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CURRICULO E INTERDISCIPLINARIDADE

Os estudos sobre currículos estão cada vez mais presentes na academia, uma
vez que são vistos como instrumentos de manutenção de estruturas sociais, isto
porque os currículos das escolas são em geral organizados por disciplina e sua
estrutura segue uma suposta linearidade de conteúdo a serem aprendidas com
sistemas avaliativos classificatórios que minimizam as subjetividades dos
alunos, mas atendem as demandas econômicas da educação em massa.

No entanto, a pedagogia oferece diversas teorias de currículo como alternativas


ao currículo tradicional. A escola Eureka apresentada no estudo de caso mostra
ter uma boa estabilidade entre as relações, porém há pouca interação entre a
equipe pedagógica, o que prejudica todos os envolvidos na comunidade escolar
e como estratégia de propor uma nova visão sobre o currículo exercido na
escola, recorrer a interdisciplinaridade pode ser uma ótima alternativa.

Para elaborar um plano de aula interdisciplinar é preciso primeiro analisar as


necessidades dos alunos e rever as habilidades que estão sendo exploradas
para que sejam identificados seus potenciais e suas fragilidades e, com isso,
adotar novas práticas que tornem o processo de ensino-aprendizagem mais
significativo. Além dos alunos, é importante que a equipe docente também esteja
envolvida, pois será responsável pela condução do plano de aula. Toda mudança
curricular requer o comprometimento da comunidade escolar para que os
objetivos sejam alcançados.

Uma sugestão de plano de aula para a escola Eureka seria a abordagem com
jogos africanos. Existem diversos estudos que comprovam que os jogos são
benéficos para grupos de várias idades, promovendo a cooperação e a
sociabilização, além de estimular diversas habilidades como o raciocínio lógico,
coordenação motora e a criatividade. Jogos africanos como Mancala, Tarumbeta
e Shisima são jogos matemáticos que têm muito potencial de criar um enredo
interdisciplinar. Através deles é possível explorar suas histórias (história),
localidade (geografia), tronco linguísticos do povo a que pertence (línguas),
contribuições científicas (ciências) e várias outras disciplinas como artes,
literatura e produção de texto, além de promover debates interessantes sobre
racismo e branquitude.

Há diversos temas que podem ser articulados na sala de aula e os jogos podem
funcionar muito bem em um projeto escolar. No entanto, é preciso compreender
que um currículo não se faz apenas com temas e projetos, um currículo abrange
esferas sociais, políticas, históricas e culturais e por isto devem ser
administrados através de uma gestão democrática que garanta uma construção
contínua e participativa que identifique e se atente aos avanços da sociedade e
esteja disposta a introduzi-los no currículo alinhando aos seus valores e
ideologias.

REFERENCIAS:

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: Uma introdução às teorias


do currículo, 1999.

PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública, 2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 2014

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