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DIREITO PROCESSUAL CIVIL VII

PROF. ORLANDO BORTOLAI JUNIOR

MONITORIA: RHAISA LORENA e TALITA BARBOSA

“A TUTELA JURISDICIONAL EXECUTIVA: teoria geral da execução; classificação; princípios, o


processo de execução; o exercício do direito de execução; o título executivo; do cumprimento provisório
da sentença, do cumprimento definitivo de sentença de obrigação de pagar quantia certa.”

AULA DO DIA 28/09/2021

DIR-NC8 - 8º SEMINÁRIO (2º bi)

Nome: Gabriela Martins da Conceição 


RA: 00197673

1. Qual o conceito desse instituto: “Do cumprimento definitivo da sentença que reconhece a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa”? a) É o que se extrai do artigo 523 do
NCPC/2015?

O cumprimento provisório da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar


quantia certa está disciplinado nos artigos 520 a 522 do novo CPC, enquanto o cumprimento definitivo
vem disciplinado nos seus artigos 523 a 527. É provisório quando a sentença for impugnada por recurso
desprovido de efeito suspensivo e definitivo quando baseado em condenação em quantia certa, ou já
estabelecida em liquidação, e no caso de deliberação sobre parcela incontroversa.

O cumprimento provisório da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar


quantia certa está disciplinado nos artigos 520 a 522 do novo CPC, enquanto o cumprimento definitivo
vem disciplinado nos seus artigos 523 a 527.

No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão


sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente,

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sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se
houver.

2. À quais obrigações essas regras se aplicam? a) Estariam aí incluídas as obrigações de “prestar


alimentos”, de “débito da Fazenda Pública” e as de “fazer, não fazer ou entregar coisa”?

As regras de cumprimento definitivo da sentença se dão quanto à obrigação de pagar a quantia


certa.

As obrigações de “prestar alimentos” estão tuteladas pelos arts. 528 a 533 do NCPC/2015, Ainda, é
importante também diferenciar o cumprimento de sentença que reconheça, então, a exigibilidade de
obrigação de prestar alimentos (disposto nos arts. 528 a 533 do Novo CPC) da execução de alimentos
também no Novo CPC (art. 911 ao art. 913 do Novo CPC). E lembrar, por fim, que, embora o CPC/1973
já previsse medidas a respeito da execução de alimentos, não diferenciava a execução do cumprimento de
sentença. De acordo com Fredie Didier:

“De acordo com o texto do art. 517, o protesto da sentença é permitido apenas nos casos de
cumprimento definitivo de sentença para pagamento de quantia (art. 523, CPC). Entretanto,
no caso de cumprimento definitivo ou provisório de prestação alimentar, cabe o protesto,
nos termos do § 1º do 528, c/c 531, do CPC.

Apenas nesse caso (execução de prestação alimentar), o protesto pode ser determinado de
ofício pelo órgão julgador, caso em que bastará que se determine a expedição de ofício com
teor da decisão, o nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do
processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário,
devidamente dirigido ao cartório competente.

O protesto da sentença não impede, obviamente, o prosseguimento da execução, com a


prática de outros atos executivos, como a prisão civil, a penhora e a alienação judicial.”1

Já as obrigações de “débito da Fazenda Pública” estão nos arts. 534 a 535 do mesmo diploma legal.
Ademais, as obrigações de “fazer, não fazer ou entregar coisa” são tratadas pelos arts. 536 a 538, também
do NCPC/2015. O cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública, quando for reconhecido o dever de
pagar quantia certa. No entanto, como destaca Didier, o grande questionamento de uma execução de título

1
DIDIER Jr., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
Direito Processual Civil: execução. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. v. 5, p. 772.

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judicial ou extrajudicial contra a Fazenda é a impossibilidade de medidas de expropriação. Afinal, os bens
de uso da Fazenda são bens públicos, portanto, impenhoráveis e inalienáveis, conforme o princípio da
indisponibilidade dos bens públicos. Cabe ressaltar, ainda, que a a própria Fazenda não é proprietária dos
referidos bens para que, sobre eles, recaiam os efeitos de uma execução, mas gestora, porquanto
pertençam à sociedade. Segundo Didier:

“Sendo o executado a Fazenda Pública, não se aplicam as regras próprias da execução por
quantia certa, não havendo a adoção de medidas expropriatórias para a satisfação do
crédito. Os pagamentos feitos pela Fazenda Pública são despendidos pelo erário, merecendo
tratamento específico a execução intentada contra as pessoas jurídicas de direito público, a
fim de adaptar as regras pertinentes à sistemática do precatório. Não há, enfim,
expropriação na execução intentada contra a Fazenda Pública, devendo o pagamento
submeter-se ao regime jurídico do precatório (ou da Requisição de Pequeno Valor, se o
valor for inferior aos limites legais, conforme será examinado mais adiante).”2

3. A intimação do devedor-executado é automática ou depende de requerimento do


credor-exequente? Por que?

Segundo o art. 513, § 2.°, o executado “será intimado para cumprir a sentença”. Não importa
qual seja a obrigação (pecuniária, fazer ou não fazer, entregar coisa) consagrada no título executivo. Fica
ressalvada a Fazenda Pública, que não pode cumprir voluntariamente, mas por requisição de pagamento
ou precatório (art. 535, § 3.°, I e II), conforme o valor da dívida, e, por isso, há de ser intimada para
impugnar (art. 535, caput). É bem de ver que, nos casos do art. 515, § 1.°, em vez de intimação ocorrerá a
citação do executado.

4. O que acontece se não houver pagamento voluntário? a) E se houver pagamento parcial?

Variadas regras prevêem determinações judiciais tendentes à satisfação do crédito e em


proveito do exequente. Assim, cabe ao juiz dar início aos atos de expropriação (art. 875), após a
adequação da penhora. E toca ao juiz designar o leiloeiro, embora o exequente também possa indicá-lo
(art. 883). Essas iniciativas oficiais ocorrem, por óbvio, no cumprimento da sentença. Afinal, o

2
DIDIER Jr., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
Direito Processual Civil: execução. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. v. 5, p. 434.

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cumprimento da sentença condenatória a prestação pecuniária, tirante a fase inicial, ensejando o
cumprimento voluntário, sob pena de multa e da fixação de honorários, segue o meio técnico da
expropriação, previsto no Livro II da Parte Geral do CPC, como se infere do art. 523, § 3.°.

5. Não ocorrendo pagamento tempestivo a expedição de mandado de penhora e avaliação é “de


oficio”?

Na hipótese de não ocorrência do pagamento tempestivo, o mandado de penhora e avaliação poderá


ser expedido de ofício ou a requerimento do exequente. Assim, quando o pagamento não for efetuado no
prazo de 15 dias, dá-se início aos atos de expropriação por determinação expressa do juiz.

6. O que deve conter no “requerimento” do exequente para o prosseguimento do cumprimento


definitivo da sentença?

No “requerimento” do exequente para o prosseguimento do cumprimento definitivo da


sentença deve conter a instrução com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, na medida em
que no do caput do art. 524 do NCPC/2015, a petição necessita de diversos itens essenciais, quais sejam:

Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo
discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter:

I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro


Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319,
§§ 1º a 3º ;

II - o índice de correção monetária adotado;

III - os juros aplicados e as respectivas taxas;

IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;

V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;

VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;

VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.

7. Quando o valor apontado no demonstrativo exceder os limites da condenação a execução e a


penhora obedecerão esse valor?

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Quando o valor apontado no demonstrativo exceder os limites da condenação a execução e a
penhora obedecerão esse valor, visto que o art. 524, §1º do NCPC/2015 postula: “O requerimento previsto
no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição
conter:§ 1º Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação,
a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz
entender adequada.”

8. O juiz poderá ser auxiliado para verificação dos cálculos apresentados pelo exequente? a) Por
quem?

O juiz poderá ser auxiliado para verificação dos cálculos apresentados pelo exequente, pois de
acordo com o §2º do art. 524: “Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do
juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.”.
Assim o juiz pode ter auxílio do contabilista para verificação dos cálculos.

9. Se informações adicionais para elaboração das contas, estiverem em poder de terceiro ou do


executado, como deve agir o juiz? a) E se o executado não as apresentar?

Se informações adicionais para elaboração das contas, estiverem em poder de terceiro ou do


executado, como deve agir o juiz, os §§3º e 4º do art. 524, postulam que o juiz poderá requisitá-los,
estabelecendo um prazo de 30 dias para o cumprimento da diligência, dessa forma, expostos às
informações sob cominação de crime de desobediência.

10. O executado tem defesa nessa fase de execução de sentença? a) Qual? b) Quais as matérias
poderão ser abordadas? c) Basta a sua apresentação para que o cumprimento seja suspenso? d)
Então o que é preciso para atribuição de efeito suspensivo? e) Ainda assim, poderá o exequente
prosseguir com o cumprimento de sentença?

O executado possui o direito de apresentar impugnação sob a decisão proferida no


cumprimento de sentença, de acordo com o art. 525 do NCPC/2015 transcorrido o prazo de 15 dias sem o
pagamento voluntário, inicia-se outro prazo de 15 dias para que o executado, independentemente de
penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. Na impugnação, o executado

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poderá alegar falta ou nulidade da citação, ilegitimidade de parte, inexequibilidade do título ou
inexigibilidade da obrigação, penhora incorreta ou avaliação errônea, excesso de execução ou cumulação
indevida de execuções, incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução, ou ainda qualquer causa
modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou
prescrição, desde que supervenientes à sentença.
Para que o cumprimento de sentença seja suspenso, não basta a simples apresentação da
impugnação, além da defesa, é necessário que o executado realize o requerimento, devidamente
fundamentado, e apresente também garantia ao juízo, como por meio da penhora, caução ou depósito
suficientes, podendo o juiz atribuir efeito suspensivo, desde que devidamente argumentado que o
prosseguimento da execução pode ensejar ao executado dano de difícil ou incerta reparação, vide redação
do §6º, art. 525, do CPC/2015.
Entretanto, com fulcro no §7º do artigo supracitado, o exequente ainda poderá seguir com o
cumprimento de sentença, uma vez que “a concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6º não
impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos
bens.”

11. O que é “execução inversa”?

A execução inversa consiste em o executado comparecer em juízo de forma espontânea para


realizar o pagamento o que entende ser devido, assim, o executado se insere no processo antes mesmo do
exequente, que seguirá com a fase de cumprimento de sentença, como postulado no art. 526 do Novo
Código de Processo Civil:

Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer
em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória
discriminada do cálculo.

§ 1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o valor depositado,
sem prejuízo do levantamento do depósito a título de parcela incontroversa.

§ 2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão multa de


dez por cento e honorários advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a
execução com penhora e atos subsequentes.

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§ 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo.

Assim, a instauração do direito ao contraditório não impede que o credor levante, desde logo, a
parcela incontroversa, dessa maneira, no §3º, se o autor concordar com o montante depositado pelo
devedor, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo.

Entretanto, se o credor intimado não concordar do valor depositado, e o juiz concordar com os
motivos, haverá incidência de multa de 10% e honorários advocatícios também de 10% sobre a diferença
do que foi pago com aquilo que deveria de fato ter sido pago, com expedição de mandado de penhora e de
avaliação para fins de expropriação do patrimônio suficiente para pagar essa outra parte. Como pode-se
observar pela análise jurisprudencial:

AGRAVO. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. RPV. HONORÁRIOS. EXECUÇÃO


INVERSA. 1. Tendo em vista que o INSS cumpriu imediatamente a obrigação de fazer,
implantando o benefício, e apresentou a conta dos valores atrasados, havendo concordância
da parte autora em relação aos valores, caberia ao Juízo apenas expedir a requisição de
pequeno valor - RPV, não sendo devida a fixação de honorários, uma vez que não houve
qualquer resistência da Autarquia em relação ao pagamento. 2. Situação em que resta
caracterizada a chamada "execução inversa", em que é o próprio devedor quem toma as
providências necessárias ao cumprimento do julgado.

(TRF-4 - AG: 37486620154040000 RS 0003748-66.2015.4.04.0000, Relator: HERMES


SIEDLER DA CONCEIÇÃO JÚNIOR, Data de Julgamento: 21/10/2015, SEXTA
TURMA)

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