Tabela 8: Fórmulas para o cálculo da profundidade de perfuração .....................................................42
Tabela 9: Tabela de tampões .............................................................................................................43
Tabela 10: Tipos de rochas vs razão de carregamento ........................................................................47
Tabela 11: Tabela de espaçamentos em função do diâmetro do furo ..................................................51
Tabela 12: Tabela de afastamentos em função do diâmetro do furo ....................................................52
Tabela 13: Tabela de espaçamentos e razões lineares em função do diâmetro do furo ........................53
Tabela 14: Parâmetros do Plano de Fogo 1 ........................................................................................55
Tabela 15: Parâmetros do Plano de Fogo 2 ........................................................................................56
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................13
1.1. Justificativa..........................................................................................................................13
1.2. Objetivos ..............................................................................................................................13
1.2.1. Objetivos geral .................................................................................................................13
1.2.2. Objetivos específicos ........................................................................................................14
1.3. Estrutura do trabalho .........................................................................................................14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................................15
2.1. Perfuratrizes ....................................................................................................................15
2.1.1. Perfuratrizes rotativas .................................................................................................15
2.2. Compressores ...................................................................................................................15
2.3. Malhas de perfuração ......................................................................................................16
2.4. Tipos de Explosivos..........................................................................................................17
2.4.1. ANFO ...........................................................................................................................18
2.4.2. Emulsão ........................................................................................................................19
2.5. Propriedades dos explosivos ............................................................................................21
2.5.1. Força e Energia ............................................................................................................21
2.5.2. Velocidade de detonação ..............................................................................................22
2.5.3. Densidade .....................................................................................................................23
2.5.4. Pressão de detonação ...................................................................................................24
2.5.5. Estabilidade ..................................................................................................................24
2.5.6. Resistência à água ........................................................................................................24
2.5.7. Sensibilidade ................................................................................................................25
2.5.8. Transmissão da detonação ...........................................................................................25
2.5.9. Dessensibilização ..........................................................................................................26
2.5.10. Resistência a baixas temperaturas ..............................................................................26
2.5.11. Fumos ...........................................................................................................................26
2.6. Acessórios .........................................................................................................................27
2.6.1. Estopim de segurança ..................................................................................................27
2.6.2. Espoleta ........................................................................................................................28
2.6.3. Cordel detonante ..........................................................................................................29
2.6.4. Retardos .......................................................................................................................30
2.6.5. Sistema de iniciação não elétrico .................................................................................31
2.7. Sequência de detonação e tempo de retardo ...................................................................32
2.8. Parâmetros Controláveis da Detonação ..........................................................................36
2.8.1. Afastamento (A) ...........................................................................................................37
2.8.2. Espaçamento (E) ..........................................................................................................38
2.8.3. Subperfuração(S) .........................................................................................................40
2.8.4. Profundidade do furo (𝑯𝒇) ..........................................................................................41
2.8.5. Tampão(T) ...................................................................................................................42
2.8.6. Carga de coluna(CC) e Carga de fundo(CF) ..............................................................43
2.8.7. Ângulo de inclinação da bancada (α) ..........................................................................44
2.8.8. Diâmetro do furo(DF) ..................................................................................................45
2.8.9. Razão de Carregamento(RC) ......................................................................................46
2.8.10. Air-Deck .......................................................................................................................48
2.9. Desmonte Escultural ........................................................................................................48
2.9.1. Perfuração Linear ........................................................................................................49
2.9.2. Pós-fissuramento ou detonação amortecida ................................................................50
2.9.3. Pré-fissuramento ..........................................................................................................52
3. ESTUDO DE CASO ................................................................................................................54
3.1. Informações do Local do Desmonte ....................................................................................54
3.2. Operações Mineiras .............................................................................................................54
4. DESENVOLVIMENTO ..........................................................................................................68
4.1. Desmonte de Rochas ............................................................................................................68
4.1.1. Malha de perfuração .......................................................................................................69
4.1.2. Tipo de explosivo .............................................................................................................69
4.1.3. Acessórios .........................................................................................................................69
4.1.4. Carga máxima de espera .................................................................................................70
4.1.5. Sequência de detonação ...................................................................................................70
4.1.6. Afastamento .....................................................................................................................70
4.1.7. Espaçamento ....................................................................................................................71
4.1.8. Subfuração .......................................................................................................................71
4.1.9. Profundidade do furo ......................................................................................................72
4.1.10. Tampão ............................................................................................................................72
4.1.11. Carga de coluna e Carga de fundo ..................................................................................72
4.1.12. Diâmetro do furo .............................................................................................................73
4.1.13. Razão de Carregamento ..................................................................................................73
4.1.14. Desmonte Escultural ........................................................................................................74
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................80
5.1. Comparação Teoria vs Prática (Desmonte de Rochas) ......................................................80
5.1.1. Malha de perfuração .......................................................................................................80
5.1.2. Tipo de explosivo .............................................................................................................80
5.1.3. Acessórios .........................................................................................................................80
5.1.4. Carga máxima de espera .................................................................................................81
5.1.5. Sequência de detonação ...................................................................................................82
5.1.6. Afastamento .....................................................................................................................82
5.1.7. Espaçamento ....................................................................................................................82
5.1.8. Subfuração .......................................................................................................................83
5.1.9. Profundidade do furo ......................................................................................................83
5.1.10. Tampão ............................................................................................................................84
5.1.11. Carga de coluna e carga de fundo ...................................................................................84
5.1.12. Diâmetro do furo .............................................................................................................85
5.1.13. Razão de carregamento ...................................................................................................85
5.1.14. Desmonte escultural .........................................................................................................86
6. CONCLUSÃO .........................................................................................................................87
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................88
13
1. INTRODUÇÃO
1.1. Justificativa
1.2. Objetivos
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Perfuratrizes
Perfuratrizes percussivas
Perfuratrizes rotativas
Perfuratrizes percussivo-rotativas
Perfuratrizes de furo-abaixo
Corte da rocha
Abrasão
Esmagamento
Jimeno et al. (1987), acrescenta que as brocas utilizadas nesse tipo de perfuratriz são
compostas, geralmente, de elementos de carbeto de tungstênio e outros materiais como
diamantes sintéticos ou policristais e podem ser classificados como:
2.2. Compressores
16
Segundo Jimeno et al. (1987), ar comprimido é o fluido que tem sido usado como fonte
de energia para a perfuração de rocha, tanto para equipamentos pneumáticos com martelo de
topo ou martelo de fundo de furo, quanto para lavar os furos quando se faz a perfuração com
martelo hidráulico ou rotativo. Para qualquer projeto, seja em operações a céu aberto ou
subterrâneas, compressores são uma obrigação.
De acordo com Jimeno et al. (1987), quando se decide comprar uma perfuratriz, um dos
mais importantes aspectos é a seleção do compressor, pelos seguintes fatores:
Silva (2014), explica que a geometria das malhas de perfuração se dividem em:
Quadrada
Retangular
Estagiada
Triângulo equilátero
Malha alongada
17
Figura 1:(a) Malha quadrada (b) Malha retangular (c) Malha estagiada (Adaptado de Silva, 2014)
Essas misturas, por si só, em sua maioria, não contêm ingredientes classificados como
explosivos. São exemplos:
ANFO
ALANFO
Lamas
Emulsões
ANFO pesado
Explosivos convencionais
Dinamites Gelatinosas
Dinamites Granulares
Explosivos Permissíveis
2.4.1. ANFO
19
Ricardo e Catalani (1977) revelam que o ANFO é a mistura entre nitrato de amônio e
óleo mineral, conforme figura 2. Esse tipo de explosivo apresenta baixa resistência à água, baixa
densidade e baixa velocidade de detonação. Pode ser utilizado para rochas brandas a médias e
ainda pode ser melhor aproveitado como carga de coluna em furos que possuem outro tipo de
explosivo na carga de fundo.
Silva (2014) cita que as maiores vantagens do ANFO são:
2.4.2. Emulsão
De acordo com Dowding e Aimone (1992) emulsões são uma mistura de 2 líquidos
contendo gotas microscópicas de nitrato de amônio dispersas em óleo diesel, cera ou parafina,
usada como agente emulsificante. A emulsão encartuchada é retratada na Figura 3.
20
Ainda segundo os mesmos autores a emulsão possui altas pressões de detonação (de 10
a 12 GPa), velocidades de detonação que variam entre 4420 a 5640 m/s e densidades entre 1,15
a 1,45 g/cm³.
Jimeno et al. (1987) cita as seguintes vantagens da emulsão:
Baixo custo, pois seu processo de manufatura não envolve ingredientes caros;
Excelente resistência à água;
Boa velocidade de detonação;
Grande segurança na manufatura e manuseio;
Possibilidade de carregamento mecanizado e preparação de misturas com
ANFO;
Condições de preparo;
Alterações sob baixas temperaturas;
Contaminação durante o carregamento, se for usada na forma a granel;
Tempo de estoque e períodos longos de transporte;
Força e Energia
Velocidade de detonação
Densidade
Pressão de detonação
Estabilidade
Resistência à água
Sensibilidade
Transmissão da detonação
Dessensibilização
Resistência a baixas temperaturas
Fumos
Para Jimeno et al. (1987), a força do explosivo é definida como a energia disponível
para produzir efeitos mecânicos. Quando o uso da dinamite original ainda era comum, Ricardo
e Catalani (1977), revelam que a força era medida em relação a porcentagem de nitroglicerina
em peso existente no explosivo, no entanto a comparação entre explosivos diferentes com
porcentagens diferentes não era aconselhável.
Desde os anos 80, Jimeno et al. (1987) explicam que essa maneira de medição foi
substituída pelos testes chamados RWS e RBS, que utilizam normalmente o ANFO como base
para a medição dos outros explosivos.
Silva (2014), explica que RWS, ou Energia Relativa por Massa, pode ser calculada pela
Equação 1.
22
𝐸𝑇𝑥
𝑅𝑊𝑆 = (1)
𝐸𝑇𝑝
Wyllie e Mah (2004) sugerem a Tabela 1 de comparação das respectivas forças dos
explosivos.
Tabela 1- Tipo de explosivo vs RBS
Tipo de explosivo RBS (ANFO=100)
Emulsão encartuchada sensitiva a 115-170
detonador
Emulsão encartuchada sensitiva a booster 125-155
Gelatinas 129
Dinamites 130-170
Dinamites para controle das paredes 76-114
Boosters 167-280
ANFO 100
Emulsão em massa 120-150
Ricardo e Catalani (1977) revelam que a velocidade de detonação nada mais é do que a
velocidade com que a reação química, responsável pela detonação do explosivo, passa através
de um explosivo de forma cilíndrica. Essa grandeza varia entre 1500 e 7500 m/seg.
23
Silva (2014) complementa dizendo que a pressão produzida no furo durante a detonação,
função da velocidade de detonação e da densidade do explosivo, deve ser maior que a
resistência dinâmica da rocha para que haja fragmentação adequada do maciço.
Segundo o autor, a Equação 3 pode ser utilizada para o cálculo da pressão produzida no
furo durante a detonação.
𝑉𝑂𝐷2
𝑃𝐹 = 𝜌. . 10−6 (3)
4
Por fim, o Manual da Atlas Powder (1987) sugere que explosivos de alta velocidade são
ideais para rochas duras e os de baixa velocidade oferecem melhores resultados em formações
mais macias.
2.5.3. Densidade
24
Dowding e Aimone (1992) explicam que a densidade do explosivo nada mais é do que
seu peso por unidade de volume e, no caso de explosivos comerciais, varia entre 0,5 e 1,7 g/cm³.
Jimeno et al. (1987) explicam que a escolha da densidade é crítica no sentido de
relaciona-la com a sensibilidade do explosivo aos acessórios de detonação. Se ela for muito
baixa, o explosivo se torna sensível e pode ser detonado antes da hora prevista, antes da chegada
ao cartucho iniciador por exemplo. Por outro lado, se a densidade for muito alta, o explosivo
pode perder a sensibilidade ao sistema de iniciação utilizado e não detonar.
Para Ricardo e Catalani (1977), ter um explosivo de alta densidade significa dizer que
haverá uma maior quantidade em peso de material detonante em um metro de perfuração do
que em um de baixa densidade, por isso se o grau de fragmentação desejado for alto, deve-se
adotar explosivos de alta densidade.
2.5.5. Estabilidade
2.5.7. Sensibilidade
2.5.9. Dessensibilização
Ocorre quando o furo possui um diâmetro maior que o explosivo utilizado, essa sobra
gera espaço para que os gases formados durante a detonação, e que estão a alta pressão, se
desloquem à frente da mesma e aumentem a densidade dos cartuchos, provocando a
dessensibilização das cargas e diminuindo a velocidade de detonação.
Nesse caso a dessensibilização ocorre pela detonação de cargas adjacentes. Seja pela
onda de choque que chega às cargas vizinhas, pela deformação do furo, pela compressão das
cargas pelo tampão intermediário ou pela infiltração de gases através das fissuras.
Dowding e Aimone (1992) revelam que as dinamites podem se tornar instáveis a baixas
temperaturas, enquanto os explosivos que possuem uma base de água têm sua sensibilidade e
velocidade de detonação alterados pelas baixas temperaturas. Jimeno et al. (1987) complementa
dizendo que em temperaturas abaixo de 8°C, explosivos que são feitos à base de nitroglicerina
tendem a congelar.
2.5.11. Fumos
27
Dowding e Aimone (1992) revelam que fumos são os gases nocivos, gerados após a
detonação. Silva (2014) diz que a classificação desses gases é mais importante em trabalhos
subterrâneos devido à escassez de ventilação.
2.6. Acessórios
Estopim de segurança
Espoleta simples
Espoletas elétricas: instantâneas e de retardos
Cordel detonante
Retardos para cordel
Reforçador, ou iniciador(booster)
Explosores
Nonel, hercudet e brinel
Reis (1979) explica que o estopim é um acessório que consiste em um núcleo de pólvora
negra encapado com material plástico, conforme Figura 4. Tem a finalidade de detonar uma
espoleta simples e para isso sua queima acontece a uma velocidade de cerca de 120 segundos
por metro. Sua iniciação deve acontecer através de palitos de fósforo, que devem entrar em
contato com a pólvora negra do lado livre do estopim.
2.6.2. Espoleta
Silva (2014) revela que a espoleta é um tubo de alumínio ou cobre, contendo em seu
interior uma carga detonante de azida de chumbo e uma de PETN. O estopim é responsável
pela iniciação da azida que, por sua vez, detona a carga de PETN. A Figura 5 retrata o interior
de uma espoleta.
29
2.6.4. Retardos
O Manual da Atlas Company (1987) explica que os retardos (Figuras 7 e 8) são peças
que permitem a divisão da detonação total em partes menores, as quais são detonados em
tempos específicos, de acordo com o tempo de retardo estabelecido. As vantagens de se dividir
uma detonação em partes menores estão no aumento da fragmentação, redução das vibrações e
do ultralançamento.
31
Segundo Reis (1979), os sistemas de iniciação não elétricos foram criados para atenuar
o barulho, sobrepressão atmosférica e vibrações causadas pelo cordel detonante e ao mesmo
tempo garantir a segurança do operador no que tange ao manuseio dos acessórios próximos a
correntes induzidas e de rádio frequência, que são as principais desvantagens das espoletas
elétricas. A Figura 9 retrata um exemplo de sistema de iniciação não elétrico.
32
O autor relata ainda que o sistema de iniciação não elétrico é um acessório que consiste
em um tubo de plástico com uma substância pirotécnica dentro, a qual quando iniciada libera
um plasma gasoso com velocidade em torno de 1000 m/s. A liberação desse plasma não é
suficiente para a destruição do tubo plástico, que permanece intacto. O plasma é responsável
por iniciar uma espoleta simples ou de retardo na extremidade oposta à de iniciação. Com
relação a iniciação, pode ser feita através da escorva estopim-espoleta ou cordel detonante.
O autor relata que para uma detonação de várias linhas de furos e uma bancada com face
livre, as seguintes condições devem ser satisfeitas:
Cada carga deve ter uma face livre no momento da detonação
A relação Ee/Ae deve estar entre 3 e 8, preferencialmente entre 4 e 7
As linhas com o mesmo retardo devem formar um ângulo entre 90° e 160°, e
preferencialmente entre 120° e 140°
A Figura 10 retrata as diferentes sequências de iniciação disponíveis para detonações
múltiplas com malhas quadradas ou estagiadas.
quando esta sequência é utilizada, os dois lados opostos da detonação, que possuem o mesmo
tempo de retardo, ao serem detonados, chocam-se entre si aumentando a fragmentação.
Silva (2014) explica que em uma detonação, parte da energia produzida é direcionada
para a quebra e lançamento da rocha e outra parte passa diretamente pelo maciço na forma de
ondas que podem causar vibrações no terreno, e quando passam do maciço para a atmosfera
causam ruídos e sobrepressão atmosférica.
Existem equipamentos específicos para a medição dessas vibrações, os chamados
sismógrafos, porém na falta destes, Jimeno et al. (1987) explicam que existem outras formas
de se ter uma ideia das vibrações e de distâncias em que construções e moradias podem estar
seguras, sem que haja prejuízo físico as mesmas.
Segundo o autor, a O.S.M., órgão de mineração norte-americano, criou em 1983 uma
série de recomendações que estão resumidas na Tabela 5.
Tabela 5: Tabela de recomendações para proteção de construções próximas a áreas de detonação
Distância à área de Velocidade máxima da Distância escalonada
detonação partícula(mm/s) recomendada quando não
há instrumentação
disponível (m/𝑘𝑔0,5 )
0 a 90m 32 22,30
90 a 1500m 25 24,50
>1500m 19 29,00
Fonte: adaptado de Jimeno et al.(1987)
Aliada à Equação 9.
𝐷𝑆
𝐷𝑅 = (9)
√𝑄
Wyllie e Mah (2004), explicam que a escolha certa do afastamento faz com que a
detonação dos explosivos gere uma onda de choque que vai em direção à face livre e, ao chegar
lá, é refletida pela mesma, gerando tensão e a fragmentação da rocha de maneira eficiente.
Quando o afastamento é muito grande, essa onda de choque não é refletida, resultando em pouca
fragmentação e perda geral de eficiência. Por outro lado, se o afastamento é pequeno, as fendas
radiais geradas se intensificarão, permitindo a dissipação dos gases explosivos com
consequente perda de eficiência, ultralançamento e problemas de sobrepressão atmosférica.
Ainda segundo o mesmo autor, a relação existente entre a altura do banco (H b) e o
afastamento (A) deve estar entre três e quatro para gerar bons resultados na detonação, ou seja,
3<Hb/A<4.
Jimeno et al. (1987), complementa dizendo que várias fórmulas foram desenvolvidas
ao longo dos anos para o cálculo do afastamento, mas todos os valores convergem para uma
faixa que varia entre 25 a 40D, onde D é o diâmetro de perfuração.
Seguem algumas fórmulas utilizadas para o cálculo do afastamento:
38
𝐴 = 𝐾. 𝐻𝑏 (11)
𝐴𝑝 = 𝐴𝑡 − 0,05𝐻𝑏 (13)
𝐴𝑡 = 45𝐷 (14)
Wyllie e Mah (2004), revelam que quando rachaduras são abertas paralelas à face livre
pela ação da onda de tensão, gases pressurizados entram nessas fendas e forçam a fragmentação
da rocha. No entanto, o alcance desses gases é limitado pela extensão, tamanho das fendas e
volume de gás disponível. O espaçamento, nesse sentido, amplia a ação dos gases ao definir a
distância correta entre furos numa mesma linha, aumentando a força total agindo na faixa de
material e tornando a fragmentação mais uniforme.
Segundo Jimeno et al.(1987), um espaçamento muito pequeno pode causar
fragmentação excessiva entre as cargas, a presença de matacões na frente dos furos e problemas
de “repé”. Por outro lado, um espaçamento muito grande pode causar o fraturamento
insuficiente entre as cargas dos furos e a irregularidade da face do novo banco formado após a
detonação.
A seguir encontram-se algumas da fórmulas utilizadas para o cálculo do espaçamento:
Para Ricardo e Catalani (1977) o espaçamento pode ser calculado pela Equação 15.
𝐸 = 𝐶. 𝐴 (15)
𝐻
Se 1< 𝑏 <4:
𝐴
(𝐻𝑏 + 7A)
𝐸= (18)
8
𝐻𝑏
Se >4:
𝐴
𝐸 = 1,4. 𝐴 (19)
2.8.3. Subperfuração(S)
Jimeno et al. (1987) ainda complementam dizendo que se a subperfuração for excessiva,
poderá ocorrer um aumento nos custos de perfuração e detonação, um aumento do nível de
vibração, fragmentação excessiva do solo e um aumento no risco de cortes do fogo e
overbreaks.
Segundo o mesmo autor, a quebra no fundo do furo é feita na forma de cones invertidos,
os quais os ângulos com a horizontal dependem da estrutura da rocha e do stress residual. Esse
ângulo varia de 10 a 30 graus. O valor de subperfuração que produz a interseção entre as
superfícies dos cones no nível do banco e regulariza o nível do chão está por volta de 0,3A.
Ricardo e Catalani (1977), Wyllie e Mah (2004) e Silva (2014) sugerem a Equação 24 para o
cálculo da subperfuração.
𝑆 = 0,3. 𝐴 (24)
Onde: A = afastamento
Ricardo e Catalani (1977) ainda acrescentam que, caso a face da bancada seja
inclinada, utiliza-se a Equação 25.
S = 0,2. A (25)
Onde: A = afastamento
2.8.4. Profundidade do furo (𝑯𝒇 )
E a Tabela 8.
2.8.5. Tampão(T)
Segundo Jimeno et al. (1987), a porção que fica acima do material explosivo e
preenchido com material inerte, no furo, é chamado de tampão. É utilizado para confinar os
gases provenientes da detonação. Se o tampão for muito pequeno poderá causar um escape
prematuro dos gases e problemas de sobrepressão atmosférica e ultralançamento. Por outro
lado, se o tampão for muito grande, poderá ocasionar a presença de matacões no topo da
bancada, pouca fragmentação e aumento do nível de vibração.
Segundo o mesmo autor, para determinação do tampão devem ser levados em conta o
tipo e o tamanho do material utilizado e o comprimento da coluna de material.
Wyllie e Mah (2004), completam dizendo que o material ideal para se utilizar no tampão
é o cascalho angular(brita) ao invés dos detritos de perfuração normalmente utilizados.
Silva (2014), finaliza ao afirmar que o tamanho ideal do material utilizado deve ser por
volta de 0,05 vezes o diâmetro do furo.
Silva (2014) e Wyllie e Mah (2004) concordam que a Equação 29 é a melhor para se calcular o
tampão.
𝑇 = 0,7. 𝐴 (29)
43
Onde: A = afastamento
Ricardo e Catalani (1977) são mais conservadores ao afirmarem que a Equação 30 é a
melhor.
𝑇 = 𝐴𝑝 (30)
Onde:𝐴𝑝 = afastamento prático
Jimeno et al. (1987), por sua vez, recomenda a Tabela 9.
Para Jimeno et al. (1987) são necessárias diferentes energias para se quebrar a rocha no
fundo e no meio do furo. Para que isso ocorra devem ser utilizados explosivos de grande
densidade e força na carga de fundo, onde é mais difícil de se deslocar a rocha, e explosivos de
força média e baixa densidade na carga de coluna, onde é mais fácil a retirada.
Jimeno et al. (1987) apud Langerfors acredita que o comprimento da carga de fundo
deve ficar entre 0,6A a 1,3A.
Ricardo e Catalani (1977) sugerem que a Equação 31 é a melhor para o cálculo do
comprimento da carga de fundo.
𝐻𝐶𝐹 = 1,3. 𝐴 (31)
Eles ressaltam ainda que para uma detonação com múltiplas linhas, deve-se colocar
maior quantidade de explosivo no fundo do furo das linhas mais distantes da face livre, pois
essas terão de executar maior trabalho porque devem empurrar também o material detonado nas
primeiras linhas.
Silva (2014), por sua vez, indica a Equação 32 como sendo a melhor para o cálculo do
comprimento da carga de fundo.
𝐻𝐶𝐹 = 0,3. (𝐻𝑓 − 𝑇) (32)
Onde:𝐻𝑓 = profundidade do furo
44
T = tampão
Para a carga de coluna, segundo Jimeno et al. (1987), a energia do explosivo deve ser
de 2 a 2,5 vezes menor que a da carga de fundo.
Ricardo e Catalani (1977) acrescentam que a concentração da carga de coluna deve ser
cerca de 40 a 50% menor que o da carga de fundo, e para eles a Equação 33 pode ser utilizada
para o cálculo do comprimento da carga de coluna.
𝐻𝐶𝐶 = 𝐻𝑓 − 2,3. 𝐴 (33)
Onde:𝐻𝑓 = profundidade do furo
A = afastamento
Silva (2014), sugere a Equação 34 para o cálculo do comprimento da carga de coluna.
𝐻𝐶𝐶 = 𝐻𝐶 − 𝐻𝐶𝐹 (34)
Onde: HC = altura total da carga
HCF = altura da carga de fundo
O mesmo autor sugere ainda a Equação 35 para o cálculo da carga total.
𝐶𝑇 = 𝐶𝐹 + 𝐶𝐶 (35)
Onde: CF = carga de fundo
CC = carga de coluna
Silva (2014) revela que existem vários fatores que influenciam na escolha do diâmetro
dos furos, dentre eles estão o tamanho desejado dos fragmentos, o tipo de explosivo utilizado,
a vibração permitida do terreno, etc.
Segundo Jimeno et al. (1987), se o diâmetro do furo for pequeno, o custo com
perfuração e iniciação aumentam. Além disso, a colocação do tampão e dos conectores levam
mais tempo e trabalho. Por outro lado, a razão de carregamento tende a ser baixa devido a
melhor distribuição do explosivo no maciço.
O mesmo autor relata ainda que se o diâmetro for grande, a malha será maior e a
consequente distribuição dos furos poderá prejudicar a detonação se existir blocos in situ.
Nesses casos a melhor solução é o “fechamento” da malha. O aumento de DF é acompanhado
pelas seguintes vantagens:
Menor custo de perfuração e detonação
Aumento da produtividade da perfuração (JIMENO et al.,1977, p.179)
Ricardo e Catalani (1977) ressaltam ainda que o diâmetro de perfuração deve ser
compatível com o equipamento de carregamento da rocha desmontada. Para que isso ocorra
faz-se uso da seguinte regra prática: O valor máximo do diâmetro da perfuração em polegadas
é igual à capacidade da caçamba do equipamento de carga em jardas cúbicas.
46
Wyllie e Mah (2004), por sua vez, sugerem a Equação 36 para o cálculo do diâmetro
do furo.
𝐴. 1000
𝑑𝑒𝑥 ≈ (36)
24𝛾𝑒𝑥⁄
( 𝛾𝑟 ) + 18
Onde:𝛾𝑒𝑥 = densidade do explosivo
𝛾𝑟 = densidade da rocha
De acordo com Jimeno et al. (1987), a razão de carregamento pode ser entendida como
a quantidade de explosivo necessária para fragmentar 1m³ de rocha.
Wyllie e Mah (2004) salientam que a razão de carregamento é o principal parâmetro
para se avaliar a produção do desmonte e o consequente grau de fragmentação da rocha.
Para esses mesmos autores, pode-se calcular a razão de carregamento pela Equação 37.
𝐶𝑇
𝑅𝐶 = (37)
𝑉
Onde: CT = quantidade de explosivo por furo(kg)
V = Volume de rocha detonado por furo(m³)
A Figura 12 mostra, baseada em estudos de Langerfors e Kihlstrom (1973), valores de
razões de carregamento associados a valores de afastamento para a previsão do tamanho médio
de matacões no desmonte.
47
Figura 12: Tamanho médio do matacão vs Razão de carregamento (Rock Slope Engineering; p.255)
Jimeno et al. (1987) sugerem a Tabela 10 para comparação entre valores de razão de
carregamento.
O autor ainda complementa, ao dizer que uma razão de carregamento alta gera boa
fragmentação, deslocamento da rocha, menos problemas com “repé” e otimização da relação
custo-benefício da operação.
Silva (2014), por fim, explicita algumas outras fórmulas importantes:
Volume de rocha por furo (Equação 38): Nada mais é do que o volume de rocha que
cada furo fragmenta.
𝑉 = 𝐻𝑏 . 𝐴. 𝐸 (38)
Onde: 𝐻𝑏 = altura da bancada
A = afastamento
E = espaçamento
48
2.8.10. Air-Deck
Segundo um estudo conduzido por Thote e Singh (1999), a técnica conhecida como air-
deck, que consiste na colocação de bolsões infláveis de ar em parte do furo, ao invés de
explosivos, revelou-se bastante vantajosa na fragmentação da rocha e sem custos adicionais.
Na experiência realizada pelos autores, cerca de 8 detonações foram feitas com o mesmo
número de furos, na mesma bancada. Em metade dos furos foi realizada a técnica de “air-deck”
e na outra metade não. No final do teste foi constatado que nos furos onde foi aplicado o
procedimento a razão de carregamento aumentou, houve melhora na fragmentação e uma
redução de 15-20% no consumo de explosivos.
Thote e Singh (1999) apud Melnikov et al. (1979) recomendam que o comprimento total
do air-gap individual seja calculado pela Equação 41.
𝑙𝑎𝑔 = (8 − 12). 𝐷𝑎 (41)
Segundo Jimeno et al. (1987), parte da energia criada na detonação para quebra e
deslocamento da rocha, em alguns casos a maior parte dessa energia, na verdade acaba
excedendo os limites da escavação, provocando a criação de planos de fraqueza, facilitando a
abertura de juntas e fendas, e deixando o maciço rochoso em um estado crítico.
Dentre as consequências negativas desse fenômeno, o autor cita:
Aumento nos custos de carregamento e transporte devido ao grande volume da
pilha de detritos
Aumento nos custos de concretagem para engenharia civil: túneis, hidrelétricas,
câmaras de estoque, fundações, muros, etc.
Risco de chocos nos taludes finais da detonação
Etc.
Para contornar esse problema e limitar o dano ao talude final, Wyllie e Mah (2004)
explicam que foi criada a detonação controlada, ou desmonte escultural, que tem como
princípio básico uma linha de furos paralelos, pouco espaçados e perfurados na face final com
uma carga menor de explosivo, que tem um diâmetro menor que o do furo.
De acordo com o mesmo autor, os três métodos básicos de detonação controlada são:
perfuração linear, pós-fissuramento e pré-fissuramento.
Ricardo e Catalani (1977) relatam que esses foi o primeiro método criado para obtenção
de superfícies regulares. Consiste em realizar furos com um diâmetro menor do que o utilizado
no resto da detonação, pouco espaçados e não carregados com explosivo, no limite da
escavação. Essa série de furos forma uma superfície de plano de fraqueza preferencial, que é o
próprio plano em que os furos estão contidos, por isso quando a detonação é realizada, forma-
se uma parede regular nesse local. O diâmetro do furo deve ser de 2” ou 3” no máximo. O
espaçamento entre os furos é de duas a quatro vezes o diâmetro de perfuração.
Os autores citam que a profundidade do furo para este método não deve ultrapassar os
9 metros. A coluna de furos mais próxima a do método deve possuir um espaçamento
correspondente a 75% do utilizado no resto da detonação e um afastamento correspondente de
50 a 75% do utilizado no resto da detonação. A carga de explosivo nessa coluna deve possuir
50
50% da carga explosiva encontrada nas demais colunas. Além disso, é recomendado que as
duas últimas colunas de furos mais próximas à linha de perfuração do método sejam detonadas
após a detonação do miolo.
Por fim, Ricardo e Catalani (1977), revelam que o método é mais indicado para maciços
homogêneos, não sendo adequados para rochas que possuem planos de fraqueza, fraturas ou
veios. Devido à grande quantidade de furos, o método é considerado pouco econômico.
Segundo Wyllie e Mah (2004), a técnica de pós-fissuramento é uma das mais utilizadas.
Nesse método a linha de furos que limita a escavação é detonada por último, depois da
detonação do núcleo.
De acordo com o autor, o método pode ser aplicado para furos entre 8 e 10 metros. Os
explosivos utilizados são menores que os do resto da escavação, gerando uma razão diâmetro
do furo por diâmetro do explosivo maior que 2, e devem ficar espaçados uns dos outros dentro
51
do furo, através da sua fixação com fita adesiva ao cordel detonante. Para o cálculo da carga de
explosivo por metro a ser utilizado sem causar dano a parede final do talude, utiliza-se a
Equação 42.
𝑑ℎ2
𝑙𝑒𝑥 = (42)
12,100
2.9.3. Pré-fissuramento
Onde: E = espaçamento(m)
D = diâmetro do fruo
𝑇 = 0,6 − 1,0𝑚 (46)
Onde: T = tampão(m)
𝐴 = 15 − 20. 𝐷 (47)
Onde: A = afastamento(m)
D = diâmetro do furo(m)
𝑑
𝐷𝑅 = = 0,4 − 0,6 (48)
𝐷
Onde: DR = raio de desacoplamento
d = diâmetro do explosivo
D = diâmetro da perfuração
E Tabela 13.
53
Por fim, Silva (2014), enfatiza que da mesma forma que na técnica de pós-fissuramento,
na de pré-fissuramento, a linha de furos mais próxima da do método deve reduzir em 50% a
carga de explosivos geralmente utilizada no restante dos furos. Além disso, o êxito, não só dessa
técnica como também das outras citadas, pode ser constatada pela presença de “meias canas”
nas paredes do talude final.
54
3. ESTUDO DE CASO
A cidade de Mato Verde está localizada no Norte de Minas Gerais, a 550 metros de
altitude. Possui clima quente e seco, com temperaturas variando entre 20°C e 30°C em média.
O projeto de ampliação da barragem do Rio Viamão, retratada na Figura 14, que
pertence ao município, prevê a elevação da altura da barragem dos atuais 12 metros, à época,
para 35 metros, o que permitirá o acúmulo de mais água durante o período chuvoso e o
abastecimento de toda a população. Esta fica localizada na região rural do munícipio, a
aproximadamente 10 quilômetros da área urbana.
Nos dois desmontes foi utilizada uma perfuratriz rotativa PW5000 que possuía bits de
perfuração de 2.5”, conforme Figura 15.
Assim que cada furo é realizado, ele é tamponado com lonas para evitar que detritos
caiam dentro do mesmo e o obstruam, conforme Figura 24.
Figura 24: Furo tamponado com lona (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)
detonante nos furos e o respectivo tamponamento, de acordo com o plano de fogo estabelecido,
conforme retratado na Figura 25 e Figura 26.
Então é estabelecido o plano de amarração, que consiste na sequência em que o fogo será
detonado, onde serão utilizados cordel detonante, retardos e os tempos de retardos necessários, conforme
Figura 27 e Figura 28.
64
Figura 27: Esquema de Amarração e Perfuração do Fogo 1 (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)
65
Figura 28: Esquema de Furação e Amarração do Fogo 2 (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)
Por fim, a área da detonação é evacuada em um raio de 500 metros para pessoas e
equipamentos e a detonação é efetuada. A área do desmonte só será visitada novamente
passados 10 minutos após a detonação, para verificação de eventuais falhas ou cortes no
67
Figura 31: Pilha de rochas desmontadas na primeira detonação (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)
Figura 32: Pilha de rochas desmontadas na segunda detonação (Destroy Desmontes Técnicos, 2015)
68
4. DESENVOLVIMENTO
Uma análise visual das duas pilhas desmontadas constatou um grande número de
matacões nas mesmas, o que se mostrou um empecilho ao desenvolvimento das atividades, pois
as rochas do desmonte serão transportadas até um britador móvel com abertura de 0,70 m por
0,90 m e britadas até tamanhos de 0,03 m a 0,08 m. Com esse entendimento foi realizada essa
proposta de trabalho que visa a análise do desmonte, ressaltando os pontos positivos e a criação
de alternativas aos pontos negativos, com o intuito de melhorar a fragmentação das rochas dos
desmontes, diminuindo o uso da escavadeira (com martelo hidráulico), que era responsável pela
quebra dos matacões (Figura 33) e, consequentemente, reduzindo os custos com desmontes
secundários.
Figura 33: Escavadeira PC350 com martelo hidráulico adaptado em operação (Destroy
Desmontes Técnicos, 2015)
Para isso foi seguida uma linha de raciocínio baseada em fórmulas propostas por Silva
(2014), em sua maioria. A seguir encontram-se os cálculos, os novos valores para os parâmetros
do plano de fogo e os novos planos de fogo.
O tipo de explosivo utilizado pela empresa no primeiro desmonte realizado foi do tipo
emulsão encartuchada na carga de coluna e de fundo. Porém, para se limitar a vibração do
terreno, decidiu-se pela utilização de emulsão encartuchada apenas na carga de fundo, deixando
a carga de coluna preenchida com ANFO, que possui velocidade de detonação menor.
4.1.3. Acessórios
Segundo desmonte:
O tempo de retardo entre linhas foi estabelecido pela Equação 4.
Além disso, preferiu-se também pela utilização de sistema de iniciação não elétrico ao
invés do cordel detonante na parte central do desmonte para evitar ultra lançamentos e ruídos
sonoros. O sistema de iniciação não elétrico é uma linha silenciosa que possui em sua
extremidade uma espoleta iniciadora. Essa espoleta deve possuir um tempo de retardo que seja
superior à soma dos tempos de retardo da superfície, para evitar cortes nas linhas da detonação.
Sendo assim, como foram utilizados 21 retardos de 25 ms, temos que o tempo de retardo da
espoleta deve ser de no mínimo 525 ms para o primeiro desmonte. Já no segundo foram
utilizados 21 retardos de 25 ms e 38 retardos de 17 ms, então temos que o tempo de retardo da
espoleta deve ser de no mínimo 1175 ms.
A barragem se encontrava a 200 metros do local das duas detonações, utilizando valores
de segurança propostos por Jimeno et al. (1987), chegou-se aos seguintes valores:
A carga máxima de espera foi calculada pela Equação 9.
𝐷𝑆 200
𝐷𝑅 = = 24,50 = => 𝑄 = 66,64 𝑘𝑔
√𝑄 √𝑄
4.1.6. Afastamento
𝜌 1,15
𝐴 = 0,0123 [2. (𝜌𝑒) + 1,5] . 𝑑𝑒 = 0,0123 [2. (2,60 ) + 1,5] . 50,8 = 1,5 𝑚
𝑟
Segundo desmonte:
𝜌 1,15
𝐴 = 0,0123 [2. (𝜌𝑒) + 1,5] . 𝑑𝑒 = 0,0123 [2. (2,60 ) + 1,5] . 50,8 = 1,5 𝑚
𝑟
4.1.7. Espaçamento
Primeiro desmonte:
𝐻𝑏 2,5
= 1,5 = 1,67 < 4
𝐴
Segundo desmonte:
𝐻𝑏 11,3
= = 7,53 > 4
𝐴 1,5
4.1.8. Subfuração
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
72
Primeiro desmonte:
𝐻 𝛼 2,5 7
𝐻𝑓 = cos𝑏𝛼 + (1 − 100 ) . 𝑆 = cos 7 + (1 − 100) . 0,45 = 2,9 𝑚
Segundo desmonte:
𝐻 𝛼 11,3 7
𝐻𝑓 = cos𝑏𝛼 + (1 − 100 ) . 𝑆 = cos 7 + (1 − 100) . 0,45 = 11,80 𝑚
4.1.10. Tampão
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
porém, preferiu-se o uso de emulsão encartuchada apenas na carga de fundo, deixando para a
carga de coluna o explosivo do tipo ANFO.
Segundo desmonte:
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
𝐴.1000 1,5.1000
𝑑𝑒𝑥 ≈ 24𝛾𝑒𝑥 = 24.1,15 = 52𝑚𝑚
( ⁄𝛾𝑟 )+18 ( )+18
2,6
Primeiro desmonte:
𝐶𝑇 (0,80+2,24)
𝑅𝐶 = = = 0,45 𝑘𝑔/𝑚³
𝑉 6,75
Segundo desmonte:
𝐶𝑇 (4,30+13,10)
𝑅𝐶 = = = 0,49 𝑘𝑔/𝑚³
𝑉 35,60
Para o cálculo das variáveis do pré-corte foram utilizadas as Equações 45, 46 e 47.
Espaçamento
Tampão
𝑇 = 0,6𝑚
Afastamento
A razão linear do pré-corte foi estabelecida em 230 gramas de explosivo por metro.
75
A seguir encontram-se o plano de perfuração (Figura 34), plano de fogo (Figura 35) e
esquema de amarração e perfuração (Figura 36) com as devidas alterações para a execução do
primeiro desmonte.
A seguir encontram-se o plano de perfuração (Figura 37), plano de fogo (Figura 38) e
esquema de amarração e perfuração (Figura 39) com as devidas alterações para a execução do
segundo desmonte.
78
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Optou-se pela utilização de emulsão e ANFO pois a velocidade do ANFO é menor que
a da emulsão, portanto a vibração é menor, além disso, seu custo é menor em relação a emulsão.
5.1.3. Acessórios
Primeiro desmonte:
81
Segundo desmonte:
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
calculada em teoria (Q = 66,64 kg), pois seu valor é menor e consequentemente também é a
vibração da rocha. Com base nisso foi necessária a utilização de alguns retardos entre furos na
mesma linha.
Optou-se pela sequência de detonação em V, pois esta, ao ser acionada, leva fragmentos
de rocha de encontro uns aos outros, aumentando a fragmentação.
5.1.6. Afastamento
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
5.1.7. Espaçamento
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
83
5.1.8. Subfuração
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
5.1.10. Tampão
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
Primeiro desmonte:
Carga de coluna e carga de fundo utilizadas com base em teoria: ANFO como carga de
coluna (1,3 m) e emulsão encartuchada como carga de fundo (0,6 m)
Segundo desmonte:
Escolheu-se utilizar ANFO como carga de coluna e emulsão como carga de fundo, nos
dois desmontes, como explicado anteriormente, para diminuir a vibração.
Decidiu-se pela manutenção do diâmetro do furo (D = 2,5”) nos dois desmontes, pois
sua diminuição acarretaria em prejuízos à fragmentação.
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
Primeiro desmonte:
Segundo desmonte:
Preferiu-se pelo uso do pré-fissuramento nas duas detonações pois ele, ao cortar a rocha,
cria um vazio nas laterais do desmonte, diminuindo a passagem das ondas vibracionais, abrindo
espaço para o escape dos gases provenientes da detonação central.
87
6. CONCLUSÃO
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATLAS POWDER Co.; Explosives and Rock Blasting. Atlas Powder Company Field.
Dallas- Estados Unidos da América.1987;
JIMENO, C.L.; JIMENO, E.L.; CARCEDO, F.J.A.; Drilling and Blasting of Rocks. Nova
York. 2° Edição.1987;
WYLLIE, D.C.; MAH, C.W.; Rock Slope Engineering. 4° Edição. Nova York-Estados
Unidos da América.2004;