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Autores: Caroline Salvati, Claúdia Januário dos Santos,


Deise Carvalho, Elaine Latocheski, Fabiana Noronha
Dornelles, Fernanda Neumann, Giovani Novelli Pereira,
Kawoana Trautman Vianna, Luiza Abrahão Frank,
Mariana RItter Rau e Sayuri Magnabosco.

Revisores: Ana Beatriz Andrade, Andrey Silva Morawski,


Antonio Gabriel Cerqueira Gonçalves, Barbara Alves
Zolet, Cristiane Tambascia Pereira, Cristina Maki
Horimoto, Diogo Manzano Galdeano, Fabiana Noronha
Dornelles, Fernanda Neumann, Gabriel Luiz Rasch,
Heriki Vanti, Hugo Rafael Chaves da Silva, Jaqueline
Darmer Steffenon, Juliana Mello, Kawoana Trautman
Vianna, Larissa Gabrielly Barbosa Lima, Luciana Mayara
Mendonça de Almeida, Luísa Amália Ritter Rau, Luiza
Abrahão Frank, Marcell Crispim, Marina Neves Ferreira,
Rayssa Pereira do Nascimento Mendes, Rodrigo
Machado dos Santos e Vânia de Oliveira Alves.

Edição e diagramação: Mariana Ritter Rau.

4ª edição, revisada e lançada em 2020. Porto Alegre/RS.


ISBN: 978-65-993077-2-0.
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional (CC BY-NC-SA 4.0).
O que isso significa? Você tem o direito de compartilhar e adaptar o material, e deve dar o crédito
apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você não pode usar
o material para fins comerciais. Se você remixar, transformar, ou criar a partir do material, tem de
distribuir as suas contribuições sob a mesma licença que o original. Leia mais em:
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/deed.pt_BR

Cite este conteúdo como: INSTITUTO CIENTISTA BETA. Guia 3 – Diário de bordo e pesquisa
bibliográfica. Coleção Decola Beta. Instituto Cientista Beta, 4ª ed. Porto Alegre, 2020.

Acesse a coleção completa, incluindo desafios que colocam em prática este conteúdo, em:
https://cientistabeta.com.br

Ícones utilizados neste material: FlatIcon

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O Instituto Cientista Beta é uma organização sem fins lucrativos que iniciou sua jornada em
2015 com o objetivo de aproximar jovens da ciência, por meio de atividades voltadas para a
educação científica. Enxergamos a iniciação científica no ambiente escolar como uma ferramenta
para gerar desenvolvimento pessoal, científico e transformação social.

Nossa missão é levar a iniciação científica para dentro das escolas, despertando a
curiosidade e o potencial de estudantes e de seus professores. Assim, contribuímos para a
formação de pensamento crítico e o desenvolvimento de habilidades e competências essenciais
para o século XXI. Com o uso da tecnologia, nossas iniciativas são focadas em orientar, capacitar
e desafiar estudantes e professores para que criem projetos científicos centrados em problemas
reais e atuais, em qualquer área do conhecimento, ampliando cultura da pesquisa em suas escolas.

Entre 2016 e 2019, estes materiais eram restritos para uso exclusivo dos estudantes,
mentores e professores que participavam do Programa de Iniciação Científica Decola Beta. Nesses
4 anos, realizamos 4 edições do Programa de Iniciação Científica Decola Beta para estudantes, 4
edições da Experiência Beta (Encontro Nacional do Cientista Beta) e 1 edição do Programa de
Ensino de Iniciação Científica Decola Beta Professores. Destes programas, participaram mais de
900 estudantes, professores e pós-graduandos, e foram essas pessoas que fizeram com que o CB
chegasse a 152 cidades e 23 estados do Brasil, além de outros 5 países.

Em 2020, após 4 anos testando e aprimorando esta coleção, decidimos realizar o que já era
um sonho: disponibilizar todo nosso conteúdo de forma aberta ao público. Fizemos isso porque
nós acreditamos no poder dos jovens cientistas. Quando um jovem protagoniza um projeto de
pesquisa científica, ele muda sua forma de perceber o mundo e, consequentemente, de interagir
com ele. Acreditamos que uma das formas de mudar a realidade em que vivemos é dar espaço e
oferecer apoio para que jovens possam fazer questionamentos sobre os problemas que os cercam
e buscar respostas a essas perguntas, usando a ciência.

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Nós do Cientista Beta, assim como você, queremos usar o conhecimento para colocar em
ação ideias para transformar o mundo no lugar em que queremos viver. Para isso, devemos
compartilhar nosso conhecimento. Somos cientistas, pois estamos buscando entender o mundo,
sua beleza e complexidade; e, ao sermos Beta, reconhecemos a necessidade que temos de nos
transformar, a cada dia, na melhor versão de nós mesmos.

Este e-book faz parte de um conjunto de atividades e conteúdos que serve para incentivar
e guiar a prática e/ou orientação de pesquisas no Ensino Básico. Pode ser usado de forma
independente por estudantes ou ser apresentado por um(a) orientador(a).

Ao utilizar os materiais disponibilizados pelo Cientista Beta no desenvolvimento da sua


pesquisa, os estudantes têm condições de desenvolver habilidades, de compreender o método
científico, fazer um plano de pesquisa, manter um diário de bordo com os registros da pesquisa,
colocar a mão na massa, obter resultados, fazer um relatório de pesquisa, um pôster e
compreender e dominar a escrita científica. Os estudantes também devem ter condições de se
inscrever e participar de feiras de ciências, se assim desejarem. Além disso, também
apresentamos conteúdos sobre habilidades comportamentais, de diálogo e de trabalho em equipe.

Ao apoiar a realização de pesquisas com estes materiais, nosso objetivo é que os


estudantes consigam vivenciar experiências que permitam o exercício de liderança, de
protagonismo, trocar conhecimentos e feedbacks com outras pessoas, trabalhar em equipe e ser
capaz de resolver problemas.

O nosso objetivo principal com o uso destes materiais está no “delta”. Delta é a variação percebida
entre o estado final e o inicial de determinado processo. É isso que nos interessa: que o estudante,
ao finalizar uma pesquisa, olhe para trás e veja que algo está diferente com relação a quando
começou. Não está no centro do nosso propósito que os jovens criem um projeto que conquista
prêmios, com alto grau de complexidade e desenvolvimento. Esta pode ser consequência, às vezes.
Nosso foco é no processo, é a formação do jovem. Guardamos a certeza de que, no futuro, pessoas
que foram jovens cientistas poderão gerar contribuições ainda maiores para a sociedade, pois se
tornarão pessoas mais capazes de ler o mundo e de imaginar formas de transformá-lo, e não
apenas os criadores de uma invenção isolada. Nosso olhar está voltado para inventar um novo
jovem cientista, em uma versão beta permanente. Esse jovem é, por si só, a solução para os
problemas que enfrentamos do século XXI, não apenas o seu projeto.

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Para decidir fazer pesquisa, é comum familiarizar-se com o que se trata essa jornada. É hora de
inspirar-se com quem já fez pesquisa. Ao ver histórias e depoimentos de outros jovens
cientistas, você é capaz de perceber o quão longe esse caminho pode te levar. Cerque-se dos
recursos necessários para desenvolver o projeto. Também podemos incluir aqui uma decisão
sobre qual é a sua área de interesse de pesquisa.

Quando você entende que é a partir de um problema e de uma pergunta que a sua pesquisa deve
ser construída, passa a perseguir conhecimento a respeito dos desafios que o cercam. Você se
sente como um buscador de problemas, tentando compreendê-los e observá-los criticamente.

Toda pesquisa acontece para responder uma pergunta baseada em curiosidade e


questionamento sobre o mundo. Exercite essa capacidade de perguntador, pois essa etapa
consiste em dar o pontapé inicial para a pesquisa definindo que pergunta se quer responder.

O plano de pesquisa é o ponto de partida do projeto e o espaço para descrever a bibliografia que
ajuda a basear a sua hipótese, justificar, estabelecer quais são os objetivos e uma sequência de
materiais e métodos que vão levar você até a solução desejada.

O momento de colocar a mão na massa! Se esforce para cumprir o cronograma, registre os


resultados parciais e vá aprendendo com o que a prática mostra para você.

Hora de montar o quebra-cabeças com as informações que você coletou na pesquisa e


interpretar resultados. Você deve saber afirmar de forma clara o que os seus resultados lhe
permitem dizer. É aqui que você encontra uma solução ou uma resposta para as suas perguntas.

Uma vez que a pesquisa está pronta, é hora de documentá-la (geralmente em um relatório de
pesquisa, artigo ou outro documento) e de se preparar para divulgar o seu trabalho com a
construção do relatório de pesquisa.

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Capítulo 1: Diário de bordo: o companheiro do cientista ................................................................... 7

Capítulo 2: Pesquisa bibliográfica..................................................................................................... 12

Capítulo 3: Conversa com pessoas ................................................................................................... 23

Bibliografia ......................................................................................................................................... 27

Os Guias Decola Beta incluem ícones especiais.

Ícones com links para você clicar: Vídeo Link Texto

Ícones que significam códigos:

Exemplo Frase Dica Beta Fim de capítulo

Caso você esteja lendo uma versão deste material em que não é possível acessar os links
pelos ícones (impressa, por exemplo), você pode acessar todos os links do material pelo
computador entrando aqui: linktr.ee/GuiasDB

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Também conhecido como “caderno de campo”, o diário de bordo é um caderno de
anotações sobre tudo o que diz respeito ao seu projeto.

Mas não se trata de um caderno qualquer: seu diário de bordo é um documento oficial, um
dos comprovantes de que este projeto é de sua autoria e também um registro de desenvolvimento
das etapas, de acordo com sua anotação de datas. Ele é um item obrigatório para sua participação
em feiras de ciências e, em muitas delas, é também um dos critérios de avaliação. Bora ver como
fazer um diário de bordo?

 O caderno não deve ter espiral. Deve ser tipo brochura, com folhas costuradas. Isso garante
que não sejam removidas páginas com informações importantes;
 Cadernos com essas características podem ser encontrados em lojas de papelaria com o
nome de ‘’livro ata”. Muitos já vêm com a numeração da página e margem/linhas;
 A capa deve ser dura e pode conter o logo do projeto ou da instituição onde ele é
desenvolvido;
 Todas as páginas devem estar numeradas em sequência;
 As folhas devem ser pautadas (com linhas), o que também auxilia no registro de dados e
tabelas;

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 Ao fazer os registros, use caneta esferográfica azul ou preta. Canetas coloridas apenas para
destacar alguma informação importante. Não utilize lápis!
 Não deixe muitas linhas em branco entre as anotações, nem páginas em branco entre as
páginas escritas;
 Se você tiver gráficos impressos, fotos ou outras imagens, verifique as regras específicas
para diário de bordo da sua escola ou da feira em que você quer participar. Algumas
sugerem que se tenha uma pasta de anexos e se evite fazer muitas colagens no caderno;
 Recomendamos a assinatura/rubrica do orientador a fim de registrar o acompanhamento
dele durante a realização de todas as etapas do projeto. Ele pode assinar após uma reunião
ou sempre que realizar revisões periódicas do seu caderno. E os jovens cientistas também
podem assinar;
 Recomendamos que o caderno seja do tamanho padrão, próximo de uma folha A4.

Ao longo do projeto, você acumula tantas informações que é difícil lembrar de cabeça
quando elas apareceram, ou quais foram os motivos pelos quais você tomou uma decisão. Se tudo
estiver registrado no caderno, você pode consultá-lo sempre que necessário e não perde nenhuma
informação.

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O caderno é destinado para você e para o seu grupo terem em um único local todas as
informações das quais precisam. Deve servir, inclusive, para que qualquer pessoa de fora veja e
entenda claramente o que aconteceu no projeto (não esqueça que ele é um critério avaliado em
feiras). É um registro que ajuda a avaliar o que foi feito e tirar conclusões sobre isso: ver o que
poderia ter sido melhor e, caso alguma etapa dê errado, você possui o registro de quando e como
aquilo foi feito, podendo encontrar mais facilmente o erro.

Escreva nele com capricho, dedique-se e seja rigoroso. Porém, não é necessário que as
anotações sejam bonitas esteticamente: você jamais deve escrever em outro local e depois passar
a limpo para o caderno. Afinal, ali devem estar todas as ideias e etapas que se seguiram para o
desenvolvimento do seu projeto, não apenas resultados finais que deram certo. Quanto mais claro
você for na descrição das informações, melhor será para acessar e organizar os dados na hora de
reproduzi-los no seu relatório, pôster ou apresentação. É um pouquinho de tempo por dia que você
investe ao fazer esses registros que economiza um tempo enorme no futuro.

A primeira página serve para colocar as informações do projeto em uma espécie de capa,
contendo o nome dos integrantes da equipe, do orientador, do projeto, a escola e a data de início
da pesquisa. No corpo do caderno, registre informações que podem ser:

 Ideias para o futuro;


 Cronograma/Planejamento das próximas etapas;
 Contato de alguém que pode lhe ajudar;
 Local para o qual você deseja ir realizar alguma etapa de sua pesquisa;
 Registro de reuniões com o seu orientador, de conversas com pessoas e entre os membros
do grupo;
 Metodologia e roteiro de experimentos;
 Resultados de experimentos (o que deu certo e o que não deu certo também! Registre tudo),
 Desenhos e fluxogramas explicativos de processos;
 Tabelas, Gráficos, Fotos… (evitando colagens em excesso e observando regras específicas
da sua escola e/ou feira).

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É indispensável que todo o registro contenha no início o local e a data em que a anotação
foi feita e, no final, a assinatura de quem o escreveu. Tabelas, imagens e gráficos com os seus
dados podem ser impressos e colados no caderno. Uma dica é colocar títulos e legendas neles,
para compreender facilmente a que etapa do projeto se referem. Tome cuidado para seu caderno
não virar um álbum de figurinhas. Exemplo:

Rio de Janeiro (RJ) – Escola x - 05/06/2017

Reunião com o orientador. Hoje o orientador avaliou e aprovou nosso plano de pesquisa,
sugerindo que adicionássemos na introdução mais referências bibliográficas. Até o dia 9/06 deve
nos enviar uma lista com sugestões de leitura.

Ass. Débora, Cristiane e Alberto.

Seja uma citação, uma metodologia ou uma ficha de leitura. Os registros devem conter, ao
final, o autor e a fonte de onde foram retirados.

A ficha de leitura é uma anotação feita sempre que você consultar informações disponíveis
na literatura científica. Há quem prefira fazer essas fichas direto no computador. Se esse for seu
caso, apenas coloque-a de maneira simplificada no caderno de campo, para que você deixe
registrado o que foi consultado. A ficha de leitura deve conter:

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 A referência bibliográfica (onde você pesquisou, o título, quem escreveu, onde, em que ano
foi publicado e, se for uma página da internet, anotar o site pode ajudar), para que seja
possível acessar novamente o material, caso necessário;
 Um resumo das principais ideias do texto lido (primeiramente, deve ser expressa a ideia
geral transmitida pelo autor e, em seguida, as ideias pertinentes para a realização do seu
projeto e até reflexões sobre elas);
 Comentários seus a respeito do texto (opcional, mas recomendado).

O diário de bordo é o mais fiel companheiro do jovem cientista nessa jornada pelo mundo da
pesquisa. Tenha ele em mãos durante todos os momentos em que se envolver com a pesquisa,
leve-o para todo o lugar, mas cuidado para não o perder! Atenção! Lembre-se que ele é um
documento importante.

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O conhecimento é algo dinâmico, que se constrói a cada dia. Para fazer pesquisa, é
fundamental que você busque o conhecimento já existente sobre o assunto da sua pesquisa,
compreenda bem o problema e todas as soluções já propostas.

A partir do conhecimento registrado na literatura científica até o momento, você vai poder
descobrir quais as metodologias e técnicas que deve utilizar para responder a sua pergunta e
desenvolver a pesquisa: qual caminho você não deve seguir, qual o reagente específico daquela
reação, qual material não vai resistir ao atrito na sua invenção, qual o software ou o código base
que já deu certo...

Você não deve se deixar intimidar pelas pesquisas já existentes na área, pois sempre que
preciso, elas servem justamente para que cientistas voltem e retomem teorias e conhecimentos já
produzidos.

Sobre a quantidade de trabalhos já publicados sobre um certo assunto, existem realmente


muitos pesquisadores estudando muitos temas, mas isso não quer dizer que não haja um espaço
para você! Além do mais, alguns trabalhos carecem de versões aplicadas localmente, na sua
comunidade por exemplo. E a pesquisa bibliográfica ajuda a encontrar onde é o seu lugar no grande
mapa da ciência.

Dica Beta: Suzana Herculano-Houzel, uma das maiores pesquisadoras brasileiras,


construiu a sua carreira a partir de uma descoberta realizada exatamente sobre um
questionamento daquilo que se acreditava ser verdade na ciência. Ela questionou a maneira pela
qual se determina o número de neurônios que um cérebro possui. Consultando o conhecimento
existente a respeito, ela descobriu que nunca haviam determinado exatamente isso: o número

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encontrado de neurônios era apenas uma estimativa. O que Suzana fez, a partir daí, você descobre
no vídeo:

A grande sacada de uma pesquisa bem feita é sua delimitação correta e a utilização de
fontes que tenham informações confiáveis. Essa “peneira” ajudará a definir o rumo da sua
pesquisa.

A pesquisa e a coleta de informações são importantes e estão envolvidas em todas as


etapas do método científico:

 Quando você observa, você está coletando informações. Sejam observações visuais, a
leitura de notícias e ouvindo pessoas afetadas pelo problema. Aqui, é o ponto de surgimento
de várias perguntas, que te guiam ao desenvolvimento de uma pesquisa para tentar
respondê-las.
 Quando você busca informações sobre o que observou, está realizando sua pesquisa
bibliográfica! É o momento em que você verifica o que já foi registrado na ciência sobre o
tema/assunto que deseja pesquisar.
 A formulação da sua hipótese é feita em cima da informação que você encontrou, que
garante que ela não é obsoleta ou inviável de ser provada.
 Todo o procedimento de metodologia deve ser pesquisado, com base em análises que são
comumente utilizadas para avaliar aquilo que você deseja investigar.
 A análise dos resultados encontrados necessita, também, de muita pesquisa para
comparar o que você encontrou ao achado de outros pesquisadores. Nessa etapa você
pode encontrar concordância de seus resultados com o que já foi feito por outros grupos e,
assim, força para a sua teoria. Ou então, podem existir pontos em desacordo, que você
também precisa discutir e comparar.

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Os jornais (em papel ou online) divulgam notícias sobre inúmeros assuntos. Podem ser
nacionais ou internacionais. Você pode começar uma busca pela sua área de interesse como, por
exemplo, meio ambiente, educação, tecnologia. Acredite: você pode estar lendo uma matéria
completamente aleatória e ter uma inspiração sobre aquela ideia que você estava procurando
tanto.

Mas ATENÇÃO: Cuidado para utilizar apenas sites e revistas confiáveis. Aqui é preciso
atenção, pois meios jornalísticos e de comunicação podem ter opiniões junto à exposição de fatos.
Isso é um problema quando estamos aprendendo sobre determinado assunto, já que pode enviesar
nossa percepção sobre o contexto geral. Sites e revistas sérias devem apresentar a fonte das
informações apresentadas ou, no caso de um conteúdo autoral (como uma reportagem)
apresentar coerência e um conteúdo robusto, sem grandes tendências de opinião ou
posicionamento.

Quando usar: principalmente no início da pesquisa, para se informar de forma mais geral
sobre o assunto ou ajudar no processo de descobrimento de uma área de interesse.

Onde buscar:

BBC

Folha de São Paulo

Google News

Huffington Post

Revistas que fazem divulgação Científica:

Revista FAPESP

Ciência Hoje

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Revista Piauí

Revista Questão de Ciência

Eles são feitos por quem tem conhecimento acumulado em uma determinada área, que irão
compilar várias informações e colocá-los da forma mais clara possível, para que uma pessoa que
inicialmente não tenha um conhecimento aprofundado sobre aquilo possa ler e entender. Você
pode recorrer aos livros para adquirir conhecimentos básicos necessários na formação de um
conceito sobre o tema a ser estudado.

Depois de ler os livros mais básicos, é possível migrar para livros avançados, que
normalmente focam em assuntos específicos. Por exemplo, temos os livros de biologia (gerais) e
os de genética (área mais específica dentro da biologia).

Quando usar: Por possuir uma linguagem, geralmente, mais acessível e com muitos
exemplos, o livro é interessante para alguém que não entenda do assunto possa se inteirar dos
primeiros passos e conceitos fundamentais da área. Além disso, é importante para criar uma base
sólida de conhecimento antes de ir para algo mais avançado e específico.

Onde buscar:

Biblioteca da sua escola ou de alguma Universidade Estadual/Federal em sua cidade

Biblioteca Nacional Digital

Biblioteca Digital Mundial

Passei Direto

Google Livros

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O que são: Trabalhos de conclusão de estudos de graduação (monografias) e de pós-
graduação, como mestrado (dissertação) e doutorado (tese). São documentos nos quais é feita
uma avaliação bastante detalhada dos temas estudados. Isso faz com que eles sejam realmente
extensos, podendo ter entre 100 e 400 páginas. Dissertações e teses desenvolvidas em
universidades brasileiras serão, na maioria das vezes, em português, um fator que facilita para
quem quer uma leitura mais aprofundada do que um livro mas ainda não tem um domínio da língua
inglesa para ler artigos em inglês. Dissertações e teses embasam a construção da maioria dos
livros, então tendem a conter informações mais atualizadas, basta você estar atento ao ano de
publicação.

São considerados documentos confiáveis, pois o autor passa por uma banca de
especialistas, que vão avaliar se aquela pesquisa foi de fato relevante para toda a sociedade
científica, e se foi uma pesquisa bem estruturada ao longo de seu processo.

Quando usar: A introdução desses trabalhos traz informações detalhadas sobre o assunto-
alvo, além de outra coisa muito importante: referências bibliográficas! Ou seja, mais documentos
para você ler e, possivelmente, usar como referência para a sua própria pesquisa. Também observe
a metodologia utilizada no trabalho, que geralmente também é descrita em detalhes. Use durante
toda a sua pesquisa.

Onde buscar

Sites das bibliotecas das Universidades/Faculdades/Institutos

Na própria busca no Google Acadêmico podem aparecer tanto artigos quanto teses e
dissertações.

Como o contato com revistas científicas é novidade para boa parte dos jovens cientistas,
esse será um ponto detalhado neste capítulo.

Artigos são escritos por pesquisadores, para pesquisadores. Geralmente, são sobre
pesquisas desenvolvidas por pessoas em universidades e institutos de pesquisa. Existe uma
introdução ao tema principal abordado, mas os textos são mais curtos que um livro, dissertação e

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tese. A maior parte do conhecimento científico registrado em artigos está em língua inglesa. Mas
também existem revistas brasileiras sobre diversos temas.

Assim, é recomendado que você só comece a ler e buscar pelos artigos científicos quando
já tiver uma base mínima de conhecimento na área.

A anatomia de um artigo científico

Um artigo possui alguns elementos


básicos, que podem variar um pouco
conforme a revista e o tipo de artigo. No
entanto, a maior parte possui os seguintes
campos:

 Revista, data, edição


 Título
 Autores
 Resumo
 Palavras-chave
 Introdução (dica: no último
parágrafo da introdução se encontra
o objetivo da pesquisa!)
 Metodologia
 Resultados
 Discussão
 Conclusão
 Referências Bibliográficas
 Material complementar (tabelas, figuras, gráficos, se houver)

Algumas revistas mudam a ordem, colocando a metodologia no final do artigo. Outras colocam
resultados e discussão no mesmo tópico. Mas esta é a estrutura básica de um artigo científico
original, ou seja, que apresenta informações originais a partir de estratégias metodológicas
realizadas pelo próprio autor.

Além dos artigos originais, existem artigos de revisão, trazendo um apanhado do que há de
conhecimento acerca de determinado tema até o momento. Alguns artigos de revisão têm como
finalidade conectar informações e chegar a novas conclusões. Funcionam como uma visão mais

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abrangente, que analisa todo um cenário e conclui tendências, desafios e lacunas que necessitam
de preenchimento. Se dirija aos artigos de revisão sempre que precisar ter uma visão abrangente
sobre determinado tema.

A anatomia dos artigos de revisão não segue as partes listadas para um artigo original, pois
não possui parte experimental. Ele se assemelha mais a um capítulo de um livro, com tópicos
separados conforme o assunto que é abordado.

O que você deve observar em um artigo

Pelo ano de publicação, você sabe se aquela pesquisa é recente ou não. O nome da revista
mostra a “grande área” do assunto da pesquisa. No exemplo, a pesquisa sobre biocombustíveis
que podem ser usados em aviões foi publicada em uma revista com tema geral em energias
aplicadas.

Por fim, o título e o resumo dão uma boa noção de qual é o objetivo da pesquisa. Existem
diferentes formatos de artigos, mas não se esqueçam de que as informações principais vão estar
na primeira página! Porém, caso você ainda tenha dúvidas se o trabalho lhe interessa mesmo, leia
o último parágrafo da introdução: é ali que, geralmente, são colocados, de forma clara, o objetivo
do trabalho e quais as variáveis analisadas.

Passo a passo de uma busca por artigo científico

Escolha palavras-chave: Reduza o tema do seu interesse em algumas palavras


representativas. Uma dica é dividir o tema em temas menores e realizar buscas mais específicas.
Assim, você terá como retorno artigos mais aprofundados. O ideal é de 3 a 5 palavras-chave.

Cuidado com a linguagem: Esteja atento à linguagem acadêmica utilizada nos artigos
científicos. Muitos termos possuem sinônimos, sendo alguns sinônimos mais utilizados e outros
menos utilizados em artigos. O seu orientador saberá ajudar você aqui. Certifique-se de que você
está utilizando os termos corretos em sua busca.

Em qual idioma buscar: Se você ainda não se sente confortável para ler artigos em inglês,
não se preocupe. Tente começar pelos que foram escritos em português ou já foram traduzidos.
Dependendo da área de pesquisa, há menos artigos na nossa língua e aqueles mais atualizados
são, em geral, os publicados em inglês. O Cientista Beta estimula que você exercite inglês pois,
além de ter acesso a mais informações em buscas, existem feiras de ciências internacionais onde
o idioma geral é o inglês.

Onde buscar: Sites gerais de busca de artigos direcionam você para revistas científicas,
com base nas palavras-chave da busca.

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Google Acadêmico

Portal Periódicos Capes

Scielo

Elsevier

Pubmed (em inglês)

Refinando a pesquisa

Saber refinar a pesquisa é fundamental. Se você não possui um mínimo de direcionamento


e foco na pesquisa bibliográfica é fácil ficar navegando pelo mar de informações científicas e se
perder. Você verá que cada artigo leva a dezenas de outros, sejam artigos relacionados, sugeridos
pelo próprio site, como os artigos localizados nas referências.

Isso é ótimo quando você precisa buscar mais informações, mas deve ser feito com foco
para que você saiba muito sobre um tema, ao invés de pouco sobre vários temas. Vá afunilando
as buscas para atingir resultados ainda mais refinados e que satisfaçam a sua busca.

Acessando artigos pagos

Algumas revistas científicas possuem acesso limitado a assinantes das bases de dados.
Alunos de pós-graduação e professores de universidades podem acessar as bases e baixar os
documentos que você gostaria de ler, pois as universidades pagam para acessar esses bancos.
Veja se você conhece alguém desses locais ou se pode escrever um e-mail para algum
pesquisador de uma universidade próxima pedindo ajuda e informando o título dos artigos que
você deseja acessar.

O que é: Uma patente é o documento oficial que diz que alguém criou uma determinada
tecnologia, ou é dono dela. É um documento de proteção, que garante que o autor tenha total poder
sobre aquilo que criou, para utilizá-lo de forma exclusiva ou para que os outros paguem por sua

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utilização. Pode-se patentear um produto (telefone celular, novo medicamento) ou um processo
(método para produzir álcool a partir de beterraba).

No Brasil, esse local que recebe os pedidos de patente se chama Instituto Nacional de
Propriedade Intelectual (INPI). Algumas patentes disponíveis na Internet e nas chamadas “bases
de patentes” estão no formato integral, ou seja, qualquer pessoa pode acessá-las e usar o texto
como referência. Só não vale, óbvio, reproduzir o que está lá como se fosse de sua autoria. Outras
patentes não apresentam seu texto integral disponível, pois contém informações sigilosas.

Anatomia de uma patente

 Número de identificação
 Título
 Resumo
 Reivindicações
 Código de Barras
 Nome e filiação dos responsáveis
(exemplo: Universidade x, Empresa y…)

O que você deve observar: Os pontos


principais, circulados em vermelho, são os locais cuja leitura aponta se essa patente interessa ou
não a você, principalmente o título e o resumo. As reivindicações descrevem exatamente qual é a
novidade na invenção e o seu funcionamento, de forma extremamente detalhada. Pelo número de
identificação, é possível saber qual o país de origem do documento, e se ela é uma patente que já
foi concedida ou ainda está em período de avaliação.

Quando usar: você pode fazer uma busca inicial por patentes quando estiver propondo o seu
projeto, ou também ao final dele, caso deseje gerar algum produto a partir dele.

Onde buscar:

INPI (Brasil)

USPTO (EUA)

EPO (Europeu)

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É possível que você tenha visto alguma informação legal em algum canal do YouTube, site
que não seja de notícias, ou até em uma página de rede social. E agora? Essas fontes servem para
embasar uma pesquisa? Elas podem ser citadas no projeto? Para responder essas duas perguntas
precisamos estar bem alinhados sobre algumas coisas.

Essas fontes não tão formais devem servir como uma forma de você se apropriar mais do
tema de pesquisa, entendendo conceitos explicados de forma mais didática do que os artigos. No
momento de referenciar o conteúdo, prefira consultar e usar a fonte original que serviu para a
produção desse conteúdo.

Fontes não formais podem servir e podem não servir como referências para uma pesquisa.
Uma fonte não serve como embasamento quando ela não é confiável e quando ela é carregada de
opinião ao invés de fatos.

O que faz um vídeo do YouTube ou outra fonte assim ser confiável é ele estar embasado
em outras fontes confiáveis, como por exemplo artigos. Alguns youtubers costumam compartilhar
as fontes das suas informações na descrição ou nos comentários dos vídeos. Veja aqui um
exemplo do canal Nunca Vi 1 Cientista.

Importante: ao identificar as fontes do vídeo, busque sempre conferi-las e questionar sua


veracidade. Além disso, considere primeiramente utilizar como fonte de informação para o seu
projeto o próprio trabalho científico citado pelo vídeo.

Lembrando que qualquer conteúdo da internet como um vídeo, um post, um podcast e


também qualquer página pode ser deletada a qualquer momento. Ao contrário de por exemplo
artigos, teses, dissertações e livros que estão vinculados a algum tipo de biblioteca ou repositório
digital. Mas se, ainda assim, o vídeo precisar ser utilizado como fonte por alguma razão, tendo
papel importante para o sentido do trabalho, fique ligado na próxima dica:

Saber identificar se algo é fato ou opinião também faz parte do desenvolvimento das suas
habilidades como cientista (e cidadão!) de filtrar as informações disponíveis por aí! Então, tente
exercitar. Lembrando que um fato é “caso, circunstância, ocorrência. O que está comprovado, que
é real, realidade, verdade”. Enquanto opinião é “ideia, noção que se tem a respeito de algo; conceito.
Forma de pensar, de analisar, de avaliar”. Veja um exemplo da mesma coisa sendo comunicada
como um fato e carregada de opinião:

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“Os manifestantes estiveram em frente à prefeitura pedindo pela presença do representante.” >
Fato. “Os manifestantes mal intencionados realizaram um ato frente à prefeitura, interrompendo o
trânsito e gerando grande transtorno na região central da cidade.” > Opinião. Note nesta segunda
frase o uso de adjetivos (mal e grande).

Agora vamos responder ao segundo questionamento: essas fontes não convencionais


podem ser utilizadas como referências na pesquisa? Desde que sejam confiáveis, não carregadas
de opinião, verificáveis e não sejam substituíveis adequadamente pelo trabalho original mantendo
o sentido, sim. Aliás, você poderá ver na lista de bibliografia, ao final deste e-book, que a fonte para
a diferenciação entre fato e opinião, bem como o exemplo aqui utilizado, foram retirados de um
post no instagram. A referência estará ao final do e-book. Também não deixe de conferir o Guia 6,
em que ensinamos como formatar referências (incluindo posts e vídeos!).

Sugestões de canais do YouTube que tratam de temas atuais com embasamento científico:

Nerdologia

Blablalogia

Ponto em Comum

Nunca Vi 1 Cientista

Atila Iamarino

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Agora, vamos olhar para outras fontes de informação que complementam e contribuem
para sua visão sobre determinado assunto, junto com a pesquisa bibliográfica:

Conversar com pessoas que tenham muito conhecimento sobre o tema da sua pesquisa é
muito enriquecedor. Embora muitas vezes as coisas pareçam simples no papel (quando você
planeja), na prática pode existir um cenário diferente. Converse com pessoas que já estudaram
sobre isso, já trabalharam na área e passaram por essa experiência, ou por experiências
semelhantes, afinal elas saberão guiar você pelos melhores caminhos e poderão dar dicas
valiosíssimas que só quem vivenciou a prática sabe.

Ideias inovadoras surgem da combinação de conhecimentos. Encontre e converse com


pessoas, sejam professores de escola, professores universitários, pesquisadores, técnicos,
graduandos, empreendedores, etc.

Quando usar: Principalmente nos estágios iniciais da pesquisa e durante o planejamento e


execução da metodologia.

O contato com especialistas, profissionais e demais pessoas da área da sua pesquisa


proporciona informações importantes para vários outros pontos da pesquisa, como: superar
obstáculos encontrados na prática; encontrar literatura mais específica; explicar os resultados
encontrados para interpretá-los de maneira mais precisa; saber o que você pode concluir em sua
pesquisa; e ajudar a planejar os próximos passos.

Importante! Você não precisa necessariamente fazer esse contato de forma presencial.
Contatos via e-mail podem ser o primeiro passo da aproximação, além de permitirem que você
converse com pessoas que estão em outros lugares do país e de fora dele.

Vamos pra um exemplo: Gabryel, mentorado no Programa de Iniciação Científica Decola


Beta em 2018 de Paulista (Pernambuco), fez isso e contou pra gente como foi:

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“Em um desafio do programa, precisei escrever e enviar e-mails para especialistas no assunto da
minha pesquisa. Nunca tinha feito nada parecido antes. Para começar, escrevi um texto de base,
onde me apresentei, expliquei o que é o Decola Beta e falei sobre o problema do mundo que eu
quero resolver. Depois, procurei os especialistas. Como não conhecia ninguém que poderia me
ajudar, busquei nos sites das universidades e-mails de especialistas na área do meu projeto. De
acordo com o ramo de cada um, formulei perguntas específicas e deixei os e-mails salvos nos
rascunhos do Gmail. Passei uma semana fazendo isso. No fim, tinha mais de quatrocentas
mensagens!
Enviei aos poucos, para conseguir gerenciar as informações que tinha a expectativa de receber…
Consegui enviar 250 mensagens. Foram mais ou menos 50 respostas, no total! Eu não esperava
resultados tão incríveis de tão boas que foram as informações que tive acesso. Fiquei bastante
feliz e aprendi muuuita coisa!”
Aqui vai um exemplo de e-mail enviado pelo Gabryel:

Antes de tudo, a pesquisa é feita por pessoas e para pessoas - portanto é fundamental
enxergar o problema não só pelas páginas de um artigo científico e de livros, mas também pelos
olhos das pessoas que são impactadas por eles. Afinal, não adianta criar um aplicativo para ajudar
um determinado público se você depois descobrir que elas não utilizam celular, não é mesmo?

Converse com as pessoas atingidas pelo problema e compreenda quais são as dores delas,
ou seja, o que realmente as incomoda, além de como são seus estilos de vida. Como elas interagem
com o problema? É possível que, nessa troca, você descubra informações tão ou mais importantes
do que aquelas descobertas em pesquisas bibliográficas.

Nessas conversas, esteja atento e foque em pedir relatos, em pedir que as pessoas contem
como foi a última vez em que tiveram que lidar com a situação que você está abordando, quais as

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consequências, quem se envolveu, o que poderia ser diferente, o que é mais difícil, ou qual é o
principal ponto positivo… busque sempre ser imparcial, evitando induzir a pessoa a dizer as coisas
que você quer ouvir.

Um exemplo disso: evite perguntar “O que você acharia se existisse uma tecnologia
sustentável, de baixo custo e moderna para acabar com este problema?”. É lógico que a pessoa
vai responder que acharia fantástico. Afinal de contas, você está dizendo que vai resolver algum
problema que ela enfrenta. E quem não quer ter seus problemas resolvidos? Ao invés disso,
verifique se, por exemplo, essas pessoas têm acesso à internet, ou se preocupam com
sustentabilidade, ou se já tiveram contato com alguma tecnologia semelhante antes… garantindo
sempre que você de fato entendeu qual é o maior problema, a raiz mesmo, da dor dessas pessoas.

Importante: não confunda esta conversa com o público-alvo com entrevista ou


questionário. A entrevista e o questionário são exemplos de metodologia de pesquisa e vão
aparecer mais para frente, depois que você juntar informações e tiver construído um plano de
pesquisa para colocar em prática. Aqui se trata de uma conversa informal, um bate-papo e uma
escuta genuína em busca de dicas (por parte dos especialistas) e relatos (por parte de quem sofre
com o problema da sua pesquisa). Recomendamos também que essas conversas aconteçam com
supervisão, idealmente do seu orientador.

Quando usar: Principalmente nos estágios iniciais da pesquisa, incluindo a fase de


delimitação do tema. Também pode ser utilizada quando você desenvolveu parte do projeto e
possui uma proposta de solução, que precisa ser validada pelo público-alvo.

Faça os dois. Há uma complementação muito interessante quando você cruza essas duas
fontes de informação. Pois ler apenas trabalhos científicos traz para você uma visão um tanto
asséptica do problema, talvez distanciada da realidade e dos detalhes. Por outro lado, se você
apenas conversar com pessoas pode acabar adquirindo versões enviesadas e carentes de
imparcialidade. Combinando as duas fontes, você cruza o olhar abrangente e sistemático de um
trabalho científico com o olhar humano de quem sente o problema na pele.

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Explore a fundo as fontes recomendadas para ficar imerso no assunto da sua pesquisa.
Isso confere a você o poder de fazer conexões e ir além: você passa a entender o papel da sua
pesquisa dentro da comunidade científica e identifica pontos nos quais ela pode se inserir para
resolver os problemas que você identificou lá no início. Conectar o problema, o projeto, os
resultados e a solução: é a pesquisa bibliográfica aliada a conversas com pessoas que possibilita
essa compreensão global.

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FEBRACE. ÁPICE – Metodologia Científica. Disponível em:
<http://apice.febrace.org.br/cursos/Metodologia-Cient%C3%ADfica/>. Acesso em: abril de 2017.

FEBRACE. Metodologia de Engenharia. Disponível em: <http://febrace.org.br/projetos/metodologia-de-


engenharia/#.WQdlW_nyvIW>. Acesso em: abril de 2017.

GOTAS DE CIÊNCIA. [Fato x Opinião]. Porto Alegre, 2 jul. 2019. Instagram: gotasdeciencia.
Disponível em: <https://www.instagram.com/p/BzZ_PxapjR8/>. Acesso em: 23 jan. 2020.

SOUZA, Dalva Inês de et al. Manual de orientações para projetos de pesquisa. Novo Hamburgo:
FESLSVC, 2013.

Para Jaqueline Steffenon e Kawoana Vianna, que cederam exemplos do diário de bordo das
suas pesquisas. Para o jovem cientista Gabryel Guerra, que cedeu depoimento para o capítulo 3.
Para as envolvidas na escrita da primeira edição deste conteúdo em 2016, Deise Carvalho e
Fernanda Neumann.

Acesse a coleção completa, incluindo desafios que colocam em prática este conteúdo, em:
https://cientistabeta.com.br

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