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AO JUÍZO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE APARECIDA DE GOIÂNIA -

GOIÁS.

KELLY DE OLIVEIRA SILVA, brasileira, desempregada, inscrita


no CPF sob o nº 040.591.391-57, portadora do RG de nº 5509810, residente e
domiciliada na Avenida Odorico Nery, Quadra 53, Lote 02, casa 04, Vila Maria,
Aparecida de Goiânia – GO, endereço eletrônico/e-mail: kelly20111@outlook.com,
vem, por seu advogado, devidamente constituído, apresentar

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face da empresa CLARO S/A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ sob o n° 40.432.544/0001-47, estabelecida na Rua Henri Dunant, número
780, Bairro Santo Amaro, SÃO PAULO–SP, CEP: 04.709-110, mediante os
argumentos de fato e de direito a seguir alinhavados:

I - PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA INTEGRAL E


GRATUITA

Prevê o art. 2º da Lei nº 1.060/50 que todos aqueles que


necessitarem recorrer à justiça penal, civil, militar ou do trabalho, gozarão dos
benefícios da gratuidade, desde que a situação econômica não lhe permita pagar
as custas do processo, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.

Excelência, vale-se a parte Autora da referida legislação para


requerer a concessão dos benefícios da justiça gratuita, uma vez que não reúne
qualquer condição de custear as mínimas despesas decorrentes do processo,
tendo em vista que encontra-se desempregada e recebendo AUXÍLIO
EMERGENCIAL, conforme demonstra os documentos em anexo (CTPS baixada,
Declaração de ausência de entrega de DIRPF emitida pela Receita Federal e
comprovante de pagamento do auxílio emergencial).

(62) – 99121-5580 – paulo.pjs@hotmail.com


Pois bem, Excelência, conforme guia de custas iniciais anexada
aos autos, mostra-se que seu valor é de R$ 1.013,77 (mil e treze reais e setenta e
sete centavos), ou seja, impossível pagamento por uma desempregada.

Desta forma, uma vez provado a falta de qualquer condição de


custear as mínimas despesas decorrentes do processo, requer o peticionário que
lhe sejam deferidos os benefícios da justiça gratuita, pelos motivos já alinhavados
e, ainda, por ser a única forma de lhe proporcionar o mais amplo acesso ao poder
judiciário, garantia essa que a Constituição Federal elegeu no inciso LXXIV, do
artigo 5º.

II - DOS FATOS

Em 27/032020, a autora tomou conhecimento que seu nome estava


com restrição nos órgãos de proteção ao crédito com a empresa Vivo – Telefônica
S/A.
Visto ser uma restrição indevida e de dívida desconhecida, realizou
reclamações via SAC, não sendo resolvido seu problema. Logo, fez reclamações
nos órgãos de defesa ao consumidor, onde conseguiu o reconhecimento do erro
da empresa Vivo e a baixa da restrição.

Por ter sofrido enorme constrangimento, bem como abalo de ter


seu crédito negado, além da demora na resolução do problema, propôs ação
judicial de indenização em face da Vivo S/A, processo de número 5220341-
21.2020.8.09.0011.

Em sua defesa, evento nº 12 do referido processo acima, a Vivo


S/A acostou aos autos extrato de negativação dos últimos 5 (cinco) anos da
requerente, onde tomou conhecimento de uma restrição com a empresa requerida,
Claro S/A, que até então desconhecia, com contrato de número
00000000000180360630, vencimento 21/08/2015, inclusão 12/12/2015, valor de
R$ 181,59 (cento e oitenta e um reais e cinquenta e nove centavos). Vejamos:

(62) – 99121-5580 – paulo.pjs@hotmail.com


Surpresa, pois jamais recebeu qualquer notificação em sua
residência, imediatamente entrou em contato com o SAC da Requerida Claro S/A,
comprovado através do protocolo de número 20204972467044. No atendimento,
solicitou informações sobre o débito, mas os prepostos não souberam explicar sua
origem, nem mesmo a numeração da linha.

Prontamente contestou o débito, sendo aberto um processo interno


na empresa, com prazo de 05 (cinco) dias úteis para solução. Ademais, informou
para o atendente que já foi titular de uma outra linha com a operadora, de nº (62)
99145-7143, mas sem débito em aberto.

Após não receber nenhuma resposta da Requerida sobre a solução


do problema, novamente entrou em contato com o SAC da Requerida, sendo
gerado o número de protocolo 20204971469711. Em atendimento, o preposto não
conseguiu encontrar nenhuma solução plausível para o problema, relatando
apenas que o débito foi baixado.

(62) – 99121-5580 – paulo.pjs@hotmail.com


Assim, em reiteradas tentativas a autora não obteve êxito em
descobrir o que houve, pois somente descobriu a negativação através do processo
contra a VIVO S/A. Diante do descaso que a operadora tem com seus
consumidores, resolveu registrar reclamação na plataforma CONSUMIDOR.GOV
(Protocolo: 2021.02/00004217997), em anexo, onde fora informado todo o
ocorrido, bem como todos os protocolos indicados acima e o descaso da Requerida
com o consumidor. Em resposta, relataram que não encontraram vínculo do titular
com a contratação dos serviços, ou seja, PROCEDENTE. Vejamos:

Ora, se a promovida aduz em resposta da reclamação que a autora


não possui cadastro ou contrato em seu sistema, como teve seu nome negativado?
A autora, como consumidora, merece uma explicação plausível.

Outrossim, Excelência, a Requerida deve suportar a


responsabilidade do dano causado ao requerente, sendo necessário aplicação de
indenização por danos morais, não somente pela inscrição indevida nos órgãos de

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proteção ao crédito, mas também no descaso e excessiva demora na resolução
administrativa – TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR.

Vejamos:
Inúmeros contatos com o SAC da Requerida, sendo uma média de
50 (cinquenta) minutos cada atendimento (03 horas aproximadamente);
Protocolos: 20204972467044 - 20204972467044
01 atendimento em Loja Autorizada;
01 atendimento plataforma Consumidor.Gov: Protocolo:
2021.02/00004217997

No tocante a outra restrição demonstrada no extrato de


negativação referente a empresa Vivo – Telefônica S/A, já foi considerada indevida
perante os órgãos de proteção ao crédito, bem como discutida judicialmente nos
autos de número 5220341-21.2020.8.09.0011.

Contudo, embora tenha sido julgada procedente a reclamação


perante a promovida, tal fato não apaga os transtornos causados a Requerente, de
modo que a presente demanda é a única forma de ver reparada moralmente pelos
atos ilícitos da Requerida, que se preocupa apenas em vender cada mais sem
prestar um serviço de qualidade, para que assim fosse evitada fraudes com no
presente caso.

III – DA TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR

A propósito, conforme explanado nos fatos, não deve prevalecer a


ideia de que sofrer a péssima qualidade das prestações de serviços dos
fornecedores faz parte dos aborrecimentos cotidianos dos consumidores.

Nesse sentido é o entendimento do STJ em precedentes inéditos


que reconhecem a validade da TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO
CONSUMIDOR.

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O que interessa é que o Requerente buscou, exaustivamente, o
cancelamento dos serviços que sequer havia contratado e, mesmo assim, a
Requerida permaneceu em estado de letargia, em total afronta aos seus deveres
como prestadora de serviços, ofendendo direitos básicos do consumidor.

Nesse sentido é o também o entendimento do Tribunal de Justiça


do Estado de Goiás:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. RENOVAÇÃO AUTOMÁTICA DE REVISTA. COBRANÇA
INDEVIDA. ABUSIVIDADE. RELAÇÃO DE CONSUMO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TEORIA DO TEMPO LIVRE E
DESVIO PRODUTIVO. REITERADOS TRANSTORNOS AO LONGO DE
02 ANOS. ATO ILÍCITO COMPROVADO. DEVER DE INDENIZAR
CONFIGURADO. 1. A renovação automática de assinatura de revistas,
mediante imposição de débito em conta ou desconto em cartão de
crédito, sem o prévio consentimento do cliente, configura abusividade
(art. 39, III, CDC), dando ensejo ao dano moral. 2. A Teoria da Perda do
Tempo Livre (ou Desvio Produtivo do Consumidor) vem resgatar o
respeito que, especialmente, fornecedores de serviço deixam de
observar, não se permitindo que o Poder Judiciário se faça de ouvidos
moucos aos reclamos que fogem do justo e do razoável, tal como a
situação em que o consumidor sofreu de reiterados transtornos com a
cobrança indevida ao longo de dois anos, tendo que constantemente
buscar meios para solucionar problema que não causou. 3. Circunstância
que, na espécie, traduz mais do que mero aborrecimento, pois presentes
os requisitos legais (ato ilícito, dano e nexo causal), resta configurado o
dano moral. 4. O montante de R$ 8.000,00 (oito mil reais) atende, in
casu, às premissas do instituto do dano moral (razoabilidade,
proporcionalidade, caráter pedagógico e punitivo), sendo suficiente
para promover a reparação pelo transtorno causado sem, contudo,
ocasionar enriquecimento ilícito por parte do autor. 5. Sentença de
procedência parcial reformada para acrescentar a condenação pelo dano
moral e alterar o ônus da sucumbência. APELAÇÃO CÍVEL Nº
5415178.58.2017.8.09.0051 (grifei)

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Dessa forma, visto que no presente caso a autora fez uso de
praticamente 03 (três) meses para tentar solucionar seu caso de forma
administrativa, visto o descaso das prestadoras de serviços com o consumidor,
tem-se por caracterizada a Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, que
autoriza a condenação de fornecedores e prestadores de serviço por dano moral.

IV - DO DIREITO

Em decorrência deste incidente, a autora experimentou situação


constrangedora, angustiante, tendo sua moral abalada, sendo suficientes a ensejar
danos morais, até porque a autora nunca recebeu nenhuma notificação da
Requerida acerca do referido débito.

A empresa Ré está agindo com manifesta negligência e evidente


descaso com o Autor, pois jamais poderia ter incluído seu CPF no cadastro dos
serviços de proteção ao crédito, uma vez que a autora não contratou seus serviços.

Sua conduta, sem dúvida, causou danos à imagem, à honra e ao


bom nome/CPF do Autor, que permanece nos cadastros de inadimplentes, de modo
que se encontra com uma imagem de “mal pagador”, de forma absolutamente
indevida, eis que nada deve.

À luz do artigo 186 do Código Civil, aquele que, por ação ou


omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja:


(i) ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência; (ii) ocorrência de um dano, seja ele de ordem patrimonial ou moral; e
(iii) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.

A presença do nexo de causalidade entre os litigantes está patente,


sendo indiscutível o liame jurídico existente entre eles, pois se não fosse a inclusão

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do nome da autora no rol de protestados, a mesma não teria sofrido os danos
morais pleiteados, objeto desta ação.

Preconiza o artigo 927 do Código Civil:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo”.

Bem se vê, à saciedade, ser indiscutível a prática de ato ilícito por


parte da Requerida, configurador da responsabilidade de reparação dos danos
morais suportados pelo Autor.

V - DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, serve a presente para requerer:

I - Seja notificada a empresa reclamada para, querendo, contestar


a presente, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato, e no final a
condenação da empresa no pagamento dos valores pleiteados;

II - Os benefícios da assistência judiciária, com fulcro no art. 4° da


Lei 1.060/50, por não dispor a parte autora de recursos financeiros para custear
despesas processuais;

III - A aplicação, de forma liminar, do Código de Defesa do


Consumidor com a consequente inversão do ônus da prova, haja vista se tratar
a parte Autora de vítima do evento danoso e parte mais vulnerável e hipossuficiente
da relação de consumo (art. 6°, VIII, e art. 17 do CDC);

IV - Seja ao final, julgado procedente o pedido ora formulado,


condenando a reclamada ao pagamento de R$ 8.000,00 (oito mil reais) à título de
dano moral, visto ser presumido, in re ipsa, pela restrição e ativação indevida,
sendo aplicado também a TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR

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para majorar seu valor, bem como art. 39, III do Código de Defesa do Consumidor,
pela ativação de plano sem solicitação e autorização da Autora;

V - Pugna-se para que a correção monetária da indenização a ser


arbitrada por Vossa Excelência seja corrigida desde a data da ocorrência do evento
danoso (12/12/2015), conforme prescrição das Súmulas 43 e 54 do C. STJ;

VI – Requer ainda, a condenação da Requerida em custas


processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 20% sobre o valor dado a
causa;
Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas.
Atribui-se à presente causa o valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais)
para fins fiscais e de alçada.

Termos em que,
Pede deferimento.
Aparecida de Goiânia, 10 de junho de 2021.

Paulo Junior Saturnino - OAB/GO 39.710

(62) – 99121-5580 – paulo.pjs@hotmail.com

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