GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
EEEP OSMIRA EDUARDO DE CASTRO
SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA - SAEB LÍNGUA PORTUGUESA AULA 05 (D02) Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto. (D07) Identificar a tese de um texto. (D08) Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.
01. (D02) Leia o texto abaixo:
A herança Nos versos: “E sua segunda metade / voltava Tenho muito carinho pelo meu telefone fixo. E isso igualmente com meio perfil” (v.7-8). A palavra desde os tempos em que ele não era chamado de destacada refere-se à telefone fixo, mas apenas de telefone. Embora eu (A) verdade. perceba que ele não seja lá tão fixo assim, já que (B) pessoa. circula com desenvoltura pela casa toda. (C) miopia. Meu pai não foi homem de muitas posses [...] nunca (D) ilusão. comprou nada, com raras exceções, nada que pudesse (E) porta. ficar, por exemplo, como herança. Entre as exceções, havia um telefone. [...] Era isso que eu queria dizer. 03. (D02) Enem 2017 Ganhei de herança do meu pai um telefone. (...) E é Fazer 70 anos essa linha que eu vejo agora vivendo seus últimos dias. Fazer 70 anos não é simples. De pouco me serve aquele telefone fixo. Amigos, A vida exige, para o conseguirmos, colegas, parentes, propostas de trabalho, chateações perdas e perdas no íntimo do ser, de telemarketing - tudo chega a mim pelo telefone como, em volta do ser, mil outras perdas. celular. [...] Ó José Carlos, irmão-em-Escorpião! Nós o conseguimos... No trecho "E isso desde os tempos em que..." o E sorrimos pronome destacado retoma o trecho: de uma vitória comprada por que preço? a) "Tenho muito carinho pelo meu telefone fixo.". Quem jamais o saberá? b) "... os tempos em que ele não era chamado de telefone fixo,..." ANDRADE, C. D. Amar se aprende amando. São Paulo:Círculo do c) "Embora eu perceba que ele não seja lá tão fixo Livro, 1992 (fragmento). assim,...". d) "... já que circula com desenvoltura pela casa toda.". O pronome oblíquo “o”, nos versos “A vida exige, para e) "Meu pai não foi homem de muitas posses...". o conseguirmos” e “Nós o conseguimos”, garante a progressão temática e o encadeamento textual, 02. (D02) Leia o texto abaixo: recuperando o segmento Verdade A) “Ó José Carlos”. A porta da verdade estava aberta, B) “perdas e perdas”. mas só deixava passar C) “A vida exige”. meia pessoa de cada vez. D) “Fazer 70 anos”. E) “irmão-em-Escorpião” Assim não era possível atingir toda a verdade, porque a meia pessoa que entrava 04. (D07) (PAEBES). Leia os textos abaixo e só trazia o perfil de meia verdade. responda. E sua segunda metade Desmatar não vale a pena voltava igualmente com meio perfil. Desmatar é ruim, mas traz crescimento E os meios perfis não coincidiam. econômico. Isso é o que fizeram você acreditar durante muito tempo. A realidade é bem diferente. O modelo de Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. ocupação predominante na Amazônia é baseado na Chegaram ao lugar luminoso exploração madeireira predatória e na conversão de onde a verdade esplendia seus fogos. terras para agropecuária. É o que eu chamo de Era dividida em metades “boom-colapso”: nos primeiros anos da atividade diferentes uma da outra. econômica baseada nesse modelo, ocorre um rápido e efêmero crescimento (o boom). Mas, em seguida, vem Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. um declínio significativo em renda, emprego e Nenhuma das duas era totalmente bela. arrecadação de tributos (o colapso). A situação de E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, quem era pobre fica ainda pior. sua ilusão, sua miopia. Esse modelo é nefasto em todos os sentidos. O avanço da fronteira na Amazônia é marcado pelo http://www.analisedetextos.com.br/2010/09/analise-do-poema-verdad e-de-carlos.html. desmatamento, pela degradação dos recursos naturais (E) as pessoas evoluíram a etiqueta para e, se não bastasse tudo isso, pela violência rural. descomplicá-la. Em pouco mais de três décadas, o desmatamento passou de 0,5% do território da floresta original para quase 18% do território, em 2008. Além 06. (D07) Enem - 2012 disso, áreas extensas de florestas sofreram Entrevista - Almir Suruí degradação pela atividade madeireira predatória e Não temos o direito de ficar isolados devido a incêndios florestais. Soa contraditório, mas a mesma modernidade que VERÍSSIMO, Beto. Galileu. set. 2009. Fragmento. quase dizimou os suruís nos tempos do primeiro contato promete salvar a cultura e preservar o Nesse texto, o autor discorda de qual tese? território desse povo. Em 2007, o líder Almir Suruí, A) “Desmatar é ruim, mas traz crescimento de 37 anos, fechou uma parceria inédita com o econômico.”. Google e levou a tecnologia às tribos. Os índios B) “É o que eu chamo de “boom-colapso”: nos passaram a valorizar a história dos anciãos. E a primeiros...”. resguardar, em vídeos e fotos on–line, as tradições C) “A situação de quem era pobre fica ainda pior.”. da aldeia. Ainda se valeram de smartphones e GPS D) “Esse modelo é nefasto em todos os sentidos.”. para delimitar suas terras e identificar os E) “O avanço da fronteira na Amazônia é marcado...”. desmatamentos ilegais. Em 2011, Almir Suruí foi eleito pela revista americana Fast Company um dos 05. (D07) Leia o texto a seguir e responda. 100 líderes mais criativos do mundo dos negócios. O teatro da etiqueta ÉPOCA – Quando o senhor percebeu que a internet No século XV, quando se instalavam os Estados poderia ser uma aliada do povo suruí? nacionais e a monarquia absoluta na Europa, não Almir Suruí – Meu povo acredita no diálogo. Para havia sequer garfos e colheres nas mesas de nós, é uma ferramenta muito importante. Sem a refeição: cada comensal trazia sua faca para cortar tecnologia, não teríamos como dialogar um naco da carne – e, em caso de briga, para suficientemente para propor e discutir os direitos e cortar o vizinho. Nessa Europa bárbara, que territórios de nosso povo. Nós, povos indígenas, começava a sair da Idade Média, em que nem os não nobres sabiam escrever, o poder do rei devia se temos mais o direito de ficar isolados. Ao usar a afirmar de todas as maneiras aos olhos de seus tecnologia, valorizamos a floresta e criamos um súditos como uma espécie de teatro. Nesse novo contexto surge a etiqueta, marcando momento a modelo de desenvolvimento. Se a gente usasse a momento o espetáculo da realeza: só para servir o tecnologia de qualquer jeito, seria um risco. Mas vinho ao monarca havia um ritual que durava até hoje dez minutos. temos a pretensão de usar a ferramenta para valorizar nosso povo, buscar nossa autonomia e Quando Luís XV, que reinou na França de 1715 a ajudar na implementação das políticas públicas a 1774, passou a usar lenço não como simples peça favor do meio ambiente e das pessoas. de vestuário, mas para limpar o nariz, ninguém RIBEIRO, A. Época, 20 fev. 2012 (fragmento). mais na corte de Versalhes ousou assoar-se com os dedos, como era costume. Mas todas essas As tecnologias da comunicação e informação regras, embora servissem para diferenciar a podem ser consideradas como artefatos nobreza dos demais, não tinham a petulância que a culturais. No fragmento de etiqueta adquiriu depois. Os nobres usavam as entrevista, Almir Suruí argumenta com base no boas maneiras com naturalidade, para marcar uma pressuposto de que diferença política que já existia. E representavam a) as tecnologias da informação presentes nas esse teatro da mesma forma para todos. Depois da aldeias revelam–se contraditórias com a Revolução Francesa, as pessoas começam a memória coletiva baseada na oralidade. aprender etiqueta para ascender socialmente. Daí b) as tradições culturais e os modos de por que ela passou a ser usada de forma desigual – transmiti–las não são afetados pelas só na hora de lidar com os poderosos. tecnologias da informação. Revista Superinteressante, junho 1988, nº 6 ano 2. c) as tecnologias da informação inviabilizam o desenvolvimento sustentável nas aldeias. Nesse texto, o autor defende a tese de que d) as tecnologias da informação trazem novas (A) a etiqueta mudou, mas continua associada aos possibilidades para a preservação de uma interesses do poder. cultura. (B) a etiqueta sempre foi um teatro apresentado e) as tecnologias da informação permitem que os pela realeza. povos indígenas se mantenham isolados em (C) a etiqueta tinha uma finalidade democrática suas comunidades. antigamente. (D) as classes sociais se utilizam da etiqueta desde 07. (D08) (SPAECE). Leia o texto abaixo. o século XV. [...] O celular destruiu um dos grandes prazeres eles mudavam pouco. Esses dados sugerem que havia do século passado: prosear ao telefone. um bom mercado consumidor no Brasil. Hoje, por culpa deles somos obrigados a atender NARLOCH, L. Superinteressante, n. 6, 2014 (adaptado). chamadas o dia todo. Viramos uma espécie de telefonistas de nós mesmos: desviamos chamadas, O autor do texto A nova história do Brasil apresenta pegamos e anotamos recados... uma posição crítica sobre as narrativas históricas. Depois de um dia inteiro bombardeado por ligações curtas, urgentes e na maioria das vezes Essa posição se fundamenta no argumento de que irrelevantes, quem vai sentir prazer numa simples a) os livros didáticos devem ser reformulados conversa telefônica? O telefone, que era um momento regularmente. de relax na vida da gente, virou um objeto de trabalho. b) os novos dados podem reconstruir as narrativas da O equivalente urbano da velha enxada do história brasileira. trabalhador rural. Carregamos o celular ao longo do dia c) o distanciamento ideológico deve estar presente nos como uma bola de ferro fixada no corpo, uma prova livros de história. material do trabalho escravo. d) a narrativa da história brasileira está organizada O celular banalizou o ritual de conversa à entre antes e depois de 1933. distância. No mundo pré-celular, havia na sala uma e) a história brasileira está dividida entre os grupos que poltrona e uma mesinha exclusivas para a arte de a narram, comunistas e capitalistas. telefonar. Hoje, tomamos como num transe, andamos pelas ruas, restaurantes, escritórios e até banheiros 09. (D08) - Enem 2010 públicos berrando sem escrúpulos num pedaço de A carreira do crime plástico colorido. Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Misteriosamente, uma pessoa ao celular ignora a Cruz sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de presença das outras. Conta segredos de alcova dentro drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais do elevador lotado. É uma insanidade. Ainda não dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as denunciada pelos jornalistas, nem, estudada com o dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao devido cuidado pelos médicos. Aliás, duas das classes crime organizado. mais afetadas pelo fenômeno. O tráfico oferece ao jovem de escolaridade precária A situação é delicada. [...] (nenhum dos entrevistados havia completado o ensino O Estado de S. Paulo, 29/11/2004. fundamental) um plano de carreira bem estruturado, com salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000 Qual é o argumento que sustenta a tese defendida pelo mensais. Para uma base de comparação, convém autor desse texto? notar que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da A) A arte de telefonar se tornou prazerosa. população brasileira com mais de dez anos que declara B) A sociedade destruiu velhos costumes. ter uma atividade remunerada ganha no máximo o ‘piso C) A vida moderna priorizou o telefone. salarial’ oferecido pelo crime. Dos traficantes ouvidos D) O celular elitizou todos os profissionais. pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000 E) O homem tornou-se escravo de celular. mensais; já na população brasileira essa taxa não ultrapassa 6%. 08. (D08) Enem - 2017 Tais rendimentos mostram que as políticas sociais compensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga R$ 15 A nova história do Brasil mensais por aluno matriculado), são por si só Grande parte da história que os brasileiros incapazes de impedir que o narcotráfico continue conhecem hoje, aquela que ainda está na maioria dos aliciando crianças provenientes de estratos de baixa livros didáticos, foi criada entre 1960 e 1980. Era um renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento tempo mais tenso do que é hoje. A Guerra Fria dividia familiar e incentivam os pais a manterem os filhos os países, os governantes e os intelectuais entre estudando, o que de modo algum impossibilita a opção comunistas e capitalistas. Se no governo dominavam pela deliquência. No mesmo sentido, os programas os capitalistas, nas universidades predominavam as voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado ideias e os métodos de Karl Marx, o pai do comunismo (circo-escola, oficinas de cultura, escolinhas de futebol) científico. Mas o tempo passou. Aos poucos, os são importantes, mas não resolvem o problema. pesquisadores ficaram um pouco mais longe das A única maneira de reduzir a atração exercida pelo ideologias e passaram a tirar conclusões sem tanto tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os medo de aderir a um ou outro lado da política. que escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos A visão clássica do Brasil colonial nasceu com o aos adolescentes provam isso: eles são elevados intelectual paulista Caio Prado Júnior em 1933. No livro precisamente porque a possibilidade de ser preso não Evolução política do Brasil, ele afirma que a sociadade é desprezível. É preciso que o Executivo federal e os brasileira era simples e desigual. Tudo girava em torno estaduais desmontem as organizações paralelas do latifúndio, que deixava só a miséria por aqui. Até erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de que, na década de 1990, historiadores descobriram punição elimine o fascínio dos salários do crime. Editorial. Folha de São Paulo. 15 jan. 2003. dados que não batiam com a teoria. Registros dos portos do Rio de Janeiro e de Salvador mostravam No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas que, em épocas de crise na Europa, quando os preços sociais que procuram evitar a entrada dos jovens do açúcar e algodão desabavam pelo mundo, no Brasil compensatória que aquela oferecida pelos programas do governo”. Para comprovar sua tese, o autor apresenta A) instituições que divulgam o crescimento de jovens no crime organizado. B) sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida pelo crime organizado. C) políticas sociais que impedem o aliciamento de crianças no crime organizado. D) pesquisadores que se preocupam com os jovens envolvidos no crime organizado. E) números que comparam os valores pagos entre os programas de governo e o crime organizado.