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João Gabriel Xavier de Morais

Relatorio de Lutas
Sumô

Patos-PB
2021
Introdução

O sumô, que é uma modalidade de luta, detém o status de esporte nacional do Japão.
Além das coloridas mawashi (bandas de barriga) e do estilo de cabelo peculiar
chamado de oicho (ginkgo - nó de folha), aspectos estes que evocam os tempos
antigos, o sumô preserva muito da sua prática tradicional, como o seu dohyo (ringue
elevado cercado de palha), o sistema de ranking, e ligações com as cerimônias
religiosas do Xintoísmo. A palavra “sumô” é escrita com os caracteres chineses
usados para “contusão” e “mútuo”.
Embora a história do sumô se remeta a tempos antigos, ele se tornou esporte
profissional no período Edo (1600-1868). Hoje esse esporte é praticado quase que
exclusivamente por homens em clubes, escolas, universidades e associações
amadoras. Tanto no Japão como no exterior, entretanto, o sumô é mais conhecido
como um esporte de espectadores profissionais.

Origem
Além de seu uso como um duelo de força em combate, o sumô também foi associado
a rituais xintoístas, e mesmo certos templos xintoístas organizavam formas de danças
rituais nas quais um humano lutaria com um "Komeku" (um espírito divino xintoísta);
ver origens xintoístas do sumô. Ele era um ritual importante na corte imperial. Os
representantes de cada província eram chamados para participar do torneio na corte e
lutar. Era exigido que eles pagassem suas próprias viagens. O torneio era conhecido
como sumai no sechie, ou "festa sumai".
Influências de outros países vizinhos do Japão, que compartilham muitas tradições
culturais, não podem ser descartadas, visto que eles apresentam estilo de luta
tradicional que têm semelhança com o sumô. Exemplos famosos incluem a luta
mongol, o Shuai jiao (摔角) chinês e o Ssireum coreano.
No resto da história registrada japonesa, a popularidade do sumô mudou de acordo
com os caprichos de seus governantes e a necessidade de seu uso como uma
ferramenta de treinamento em períodos de guerra civil. A forma de luta provavelmente
mudou gradativamente para uma forma na qual o objetivo principal na vitória era jogar
o adversário para fora. O conceito de puxar um oponente para fora de uma área
definida surgiu algum tempo depois.
Além disso, acredita-se que um ringue, definido como algo que não é simplesmente a
área data para os lutadores, surgiu no século XVI como um resultado de um torneio
organizado pelo principal senhor feudal da época no Japão, Oda Nobunaga. Neste
momento, os lutadores vestiam tangas frouxas, ao invés dos cintos de
luta mawashi mais duros de hoje. Durante o período Edo, os lutadores vestiam um
avental decorativo com franjas chamado kesho-mawashi durante a luta, enquanto
atualmente eles são vestidos apenas durante os rituais antes do torneio. A maior parte
do resto das formas atuais do esporte foi desenvolvida no início do período Edo.

O sumô profissional (大相撲 ōzumō?) tem suas raízes no período Edo no Japão como


uma forma de entretenimento esportivo. Os lutadores originais eram
provavelmente samurais, às vezes ronins, que precisavam encontrar uma forma de
renda. Os torneios profissionais de sumô atuais começaram no Santuário Tomioka
Hachiman em 1684, e depois passaram a acontecer no Ekō-in, no período Edo. O
Oeste do Japão também possuía seus próprios torneios neste período, tendo como
centro mais proeminente Osaka. O sumô de Osaka continuou até o fim do período
Taisho em 1926, quando ele fundiu-se com o sumô de Tóquio para formar uma única
organização. Por um curto período após este momento, quatro torneios eram
organizados por ano, dois torneios em locais no oeste do Japão, como Nagoia, Osaka
e Fukuoka, e dois no Ryōgoku Kokugikan em Tóquio. De 1933 em diante, os torneios
foram organizados quase exclusivamente no Ryōgoku Kokugikan até as forças da
ocupação americana se apropriarem dele e os torneios serem transferidos para
o Santuário Meiji até a década de 1950. Então, um local alternativo, o Kuramae
Kokugikan que era próximo do Ryōgoku, foi construído para o sumô. Também neste
período, a Associação de Sumô começou a expandir para locais no oeste do Japão
novamente, chegando a um total de seis torneios por ano em 1958, com metade deles
em Kuramae. Em 1984, o Ryōgoku Kokugikan foi reconstruído e os torneios de sumo
em Tóquio foram orgnaizados lá desde então.
Objetivo da luta

O objetivo da disputa no sumô é forçar o oponente a sair do dohyo ou fazê-lo tocar no


solo com qualquer parte do seu corpo além da sola dos pés. Antes de se iniciar o
combate, no centro do ringue, os dois lutadores geralmente passam vários minutos em
um ritual de preparação, estendendo os braços, batendo os pés, agachando, e
encarando o oponente. O sal é lançado à mãos-cheias repetidamente para purificação
do ringue

Cerimonia de entrada no ringue Yokozuna


O yokozuna é acompanhado pelo tachimochi (porta espadas) à sua direita e pelo
tsuyuharai (ajudante) à sua esquerda.
(Foto cortesia do Kishimoto)
Após o longo aquecimento, a luta geralmente se encerra em questão de segundos,
embora algumas vezes se estenda por vários minutos, e alguns poucos necessitem
um breve mizuiri (intervalo) para permitir aos lutadores descansarem antes de
concluírem o combate.
As técnicas de ataque no sumô (são 70 ao todo) envolvem o empurrão ou levantar o
oponente para fora do ringue. Utilizando-se da pegada no cinturão do oponente para
arremessá-lo no solo; rasteira com as pernas, rápido salto para o lado para
desequilibrar e empurrar o adversário; e atrair o adversário para próximo do limite da
palha empurrá-lo consigo logo após desequilibrar-se.
O sumô é especialmente admirado por sua dignidade e compostura. Discussões
envolvendo as decisões dos árbitros ou flagrantes de falta de esportividade são
desconhecidas. Como os vigorosos tapas com mãos abertas sobre o tronco são
permitidos, táticas como golpes com o punho, chutes, e puxões de cabelo são
estritamente proibidos. Mesmo quando os resultados de alguns combates são tão
parelhos que precisam ser revisados (e por vezes mudado) pelos juízes, nem os
vencedores ou os derrotados jamais fazem protesto, e raramente esboçam emoção
além de um sorriso ocasional ou um franzir de testa.

Divisão e ranking
Os lutadores de sumô profissional são ranqueados de acordo com sua divisão; então
eles são designados como membros do leste ou oeste. Isso determina qual será o seu
vestiário, e em qual lado do ringue ele entrará em todas as competições. Nas posições
mais elevadas, em ordem decrescente, estão os yokozuna (grande
campeão), ozeki (campeão), e sekiwake (campeão júnior).
Yokozuna é a única divisão permanente no sumô. Como esses lutadores não podem
ser rebaixados por conta de qualquer apresentação mais fraca, espera-se deles que
se aposentem caso não possam manter o mesmo nível. Com um sistema de ranking
criado há séculos, apenas cerca de 70 homens conquistaram o título de yokozuna.
Alguns dos maiores campeões dos tempos modernos foram Futabayama
(yokozuna de 1937 – 1945), que conseguiu um percentual de vitórias de 0.866,
incluindo 69 vitórias seguidas; Taiho (1961-1971), que venceu um total de 32 torneios
e conseguiu um sequência de vitórias de 45 combates; Kitanoumi (1974-1985), que
com apenas 21 anos e dois meses de idade foi o lutador mais jovem a ser promovido
a yokozuna; Akebono (1993-2001), que se tornou yokozuna após apenas 30 torneios e
conseguiu o recorde de promoção mais rápida; e Takanohana (1995-2003), que se
tornou o lutador mais jovem a conquistar um torneio, com a idade de 19 anos.
O sumô profissional não adota divisão de categorias por pesos, e é por isso que é
comum ver uma luta entre um atleta imenso e um bem menor. Mas enquanto a massa
corporal geralmente favorece um atleta, aspectos como velocidade, timing e equilíbrio
também podem determinar o resultado de uma luta, e lutadores menores, porém
rápidos, muitas vezes surpreendem os espectadores com vitórias inesperadas sobre
oponentes maiores

A vida de um lutador

Tipicamente, um lutador aprendiz – mais comumente vindo de uma região rural – é


acompanhado desde quando ainda está na escola. Caso a família do garoto aprove,
um oyakata (mestre do estábulo), que é um lutador aposentado e que cuida de até
50 heya (estábulos) no Japão e em outros países – cada estábulo com entre seis a 30
lutadores ou mais – irá adotar o jovem como um aprendiz. Os treinos, a alimentação e
a moradia acontecem nos estábulos, onde os jovens também recebem uma pequena
mesada. Membros do mesmo estábulo não competem entre si nos torneios regulares.
A vida de um aprendiz de sumô é muito puxada e mesmo os jovens mais promissores
devem esperar cinco anos ou mais para alcançar posições mais elevadas até
começarem a receber salário como sekitori (professional). De um grupo de
aproximadamente 700 lutadores membros de estábulos, apenas cerca de 70 se
qualificam para o status de sekitori. Os poucos que atingem as posições mais
elevadas geralmente se casam e vivem fora dos estábulos, mas para a maioria, o
estábulo é o único lar que um jovem lutador irá conhecer durante a sua carreira de
sumô. Muitos são forçados a se aposentarem devido a doenças ou contusões, e é raro
que algum lutador possa competir após os trinta anos.
A maioria dos estábulos de sumô está localizada na parte leste de Tóquio. A vida para
os lutadores de posições mais baixas é muito rigorosa. Eles acordam entre 4h e 5h da
manhã, vestem o seu mawashi, e iniciam o seu keiko (prática). Eles também são
obrigados a servirem como mensageiros de recados para os de posição mais elevada.
O segundo grupo aproveita ainda o privilégio de poder dormir mais tarde.
O keiko é caracterizado por três exercícios tradicionais: shiko, teppo e matawari.
No shiko, o lutador levanta a sua perna alternadamente o mais alto possível. Durante
o teppo, as palmas das mãos abertas são batidas contra um pilar de
madeira. Matawai é um exercício no qual o lutador se senta sobre as suas pernas,
abrindo-as o máximo possível.
Uma sessão diária de keiko termina quase de noite, quando os lutadores se reúnem
para uma ceia com ensopado chamada de chankonabe (um ensopado altamente
calórico feito com vários tipos de carne e vegetais), condimentos, picles, e várias
tigelas de arroz, muitas vezes regado com um ou dois copos de cerveja. (O apetite dos
lutadores é lendário). Após esse grande banquete, as horas seguintes são dedicadas
normalmente ao sono, que juntamente com a farta comida ajuda a repor as energias.
Com esse regime de exercícios, dieta e sono, não é incomum para alguns lutadores
pesarem mais de 150kg, sendo que alguns chegam a ultrapassar escalas acima de
200kg.

Torneios e competições

Sob regência da Associação de Sumô do Japão, seis “Grande Torneio de Sumô” com
duração de 15 dias acontecem a cada ano: três em Tóquio (em janeiro, maio e
setembro) e os outros três em Osaka, Nagoya e Fukuoka (em março, julho e
novembro, respectivamente). Entre esses torneios, os lutadores fazem turnês pelas
regiões rurais e participam de competições locais, o que ajuda a estimular o interesse
no esporte e atrair novos recrutas.
A primeira arena de sumô oficial, o kokugikan, foi construída na área de Ryogoku em
Tóquio no ano de 1909. Após a II Guerra Mundial, o kokugikan foi transferido para as
proximidades de Kuramae, onde permaneceu pelas quatro décadas seguintes. Em
1985, um novo edifício com capacidade para abrigar sentados 11 mil espectadores foi
inaugurado próximo ao local original, perto da estação JR Ryogoku.
As transmissões das lutas na televisão começam perto das 4h da tarde e se estendem
por duas horas, porém os combates com os lutadores de divisão inferior se iniciam
bem mais cedo no dia.
Durante um torneio, os lutadores de mais alta posição nas divisões makunouchi e
juryo competem uma vez por dia durante 15 dias; aqueles de posições inferiores como
das divisões makushita, sandanme, jonidan e jonokuchi competem apenas em 7 dos
15 dias. Enquanto o objetivo é obviamente vencer a maior quantidade de lutas
possível, conseguir uma maioria de vitórias ao longo da competição (8 vitórias de 15
lutas, ou 4 de 7) é suficiente para que um lutador se mantenha em sua divisão
corrente ou garanta uma promoção a um nível mais alto. A vitória no torneio vai para
o makunouchi que obtiver o maior número de vitórias; os empates são definidos com
lutas eliminatórias ao final do dia.
Honras e premiações
Antes de algumas lutas da divisão makunouchi, alguns freqüentadores podem ser
vistos circulando o ringue segurando flâmulas com os nomes de corporações de
patronos que doaram prêmios em dinheiro aos melhores lutadores. Quanto mais
flâmulas tiverem maior será a premiação, as quais serão erguidas pelo campeão da
luta após a definição do árbitro. Ficar agachado no canto do ringue é um sinal de que
o lutador aceita o prêmio. Enquanto ele faz uma posição
chamada tagatana (segurando a espada), essa atitude demonstra a sua graciosa
aceitação.
Um vencedor de torneio recebe dinheiro, troféus e uma variedade de outras
premiações, incluindo arroz, saquê, e por aí vai. Lutadores com posições abaixo
de ozeki que conseguem um bom número de vitórias nos torneios tornam-se elegíveis
para três premiações especiais: Excepcional Performance, Técnica, e premiações pelo
Espírito de Luta. Todos esses prêmios são acompanhados com bonificações em
dinheiro.
Outro incentivo aos lutadores é o kimboshi (estrela de ouro), dado a um lutador de
divisão inferior que consegue derrotar um yokozuna. Cada kimboshi adicional habilita
o lutador a um aumento de seu salário para o resto de sua carreira ativa.

Internacionalização do Sumô
A popularidade do sumô foi realçada pelo antigo imperador Showa, que era um
fervoroso fã do esporte. Começando com um torneio em maio de 1955, o imperador se
acostumou a ir a pelo menos um dia de competição de cada torneio realizado em
Tóquio, onde ele assistia a competição de uma área especial VIP. Esse costume foi
continuado por outros membros da Casa Imperial. Conhecida por ser uma entusiástica
fã de sumô, a princesa Aiko, com quatro anos, foi a um torneio de sumô pela primeira
vez em 2006 com seus pais Príncipe Naruhito e Princesa Masako. Diplomatas e
autoridades estrangeiras são normalmente convidados para assistirem os torneios.
Embora o sumô tenha sido praticado pela primeira vez fora do Japão por membros
das comunidades japonesas no exterior, há muitas décadas atrás o esporte começou
a atrair a atenção de outras nações. Após a década de 1960, jovens lutadores dos
Estados Unidos, Canadá, China, Coréia do Sul, Mongólia, Argentina, Brasil, Tonga,
Rússia, Geórgia, Bulgária, Estônia, e de diversos outros lugares têm vindo ao Japão
para aprender o esporte e, alguns deles – após superarem a barreira do idioma e da
cultura – conseguiram se destacar. Em 1993, Akebono, um norte-americano do Estado
do Havaí, obteve sucesso ao alcançar o mais alto posto de yokozuna. Nos anos
recentes, lutadores da Mongólia têm sido muito ativos no sumô, sendo que os
lutadores que mais se destacaram foram Asashoryu e Hakuho. Asashoryu foi
promovido a yokozuna em 2003, seguido por Hakuho em 2007, sendo que os dois se
tornaram presenças dominantes no sumo, vencendo vários torneios. Asashoryu se
aposentou do sumo em 2010. Lutadores de outros países além da Mongólia também
estão subindo em suas posições, incluindo o búlgaro Kotooshu e o estoniano Baruto,
que foram promovidos a ozeki em 2005 e 2010, respectivamente.
Graças em parte a grande disseminação do sumo no exterior com exibições de
torneios na Austrália, Europa, Estados Unidos, China, Coréia do Sul e em muitos
outros lugares, que o esporte está ganhando popularidade fora do Japão.
O sumô no Brasil

O sumo foi trazido ao Brasil pelos imigrantes japoneses no início do século 20. Já em
1914 aconteceu o primeiro campeonato, no interior de São Paulo. Em 1998 foi criada a
Confederação Brasileira de Sumo, sendo que o Brasil sediou o primeiro Campeonato
Mundial de sumô disputado fora do Japão em 2000.
Ao contrário do que se pode pensar, no Brasil não são somente homens obesos que
podem praticar o esporte. Mulheres e crianças também praticam o esporte, e o sobre
peso não é um pré-requisito no Brasil, ao contrário do Japão.
Recentemente no Brasil foi adotada a categorização por idade (até o juvenil) e por
peso (para os lutadores adultos). As categorias são as seguintes:
- Mirim - até 13 anos.
- Infantil -13 a 16 anos.
- Juvenil -16 a 19 anos.
- Adulto Leve - 85 kg para homens e 65 kg para mulheres.
- Adulto Médio - 85 kg a 115 kg para homens e 65 kg a 85 kg para mulheres.
- Adulto Pesado - acima da 115 kg para homens e acima e 85 kg para mulheres.
- Adulto Absoluto - sem limite de peso.
A tradição é muito respeitada, sendo que a vitória não é muito comemorada, por
respeito ao adversário.
Referencias:

https://www.br.emb-japan.go.jp/cultura/sumo.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sum%C3%B4
https://www.infoescola.com/artes-marciais/sumo/

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