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Publicado em
14/01/2020
Poesia retirante
Kaype Abreu
Divulgação
Há 60 anos, Juscelino Kubitschek chegava à Presidência da República com a
promessa de construir uma nova capital federal e promover o crescimento do
Brasil de maneira exponencial. O discurso desenvolvimentista contrastava com a
realidade de um país de dimensões continentais, que tinha uma parcela
significativa da população vivendo abaixo da linha da pobreza. É o retrato desse
povo, miserável, que João Cabral de Melo Neto (1920 – 1999) traça em Morte e
vida severina, sua principal obra.
Cabral acreditava que, por ter sido concebido para o teatro, o poema era
acessível para o grande público. Ele tinha razão: a obra é, ainda hoje, o maior
sucesso editorial da poesia brasileira. Para o pós-doutorando em cultura
contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Roniere
Menezes, seu traço marcante é um tom racional que contrastava com a
linguagem hegemônica do período. “Havia no Brasil uma influência muito forte
da literatura francesa, mais sentimentalista”, diz. “A ida de Cabral à Inglaterra o
colocou em contato com uma linguagem mais ‘seca’. Isso é evidente no tom de
Morte e vida severina”, completa.
Segundo o professor de literatura brasileira da Universidade de Brasília (UnB)
Alexandre Pilati, um ponto fundamental do poema é a inversão de palavras no
título — feita para, de certa forma, antecipar a história. “Colocar ‘morte’ antes de
‘vida’ tem a ver com a saga do retirante. Ele está fugindo da morte, partindo
para onde há esperança”, explica.
Reprodução
Álbum de Chico Buarque
A peça do Tuca
Reprodução
HQ de Miguel Falcão
Documentário da GloboNews