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Como a psicologia pode atrapalhar seu(sua) filho(a)

“Posso colocá-lo(a) de castigo?”

“Isso irá traumatizá-lo(a)?”

“Será que ele(a) tem transtorno de aprendizagem?”

“Como melhorar a autoestima em 10 passos”

Esses e outros questionamentos são recorrentes em pais, mães e responsáveis. Eu tive um filho
recentemente, e confesso que ter feito terapia me ajudou muito, porém o excesso de teorias psicológicas,
pediátricas, pedagógicas, neuro “alguma coisa”, me tiraram do eixo.

Há algum tempo venho pensando sobre esse excesso de normas, teorias, receitas e previsões de
especialistas. Vejo constantemente, na escola, profissionais cheios de certezas, pais estudiosos em
abordagem “x”, laudos e diagnósticos condicionantes, e as crianças, o foco principal, invisíveis e
sobrecarregadas. Lógico que o conhecimento democrático, o saber psi e o avanço da ciência são positivos e
úteis. As terapias são necessárias em muitos casos. Não entendam que não precisamos de ajuda técnica e
científica para melhorar a vida dos nossos filhos e alunos. Falo aqui do excesso, do modismo e da busca
desenfreada pelo melhoramento pessoal.

Diante de tanta informação e sede de soluções, podemos, ingenuamente, abafar nossa essência e
autenticidade, pior ainda, fazer-nos cegos diante da pessoa à nossa frente. Muitas vezes, as teorias e
técnicas estão vindo primeiro que as crianças, tendo até um efeito colateral negativo no percurso natural
do desenvolvimento desse sujeito. Muitos comportamentos são esperados e normais para uma certa faixa
etária, precisam apenas de tempo para maturar. Pais e educadores ávidos pelo desenvolvimento a
qualquer custo se esquecem de refletir sobre como está a criança hoje! Ela está feliz? Ela está tendo
infância?

Muitas vezes essa busca pela palavra de um especialista é para resolver problemas, culpas e mazelas dos
responsáveis, e não das crianças. Queremos acabar com um desconforto que é nosso! Aí quem será que
precisa de terapia?

É primordial lembrarmos que antes de tudo estamos falando de relações, de sujeitos – adultos e crianças –
com potencias e limitações. Além disso, os pais precisam acreditar no poder de intervenção que eles têm,
precisam resgatar sua segurança e se responsabilizarem por algumas escolhas que cabem apenas a eles
fazerem em relação aos filhos.

O saber científico, o saber das tradições e a essência pessoal nos pedem um constante equilíbrio e bom
senso. Que tenhamos a sabedoria de dar voz a cada um deles no momento certo.

Renata Tiburcio – Setor de Psicologia Educacional

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