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Dos sonhos traumáticos ao sonhar analítico

Dos sonhos traumáticos ao sonhar analítico


From traumatic dreams to analytical dreaming

Perla Klautau*
Monah Winograd**

Resumo: Os sonhos traumáticos geralmente possuem o mesmo conteúdo e são recorrentes, trazendo


de volta acontecimentos que estão dissociados no psiquismo. Isolados, os conteúdos não integrados ao
ego encontram, por meio da produção onírica, acesso à consciência. O objetivo deste artigo é sustentar
a ideia de que a função do analista consiste em construir, junto com o paciente, um campo trans-
ferencial-contratransferencial capaz de propiciar o sonhar analítico. Com o propósito de susten-
tar esta ideia, examinaremos as noções de tato psicológico (Ferenczi, 1928), de construções em
análise (Freud, 1937), de contratransferência (Heimann, 1960), de regressão (Winnicott,
1954), de terceiro analítico (Ogden, 1996) e de espaço potencial (Winnicott, 1967).
Palavras-chave: Sonhos traumáticos, construções em análise, contratransferência, regressão, terceiro
analítico.

Abstract: Traumatic dreams usually have the same content and are recurrent, thus bringing back
events that are dissociated in the psyche. On an isolated basis, the content not integrated with the
ego gain access to the conscience through dreaming production. The objective of this article is to
support the idea that the analyst’s function is to create with the patient a transference and counter-
-transference field in which analytic dreaming can be produced. In order to support this idea, con-
cepts such as psychological tact (Ferenczi, 1928), constructions in analysis (Freud, 1937),
counter-transference (Heimann, 1960), regression (Winnicott, 1954), analytic-third
(Ogden, 1996) and potential space (Winnicott, 1967) will be examined.
Keywords: Traumatic dreams, constructions in analysis, counter-transference, regression, analytic-
-third.

* Psicanalista, membro efetivo/CPRJ, pós-doutoranda Psicologia Clínica/PUC-Rio (bolsis-


ta/FAPERJ).
** Psicanalista, profa. Programa pós-graduação/PUC-Rio.

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Durante o relato de um sonho, num misto de surpresa e constatação, é


feita a seguinte comunicação: “o sonho vem para puxar o lençol do fantasma”.
Esta frase foi dita por um paciente durante uma de nossas sessões acompanha-
da da seguinte explicação: “o sonho coloca a gente de frente para o fantasma e
puxa o lençol! Aí dá para ver o que tem por baixo! Sem tirar o lençol não dá
para conhecer e enfrentar o fantasma”. Se utilizarmos o referencial psicanalíti-
co clássico para interpretar esta associação, chegaríamos, facilmente, à ideia de
que os sonhos devem ser entendidos como um tipo de realização alucinatória
de desejos. E o fantasma, de acordo com a explicação dada, poderia ser relacio-
nado com a fantasia inconsciente recalcada. Isto é, com a roupagem que disfar-
ça os desejos inconscientes, travestindo-os e tornando-os mais apropriados
para penetrar no terreno consciente. Porém, o contexto ao qual o paciente faz
referência é outro. Vejamos o relato do sonho: “eu estou sempre na mesma
casa, a casa em que eu morei durante toda minha infância e adolescência. Só
que a casa ainda estava em construção. Eu via o barro vermelho caindo, sem-
pre tenho a impressão de que a casa ‘tá’ desmoronando bem devagarinho. Os
cômodos não tinham ligação, as partes da casa ficavam separadas e as pessoas
isoladas umas das outras: nunca dá para eu chegar perto, para me comunicar.
Neste sonho, meu pai e minha mãe estão sempre juntos, mas longe de mim”.
O sonho descrito é classificado pelo paciente como um pesadelo que sus-
cita imensa angústia. Trata-se de um sonho recorrente que possui sempre o
mesmo conteúdo e o acorda no meio da noite com o seu próprio grito: “fico
sempre muito nervoso, sinto medo de dormir e sonhar a mesma coisa. Tam-
bém me deixa tenso contar agora pra você. Se eu pudesse controlar, ia esco-
lher não lembrar”. Este sonho poderia ser incluído em uma categoria que se
apresenta como uma exceção à regra de que os sonhos são realizações de de-
sejo, regidos pelo princípio do prazer – os “sonhos traumáticos” (Freud,
1920a). Este tipo de sonho geralmente possui o mesmo conteúdo e se repete
de forma recorrente, trazendo de volta os traumas infantis. O fantasma, ao
qual o paciente faz referência durante a sessão, diz respeito, justamente, aos
traumas vividos na infância que estão dissociados no psiquismo. Isolados, os
conteúdos não integrados ao ego encontram, através da produção onírica, um
meio de acesso à consciência. Se acompanharmos a lógica do raciocínio de-
senvolvida pelo paciente, torna-se possível afirmar que quando o conteúdo
traumático atinge a consciência, o lençol cai e o que está por baixo do pano
torna-se visível. Diante disso, surge a pergunta: o que fazer frente a frente com
o fantasma? Em outras palavras: como encontrar meios para elaborar situa-
ções traumáticas vividas em momentos nos quais o equipamento linguístico

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responsável pelas operações simbólicas e pela produção de significações não


esteve em ação?
O objetivo deste artigo é elaborar respostas para essas perguntas, partindo
da ideia de que certos tipos de pacientes e determinados momentos do trata-
mento exigem do analista uma postura diferente da assumida quando a inter-
pretação é utilizada como principal ferramenta clínica. Assim, como há sonhos
que não se restringem ao modelo de realização alucinatória dos desejos regi-
dos pelo princípio do prazer, há casos e momentos de um tratamento que es-
capam à lógica da problemática edipiana. Por não estarem relacionados à
interpretação do desejo recalcado, determinados casos exigem do analista uma
mudança de posição referente ao modo de acessar os conteúdos inconscientes.
Estamos assim, diante do que, atualmente, vem sendo chamado de casos e situ-
ações limite, borderlines, pacientes difíceis, etc. Existe uma extensa terminologia
para denominar certos tipos de pacientes, cujo sofrimento primordial está li-
gado a uma problemática narcísico-identitária que possui a clivagem como
mecanismo de defesa principal. Com este tipo de casos, o trabalho analítico
passa a ser realizado com a incumbência de enfrentar os obstáculos impostos
pelo uso da técnica clássica como recurso para a investigação do material trau-
mático clivado, já que este não pode ser situado no domínio da representação
e da significação.
Se na neurose o recalcado retorna e, por meio da rememoração, é passível de
interpretação, nos casos em que traumas precoces continuam atuantes, as percepções
clivadas também retornam. A diferença é o modo e a roupagem utilizados no retor-
no: na medida em que não são de natureza representativa, as percepções clivadas re-
tornam em ato ou por meio dos sonhos traumáticos. Desta forma, o que está em jogo
nos sonhos traumáticos não difere significativamente do que é atuado repetidamente.
Geralmente, através dos diferentes tipos de comunicação não verbal, o paciente faz
com que o analista entre em contato com uma parte de seu psiquismo não percebida
de forma direta por ele mesmo. Para que se tenha acesso a este plano da experiência
subjetiva, é preciso contar com modos de conhecimento e de interação que não de-
pendam apenas da operação verbal, que permitam uma aproximação e entendimen-
to do sentido da experiência do outro com base na percepção, na ressonância afetiva
e na sintonia emocional. Quando o afeto domina a cena, o processo comunicati-
vo é ampliado e passa a comportar e conferir destaque à presença sensível do
analista na sessão. Isto significa que os processos perceptuais e cognitivos do
analista são usados como uma espécie de bússola a fim de facilitar a compre-
ensão das percepções clivadas que penetram no domínio da consciência por
meio dos sonhos traumáticos. Neste contexto, a ideia de sonhar analítico tor-

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na-se peça chave para a condução do tratamento de pacientes cuja capacidade de


rememoração e de representação encontra-se limitada.

Sonhos traumáticos: repetição e rememoração

Em 1920, no Congresso de Haia, Freud fez uma comunicação com o título


Suplemento à teoria dos sonhos, na qual anuncia uma classe de sonhos que se
apresenta como uma exceção à regra de que os sonhos são realizações de dese-
jo, regidos pelo princípio do prazer: “Trata-se dos chamados sonhos ‘traumáti-
cos’, que ocorrem em pacientes que sofreram acidentes, mas que aparecem
também durante a psicanálise de neuróticos, trazendo-lhes de volta traumas
esquecidos da infância” (Freud, 1920a, p. 15). Alguns meses depois, em Mais
além do princípio do prazer (Freud, 1920b), esta ideia é apresentada detalha-
damente, como uma nova categoria de sonhos que visa promover o trabalho de
ligação suspenso. Os sonhos em questão direcionam o sujeito de volta ao even-
to traumático com a finalidade de dominar o excesso de estímulo e processar a
ligação da energia livre. Neste contexto, agir repetidamente assume o caráter de
uma rememoração que ocupa o lugar de uma lembrança não integrada à ca-
deia representativa. Portanto, o material que não é integrado nos sistemas psí-
quicos retorna e se repete com o intuito de engendrar um funcionamento
associativo para que o excesso possa ser elaborado e, finalmente, representado.
É, porém, impossível classificar como realização de desejo os
sonhos que estivemos debatendo e que ocorrem nas neuroses
traumáticas, ou sonhos tidos durante as psicanálises, os quais
trazem à lembrança os traumas psíquicos da infância. Eles sur-
gem antes em obediência à compulsão à repetição, embora seja
verdade que, na análise, essa compulsão é apoiada pelo desejo
(incentivado pela sugestão) de conjurar o que foi esquecido e
reprimido. Dessa maneira, pareceria que a função dos sonhos,
que consiste em afastar quaisquer motivos que possam inter-
romper o sono, através da realização dos desejos dos impulsos
pertubadores, não é a sua função original. Não lhes seria possí-
vel desempenhar essa função até que a totalidade da vida mental
houvesse aceito a dominância do princípio de prazer. Se existe
um ‘além do princípio de prazer’, é coerente conceber que houve
também uma época anterior em que o intuito dos sonhos foi a
realização dos desejos (FREUD, 1920b, p. 49).

Seguindo este raciocínio, Ferenczi (1934) propõe uma função anterior à


transformação dos restos diurnos em realização de desejo: “penso, entretanto,
que o retorno dos restos diurnos já representa por si mesmo uma das funções

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do sonho” (FERENCZI, 1934, p. 128). Sob esta ótica, os restos diurnos são
equiparados a restos de vida e considerados sintomas de repetição de traumas.
A finalidade do retorno dos resíduos de vida no material onírico é de conduzir
o trabalho de ligação a uma resolução que não foi efetuada durante o atraves-
samento do acontecimento traumático originário. Portanto, nesta visada, todo
e qualquer sonho pode ser entendido como uma tentativa de elaboração de
acontecimentos traumáticos.
De acordo com Ferenczi (1929), a dimensão traumática está diretamente
relacionada ao desamparo experimentado pela criança que, desde muito cedo,
registra os sinais da falta de resposta do ambiente frente a situações que ultra-
passam sua capacidade de atribuir significado ao que foi vivido. A permanên-
cia destes sinais não representados no psiquismo são considerados como
propiciadores de traumatismos. O ponto de partida desta concepção é a rela-
ção traumática vivida entre adultos e crianças. Em seu artigo, Confusão de lín-
gua entre os adultos e a criança, Ferenczi (1933) enfatiza uma diferença
observada: a criança se organiza a partir da linguagem da ternura, marcada
pelo faz-de-conta; já, o adulto é dominado pela linguagem da paixão cujo traço
principal é o recalque e a ambivalência. Para fundamentar esta ideia, o meca-
nismo de sedução da criança pelo adulto é descrito como o paradigma da situ-
ação de desamparo pelo ambiente. Neste sentido, a sedução deve ser entendida
como uma violação psíquica:

As crianças sentem-se física e moralmente sem defesa, sua per-


sonalidade é ainda frágil demais para poder protestar, mesmo
que em pensamento, contra a força e a autoridade esmagadora
dos adultos que as emudecem, podendo até fazê-las perder a
consciência. Mas esse medo, quando atinge seu ponto culminan-
te, obriga-as a submeter-se automaticamente à vontade do agres-
sor, a adivinhar o menor de seus desejos, a obedecer esquecendo-se
de si mesmas, e a identificar-se totalmente com o agressor
(­FERENCZI, 1933, p. 117).

No modelo proposto por Ferenczi, o medo da criança transforma a iden-


tificação com o agressor em incorporação fazendo com que este desapareça da
realidade externa e passe a existir no registro intrapsíquico. Desta forma, ins-
tala-se no interior da criança o sentimento de culpa do agressor: “o jogo até
então anódino apresenta-se agora como um ato merecedor de punição”
(­Ferenczi, 1933, p. 117). É justamente neste momento que se estabelece a
confusão de línguas: a criança se sente, ao mesmo tempo, inocente e culpada.
Diante de tal confusão, perde a confiança no testemunho de seus sentidos. É

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possível adicionar a isto, a falta de sustentação do ambiente refletida através da


desqualificação do afeto experimentado pela criança.
De um modo geral, as relações com uma segunda pessoa de
confiança – no exemplo escolhido, a mãe – não são suficiente-
mente íntimas para que a criança possa encontrar uma ajuda
junto dela; algumas tênues tentativas nesse sentido são repelidas
pela mãe como tolices. A criança de quem se abusou converte-
-se num ser que obedece mecanicamente, ou que se fixa em uma
atitude obstinada; mas não pode mais explicar as razões desta
atitude (FERENCZI, 1933, p. 117-8).

O desmentido é experimentado como violação, disparando o dispositivo


da clivagem a partir da qual se observaria, simultaneamente, duas partes da
personalidade em ação: uma estaria preservada, na medida em que tudo sabe,
mas nada sente, ao passo que a outra parte, encontrar-se-ia destruída, destitu-
ída de valor por falta de confiança nos próprios afetos. O corolário disto é a
obediência mecânica ao sentimento de culpa introjetada a partir da identifica-
ção com o agressor. Tal obediência é descrita por Ferenczi (1933) como uma
espécie de transe traumático e se expressa através da compulsão à repetição.
Quando o aumento de excitação não pode ser contido, o princípio do prazer
fracassa e produzem-se experiências traumáticas, colocando a capacidade de elaborar
as experiências vividas fora de ação. Sem a dimensão associativa operante, a compul-
são à repetição entra em cena com sua marca patente: a repetição do trauma. A fun-
ção deste tipo de defesa é a de dominar o excesso de excitação provocado pelo
acontecimento traumático. Ao guiar o sujeito de volta ao acontecimento traumático,
o mecanismo de compulsão à repetição se torna parte integrante dos sonhos repetiti-
vos. Nesse caso, vê-se como as marcas do trauma não são metabolizadas e congelam-
-se, impedindo suas retranscrições e sua articulação em uma rede representacional. A
consequência imediata é que a ação psíquica do trauma conduz à aniquilação do
sentimento de si, levando o sujeito à incapacidade de compreender e de nomear o que
se passa; exigindo, assim, um grau de complexidade psíquica que a criança ainda não
é capaz de ter. O que está em jogo, nessa situação, necessita de tradução, de uma liga-
ção que ainda não foi realizada. Desse jeito, é possível entender que o sonho visa do-
minar à angústia suscitada pelo choque traumático originário. Portanto, frente à
angústia, a atividade onírica pode funcionar como uma tentativa de encontrar senti-
do para o que foi vivido e, assim, propiciar meios de converter o inominável em expe-
riência psíquica traduzida e integrada ao ego. Por conseguinte, os restos do dia e da
vida são impressões psíquicas tendentes à repetição não resolvidas e nem dominadas,
inconscientes e que, talvez, jamais foram conscientes, as quais surgem mais nas con-

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dições do sono e do sonho do que em estado vígil e exploram para seus fins a capaci-
dade de realização de desejo no sonho (FERENCZI, 1934, p. 129).
Para Ferenczi, a tendência à repetição do trauma é mais propícia durante
o sono. Sem a ação da censura e do recalque, o conteúdo traumático encontra
uma via que possibilita o acesso à consciência. Neste sentido, os sonhos atua-
lizam os acontecimentos traumáticos ocorridos na primeira infância. Em cir-
cunstâncias favoráveis, como na regressão, esses conteúdos emergem e
reivindicam solução. Essa regressão pode ser entendida como o estado de
sono, mas também pode ser vivida durante o processo analítico.

Sonhar com: regressão, holding e interpretação

Uma das funções do analista diante da compulsão à repetição, que insiste


em trazer à consciência os conteúdos clivados, é estabelecer conexões entre
lembranças, sentimentos e percepções isoladas. Nesta perspectiva, o analista
pode assumir uma postura diferente da comumente adotada no tratamento
psicanalítico clássico. O manejo deste tipo de cura é sustentado pela associa-
ção livre por parte do analisando, pela atenção flutuante e pela interpretação
do material inconsciente recalcado por parte do analista. Quando o que está
em pauta é o uso da interpretação como ferramenta clínica, caberia ao analista
descortinar o véu que encobre a realidade psíquica, ou seja, os desejos incons-
cientes recalcados e as fantasias que exercem determinação sobre a formação
dos sintomas. Diferentemente das neuroses, o manejo de casos e situações re-
gidos pela compulsão à repetição não opera no domínio da representação e da
significação. Para acessar o material clivado que precisa ser integrado ao eu,
torna-se necessário que o analista participe do trabalho associativo usando o
próprio funcionamento mental. É neste momento que o uso do holding e da
regressão pode entrar em cena.
Regressão e holding são duas expressões usualmente utilizadas para defi-
nir um tipo de manejo clínico proposto por Winnicott (1954a, 1954b), cuja
direção visa o estabelecimento de uma provisão ambiental capaz de fornecer o
suporte necessário para a integração de experiências que não foram metaboli-
zadas, traduzidas, nem tampouco articuladas à rede representacional. Na tra-
dução da obra de Winnicott para o português, o termo holding foi mantido
com a grafia original, devido ao fato de não ter sido encontrada nenhuma pa-
lavra ou expressão capaz de abranger o significado deste termo. Na língua in-
glesa, holding é utilizado no sentido do verbo to hold, que possui alguns
significados compatíveis com a ideia de Winnicott: segurar, aguentar, sustentar

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e conter. Sendo assim, a expressão em questão deve ser entendida como uma
sustentação proveniente do ambiente que possui a peculiaridade de adaptar-se
às necessidades que vão se modificando ao longo do tempo. Quando pensado
em relação ao manejo da transferência, a temática do holding é de crucial im-
portância para a busca de alternativas à prática interpretativa clássica e traz
atrelada a si o conceito de regressão. Diferentemente de Freud, Winnicott não
usa esse termo para traduzir uma ideia de recuo aos pontos de fixação da libi-
do. Para Freud, a regressão seria o resultado de uma interrupção no processo
de desenvolvimento: diante de uma situação traumática, o progresso é inter-
rompido e o desenvolvimento recua em direção aos pontos de fixação da libi-
do. Dessa forma, o sujeito traumatizado passa a lançar mão de mecanismos de
defesa não compatíveis com o estado de desenvolvimento libidinal em que se
encontra. Winnicott, por sua vez, vê na regressão a possibilidade de o paciente
reviver, através da situação de dependência, as falhas de adaptação sofridas nos
primeiros momentos de vida.
O uso clínico da regressão na prática winnicottiana faz parte do processo
de cura de pacientes que não possuem o eu integrado, nesse sentido, é feito a
partir do estabelecimento de um ambiente de holding no setting analítico. Des-
ta forma, é imprescindível incluir no manejo clínico, não só o ambiente, mas,
sobretudo, o modo como este se comporta. Sendo assim, ambiente, setting e a
pessoa do analista devem ser considerados equivalentes. De acordo com essa
lógica, o setting deve ser encarado como parte integrante da personalidade do
analista: este passa a desempenhar um papel efetivo no processo de integração
das experiências que, embora não discursivamente organizadas, são articula-
das, ordenadas e carregadas de sentido. Ao adaptar-se empaticamente às ne-
cessidades do paciente, o analista identifica-se com o sofrimento em questão,
reproduzindo uma situação precoce, na qual o ambiente adapta-se às necessi-
dades do sujeito, apresentando-se como condição de seus processos de inte-
gração. Ao reconhecer e nomear o sofrimento do paciente, o analista empresta
sua sensibilidade, colocando seu funcionamento mental à disposição do pa-
ciente. Deste modo, a função do analista consiste em construir, junto com o
paciente, um campo transferencial-contratransferencial capaz de propiciar o
que podemos chamar, parafraseando Ferenczi, de sonhar com. Para avançar-
mos no entendimento desta ideia, torna-se oportuno investigar as noções de
tato psicológico (FERENCZI, 1928), de construções em análise (FREUD, 1937) e de
contratransferência (FREUD, 1910; HEIMANN, 1960).
Em 1928, na conferência Elasticidade da técnica psicanalítica, Ferenczi
postula a noção de tato psicológico como sendo norteadora da ação do analis-

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ta, principalmente, no que diz respeito à capacidade de perceber “quando e


como se comunica alguma coisa ao analisando” (FERENCZI, 1928, p. 27). Ao
instituir esta medida técnica, um privilégio é dado ao estabelecimento de um
contato empático com o analisando que tem a função de possibilitar uma com-
preensão emocional de “quando se deve calar e aguardar outras associações; e
em que momento o silêncio é uma tortura inútil para o paciente, etc” (FEREN-
CZI, 1928, p. 27). Sendo assim, tato é definido como “a faculdade de ‘sentir
com’ (Einfuhlung)” (FERENCZI, 1928, p. 27). De acordo com esta lógica, é
necessário que o analista adote uma postura flexível, “como uma tira elástica”
e “ceda às tendências do paciente, mas sem abandonar a tração” (FERENCZI,
1928, p. 31-2). Por outro lado, Ferenczi esclarece que tato não é sinônimo de
satisfação de todas as demandas; diz respeito a uma compreensão analítica – “é
uma distância justa, nem a mais nem a menos” (Pinheiro, 1995, p. 110). No
final da referida conferência, é feita, aos analistas, a seguinte recomendação:
“Antes que o médico se decida a fazer uma comunicação, deve primeiramente
retirar por um momento sua libido do paciente e avaliar a situação com frieza:
em nenhum caso deverá deixar-se guiar só pelos seus sentimentos” (FEREN-
CZI, 1928, p. 28). Deste modo, ao se despojar de atitudes sentimentalistas e ao
se colocar no mesmo diapasão do paciente, o analista passa a participar da
sessão, utilizando seus processos psíquicos e a contratransferência como ferra-
mentas clínicas.
Alguns anos mais tarde, no artigo Construções em análise, Freud (1937)
propõe o termo construção para formalizar um trabalho de organização e
composição do material esquecido, não trazido ao registro consciente pelo
analisando. Quando isto acontece, passa a ser tarefa do analista “completar
aquilo que foi esquecido a partir dos traços que deixou atrás de si ou, mais
corretamente, construí-lo” (FREUD, 1937, p. 293). Um pouco antes de chegar
a tal constatação, ao entrar em contato com os elementos apresentados pela
associação livre desenvolvida pelo paciente, Freud fez a seguinte pergunta:
“Que tipo de material põe ele à nossa disposição, de que possamos fazer uso
para colocá-lo no caminho da recuperação das lembranças perdidas (FREUD,
1937, p. 292)?” E logo deu a resposta:

Todos os tipos de coisas. Fornece-nos fragmentos dessas lem-


branças em seus sonhos, valiosíssimos em si mesmos, mas via
de regra seriamente deformados por todos os fatores relaciona-
dos à formação de sonhos. Se ele se entrega à associação livre,
produz ainda ideias em que podemos descobrir alusões às expe-
riências reprimidas e derivados dos impulsos afetivos recalca-

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dos, bem como das reações contra eles. Finalmente, há sugestões


de repetições dos afetos pertencentes ao material reprimido que
podem ser encontradas em ações desempenhadas pelo paciente,
algumas bastante importantes, outras, triviais, tanto dentro
quanto fora da situação analítica. Nossa experiência demons-
trou que a relação de transferência, que se estabelece com o ana-
lista, é especificamente calculada para favorecer o retorno
dessas conexões emocionais. É dessa matéria prima – se assim
podemos descrevê-la – que temos de reunir aquilo que estamos
à procura (FREUD, 1937, p. 292).

De todo o material enumerado, vale à pena destacar o retorno das “cone-


xões emocionais”, propiciado pela relação transferencial. De acordo com Freud,
as conexões emocionais ou, em outros termos, os afetos despertados pela relação
transferencial devem ser usados como matéria-prima para as construções. É im-
portante lembrar que os afetos não são apenas despertados no paciente pelas
conexões emocionais restabelecidas na transferência: os afetos também são des-
pertados no analista pela relação contratransferencial. De modo que, levando às
últimas consequências o que é proposto no trecho citado, é possível afirmar que
os elementos contratransferenciais servem de material para o trabalho de cons-
trução (BERTRAND, 2009). Tal fato nos permite fazer da contratransferência
um elemento que pode ser adicionado ao material enumerado por Freud.
Em Sobre a contratransferência Paula Heimann (1960) apresenta a ideia de
que o psicanalista poderia e, principalmente, deveria servir-se da contratrans-
ferência na clínica. Para a autora, na medida em que, durante a sessão, o in-
consciente do analista engloba o do paciente, o psicanalista deve usar a
contratransferência como um instrumento facilitador da compreensão do in-
consciente do analisando. Esta concepção permite usar as percepções do ana-
lista, baseadas na apreensão de conteúdos afetivos comunicados a partir da
transferência, como elementos não verbais pertencentes à sessão. Mesmo
­participando do trabalho associativo, o analista mantém a “distância justa”
sem se afastar dos fundamentos técnicos (FERENCZI, 1928). Nestas situações,
a neutralidade deve ser concebida como uma forma de proximidade neutra. É
importante lembrar que tal tipo de proximidade não diz respeito ao comparti-
lhamento de experiências; acontece justamente o oposto: quando o analista se
aproxima do material comunicado de forma não- verbal pelo analisando, o
distanciamento em relação aos afetos apreendidos através da relação contra-
transferencial é preservado. Ao se deixar afetar pelas modulações afetivas do
paciente, o psicanalista, preservando a neutralidade, adota certa dose de ativi-
dade que muda a qualidade de sua presença durante a sessão.

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Ao incluir todo o seu funcionamento mental, envolvendo mudanças de


sensibilidade, os processos perceptuais e cognitivos do analista tornam-se par-
te do processo de integração, propiciando, assim, o que podemos chamar de
sonhar com que é vivido quando um campo transferencial-contratranferencial
é construído. Neste contexto, a ideia de sonhar com pode ser entendida de ma-
neira complementar ao que foi estabelecido por Ferenczi (1928) como “sentir
com”: ambas estão relacionadas à disponibilidade do analista de entrar em
contato com o material que não é comunicado verbalmente, sendo que a pro-
posta de sonhar com envolve, além da disponibilidade de estabelecer um tipo
refinado de sintonia afetiva com o paciente, o uso do funcionamento mental
do analista, despertado pelos conteúdos comunicados durante a sessão, como
parte integrante do trabalho de simbolização.

O sonhar analítico e o trabalho de construção

Neste momento torna-se oportuno lançar mão de um sonho recorrente


contado por outro paciente durante uma de nossas sessões: “esse é um sonho
que eu sempre tenho e, por causa dele, até parei de comer chiclete. Eu tô mas-
tigando um chiclete e ele vai crescendo, crescendo e vou ficando com um bolo
de chiclete grande que vai aumentando e me deixando nervoso, mas se eu
cuspir eu perco todos os meus dentes!” Certa vez, depois de escutar o relato do
sonho, a analista disse: “nossa, que agonia! Sempre que escuto você contando
este sonho me dá uma angústia, uma sensação de não ter saída. É como se
fosse assim: se correr o bicho pega e se ficar o bicho come!” Após esta interven-
ção, o paciente disse: “é assim que me sinto! Vivo encurralado. Por isso nunca
consigo me decidir. Me sinto paralisado, não consigo sair do lugar. Agora, pen-
sando no motivo, lembro do meu pai gritando comigo depois de eu seguir to-
das as recomendações da minha mãe. Acho que os dois me confundiam. Eles
sempre foram tão diferentes, não sei como casaram. Separaram quando eu ti-
nha um ano. Será que foi por minha causa que eles casaram?”
Quando o analista faz de seu funcionamento mental uma ferramenta clí-
nica, torna-se possível conceber uma ampliação do campo transferencial-con-
tratransferencial. Tal alargamento permite que a ideia de sonhar analítico entre
em cena. A comunicação das percepções e do estado afetivo do analista diante
do sonho relatado permitiu que o paciente tivesse acesso a conteúdos que se
encontravam sob ação da clivagem. Desta forma, o que está sendo proposto
como sonhar analítico diz respeito à construção de um espaço que possibilita
o acesso ao material clivado que não pode ser expresso verbalmente através da

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rememoração. Neste contexto, a noção de terceiro analítico desenvolvida por


Ogden (1996) merece ser destacada:

Considero o processo analítico como aquele em que o analisan-


do é criado por meio de um processo intersubjetivo similar
àquele presente na identificação projetiva. Uma análise não é
simplesmente um método de descoberta do oculto; é principal-
mente um processo de criação de um sujeito analítico que não
existia antes. Por exemplo, a história do analisando não é desco-
berta, ela é criada na transferência-contratransferência, num
fluxo perpétuo em que a intersubjetividade do processo analíti-
co evolui e é interpretada pelo analista e pelo analisando (ver
Schafer, 1976, 1978). Desta forma, o sujeito analítico é “cria-
do por”, e existe em permanente evolução na intersubjetividade
dinâmica do processo analítico: o sujeito da psicanálise toma
forma no espaço interpretativo entre analista e analisando
(1996, p. 41).

Ogden (1996) propõe uma ampliação da compreensão do processo de


identificação projetiva, fazendo desta uma forma de terceiridade intersubjeti-
va. Sob a ótica deste autor, o processo de identificação projetiva pode ser con-
ceituado como a criação de uma subjetividade. Para sustentar este argumento,
Ogden (1996) apoia-se na teoria de Bion: “a identificação projetiva é conside-
rada um processo em que os pensamentos do bebê que não podem ser pensa-
dos e os sentimentos que não podem ser sentidos são evocados na mãe quando
esta é capaz de se tornar psicologicamente disponível para ser usada” (p. 39).
Neste caso assistimos a criação de uma terceira subjetividade através da inter-
penetração de duas subjetividades: “nessa relação dialética, projetor e ‘reci-
piente’ entram numa relação de estar-em-um (at-one-ment) e estar separado
simultâneas” (p. 40).
Ao transpor esta dialética para a clínica psicanalítica, Ogden (1996) refe-
re-se a “experiência de estar simultaneamente dentro e fora da intersubjetivi-
dade do analista-analisando” como “terceiro analítico” (p. 59). Sendo assim, o
terceiro analítico deve ser entendido como produto da interpenetração produ-
zida pelas subjetividades do analista e do analisando. Para Ogden, a experiên-
cia analítica acontece justamente nesta área terceira que “ocorre no vértice do
passado e do presente e envolve um passado que está sendo recriado (tanto
para o analista quanto para o analisando) por meio de uma experiência produ-
zida entre analista e analisando (isto é dentro do terceiro analítico)” (p. 71-2).
De acordo com esta lógica, torna-se possível conceber a ideia de sonhar analí-
tico como uma produção advinda da construção de um espaço transferencial-

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-contratransferencial que possui a peculiaridade de produzir uma terceira


subjetividade que só existe durante a sessão de análise.
O conceito de “espaço potencial” (WINNICOTT, 1967) fornece subsídios
para o entendimento do funcionamento desta terceiridade. Tal espaço é con-
cebido como uma área intermediária, nem dentro nem fora, isto é, um campo
de interseção formado pela sobreposição entre o que é concebido pelo eu e o
que é fornecido pelo ambiente. Portanto, este espaço não pertence exclusiva-
mente à realidade psíquica nem faz parte do mundo repudiado como não-eu.
Para Winnicott (1967), este espaço tem origem no lugar ocupado pela brinca-
deira que, por sua vez, envolve, hipoteticamente, o primeiro uso do símbolo
pela criança. No desenvolvimento emocional infantil, o simbolismo entra em
cena para remediar o gradual processo de separação da dupla mãe-bebê. Para
remediar tal perda e para que a falta materna não se estabeleça, algo é encon-
trado e criado pela criança: um ursinho, a ponta de um cobertor ou até mesmo
um ruído de um movimento respiratório, podem ser destacados e constituídos
com um objeto ou fenômeno transicional (WINNICOTT, 1951).

O objeto constitui um símbolo da união do bebê e da mãe (ou


parte desta). Esse símbolo pode ser localizado. Encontra-se no
lugar, no espaço e no tempo, onde e quando a mãe se acha em
transição de (na mente do bebê) ser fundida ao bebê e alternati-
vamente ser experimentada como objeto a ser percebido, de
preferência a ser concebido (WINNICOTT, 1967, p. 135).

Portanto, os objetos e fenômenos transicionais podem ser entendidos


como algo que é produzido para que o espaço entre a mãe e o bebê esteja per-
manentemente em estado potencial, isto é, para que este espaço nunca se cons-
titua como tal. Se transpusermos estas indicações para o campo em que se
desenrola o processo analítico, é possível conceber que analista e analisando
estão simultaneamente fundidos e separados. Acreditamos que é justamente
este estado de ligação que possibilita o que está sendo proposto como sonhar
analítico. Isto é, uma construção conjunta do inconsciente do paciente e do analista
vivida em um tempo específico no espaço transfererencial-contratranferencial
(­OGDEN, 1996; COELHO JUNIOR, 2013).
Para terminar, é importante retomar A interpretação dos sonhos (Freud,
1900) e lembrar que, desde sua escrita, Freud torna o processo onírico indissociável
da ideia de ligação. Ou seja, quando o analista entra em contato com o conteúdo ma-
nifesto do sonho, já se encontra diante de um trabalho de simbolização realizado
previamente pelo sonhador que, ao recordar e relatar o material onírico, estabelece

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ligações capazes de indicar uma via de acesso ao inconsciente. Por outro lado, quando
o paciente entra em contato com as interpretações oferecidas pelo analista encontra-
-se também diante de um trabalho de ligação. Seguindo este raciocínio, uma sessão
de análise pode ser concebida como um sonho, ou, como a ação de sonhar. Isto atesta
o lugar de pedra angular ocupado pelos sonhos e, consequentemente, pelo sonhar no
funcionamento psíquico e na técnica psicanalítica.

Perla Klautau
pklautau@uol.com.br

Monah Winograd
winograd@uol.com.br

Tramitação:
Recebido em 08/09/2013
Aprovado em 26/09/2013

Referências
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