1. Desenvolvimento alternativo
A abordagem de desenvolvimento alternativo surgiu devido à atuação de uma série de fatores
convergentes, no final dos anos 70, incluindo:
1
Governamentais (Non Government Organization (NGO), Organizações Baseadas na
Comunidade (Community Base Organizations-CBO) e organizações voluntárias. Imagem a
seguir resume os principais aspectos do pensamento de desenvolvimento alternativo.
Realça os
Desenvolvimento Flexível
papéis na
Alternativo
sociedade
civil
Capacita os Culturalment
pobres e sensível
Participativo
2
tentaram-se focar nestes grupos anteriormente negligenciados por muitas vezes alguns
argumentariam que foram até ignorados em programas de desenvolvimento.
Ao contrário dos grandes debates ideológicos, podemos observar que estes autores de
desenvolvimento alternativo pareceram ter impacto na prática de desenvolvimento. Os
organismos de assistência, como o Banco Mundial e agências para o Desenvolvimento
Internacional, adoptaram princípios como manter uma abordagem para o desenvolvimento
sensível às questões de, proteger o meio ambiente e a subsistência dos que dependem dele, ou
assegurar a participação da população alvo na concepção e operação do projeto. Poder-se-ia
argumentar que isto é mais uma questão de recorrer ao jargão politicamente correto do que
uma mudança fundamental na filosofia do desenvolvimento, mas de facto demonstra que a
teoria pode revelar uma mudança na prática.
3. Participação
A participação e o empowerment são talvez os dois lemas do desenvolvimento alternativo.
Pegue em qualquer texto recente no âmbito do extenso domínio dos estudos de
desenvolvimento e não deve passar muito tempo até encontrar estas palavras. Estes termos
inegavelmente populares fazem parte do discurso atual sobre o desenvolvimento, embora os
seus significados tenham sido frequentemente contestados. Alguns sugerem que por terem
sido utilizados por tantas organizações e indivíduos diferentes em contextos variados,
tornaram-se parte de uma linguagem de desenvolvimento apelativa porém sem sentido
(Goldsmith 1991). Rahnema (1992), por exemplo, afirma que, enquanto os termos
participação e participativo são agora usados na política e prática do desenvolvimento,
perderam grande parte do seu valor. Participação como um meio, é utilizar ferramentas de
Partipatory Rural Apraisal pode melhorar os resultados de um projeto ou de um programa, ao
aproveitar capacidades locais, conhecimento e mão-de-obra, e aumentando a probabilidade de
ter apoio local para uma intervenção. Participação como um fim em si própria, é a
participação tem como alvo os grupos marginalizados, para que intervenham efetivamente nas
estruturas políticas, económicas e sociais, e partilhem os benefícios.
Não é a participação per se mas a natureza desta participação que se tornou fundamental no
diálogo relativo ao desenvolvimento. Mowforth e Munt explicam isto em relação ao
envolvimento da comunidade no desenvolvimento do turismo:
Tipologia de Participação
3
interativa de ação e à formação de novos grupos locais ou ao fortalecimento dos
existentes. A participação interativa tende a envolver metodologias
interdisciplinares que procuram múltiplas perspectivas e utilizam
processos de aprendizagem sistemáticos e estruturados. Estes grupos
controlam as decisões locais, para que as pessoas tenham um interesse
investido na manutenção das estruturas ou práticas.
Uma dicotomia simplificada que surge da tipologia de Pretty é a participação passiva versus
ativa. Recorrendo, novamente, ao exemplo do envolvimento da comunidade no turismo,
4
quando as comunidades são participantes passivas num processo de desenvolvimento, podem
receber apenas alguns trabalhos servis num resort turístico ou ter uma percentagem nas
entradas de um parque natural, não exercendo qualquer controlo na natureza do
desenvolvimento do turismo ou qualquer envolvimento no mesmo. A participação ativa, em
alternativa, deve significar que as comunidades têm acesso à informação sobre os prós e
contras do desenvolvimento do turismo, e que estão diretamente envolvidas no planeamento e
gestão do turismo, em consonância com os seus próprios interesses e recursos.
3. As comunidades pobres consideram ser difícil acumular ou atrair o capital necessário para
desenvolver instalações ou atrações turísticas.
Embora os pontos de Koch tenham sido elaborados com relação ao sector do turismo,
aplicam-se igualmente a muitos outros aspectos do desenvolvimento. Conforme definido no
primeiro ponto de Koch, apenas se pode esperar que as comunidades participem ativamente
num projeto se tiverem um sentido de propriedade em relação a ele (Guevera 1997). É por
isso que as políticas dos governos do Zimbabué e da Namíbia de permitir que as comunidades
giram a vida selvagem das suas terras comuns oferecem-lhes uma excelente oportunidade
para descobrir formas de envolvimento de forma igualitária em iniciativas de
desenvolvimento. Relativamente ao segundo ponto, muitas comunidades, tanto urbanas como
rurais, não têm capacidades, experiência, redes ou recursos para participar de forma efetiva
nas iniciativas de desenvolvimento. Isto sugere que as abordagens alternativas destinadas ao
aumento de consciencialização e formação de capacidades têm um importante papel em
permitir que as comunidades participem de forma mais ativa nas iniciativas de
desenvolvimento, devendo assim ser implementadas numa fase inicial.
O terceiro ponto de Koch chama a atenção para a falta de recursos financeiros que as
comunidades podem angariar para o investimento no desenvolvimento. O controlo local é
certamente mais difícil de alcançar quando as comunidades se endividam a entidades de
crédito ou estão envolvidas em parcerias com interesses externos de maior poder de forma a
reunir capital para iniciar um projeto de desenvolvimento. O quarto ponto de Koch foi
5
enfatizado por muitos autores que abordam os constrangimentos à participação: as
comunidades são compostas por diversos grupos de interesse, sugerindo que os grupos
marginalizados dentro das comunidades terão especiais dificuldades especiais em serem
participantes ativos nos processos de desenvolvimento. Como De Kadt (1990) adverte, os
apelos à participação da sociedade disfarçam a conhecida tendência das elites locais em
apropriarem-se dos órgãos de participação para benefício próprio. As elites dentro das
comunidades tornam-se frequentemente mais ricas do que as outras simplesmente porque têm
poder e confiança para lidar com terceiros e asseguram-se que as oportunidades de
desenvolvimento permitem ganhos específicos para si e para as suas famílias (De Kadt 1990).
Logo:
Adicionalmente, como France (l997) observa, A escala (...) irá afectar a intensidade e a
natureza da participação. É muito mais fácil para as comunidades tomarem um papel de
controlo nas iniciativas de pequena escala do que em iniciativas grandes e de grande capital.
Da mesma forma, os grupos menos influentes na sociedade terão mais oportunidades em
participar em empresas de pequena escala.
A teoria de desenvolvimento alternativa sugere que as comunidades locais devem ser centrais
ao planeamento e gestão do desenvolvimento, e incentiva que as vozes dos mais afectados
pelo desenvolvimento sejam ouvidas. Este incentivo poderá tomar a forma de sistemas
formalizados do planeamento a nível local, que envolva ativamente comunidades locais ou,
no outro extremo, poderá resultar em protestos por parte de sectores da comunidade
insatisfeitos com a forma como o turismo tem impacto na sua sociedade e ambiente. Milne
(1998) refere-se a estas alternativas quando discerne uma diferença entre participação
sancionada, na qual os governos ou as organizações não-governamentais estabelecem e
dirigem um processo que incentiva o envolvimento local na tomada de decisões, e
organização política independente, em que grupos distintos tentam exercer controlo sobre o
desenvolvimento, por vezes através de meios não-conflituosos, incluindo trabalho de
sensibilização, mas por outras vezes através do protesto direto. As sugestões de Milne são
semelhantes à noção de espaços de participação de convidado versus reclamado de Cornwall
(2002).
6
alienação do processo conduz normalmente à falta de participação das pessoas. Os
planeadores culpam a ignorância ou apatia das pessoas mas os esquemas falham com
frequência porque as pessoas são alheadas dos processos de planeamento e desenho do
projeto mas é esperado que os façam funcionar. Quando os políticos e doadores de ajuda
chegam à cerimónia de inauguração, cortam a fita, tiram as fotografias e saem, as
comunidades são deixadas entregues aos seus próprios mecanismos para fazerem funcionar
um projeto que poderá não ser realmente o que desejavam, que não vai ao encontro das suas
necessidades, em cuja construção não estiveram envolvidas ou que não têm capacidades para
operar mas que frequentemente é expectável que paguem! Deve ser pouco surpreendente que
estes esquemas falhem muitas vezes.
Isto pode parecer bem na teoria mas pô-lo em prática poderá não ser fácil (Rahnema 1992).
Esta abordagem participada pode deparar-se com alguns problemas:
a. Existe a questão de quem representa as pessoas. Nas sociedades que são desiguais ou
heterogéneas dividido por género, idade ou casta, os grupos diferentes podem não ser
devidamente representados pelos líderes tradicionais. O desenvolvimento terá assim
de se focar exatamente no grupo-alvo (por exemplo, nas mulheres rurais em vez de
apenas habitantes rurais) e assegurar a sua participação, apesar de esta situação poder,
por sua vez, conduzir a um conflito com outros grupos nesta sociedade (por exemplo,
líderes homens).
b. As pessoas podem precisar de ter confiança em falar e lidar com estrangeiros. Os
pobres têm habitualmente menos poderes na sociedade e pouca experiência na
articulação das suas necessidades. O desenvolvimento precisa de centrar-se no
empowerment, capacitando esses grupos para que expressem as suas opiniões e para
7
responderem às suas iniciativas. Este empowerment pode ser assim um fim muito
importante do desenvolvimento por si só, ao invés de representar apenas um meio
para a implementação de um projeto.
c. Existe a questão de ver a madeira e não as árvores. As pessoas podem conseguir
identificar os seus problemas imediatos e assim tentar resolvê-los sem observar os
motivos subjacentes à sua situação. Quaisquer resultados irão meramente tratar o
sintoma em vez de atacar a causa. O conhecimento mais alargado do mundo e um
sentido de consciência crítica são necessários.
Modelos de desenvolvimento
FINANCIADOR
BENEFICIÁRIOS
FINANCIADOR
8
FACILITADOR
PARTICIPANTES PRIMÁRIOS
Para lidar com estas dificuldades, existe ainda uma função para uma agência ou indivíduo
externos. Não é tanto um especialista mas um facilitador e um defensor articulado e
informado. O facilitador pode formar o terceiro vértice de um triângulo que envolve as
pessoas e o governo ou agência externa. Nesta função pode encaixar-se alguém que tenha
horizontes e aptidões mais abrangentes e alguém habituado a lidar com burocracias. A
empatia com as pessoas locais e com as suas necessidades é também um pré-requisito. Pode
ser uma função para um membro formado da comunidade ou pode ser uma pessoa externa.
Esta pessoa tem a função difícil de obter opiniões locais, de as representar perante o governo
ou qualquer outra entidade e conduzir o projeto no interesse das pessoas. Mais uma vez, isto
nem sempre é linear, dado que a população local poderá suspeitar das pessoas externas e dos
seus motivos. Também poderá evoluir para uma mentalidade messiânica, onde o facilitador é
visto como um deus e desenvolvem-se expectativas irrealistas (Rahnema 1992). Por isso, a
participação parece ser um pré-requisito necessário para o sucesso do desenvolvimento, mas
não irá assegurá-lo, e pode ser bastante difícil implementá-la na prática.
5. Empowerment
Conforme acima indicado, a participação pode ser na verdade deveras passiva na prática e
pode funcionar em condições de opressão, coerção e exploração. O empowerment envolve
algo mais, o envolvimento ativo das pessoas que lhes dá a capacidade - o poder - para mudar
as suas próprias vidas para melhor. Antes de podermos compreender totalmente o
empowerment, temos de ser claros sobre o significado do seu termo basilar: power (poder).
Segundo Rowlands (1997), poder é frequentemente considerado como um conceito binário e
hierárquico, segundo o qual o poder é sinónimo de domínio. Este é o poder sobre e é
instrumental, no sentido em que é compreendido como meio de influenciar os outros para a
própria vantagem. No entanto, os teóricos dos estudos de desenvolvimento geralmente
preferem ver o poder como uma força motriz e produtiva que pode ser adoptada individual ou
colectivamente: poder para, poder com e poder de dentro. Com estas últimas percepções de
poder, torna-se evidente que uma agência de desenvolvimento não pode realmente empossar
alguém que seja oprimido, marginalizado ou, de outra forma, desfavorecido; no entanto pode
promover empowerment.
9
ser visto como essencial a qualquer grupo que pretenda desafiar os sistemas de opressão que
tenham restringido as suas oportunidades de vida. O empowerment é um processo através do
qual os indivíduos, famílias, grupos locais, comunidades, regiões e nações moldam as suas
próprias vidas e o tipo de sociedade onde querem viver (France 1997).
O termo tem ligações estreitas ao trabalho de Paulo Freire (1972). Freire acreditava que a
educação ou consciencialização das pessoas sobre as estruturas e processos da sua opressão
devia ser o primeiro passo crítico para a sua libertação. Assim que as pessoas se tornassem
conscientes da sua condição, estas tomariam os passos para se libertarem da exploração e da
subordinação.
10
formação em 14 grupos de mulheres do povo Maasai no Norte da Tanzânia. Em 2006, no
distrito de Kiteto, esta formação inspirou as mulheres a unirem-se numa tentativa de expulsar
ocupantes ilegais que estavam a fazer plantações em terrenos que eram anteriormente de
pastagem de gado. Havia uma suspeita em como os líderes homens na área, que não fizeram
qualquer tentativa para desafiar os ocupantes, tinham recebido subornos por parte destes. O
conluio dos seus próprios líderes dificultou bastante que outros homens Maasai agissem para
retirar os ocupantes. No entanto, as mulheres não estavam dispostas a ser complacentes, em
especial quando viram que as crianças Maasai estavam constantemente a ser espancadas pelos
ocupantes quando o seu gado deambulava para as terras recém-cultivadas. Armadas com o
novo conhecimento sobre direitos sobre as terras e direitos das mulheres, fornecido pela
CORDS, estas mulheres decidiram agir, primeiro batendo às portas das entidades oficiais do
distrito para apresentarem queixa. Como isto não surtiu qualquer efeito, decidiram enviar uma
delegação de um homem e de uma mulher a Dodoma, para falar com o Primeiro-Ministro. O
Primeiro-Ministro teve uma reunião breve com eles, e ordenou posteriormente uma comissão
de inquérito sobre a ocupação de terras a ocorrer. Como resultado: a) o Comissário Distrital
de Kiteto foi demitido, e b) os ocupantes ilegais foram notificados com ordens de despejo.
Dado que estavam ainda a tentar resistir ao despejo, as mulheres do distrito de Kiteto
mantinham-se inflexíveis em continuar a assegurar que têm terra para deixar aos seus filhos.
Estas mulheres desejam que a formação da CORDS continue:
Queremos mais formação porque é assim que iremos obter força e conhecimento. Se
não tivéssemos tido formação, teríamos ficado nas nossas casas até que os intrusos
entrassem e as queimassem (Membro do grupo de mulheres de Irpopongi (Regina Scheyvens
2006)
Enquanto alguns autores defendem uma distinção clara entre empowerment como processo e
como objectivo de desenvolvimento, os dois estão estritamente ligados na prática. Para o
concretizar, defensores do mapeamento comunitário, em que grupos de pessoas são
capacitadas para mapear a sua comunidade, incluindo recursos, bens e informação social,
sugerem que esta pode ser uma experiência de capacitação de duas formas para os
participantes. Em primeiro lugar, o processo de reunião e de envolvimento numa ação
colectiva pode permitir que as pessoas descubram que têm interesses e aspirações em comum
com aqueles que vivem à sua volta, e que juntos podem trabalhar para realizar mudanças
positivas nas suas comunidades. Em segundo lugar, o mapeamento comunitário pode fazer
com que as pessoas tenham um maior controlo sobre os recursos. Ao definir as fronteiras das
suas terras comunitárias, passam a ter um documento que podem usar para impedir a invasão
das suas terras pela parte de ocupantes que não sejam naturais da zona. Num ponto conexo, as
comunidades urbanas têm frequentemente elaborado mapas comunitários em resposta às
tentativas das autoridades governamentais, para os expulsar de ocupações ilegais, mas o
processo de desenvolver mapas revelou uma melhor comunicação entre as autoridades e os
ocupantes de construções ilegais e, por vezes, resultou em programas para os ajudar a
melhorar as suas instalações.
11
multidimensional do desenvolvimento (Scheyvens 1999). Este enquadramento poderia
igualmente ser aplicado a vários outros tipos de desenvolvimento:
O dinheiro ganho é partilhado entre A maioria dos lucros vai para elites locais,
as várias famílias na comunidade. operadores externos, agências
governamentais, etc.
Existem sinais visíveis de melhorias
realizadas pelo dinheiro que é ganho Apenas alguns indivíduos ou famílias
(por exemplo, as casas são obtêm benefícios financeiros do turismo,
construídas com materiais mais enquanto outros não conseguem encontrar
duradouros; mais crianças podem ir à uma forma de partilhar estes benefícios
escola). económicos, porque não têm capital,
experiência ou capacidades adequadas.
Capacitação A autoestima de muitos membros da Os que interagem com turistas ficam com
psicológica comunidade é melhorada devido ao a sensação que a sua cultura e forma de
reconhecimento externo da vida é inferior.
singularidade e valor da sua cultura,
dos seus recursos naturais e do seu Muitas pessoas não partilham os
conhecimento tradicional. benefícios do turismo e por isso sentem-se
confusas, frustradas, desinteressadas ou
O acesso ao emprego e ao dinheiro desiludidas com a iniciativa.
conduz a um aumento de estatuto
para as faixas tradicionalmente de
baixo estatuto da sociedade, por
exemplo, jovens, pobres.
12
O ressentimento e a inveja são habituais.
13
desenvolvimento mais imparcial, sustentável e participativo. De acordo com Brohman (1996),
o que une as abordagens alternativas ao desenvolvimento reside na...
Aqui, como com o pensamento do pós-desenvolvimento, existe uma rejeição das englobantes
grandes teorias do desenvolvimento. Ainda assim, o discurso é mais reformista do que
rejecionista: os desenvolvimentistas alternativos ainda preveem frequentemente uma função
para o Estado, para as instituições de desenvolvimento e para o conhecimento externo, mas a
teoria e prática do desenvolvimento devem ser tornadas mais relevantes para usar o termo de
Edwards se for para melhorar as vidas daqueles que procuram servir. Este discurso foi uma
reação ao que muitos consideram uma crise no desenvolvimento e no capitalismo global.
Apela a uma maior flexibilidade na teoria e prática do desenvolvimento, e para que esta
estejam mais fundamentadas na experiência real das bases: Brohman (1996) lista as
necessidades das bases como distribuição de receitas relativamente equitativa, provisões de
necessidades básicas, desenvolvimento de recursos humanos, participação e democratização
popular, crescimento equilibrado social e espacialmente, e sustentabilidade cultural e
ambiental.
Poderá ser difícil argumentar que o desenvolvimento alternativo representa uma contra-teoria
ao desenvolvimento principal apesar de existirem alguns que o façam. Em vez disso consiste
numa recolha fragmentada de críticas que partilham uma preocupação pela forma como o
desenvolvimento é teorizado e praticado, e pelo impacto do desenvolvimento nas relações
sociais, na equidade e no ambiente. Desta forma, o pensamento de desenvolvimento
alternativo está mais preocupado com a observação do impacto do desenvolvimento nas
populações do que em desenvolver um tratado coerente e de teorias convincentes sobre o
desenvolvimento. Ainda assim, certamente que representa um desafio significativo ao atual
pensamento do desenvolvimento, apesar de fracturado entre várias tradições diferentes
(ambientais, feministas, populistas, etc.).
A glorificação da escala local nos fóruns de desenvolvimento alternativo tem significado que
a importância de estruturas económicas e políticas opressivas a nível nacional e internacional
tem sido negligenciada com frequência. Para que ocorra um desenvolvimento exaustivo,
14
existe a necessidade de mudar em todos os níveis, não apenas nas bases; por exemplo, uma
pequena cooperativa local da África do Sul não pode mudar as regras da OMC.
Idealizar comunidades
A ênfase na sociedade civil pode conduzir à competição entre ONG, de forma a comprometer
as organizações mais fracas. Também as chamadas parcerias entre as ONG do Norte e do Sul
são tipicamente equilibradas a favor das primeiras.
Apesar dos seus esforços, as pessoas poderão não estar aptas a alcançar benefícios tangíveis
devido a estruturas políticas e culturais; por exemplo, que influência têm as pessoas sobre as
instituições?
A capacitação e a participação são dois conceitos importantes que foram adoptados por
praticantes de desenvolvimento alternativo. Para os grupos sociais que estão em desvantagem
em relação a fenómenos como o género, etnia, classe, idade e religião, a capacitação e a
participação são idealmente parte do processo de desenvolvimento e também um objectivo de
15
desenvolvimento. A capacitação e a participação podem permitir que as pessoas em
desvantagem ou marginalizadas tenham um papel importante na sociedade, influenciem a
tomada de decisões e acedam a recursos de acordo com as suas necessidades
autodeterminadas.
No entanto, em vez de se deixarem levar pela versatilidade destes conceitos, temos de analisar
a abordagem adoptada, em especial porque devemos estar alerta para aqueles que adoptam
uma visão instrumentalista onde a participação e a capacitação são estreitamente vistas como
recursos que podem ser aproveitados para alcançar alguns objectivos organizacionais e
institucionais definidos de cima. Isto é relativamente comum quando a lógica neoliberal está a
ser utilizada, por exemplo, as pessoas devem ser capacitadas para tomar mais
responsabilidade pelas suas próprias vidas, etc., para que o Estado já não sinta obrigação de
cuidar delas. Esta é uma noção debatida na próxima secção. É a natureza da participação no
desenvolvimento, se as comunidades conseguirem ver os benefícios no seu bem-estar e
condição de vida. A participação ativa, pela qual as comunidades têm um determinado grau
de controlo sobre o desenvolvimento e partilham equitativamente os seus benefícios, irá mais
provavelmente conduzir à capacitação do que as formas passivas de participação.
7. Pós-desenvolvimento
O pensamento de pós-desenvolvimento surgiu amplamente nos anos 90 no seguimento do
descontentamento com as teorias de desenvolvimento anteriores, mas é importante realçar que
os defensores do pós-desenvolvimento expandem-se ao longo de um contínuo ideológico
deveras alargado, variando entre aqueles que optaram por uma posição forte
antidesenvolvimento - defendendo que o desenvolvimento falhou redondamente e por isso é
necessário que desmantelemos a sua indústria – àqueles que têm mais esperança sobre a
existência de alternativas positivas ao desenvolvimento do passado. O pós-desenvolvimento é
essencialmente um termo abrangente que engloba os aspectos de outros pós, que serão
também debatidos abaixo: pós-estruturalismo, pós-modernismo e pós-colonialismo. O pós-
desenvolvimento pode ser definido como um termo dado a uma escola de pensamento
diversa, cujos apoiantes se dedicam, em níveis diferentes, ao questionamento de longo
alcance dos processos e dos objectivos finais do desenvolvimento. Grande parte do trabalho
de desenvolvimento envolve a análise e a crítica de conhecimentos, linguagens e significados
dentro das indústrias de desenvolvimento, focando especialmente a forma como podem servir
para moldar ou perpetuar as relações de poder. Como alternativas ao desenvolvimento, os
teóricos de pós-desenvolvimento promovem movimentos sociais e abordagens a partir das
bases, derivadas localmente, para a organização social (Development Resource Centre, 2008:
Guide to International Development Terms and Acronyms).
16
podem ser vistas como transversais ao espectro e permitindo novas dimensões aos debates de
desenvolvimento, especialmente trazendo para o debate críticas pós-estruturalistas e pós-
modernas, e uma análise mais rigorosa sobre o papel poderoso que o discurso tem na
construção e admissão das nossas percepções do Terceiro Mundo e no governo e
desculpabilização das nossas ações. As discussões do pós-desenvolvimento levantam
questões fora do nível principalmente político-económico do debate esquerda-direita, e
focam-se frequentemente nas questões de nível micro tais como as necessidades do indivíduo
ou a dinâmica da família em vez da análise de nível macro predominante do pensamento
liberal e radical. Representam um conjunto de ideias empolgantes e desafiantes e poderia
sugerir-se que derrubaram o espectro esquerda-direita como palco principal do interesse da
teoria do desenvolvimento.
17
vez, a modernidade é caracterizada pela racionalidade, individualismo, uma
orientação positivista ou científica e valores democráticos (Marchand e Parpart 1995).
j. Pós-modernismo: A pós-modernidade refere-se à era histórica atual e ao seu espírito
de cepticismo em relação aos conceitos iluministas de progresso perpétuo, verdade
absoluta e superioridade da ciência a outras formas de conhecimento, assim como
uma atitude de abertura para uma integração cultural global, novas tecnologias e
ambiguidade social. As críticas pós-modernistas são os sistemas de conhecimento
ocidental, a construção social de interpretações dominantes, a racionalidade e
relacionam-se com as formas de resistência e vozes silenciadas (Marchand e Parpart
1995).
k. Pós-estruturalismo: É um movimento no seio das ciências sociais e da literatura
linguística, crítico dos pressupostos inerentes ao pensamento iluminista. Tem
paralelismos e interliga-se frequentemente com o pós-modernismo, que teve origem
nas artes e na arquitetura. Entre outras coisas, os pós-estruturalistas rejeitam uma
visão racionalista do mundo que resida em dicotomias, assuma uma realidade
objectiva e que se proponha a desenvolver uma teoria principal (Marchand e Parpart
1995).
Além de uma posição de crítica radical, é difícil identificar o que caracteriza o pensamento do
pós-desenvolvimento. Não é um movimento coeso e o discurso do pós-desenvolvimento varia
largamente no âmbito, objectivo e posição intelectual e ideológica. Em vez de referir-se ao
pós-desenvolvimento como um movimento ou escola de pensamento, é mais correto referir-se
a este como um debate. No entanto, estes debates partilham uma herança intelectual e um
grupo de questões nucleares.
É na herança intelectual do pós-desenvolvimento que nós podemos começar a ver uma quebra
radical com outras abordagens alternativas. O termo pós insere-se no pós-desenvolvimento de
18
forma a identificar uma contestação fundamental aos preceitos das ideias de desenvolvimento
existentes, e para indicar a grande influência do pós-modernismo, pós-colonialismo e pós-
estruturalismo no surgimento deste novo debate. Estas abordagens surgiram todas a partir da
crítica das teorias principais dos dois séculos passados.
a. A influência do pós-modernismo
Um factor por trás das recentes mudanças teóricas nos estudos de desenvolvimento foi um
corpo teórico nas ciências sociais conhecido por pós-modernismo. Não nos ocupamos
diretamente com o pós-modernismo neste curso, mas devemos atentar no seu efeito.
b. A influência do pós-colonialismo
O pós-colonialismo aborda as formas nas quais a dinâmica de poder global da era colonial
continua a ter impacto no período pós-colonial atual poderá querer referir aqui as secções do
Capítulo I sobre colonialismo e imperialismo e a sua influência no desenvolvimento). O pós-
colonialismo surgiu nos anos 80 e 90. É uma abordagem, que outros poderão designar por
movimento, da teoria crítica e cultural, liderada por académicos como Edward Said
especialmente no seu livro sobre o orientalismo (1979) e Gayatri Spivak. Cheryl McEwan
(2009) defende que o pós-colonialismo tem dois significados principais, referindo-se tanto a
consequências temporais – um período de tempo após o colonialismo, ou a consequências
críticas – culturas, discursos e críticas que ultrapassam o colonialismo, mas que são
estreitamente influenciadas por ele. Portanto, o pós-colonialismo pode ser referido como uma
noção de tempo, uma condição, uma teoria política ou literal, ou apenas como
19
anticolonialismo que critica todas as formas de poder colonial. As perguntas feitas neste
contexto são:
20
outro grupo como dentro de sistemas de classe ou sociedade. No contexto do pós-
colonialismo, subalterno refere-se a todos aqueles que são marginalizados ou excluídos e que
não estão em posição de falar por eles próprios (McEwan 2009).
c. A influência do pós-estruturalismo
21
Conforme debatido no capítulo anterior, o estruturalismo tenta compreender o motivo pelo
qual as sociedades, culturas e indivíduos são o que são ao revelar os sistemas, ou estruturas,
subjacentes que os explicam. Já vimos no capítulo anterior que, dentro do desenvolvimento,
os estruturalistas distinguem entre as estruturas do centro e da periferia e que também
enfatizam a importância das estruturas históricas subjacentes de países diferentes. Os
estruturalistas acreditam que através da razão, lógica e investigação científica podemos
chegar a uma compreensão correta das causas subjacentes para as estruturas internas e
externas das sociedades. O pensamento estruturalista é assim um exemplo do pensamento de
grande teoria (Johnston et al., 2000), porque o estruturalismo constrói o capitalismo como
uma força unitária e hegemónica (…) que funciona de forma independente da sociedade
(Curry 2003).
Por sua vez, o pós-estruturalismo não apoia a perspectiva que as grandes teorias oferecem
verdades científicas ou explicações objectivas e neutras de como o mundo funciona. Pelo
contrário, teorias como a modernização e a dependência são vistas como explicações
localizadas histórica e culturalmente que são profundamente enraizadas em relações de poder
complexas. Por exemplo, as teorias de modernização foram uma ferramenta de política
externa dos EUA ao longo da Guerra Fria e as ideias neoliberais de mercado livre são
tentativas para sustentar a hegemonia ocidental através da causa do comércio livre. Assim,
podemos contestar a representação das grandes teorias sociais como científicas e sugerir que
essa utilização da teoria equivale a abuso moral e ético. Adicionalmente, estas teorias
surgiram da elite da sociedade ocidental, no entanto pretenderam propor uma grande teoria
para todas as nações, culturas e povos.
22
imbuída de uma forte desconfiança de qualquer grande teoria que alegue descrever
objectivamente a realidade ou prescreva um programa fixo para a mudança.
23
Mundo. Escobar é um dos mais conhecidos teóricos de pós-desenvolvimento e utiliza os
conceitos de Foucault sobre poder e governamentalidade para a análise crítica dos discursos
de desenvolvimento.
A sua conclusão era que o desenvolvimento falhou, não elevou a maioria dos pobres – de
facto, perpetua relações de poder desiguais. Assim, vários autores sugeriram que temos de
abandonar o desenvolvimento tal como é atualmente constituído: o que é necessário é
destronar o desenvolvimento e deixá-lo para trás na busca de perspectivas radicalmente
alternativas para a vida social (O'Connor e Arnoux 1993 em Matthews 2003).
24
explorou os problemas das relações de poder dentro da esfera internacional de forma mais
geral, não era o único sítio onde os paradigmas de desenvolvimento dominantes eram
criticados. Dois outros, que podemos designar genericamente por orientado para os atores e
antipolítica, são particularmente meritórios de atenção devido à natureza dos problemas que
levantam, em relação a ambos os paradigmas dominantes, e a grande parte do trabalho inicial
dentro do pós-desenvolvimento. Em muitos aspectos, permitem uma base teórica para mais
debates aplicados sobre conhecimento tradicional, empowerment, participação, bases,
abordagens de baixo para cima e sobre o papel das ONG no desenvolvimento.
Uma abordagem orientada para os atores coloca ênfase na ação no âmbito destas definições
estruturais. Ação é outro termo contestado nas ciências sociais, mas aqui podemos utilizá-lo
para representar a capacidade dos indivíduos de agirem de forma independente e a fazerem as
suas próprias escolhas livres, dentro dos limites estabelecidos pelo conhecimento e a sua
capacidade de agir. O trabalho de Long realçou as formas em que a ação é culturalmente
constituída e praticada. As formas nas quais os indivíduos são sujeitos a pressões sociais para
pensar e comportar-se de formas específicas - as suas formas de saber e capacidade em agir -
são claramente relacionadas com contextos culturais específicos. Desta forma, as noções de
identidade e conhecimento/relações de poder irão variar em função do contexto, e têm
necessidade em ser compreendidas nos termos em como afectam a relação com forças
societais mais abrangentes.
25
sem poder – demonstram que isto é bastante mais compreendido em termos de uma
abordagem orientada para o ator. A diversidade de estruturas que condicionam os encontros
de desenvolvimento em torno destas minas é complexa e dinâmica – procura mundial de
minérios, abordagens e políticas empresariais, política nacional e capacidade do governo,
hábitos e culturas locais, regimes de propriedade e afinidade, localizações, geologia e
micropolítica. A interface aqui abrange então uma diversidade de encontros em espaços desde
escritórios empresariais, reuniões sociais, trocas planeadas deliberadas, reuniões de
representantes e reuniões fortuitas na rua, sendo que todas inflectem os resultados que
ocorrem.
26
maior acesso e controlo do Estado sobre a região anteriormente isolada: o Estado tornou-se
uma parte muito mais imediata da vida das pessoas na área. Em segundo lugar, e relacionado
com o primeiro, o projeto também consagrou o desenvolvimento como antipolítico. Na sua
essência, Ferguson defendeu que não só os projetos ou programas de desenvolvimento evitam
tratar de questões políticas, como tornam as questões de pobreza, desenvolvimento e até
mesmo do Estado em questões técnicas, em vez de questões políticas:
O trabalho de Ferguson tem sido adoptado, refinado e aprofundado por vários autores numa
diversidade de cenários que inclui ONG na área do desenvolvimento (Fisher 1997),
conhecimento ecológico tradicional (Nadasdy 2005), extensão agrícola no México (Nuijtens
2005), e agricultura urbana em África (Page 2002). O relato de Tania Murray Li (2007) de
várias iniciativas históricas e contemporâneas de desenvolvimento em Sulawesi, Indonésia,
por exemplo, abre com um debate das aspirações e intenções de longa data de terceiros – ou
Mandatários, como ela os chama, baseando-se na linguagem de Cowen e Shenton - para
melhorar as vidas dos pobres rurais na região. Argumenta que esta vontade em melhorar
traduz-se em programas de desenvolvimento através de três práticas obrigatórias para o
desenvolvimento:
Um exemplo final e talvez mais radical dos artigos antipolíticos recentes é o trabalho de
Pieter de Vries, um antropólogo que trabalha na Universidade de Wageningen na Holanda. O
argumento de de Vries (2007) é simples e desafiador: defende que a ideia de desenvolvimento
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assenta na produção de desejos – e de esperança – que o desenvolvimento por si não pode
alcançar. A indústria do desenvolvimento é autoimpulsionadora no sentido em que gera forças
motrizes motivacionais sobre as quais a indústria é parasita em termos de aspirações dos
participantes (os pobres) que cria. Aos dois efeitos instrumentais de desenvolvimento de
Ferguson, de Vries adiciona então um terceiro: a geração e banalização da vontade do
desenvolvimento, ele vê então o desenvolvimento como uma máquina de geração de
esperança.
a. O que acontece dentro do desenvolvimento é uma questão que se expande para fora
dos limites das teorias estruturais da modernização e dependência.
b. As relações de poder dentro do desenvolvimento não são tão simples como o trabalho
anterior de pós-desenvolvimento pode sugerir.
c. A verdade do desenvolvimento não é frequentemente o que parece. – Existe uma
necessidade de aprofundar a análise dos discursos, significados e práticas, e os seus
efeitos secundários aparentes.
d. A centralidade da ação, capacidade das pessoas e dos grupos em conquistar espaços
para as suas condições de vida e desenvolvimento, mesmo em ambientes sociais,
económicos e políticos muito difíceis.
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desenvolvimento ganhou uma reputação de afirmar que todo o desenvolvimento é mau, não
oferecendo alternativas ou soluções reais. Isto é válido para alguns críticos do pós-
desenvolvimento e é uma avaliação correta para os trabalhos iniciais de autores como Escobar
apesar de não ser certamente o caso para Ferguson e Long.
Não surgiu qualquer conjunto de princípios coeso destes esforços, na verdade, é mais
provável que os pensadores do pós-desenvolvimento rejeitem qualquer esforço em codificar
ou prescrever abordagens específicas. No entanto, muitos destes esforços partilham os
mesmos princípios básicos:
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posição de necessidade. Por exemplo, uma comunidade poderia ser pobre em dinheiro, mas
mesmo assim ter uma economia viva e diversificada, incluindo: transações comerciais e não-
comerciais; mão-de-obra não paga, com pagamento alternativo ou com salário; empresas não
capitalistas, de capitalismo alternativo e capitalistas. Entretanto uma cidade como Jagna, no
estudo de Gibson-Graham, seria, sob uma abordagem de desenvolvimento principal,
aconselhada a lidar com as suas lacunas pela exportação de mais mão-de-obra ou promovendo
o abandono da produção de cocos e copra em favor de uma mercadoria agrícola de exportação
mais viável, de uma perspectiva da economia comunitária, é rica em certos bens e as opções
abrem-se em muitas direções diferentes (Gibson-Graham 2005).
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desenvolvimento imposto pelo Estado e pelo mercado, que acreditavam ter comprometido o
seu bem-estar.
BIBLIOGRAFIA
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