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FUTURO DO TRABALHO
O estudo The Future Of Jobs 2020, report anual produzido pelo Fórum Econômico Mundial,
demonstra que o padrão de adoção de novas tecnologias varia entre as indústrias. O grande
impacto está no deslocamento das atividades, antes feitas por humanos, para a execução
por máquinas.
SAIBA MAIS
Nuvem, IoT, BIG data e e-commerce prosseguem no topo da lista das tecnologias super adotadas,
entretanto, houve incremento das áreas de criptogra]a, robôs e Inteligência Arti]cial (IA).
Se por um lado o Big Data, os robôs e a Internet das Coisas (IoT) são cada vez mais utilizados na
mineração e na metalurgia, a criptogra]a cresce nos setores públicos. A IA vem sendo amplamente
adotada por empresas de serviços ]nanceiros, saúde, transporte e no universo da comunicação.
Indaguei a Erica Castelo, CEO da The Soul Factor e headhunter internacional, sobre as habilidades
pro]ssionais, ou skills, mais valorizadas nestes próximos 5 anos.
“Estas estarão cada vez mais ligadas à capacidade humana em desempenhar funções que diferencie o
homem das máquinas. As máquinas e os algoritmos vão estar focados prioritariamente nas atividades
relacionadas ao processo e obtenção de dados, tarefas administrativas e trabalhos mais repetitivos e
rotineiros; ou seja, na parte mais técnica do trabalho”, me diz ela.
As atividades em que os humanos vão permanecer competitivos serão mais desa]adoras: não basta
apenas correr atrás do conhecimento das novas tecnologias; “as capacidades comportamentais serão
realmente a ‘bola da vez’
no mundo do trabalho digital: estamos falando do pensamento crítico e analítico, solução de problemas
complexos, aprendizado contínuo, criatividade, comunicação e colaboração”.
Juventude na berlinda
Mais recentemente, muito impulsionada pela pandemia, cresceu a busca por habilidades de autogestão
como a escuta ativa, resiliência e Zexibilidade.
Por causa dessa competitividade entre humanos, máquinas e algoritmos, os jovens, em especial,
precisam mudar a forma de encarar o mercado de trabalho, me explica Erica: “Por conta da queda da
força de trabalho tradicional, é preciso que nos próximos anos as gerações se adequem logo no começo
da sua graduação a condições mais tecnológicas e comportamentais esperadas pelo digital. Alguns
cursos podem demorar para implementar a tecnologia em sua grade de estudo e, por isso, o próprio
aluno deve ir atrás de atualizações via cursos rápidos e complementares”.
A solução para que os jovens se preparem para encarar esse novo mercado, de]ne Erica, está
basicamente sustentada por dois pilares: do lado mais técnico, manter-se atualizado sobre as novas
tecnologias e melhorar o inglês.
O outro é buscar constantemente o desenvolvimento pessoal do ponto de vista emocional e social.
“Essas últimas habilidades são um desa]o, pois as escolas tradicionais não estão acostumadas a
ensinar as questões mais comportamentais. Já vejo algum movimento em direção ao estímulo dessas
habilidades, todavia ainda acho que o ensino tradicional está engatinhando nesse sentido.”
Para Erica, até 2025 o impacto deve ser maior principalmente nas funções que estão sendo substituídas
pela tecnologia, como serviços de contabilidade, folha de pagamento, auditores, trabalhadores de
fábricas e secretários administrativos e executivos.
“Os trabalhos mais processuais, como contabilidade e administração, irão continuar sofrendo com a
competitividade entre as pessoas e a tecnologia. Por isso, é preciso mostrar que além da teoria e prática
aprendida nas universidades, o pro]ssional também sabe adequar seu trabalho ao meio tecnológico,
podendo, por exemplo, trabalhar remotamente com contato limitado com clientes ou sua equipe.”
Outras atividades ainda comprovam a importância contínua da interação humana na nova economia,
descreve a headhunter: “Marketing, vendas e produção de conteúdo. Além de ocupações que precisam
de aptidão para compreender, pensar criticamente e estar confortável trabalhar com diferentes tipos de
pessoas de diferentes tipos”.
Erica Castelo reforça a importância de se aprender tudo isso de maneira proativa, valorizando
experiências para liderar, colaborar e criar. “Hoje em dia, o protagonismo da carreira depende muito mais
do indivíduo, portanto, não espere a sua empresa alguém fazer algo por você, é preciso manter um
espírito de aprendizado contínuo e correr atrás das habilidades que podem te colocar à frente no
mercado.”
A headhunter brasileira, que vive e atua nos Estados Unidos há oito anos, lembra que, nesse cenário
disruptivo, nunca foi tão necessário acompanhar tendências do mercado de trabalho – especialmente os
RHs, que também estão sendo muito desa]ados, uma vez que uma das principais barreiras à adoção
das novas tecnologias por parte das empresas é a falta de pessoas com as habilidades necessárias
para a Era Digital.
“O pro]ssional de Recursos Humanos precisará investir na formação das pessoas, treinando novas
habilidades, mas também esperará mais dos colaboradores existentes, que precisam proativa mente se
atualizar, e não esperar somente as iniciativas da empresa. Acabou a era do ‘o que a empresa pode fazer
por mim?’; agora, espera-se mais o ‘e eu, o que posso fazer pela companhia?’”, me detalha ela.
Quem tiver corrido atrás do autodesenvolvimento e mantiver um espírito aberto para o aprendizado, sem
dúvida, sairá na frente.