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Beira
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Breves considerações
Importa referir que, a pesar da Constituição de 1975 visar a paz, estabilizar o governo e
os direitos humanos e as garantias do cidadão. Essa realidade parecia utópica, pois, nos
Títulos I e II desta Constituição, constava de forma dispersa e limitada um conjunto de
direitos que contemplavam os seguintes postulados:
Na nossa óptica, a não inclusão dos direitos acima mencionados, pode ter sido
motivação para à morte por fuzilamento dos cidadãos: Uria Simango, Lazaro
Nkavandame, Mateus Ngwegere, Julio Razão, Joana Simiao e Paulo Gumane. Pois,
analisando pelos objectivos fundamentais estatuídos no artigo 4º do Titulo I, o facto da
Constituicao ter surgido como culminar da luta que visava o estabelecimento de um
Estado independente, a questão da defesa do território, da unificação do povo na
diversidade, da eliminação do colonialismo e imperialismo, em nossa analise,
constituíam os elementos angulares de auto-afirmação do Estado, o cidadão na sua
singularidade não foi tomado como questão de primeiro plano.
O acento estava posto na colectividade, razão pela qual o individuo não constava nas
prioridades legais 1a Republica de Moçambique, podendo por isso ser sacrificado ate
com actos de tortura e morte, porque a noção de dignidade humana estava ate certo
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ponto, diluída com a própria guerra que levou a independência e a guerra civil que
surgiu logo a seguir a independência e que teve como uma das conseqüências a
degeneração total do tecido humano, com a introdução nas leis ordinárias de penas
degradantes (de morte em 1979 e de chicotada em 1980). Os princípios básicos da
dignidade humana, que conforme a interpretação do artigo 5º da Carta Africana (1991)
significa o direito a não ser torturado, violentado, espancado, chicoteado ou vergastado,
não foram devidamente inseridos ou mesmo, observados na Constituição da Republica
Popular de Moçambique de 1975.