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Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa

MBA EM PROJETO, EXECUÇÃO E CONTROLE DE ENGENHARIA ELÉTRICA

PROJETO E EXECUÇÃO DE

SUBESTAÇÕES DE ALTA TENSÃO

Antônio César Baleeiro Alves


Doutor em Engenharia Elétrica, UNICAMP (1997)
Professor titular aposentado/UFG
Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa

MBA EM PROJETO, EXECUÇÃO E CONTROLE DE ENGENHARIA ELÉTRICA

PROJETO E EXECUÇÃO DE SUBESTAÇÕES DE ALTA TENSÃO:

 Unidade I: Subestações: Classificação, Topologias, Equipamentos e


Simbologia

 Unidade II: Análise de Transitórios Eletromagnéticos e Coordenação de


Isolamento

 Unidade III: Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção de


Subestações

 Unidade IV: Dimensionamento da Malha de Aterramento de Subestações


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Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa

MBA EM PROJETO, EXECUÇÃO E CONTROLE DE ENGENHARIA ELÉTRICA

UNIDADE I - A

Conceituação, Classificação, Arranjos, Simbologia e Recomendações

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Faixas de tensões nominais (sistema elétrico brasileiro)

Baixa tensão • Até 1kV (inclusive)

Média tensão • Maior que 1kV até 69kV (inclusive)

Alta tensão • De 69 a 230kV (inclusive)

Extra alta
• Acima de 230 até 800kV (inclusive)
tensão
Ultra alta
• Maior que 800kV
tensão

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Exemplos de tensões nominais

Baixa tensão • 127; 120; 220; 240; 380; 440 V

Média tensão • 2,2; 4,16; 13,8; 34,5; 44; 69kV

Alta tensão • 69; 88; 138; 230kV

Extra alta • 345; 525; 600; 765; 800kV


tensão
Ultra alta
• Inexistente no Brasil
tensão

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Subestação de energia elétrica: o que é?

“É o conjunto de instalações elétricas em média ou alta tensão que

agrupa os equipamentos, condutores e acessórios, destinados à

proteção, medição, manobra e transformação de grandezas elétricas”.

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Subestação conforme a ABNT:

“Parte de um sistema de potência concentrada em um dado

local, compreendendo primordialmente as extremidades de

linhas de transmissão e/ou distribuição, com os respectivos

dispositivos de manobra, controle e proteção, incluindo

obras civis e estruturas de montagem, podendo incluir

também transformadores, conversores e/ou outros

equipamentos”.
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Classificação das Subestações

A. Quanto à função:

 SE de manobra, transformação, distribuição, de regulação de tensão

e SE conversora

B. Quanto ao nível de tensão:

 SE de média, alta e extra alta tensão

C. Quanto ao tipo de instalação:

 SE desabrigadas, abrigadas e SE blindadas

D. Quanto à forma de operação:

 SE com operador, semi-automatizadas e SE automatizadas


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Subestações blindadas (compacta e isolada a Gás)

Nestas subestações, os equipamentos são completamente protegidos e

isolados em óleo ou em gás (ar comprimido ou SF6). SE compacta

possui elevado grau de compactação (10% de uma SE convencional).

SE GIS: abrange
tensões de 72,5kV
a 1.200kV.

Fonte:
http://www.grupovision
.com.br/solucoes/gis/
Subestação compacta

blindada, isolada a Gás

Fonte: http://www.grupovision.com.br/solucoes/gis/
Subestação compacta

blindada, isolada a

Gás

Fonte: http://new.abb.com/high-voltage/pt/gis
Subestação compacta

blindada, isolada a Gás

Tecnologia GIS compacta Fonte: AES Eletropaulo SA


blindada com isolamento
a gás SF6
Subestação convencional
SE Mondaí Capivara CELESC 138/23 kV.

Fonte: http://www.celesc.com.br/
Subestação convencional
SE Nova Venécia ES 230/138 kV.

Fonte: http://www.mweng.com.br/site/obras
Subestação convencional
SE Nova Venécia ES 230/138 kV.

Fonte: http://www.mweng.com.br/site/obras
Subestação abrigada (compacta)
SE Paineiras (ETD)

Fonte: AES Eletropaulo


O que é barra (ou barramento)?

✓ Nó elétrico que permite a divisão da corrente;

✓ Conexão de dois ou mais circuitos;

✓ Ponto de entrada de linhas (EL) e saída de linhas (SL).

Características:
✓ Ocorrência de falta na barra é pouco provável;

✓ Falta na barra pode provocar o desligamento de muitos circuitos;

✓ Correntes de falta são geralmente muito elevadas;

✓ Arranjos (topologias) são pensados para minimizar o número de

circuitos interrompidos. 17
Disjuntor, relé e chave seccionadora

Disjuntor
Chave
+
seccionadora

relé
Disjuntor, relé e chave seccionadora

Disjuntor
Chave
+
seccionadora

relé
Configurações de barras/Arranjos/Topologias

▪ Barra simples – um disjuntor

▪ Barra simples com disjuntor de conexão

▪ Barra principal e de transferência

▪ Barra dupla – disjuntor simples

▪ Barra dupla – duplo disjuntor

▪ Barra em anel

▪ Barra dupla com disjuntor e meio

▪ Barra e transformador 20
Barra simples, um disjuntor

No DJ = No Circuitos
Características: barra simples, um disjuntor

• Configuração simples e econômica;

• Falta/manutenção na barra ⇒ desligamento total;


• Não oferece possibilidade de manobra para realocação de circuitos;

• Arranjo típico de SE de distribuição.

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Barra simples e transformador

Economiza DJ aqui

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Características: barra simples e transformador

• Aplicável quando um transformador alimenta todos os circuitos;

• Manutenção requer o desligamento de pelo menos um circuito;

• Falta na barra ou no transformador ⇒ desliga todos os circuitos;

• Não oferece possibilidade de manobra para realocação de circuitos;

• Aplicado em redes de distribuição.

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Barra simples com
disjuntor de conexão

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No DJ = No Circuitos + 1
Características: barra simples com disjuntor de conexão

• Falta/manutenção na barra ⇒ desligamento de parte dos circuitos;


• Não oferece possibilidade de manobra para realocação de circuitos.

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Barra simples com
disjuntor de
conexão

(disjuntor de
DJ fechado
conexão fechado)
Barra simples com
disjuntor de conexão
(defeito na barra:
disjuntor abre)

DJ atuou
Barra principal e
de transferência

bay de transferência

No DJ = No Circuitos + 1
Características: barra principal e de transferência

• Barra de Transferência só recebe um circuito por vez;

• Falta/manutenção na barra Principal ⇒ desliga todos os circuitos;


• Manutenção em chave/disjuntor, não desliga circuitos;

• Há possibilidade de manobra para realocação de circuitos.

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Barra principal e de transferência

(funcionamento normal)
Barra principal e de transferência

(manutenção no disjuntor do circuito 4)

DJ retirado
Barra dupla,
disjuntor simples

Muito utilizada no Brasil,


principalmente em 138 e
230kV

No DJ = No Circuitos + 1
Características: barra dupla, disjuntor simples

• Barramentos podem receber todos os circuitos;

• Falta/manutenção na barra ⇒ não desliga todos os circuitos;


• Manutenção em chave/disjuntor, não desliga circuitos;

• Para manutenção em disjuntor, pode operar como se “Principal” e

“Transferência” fosse;

• Há possibilidade de manobra para realocação de circuitos.

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Barra dupla,
disjuntor simples
(funcionamento
normal)
Barra dupla,
disjuntor simples
(barra com defeito)
Barra dupla,
disjuntor simples
(manutenção do
DJ retirado
disjuntor 1)
DJ retirado

Barra dupla,
disjuntor simples
(manutenção em DJ1
e operação com
barras principal e
transferência )
Barra dupla, disjuntor duplo

No DJ = 2×(No Circuitos) 39
Características: barra dupla, disjuntor duplo

• São dois barramentos: configuração de custo elevado;

• Barramentos podem receber todos os circuitos;

• Falta/manutenção na barra ⇒ não desliga todos os circuitos;


• Manutenção em chave/disjuntor, não desliga circuitos;

• Desligamento da barra sob falta é automático ⇒ fornecimento pela


outra barra;

• Há flexibilidade de manobra para realocação de circuitos.

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Barra dupla, disjuntor duplo
(funcionamento normal)
Barra dupla, disjuntor duplo
(manutenção da barra 1)
Barra dupla, disjuntor
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duplo e gerador
Barra dupla, disjuntor
duplo sem DJ de
transferência e duas
44
linhas
Barra em
anel

No DJ = No Circuitos

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Características: barra em anel

• Configuração mais flexível para menor número de disjuntores;

• Exige um TP por circuito;

• Não permite proteção diferencial de barra;

• Cada segmento de barra é protegido como parte da linha;

• Falta/manutenção em disjuntor ⇒ não desliga os circuitos;


• Segunda falta ou desligamento pode desligar todos os circuitos;

• Arranjo comum em tensões elevadas.

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Barra em anel
(funcionamento normal)
DJ retirado Barra em anel
(manutenção de disjuntor)
DJ retirado Barra em anel
(dupla falta)

Durante
manutenção do DJ
ocorre uma falta
Barra dupla com disjuntor e meio

Usual no Brasil
nas SEs acima de 50
345kV No DJ = 1,5×(No Circuitos)
Características: barra dupla com disjuntor e meio

• Configuração mais flexível que a “Barra em anel”;

• Exige um TP por circuito;

• Permite proteção diferencial de barra;

• Falta/manutenção em disjuntor ⇒ não desliga os circuitos;


• Segunda falta ou desligamento pode desligar todos os circuitos;

• Arranjo comum em tensões elevadas e com muitos circuitos.

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Barra dupla com
disjuntor e meio

4 circuitos
(por simplicidade
didática)
Barra dupla com
disjuntor
e meio
(funcionamento
normal)
Barra dupla com
disjuntor
DJ retirado e meio
(manutenção de
disjuntor)
Barra dupla com
disjuntor
e meio
(manutenção da
barra 1)
Configuração da Equipamento instalado* Número de disjuntores a operar
barra para desligar uma saída
no. de no. de chaves
disjuntores seccionadoras
Barra simples c 2c 1
Barra simples com c+1 2c + 2 1
disjuntor de
conexão
Barra principal e de c+1 3c + 2 1
transferência
Barra dupla, c+1 3c + 2 1
disjuntor simples
Barra dupla, 2c 4c 2
disjuntor duplo
Anel c 3c 2
Barra dupla com 1½c 4c 2
disjuntor e meio
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* c = número de circuitos.
Configuração da barra Economia Em caso de defeito
e manutenção
Barra simples Baixo investimento Exige desligamento total da SE
Barra simples com disjuntor − Sob defeito, metade opera
de conexão
Barra principal e de − −
transferência
Barra dupla, disjuntor Maiores requisitos Permite manter a SE operando
simples técnicos → custo maior
Barra dupla, disjuntor duplo Custo elevado Manutenção do DJ não desliga
(não recomendado em SE de AT) a saída
Anel Para pequeno no de Um DJ pode ser removido para
saídas e tem arranjos manutenção sem interrupção
mais complexos da carga
Barra dupla com disjuntor e Aplicável a no mínimo Se usar um TC por DJ, pode
meio 4 saídas (o ideal é 6) ocorrer desligamento indevido
(muito usado no Brasil e EUA)

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Configuração da barra Confiabilidade Área requerida

Barra simples Baixíssima Menor área e menor no de


componentes
Barra simples com disjuntor − −
de conexão
Barra principal e de Baixa Pequena área e poucos
transferência componentes
Barra dupla, disjuntor Moderada Área moderada e no de
simples componentes um pouco maior
Barra dupla, disjuntor duplo − Grande área e dobro do
(não recomendado em SE de AT) número de componentes

Anel − Área moderada


Barra dupla com disjuntor e Alta Grande área e maior no de
meio componentes por circuito
(muito usado no Brasil e EUA)

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Textos de referência:
ONS – Operador Nacional do Sistema, “Módulo 2 (submódulo 2.3) dos Procedimentos de
Redes–Padrões de Desempenho da Rede Básica e Requisitos Mínimos para suas
Instalações”. Rio de Janeiro, RJ, versão 2.0-2011. Disponível em: <http://www.ons.org.br>.

Equipamentos de Alta Tensão - Prospecção e Hierarquização de Inovações Tecnológicas.


Org. Sérgio O. Frontin. 1a edição. 2013. Brasília – DF. 934p. Cap. 2: Subestações de alta
tensão.

IEEE. IEEE Std 80-2013. Guide for safety in AC substation grounding. IEEE Power and
Energy Society. 2013.

IEEE Std. C37.122™- 2010, IEEE Standard for Gas-Insulated Substations.

IEEE Std. 979™ -2012, IEEE Guide for Substation Fire Protection.

IEEE Std. 998™ -2012, IEEE Guide for Direct Lightning Stroke Shielding of Substations.

IEEE Std. 605™ -2008, IEEE Guide for Design of substation Rigid –Bus Structures

J. Lewis Blackburn and Thomas J. Domin. Protective Relaying: Principles and Applications,
3rd ed. CRC Press. 2006. 664p.
<https://www.crcpress.com/Protective-Relaying-Principles-and-Applications-Third-
Edition/Blackburn-Domin/p/book/9781574447163>
Requisitos para localização de uma Subestação

1. Situar tanto quanto possível próxima do centro de carga;


2. Localizar a SE de tal modo que a regulação adequada da tensão possa ser obtida
sem a realização de medições abrangentes;
3. Selecionar a localização da SE de tal maneira a permitir o acesso de linhas de
transmissão que chegam e de alimentadores primários que dela emanam, além de
permitir o crescimento;
4. O local escolhido deve permitir a expansão futura da SE, por isso, é importante ter
espaço livre nas vizinhanças;
5. O local selecionado não pode situar-se em áreas de reservas (preservação etc.) ou
em locais onde existam litígios sobre a terra;
6. A localização deve favorecer a minimização do número de consumidores afetados
por quaisquer descontinuidades do serviço;
7. Outras considerações, tais como adaptabilidade, emergência etc. 60
Obras necessárias em uma Subestação

1. Terraplenagem;
2. Drenagem;
3. Aterramento;
4. Fundações;
5. Canaletas;
6. Casa de comando;
7. “Arruamento”;
8. “Embritamento”;
9. Alambrado;
10. Montagem eletromecânica;
11. Estruturas metálicas;
12. Barramento aéreo;
13. Equipamentos: transformadores, disjuntores, chaves seccionadoras, TC,
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TP, IP, gerador e painéis de comando e proteção.
Códigos dos equipamentos

X Y Z W
Tipo do
equipamento
Sequência que
(0, ..., 9)
Tensão de complementa a
operação informação de Z
(1, ..., 5)
Função ou
nome do
equipamento
(A, B, C, E, G,
K, H, PO, R,
T, X, U, Z, W)
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Barra de 500kV

Chave Chave Para-raios


seccionadora seccionadora

TP
Para-raios
Chave
seccionadora

C
Transformador
de força A B
Para-raios Para-raios

Chave Chave
seccionadora seccionadora

Disjuntor Disjuntor

Gerador Gerador
Decifrando os códigos

Código Descrição
X Y Z W Equipamento Tensão Posição/função Complemento

0 1 G 1 0: Gerador 1: 16kV G1: posição do gerador

1 1 G 1 1: Disjuntor 1: 16kV G1: disjuntor na posição G1

3 1 G 1-9 3: Chave seccionadora 1: 16kV G1: chave na posição G1 9: eq. similares

7 1 T 1-A 7: Para-raios 1: 16kV T1: PO na posição T1 A: enrol. de T1

0 5 T 1 0: Transformador 5: 500kV T1: posição do trafo de força

0 5 B 2 0: Barramento 5: 500kV B2: barra 2

3 5 T 7-C 3: Chave seccionadora 5: 500kV T1: chave do trafo de 7: chave de


força aterramento
C: posição da
chave no enrol.
C do trafo
8 5 T 1 8: TP 5: 500kV T1: DJ na posição do trafo de força
O que é bay (ou vão)?

“É todo conjunto de elementos da subestação que possui função

específica, que permite a composição da subestação em módulos”.

Exemplos de bays (ou vãos):

▪ Entrada de linha;
▪ Saída de linha;
▪ Barramento;
▪ Vão de transformação;
▪ Banco de capacitor;
▪ Vão de regulação;
▪ Saída de alimentador. 69
Recomendação básica:

Cada vão de subestação deve possuir dispositivos de proteção (relés) e

equipamento de disjunção com a finalidade de limitar os impactos

originados de ocorrências no sistema elétrico, tais como:

▪ Descargas atmosféricas;

▪ Colisão;

▪ Falhas de equipamentos;

▪ Curtos-circuitos;

▪ Etc.
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