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LESÕES ASSOCIADAS AO OSSO

É um grupo diverso de processos caracterizados ➢ Características Histopatológicas


pela substituição do osso normal por um tecido fibroso Fibromas ossificantes consistem em tecido fibroso
contendo um material mineralizado recém-formado. que exibe graus variáveis de celularidade e contêm
Não é um diagnóstico preciso, pois envolve neoplasias, material mineralizado. A porção de tecido duro pode se
processos displásicos, alterações de desenvolvimento, apresentar sob a forma de trabéculas ósseas e de
processos genéticos e hereditários. osteoide ou como pequenas estruturas arredondadas
basofílicas e pobremente celulares, que lembram o
❖ Fibroma Ossificante (cemento-ossificante) cemento. Misturas dos dois tipos são características.
O fibroma ossificante é um neoplasma verdadeiro As trabéculas ósseas variam em tamanho e
com um significativo potencial de crescimento. O frequentemente demonstram uma mistura de padrões
neoplasma é composto de tecido fibroso, que contém imaturo e lamelar. Pavimentação osteoblástica e
uma variável mistura de trabéculas ósseas, esférulas osteoide periférico estão geralmente presentes. As
semelhantes a cemento ou ambas. Embora as lesões esférulas de material semelhante a cemento
contenham uma variedade de estruturas mineralizadas, frequentemente demonstram bordas em escova
a maioria dos pesquisadores afirma que a mesma célula periféricas que se misturam no tecido conjuntivo
progenitora produz os diferentes tipos de materiais. adjacente.
➢ Características Clínicas
Parece que os fibromas ossificantes ocorrem em
uma ampla variação de idade, com o maior número de
casos encontrados durante a terceira e a quarta década
de vida. Há uma predileção pelo gênero feminino. A área
de pré-molares e molares inferiores é o sítio mais
afetado.
Pequenas lesões quase nunca causam quaisquer
sintomas e são detectadas apenas ao exame
radiográfico. Tumores maiores resultam em um
aumento de volume indolor do osso envolvido; eles
podem causar assimetria facial óbvia, que
ocasionalmente atinge um tamanho grotesco. Dor e
parestesia são raramente associadas com o fibroma
ossificante.
Radiograficamente, a lesão é mais
frequentemente unilocular e bem definida. Alguns
exemplos mostram uma margem esclerótica (expansão
de corticais). Dependendo da quantidade de material
calcificado produzido no tumor, ele pode parecer
completamente radiolúcido; mais frequentemente, são
notados graus variáveis de radiopacidade.

❖ Displasia Fibrosa
A displasia fibrosa é uma condição semelhante a
um tumor que é caracterizada pela substituição do osso
normal por uma proliferação excessiva de tecido
conjuntivo fibroso celularizado entremeado por
trabéculas ósseas irregulares. É chamada de
monostóitca quando atinge somente um osso e de As trabéculas ósseas não estão conectadas umas
poliostótica quando atinge mais de uma estrutura óssea. às outras. Elas frequentemente assumem formatos
A segunda forma se divide em Doença de Jaffe e curvilíneos, que se parecem com a escrita chinesa.
Síndrome de Albright. Considera-se que as trabéculas ósseas surjam por
➢ Características Clínicas metaplasia e não apresentem osteoblastos volumosos
margeando-as.
→ Doença de Jaffe
• Número variável de ossos;
• Grande parte do esqueleto normal;
• Lesões pigmentadas na pele (“café com leite”).

→ Síndrome de Albright
• Mais acentuada, envolvendo quase todos os ossos
do esqueleto;
• Lesões pigmentadas na pele;
• Distúrbios endócrinos (hipófise, tireóide,
paratireóide, ovário);
• Mixoma (múltiplos e intramusculares).

Ela possui crescimento lento, indolor. Atinge mais


pacientes jovens. O aspecto radiográfico mais comum é
o de vidro despolido.

Pequenas estruturas arredondadas calcificadas


podem ser vistas raramente, mas nunca são numerosas.
Em contraste com o fibroma ossificante e displasia
cemento-óssea, a displasia fibrosa tipicamente
demonstra um padrão mais monótono, em vez de ser
uma mistura desorganizada de osso imaturo, osso
lamelar e partículas arredondadas. O osso lesionado se
funde diretamente ao osso normal, na periferia da lesão,
não estando presente, portanto, cápsula ou linha de
demarcação
Espécimes de biópsias seriadas têm mostrado, em
alguns casos, que a displasia fibrosa dos ossos gnáticos,
clássica histopatologicamente, sofre maturação
progressiva para uma lesão consistindo em osso lamelar
em um estroma de tecido conjuntivo moderadamente
➢ Características Histopatológicas celular. As trabéculas ósseas nessas lesões tendem a
As características microscópicas típicas da correr paralelamente umas às outras.
displasia fibrosa consistem em trabéculas de formato
irregular de osso imaturo em um estroma celular fibroso
arranjado frouxamente.
▪ Periapical
A displasia cemento-óssea envolve
predominantemente a região periapical da mandíbula
anterior. Podem ocorrer lesões solitárias, mas múltiplos
focos estão presentes mais frequentemente.
É assintomática e as lesões iniciais aparecem
como áreas radiolúcidas circunscritas envolvendo a área
periapical de um dente. Neste estágio, a lesão não pode
ser diferenciada radiograficamente de um granuloma
periapical ou de um cisto periapical. Com o tempo, as
lesões adjacentes frequentemente se fundem para
formar um padrão linear de radiolucência que envolve
os ápices de vários dentes.
Estudos radiográficos seriados revelam que as
lesões tendem a “amadurecer” ao longo do tempo e a
criar um aparência mista de radiolucidez e
radiopacidade.

❖ Displasia Cemento-Óssea
A displasia cemento-óssea ocorre nas áreas de
suporte dos dentes nos ossos gnáticos e é
provavelmente a lesão fibro-óssea mais comum
encontrada na prática clínica. Com base nas
características clínicas e radiográficas é conveniente
separar as displasias cemento-ósseas em três grupos: (1)
focal, (2) periapical e (3) florida.

➢ Características Clínicas
▪ Focal
A displasia cemento-óssea focal exibe um único
sítio de envolvimento. Radiograficamente, a lesão varia
de completamente radiolúcida à densamente radiopaca
com fino halo radiolúcido na periferia. Entretanto, mais
▪ Florida
comumente há um misto de padrão radiolúcido e
A displasia cemento-óssea florida aparece com
radiopaco. A lesão tende a ser bem definida, mas as
envolvimento multifocal não limitado à região anterior
margens são levemente irregulares. As lesões ocorrem
da mandíbula. Embora muitos casos demonstrem lesões
em áreas dentadas e edêntulas, sendo notados muitos
multifocais apenas nas regiões posteriores dos ossos
exemplos em sítios de extração.
gnáticos, muitos pacientes também revelam
envolvimento sincrônico da mandíbula anterior.
As lesões mostram uma tendência acentuada para
envolvimento bilateral, quase frequentemente
simétrico, e não é raro encontrar lesões extensas em
todos os quatro quadrantes posteriores. A doença pode
ser completamente assintomática e, em tais casos, é
descoberta apenas quando as radiografias são obtidas
por algum outro motivo.
À medida que a lesão amadurece e se torna mais
esclerótica, a proporção entre tecido conjuntivo fibroso
e material mineralizado diminui. Com a maturação, as
trabéculas ósseas se tornam estruturas espessas e
curvilíneas, semelhantes ao formato das raízes de
gengibre. Com a progressão para o estágio radiopaco
final, as trabéculas individuais se fundem e formam
massas lobulares compostas de lençóis ou glóbulos
fundidos de material cemento-ósseo relativamente
acelular e desorganizado.
➢ Características Histopatológicas
Todos os três padrões da displasia cemento-óssea
demonstram características histopatológicas
semelhantes. O tecido consiste em fragmentos de tecido
mesenquimal celular composto de fibroblastos
fusiformes e fibras colágenas, com numerosos vasos
sanguíneos pequenos. É tipicamente notada hemorragia
entremeada pela lesão.

❖ Lesão Central de Células Gigantes


O granuloma de células gigantes é considerado
como sendo uma lesão não-neoplásica. É incerto e
controverso se tumores de células gigantes verdadeiros
ocorrem nos ossos gnáticos. Da mesma forma, não é
certo se alguns casos atualmente relatados de
granulomas de células gigantes extragnáticos
representam tumores de células gigantes verdadeiros.
Neste tecido conjuntivo fibroso está uma mistura
de osso imaturo, osso lamelar e partículas semelhantes a ➢ Características Clínicas e Radiográficas
cemento. A proporção de cada material mineralizado Podem ser encontrados granulomas de células
varia de lesão para lesão e de área para área em sítios gigantes em pacientes variando de 2 a 80 anos de idade,
individuais de envolvimento. embora mais de 60% de todos os casos ocorram antes
dos 30 anos de idade. Embora a proporção entre os
gêneros varie em diferentes revisões, a maioria dos
granulomas de células gigantes são notados em
mulheres e aproximadamente 70% surgem na
mandíbula e frequentemente cruzam a linha média.
São assintomáticos e indolores. Entretanto, uma
minoria de casos pode estar associada a dor, parestesia
ou perfuração da tábua óssea cortical, resultando
ocasionalmente em ulceração da superfície da mucosa
pela lesão subjacente.
→ Lesões não-agressivas: constituem a maioria
dos casos e exibem poucos ou nenhum sintoma,
demonstram crescimento lento e não mostram
perfuração da cortical ou reabsorção radicular dos
dentes envolvidos na lesão
→ Lesões agressivas: são caracterizadas por dor,
crescimento rápido, perfuração da cortical e reabsorção
radicular. Elas mostram acentuada tendência a recidivar
após o tratamento, comparadas com os tipos não-
agressivos.

Radiograficamente, as lesões centrais de células


gigantes aparecem como defeitos radiolúcidos que
podem ser uni ou multiloculares. O defeito é geralmente ➢ Características Histopatológicas
bem delimitado, mas as margens comumente são Presença de poucas a muitas células gigantes
desprovidas de halo radiopaco. As lesões podem variar multinucleadas em um fundo de células mesenquimais
de um achado radiográfico de 5 × 5 mm a uma lesão ovoides ou fusiformes e macrófagos arredondados.
destrutiva maior que 10 cm de tamanho. Essas células variam consideravelmente em forma
e tamanho de caso a caso. Algumas são pequenas e
irregulares e contêm apenas alguns núcleos. Em outros
casos, as células gigantes são grandes e arredondadas e
contêm 20 ou mais núcleos.

Lesões uniloculares pequenas podem ser


confundidas com granulomas periapicais ou cistos.
Lesões de células gigantes multiloculares não podem ser
distinguidas radiograficamente de ameloblastomas ou
outras lesões multiloculares.
❖ Querubismo
A maioria dos granulomas de células gigantes são
O querubismo é uma condição rara de
lesões únicas; raramente é visto envolvimento multifocal
desenvolvimento dos ossos gnáticos que é geralmente
em pacientes que não demonstram evidência de doença
herdada como um traço autossômico dominante com
associada, como hiperparatireoidismo ou querubismo.
alta penetrância, mas expressividade variável.
➢ Características Clínicas marcadores sugestivos de origem osteoclástica. Focos de
Embora alguns exemplos clínicos de querubismo sangue extravasado estão comumente presentes. Em
possam se desenvolver tão precocemente quanto 1 ano alguns casos, o querubismo revela depósitos
de idade, a doença geralmente ocorre entre as idades de eosinofílicos tipo manguito circundando pequenos vasos
2 a 5 anos. Nos casos moderados, o diagnóstico não sanguíneos através da lesão.
pode ser feito até que o paciente atinja 10 a 12 anos de
idade. As alterações clínicas tipicamente progridem até a
puberdade e então se estabilizam e regridem
lentamente. A face de querubim ocorre devido ao
envolvimento bilateral da região posterior da mandíbula,
que produz bochechas rechonchudas angelicais.
Radiograficamente, as lesões são radiolucências
expansíveis tipicamente multiloculares. A aparência é
virtualmente diagnóstica como resultado da sua
localização bilateral. Menos comumente, as lesões
aparecem como radiolucências uniloculares.
Embora o querubismo tipicamente envolva
apenas os ossos gnáticos, também tem sido relatado
raramente o envolvimento de outros ossos, tais como
costelas e úmero.

❖ Cisto Ósseo Aneurismático


O cisto ósseo aneurismático é um acúmulo
intraósseo de espaços preenchidos com sangue de
tamanhos variáveis circundados por tecido conjuntivo
fibroso celularizado que frequentemente se misturam
com trabéculas de osso esponjoso reativo. A causa e a
patogênese do cisto ósseo aneurismático são pouco
entendidas. Vários investigadores têm proposto que o
cisto ósseo aneurismático surge de um evento
traumático, malformação vascular ou neoplasma, que
perturba a hemodinâmica óssea normal e leva à
extravasamento hemorrágico, que tende a aumentar.
➢ Características Clínicas
Os cistos ósseos aneurismáticos são localizados
➢ Características Histopatológicas mais comumente em ossos longos ou na coluna
O tecido da lesão consiste em tecido fibroso vertebral, em pacientes com menos de 30 anos de idade.
vascular contendo número variável de células gigantes Cistos ósseos aneurismáticos nos ossos gnáticos são
multinucleadas. As células gigantes tendem a ser menores incomuns, com aproximadamente 2% de casos
e geralmente agregadas focalmente. Assim como as relatados.
células gigantes no granuloma central de células gigantes, A manifestação clínica mais comum é o aumento
as células gigantes no querubismo exibem de volume que geralmente se desenvolve rapidamente.
A dor é frequentemente relatada; parestesia,
crepitação e compressibilidade são raramente vistas.
Ocasionalmente, pode estar presente má oclusão,
mobilidade, migração ou reabsorção dos dentes
envolvidos.
As lesões maxilares frequentemente se projetam
para o seio adjacente. Obstrução nasal, sangramento
nasal, proptose e diplopia são incomumente notados.
Estudos radiográficos mostram uma lesão
radiolúcida uni ou multilocular, frequentemente
associada com expansão e adelgaçamento acentuados
da cortical. As margens radiográficas são variáveis e
podem ser difusas ou bem definidas.

➢ Características Histopatológicas
Microscopicamente, o cisto ósseo aneurismático é
caracterizado por espaços preenchidos por sangue não
coagulado de tamanhos variados, circundados por tecido
fibroblástico celularizado contendo células gigantes
multinucleadas e trabéculas de osteoide e osso imaturo.
Ocasionalmente, a parede contém um padrão não-usual
de calcificação em forma de laço que é incomum em
outras lesões intraósseas. Os espaços preenchidos por
sangue não são recobertos por endotélio.
Em aproximadamente 20% dos casos, o cisto
ósseo aneurismático está associado com outra patologia,
mais comumente uma lesão fibro-óssea ou granuloma
de células gigante.

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