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Literatura
Infantojuvenil
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Literatura Infantojuve-
nil I, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autô-
nomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as)
uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br,
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso,
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................... 5
1 ORIGENS DA LITERATURA INFANTOJUVENIL......................................................................... 7
1.1 Fontes Orientais.....................................................................................................................................................................7
1.2 Fontes Medievais...................................................................................................................................................................8
1.3 As Novelas de Cavalaria e o Folclore do Nordeste Brasileiro................................................................................9
1.4 Renascimento...................................................................................................................................................................... 11
1.5 Resumo do Capítulo.......................................................................................................................................................... 12
1.6 Atividades Propostas......................................................................................................................................................... 12
5 A CRIANÇA E A POESIA.........................................................................................................................31
5.1 Como Escolher o Poema.................................................................................................................................................. 31
5.2 Poemas e Poetas Brasileiros............................................................................................................................................ 32
5.3 Resumo do Capítulo.......................................................................................................................................................... 38
5.4 Atividades Propostas......................................................................................................................................................... 38
6 PROSA...............................................................................................................................................................39
6.1 Elementos Estruturais da Narrativa............................................................................................................................. 39
6.2 Espécies Narrativas............................................................................................................................................................ 40
6.3 Resumo do Capítulo.......................................................................................................................................................... 47
6.4 Atividades Propostas......................................................................................................................................................... 47
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS...................................... 49
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 51
APÊNDICE...................................................................................................................................................... 53
INTRODUÇÃO
A Literatura Infantojuvenil é antes de tudo Arte. Como tal, representa o Mundo, o Homem, a Vida.
Cada época da História da Humanidade, de uma forma ou de outra, contribuiu para a formação da Li-
teratura para Crianças e Jovens. Canções de Ninar, Provérbios, Parlendas, Jogos, Brinquedos; Narrativas,
como Mito, Lenda, Contos Populares, Contos Maravilhosos, Contos de Fadas, que passaram de pais para
filhos, através da oralidade, serviram como base para formar esse Universo Maravilhoso que é a Literatura
infantojuvenil.
Começando pela Antiguidade, nosso curso passará pela Idade Média, Renascimento, Época Ro-
mântico-Realista, Pré-Modernismo e Modernismo, chegando ao Brasil Contemporâneo. Nesta viagem,
no tempo e no espaço, penetrando em castelos e florestas encantadas, onde reis, rainhas, fadas, feiticei-
ras, bruxas, dragões, cavaleiros andantes, heróis, enfim, lutam, cada qual, usando seus poderes, trazendo-
-nos um mundo cheio de magia e encantamento.
Começaremos na Índia com Calila e Dimna, passaremos pelas Mil e uma Noites, pelas Novelas de
Cavalaria, Narrativas do Fantástico-Maravilhoso, Perrault, Irmãos Grimm, Andersen, Lewis Carroll, Daniel
Defoe, Jonathan Swift, Júlio Verne até chegar a Monteiro Lobato, o Inovador da Literatura Infantojuvenil
no Brasil. Caminhando mais um pouco, chegaremos aos escritores contemporâneos como Bojunga Nu-
nes, Ruth Rocha e outros.
Em nosso curso de Literatura Infantojuvenil, daremos ênfase aos textos poéticos e lúdicos. A crian-
ça gosta de brincar e precisa brincar, também, com as palavras. Assim, veremos poemas de Cecília Meire-
les, Vinícius de Moraes, Manuel Bandeira e Manoel de Barros.
Quanto à Prosa, analisaremos várias narrativas como Fábulas, Apólogo, Mito, Lenda, Conto Mara-
vilhoso e Conto Maravilhoso de Fadas. Contando sempre com a ajuda de teóricos consagrados como
Câmara Cascudo, Irene Machado, Laura Sandroni, Marisa Lajolo, Nelly Novaes Coelho e outros.
Esperamos que você, ao final do módulo, possa ler diferentes textos e analisá-los, para que possa
dividir esse seu saber com seus futuros alunos.
Bom trabalho!
Profa. Nery Reiner
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ORIGENS DA LITERATURA
1 INFANTOJUVENIL
Caro(a) aluno(a), você vai saber agora como persa. Desta tradução, apareceram outras para o
tudo começou, quais as origens da literatura infan- latim, para o espanhol, para o inglês, para o francês
tiljuvenil. Vamos lá? e assim por diante, até chegar ao Brasil. Uma das
A existência de uma Literatura destinada estórias é sobre um homem e uma serpente, con-
especialmente às crianças é recente. Segundo forme segue, resumidamente:
Sandroni (1987), começou nos fins do século XVII,
quando François de Sagnac Fénelon (1651-1715)
Um homem que caminhava, viu uma cobra enrege-
publicou Traité de l´education des filles, oferecido às lada no meio da neve. Teve pena do animal, pegou-o
oito filhas do Duque de Beauvillier, na França. Fé- e colocou-o dentro da camisa. Quando a cobra ficou
nelon escreveu também Telêmaco e outras obras aquecida, picou o generoso salvador. Este, quase mor-
to, perguntou-lhe por que fizera tal ingratidão. A ser-
inspiradas na Mitologia Grega e nas Fábulas. Que- pente respondeu-lhe:
ria o autor dar às crianças livros além dos tradicio- – Como pode ser tão estúpido, pretendendo mudar o
nais, que contavam a vida e o martírio dos santos caráter natural que está na essência dos seres? A trai-
ou que se relacionavam com temas da História Sa- ção e a ingratidão formam a essência de minha natu-
reza. Você deveria ter pensado nisto.
grada.
Fonte: www.curiosidadeanimal.com.
Porém, a origem da Literatura Infantil está
bem mais longe no tempo e no espaço. Muitas
narrativas da Antiguidade atravessaram terras e Essa estória faz parte das Fábulas de Esopo,
mares e foram sendo passadas de pais para filhos, escravo grego que viveu na Trácia, no século V a.C.
durante séculos. Essas narrativas vieram de longe, Na realidade, estas estórias viajaram pelas diversas
muito longe, até chegarem à Europa. Do Oriente, regiões da Terra e foram se incorporando ao acervo
por exemplo, mais precisamente na Índia, por vol- de cada povo. La Fontaine também a registra em
ta do século VI a.C., surgiram narrativas compila- suas Fábulas.
das em uma obra chamada Calila e Dimna. A obra, Do Oriente, também, veio outra obra impor-
escrita em sânscrito, foi tirada dos livros sagrados, tante: As mil e uma noites. Uma série de narrativas
do Pantchatantra. Nesta obra, dois chacais, Calila e que fazem parte das Origens da Literatura Infantil.
Dimna, conversam e vão narrando várias estórias. Escrita em árabe, por autor desconhecido, encon-
A obra ficou famosa. Reis, príncipes, pessoas com trada por volta do século VIII d.C. A estrutura de
cargos relevantes procuravam o livro para apren- As mil e uma noites, como a de Calila e Dimna, são
der como se manter no poder. semelhantes: uma estória deixa um gancho para a
No século VII d.C., Ibn Al-Mukafa, poeta e es- estória seguinte. Estrutura de encaixe, ou de caixa
critor nascido na Pérsia, fez uma tradução para o de surpresa. As mil e uma noites contam a estória de
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um sultão, Shariar, e de Sherazade. Resumidamen- Deixando para trás o Oriente, vamos para a
te, é o seguinte: Europa, na época da Idade Média. É o período que
Um sultão, Shariar, depois de ser traído pela esposa, torna-se um serial killer. Mandava o
Vizir procurar uma bela moça virgem e trazê-la até o palácio. Casava-se com ela, e na manhã
seguinte, antes do amanhecer, mandava matá-la. Assim, a jovem não teria tempo de traí-lo.
No dia seguinte, mandava o Vizir procurar outra jovem
e acontecia exatamente a mesma coisa. Com isso, as
moças da aldeia foram acabando, até que surgiu She-
razade, uma linda jovem, virgem, culta, inteligente, as-
tuta e filha do Vizir.
O pai não queria levá-la, não queria que a moça mor-
resse. Mas Sherazade insistiu e foi. Casou-se com o sul-
tão e no dia seguinte, antes do amanhecer, começa a
contar para o sultão a primeira estória: O mercador
e o gênio. O sol apareceu e a moça parou a narrati-
va. O sultão ficou indignado, porque queria saber se o
mercador tinha ou não morrido. A jovem disse-lhe que
contaria o resto na madrugada do dia seguinte, se o
http://contosencantar.blogspot.com. sultão assim o permitisse. O sultão, curioso para saber
br/2010/04/historia-da-rainha-sherazade. o fim da estória, foi dando a Sherazade mais um dia de
html
vida, até que se passaram mil e uma noites, equivalen-
tes há três anos.
Em três anos, Sherazade salvou Shariar, envolvendo-o com o fio de suas narrativas de tal
modo que os dias foram se passando, o amor e os filhos chegando e enchendo de alegria o
coração do sultão.
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A Princesa Magalona
Pierre ou Pedro era filho único do Conde de Provença, D. João de Sollis e de sua esposa, filha do Du-
que de Albis. Pierre, jovem e esforçado cavaleiro, saiu para viajar e acabou chegando em Nápoles,
onde o rei era conhecido pela beleza de sua filha Magalona.
O jovem saiu da terra natal, levando três anéis dados por sua mãe e dizendo que seu nome era
‘Cavaleiro das Chaves’, em honra a São Pedro, seu padroeiro. Sem dizer seu nome verdadeiro e
hierarquia, conhece Magalona. Os dois se apaixonam e resolvem fugir para se casar na Provença.
Durante a fuga, a princesa adormece e uma ave de rapina arrebata-lhe o lenço vermelho que em-
brulhava os três anéis, dados por Pierre. O jovem persegue a ave ladra e esta lança ao mar o lenço
vermelho. Pierre entra numa barca para recolher os anéis, mas a barca é arrastada por uma venta-
nia, indo parar em alto mar. Um navio do sultão do Grão Cairo que por ali passava, recolheu a barca
e Pierre. O jovem foi transformado em servo de confiança do sultão.
Enquanto isso, Magalona acorda, chora, fica desesperada, quando não vê Pierre. Resolve prosseguir
a viagem. Troca suas roupas de princesa por outra bem modesta e acaba chegando à Provença. Lá
funda um hospital com as joias de família que levara. Os condes de Provença, pais de Pierre, sem
saber de nada, tornam-se protetores da misteriosa benfeitora do hospital.
Pierre deixa Alexandria, escondendo suas riquezas em barris cheios de sal. O navio que o conduz
chega a uma ilha. O jovem desce e acaba adormecendo na praia. O navio prossegue a viagem e vai
até a Provença. Os barris de sal são enviados para o hospital, como estava no endereço, para não
despertar cobiça.
Um pescador traz ao conde, pai de Pierre, um grande peixe em cujo ventre estava o lenço verme-
lho com os três anéis.
Pierre foi recolhido por uns pescadores que o levam para o hospital da Provença. Noivo e noiva se
encontram, ficando finalmente juntos. Os pais de Pierre preparam grande festa para o casamento.
Os dois se casam, têm um filho que se torna rei de Nápoles.
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1.4 Renascimento
Saiba mais
Porém, o ponto alto do Renascimento foi a Como base do movimento renovador do Re-
invenção da imprensa, por Gutenberg, em 1456, nascimento, está o Humanismo: o novo Conheci-
levando à publicação da Bíblia. O livro, a palavra es- mento do Homem, ao descobrir, no acervo deixado
crita registrando acontecimentos de todos os tem- pela Antiguidade greco-romana, a ideia do homem
pos, permite ao homem tornar-se contemporâneo liberal. Surgem a Arte idealista, harmoniosa, e uma
de todas as épocas: conviver com o presente, com Literatura voltada para os clássicos greco-romanos.
o passado mais remoto e antecipar o futuro. Enquanto a literatura culta contava com obras
de Boccacio e Camões, na literatura popularizante
Curiosidade registram-se quatro obras, coletâneas de narrativas
A Bíblia é o livro mais impresso, mais
de origem oriental feitas pelos italianos Caravaggio,
vendido e mais lido de todos os tem- Basile, Croce e pelo português Trancoso.
pos. Primeiro livro impresso por Gu-
tenberg, nos meados do século XV. É a. Gianfrancesco Caravaggio: Noites agra-
incontável o número de edições e de dáveis, 1554. Narrativas de origem orien-
exemplares publicados em cerca de
300 línguas diferentes. Compreende
tal, medieval e de fundo folclórico, onde
duas versões distintas: o “Antigo Testa- predominam o fantástico e o maravilho-
mento”, a Bíblia judaica, composta de so dos contos populares.
três partes: o Pentateuco, os Profetas b. Gonçalo Fernandes Trancoso: Contos do
e os Escritos; e a Bíblia cristã, ou “Novo Trancoso, 1575.
Testamento”, incluindo os quatro Evan- c. Giovanni Battista Basile: Conto dos con-
gelhos e os Atos dos Apóstolos, as
tos ou Pentameron, 1600, que fez entrar
Epístolas e os Proféticos (Apocalipse).
Fonte: Dicionário Digital Aulete.
na Literatura Universal, pela primeira
vez, A Gata Borralheira, Bela Adormecida,
Branca de Neve e outros.
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A origem da Literatura Infantil está muito longe no tempo e no espaço. Muitas narrativas da An-
tiguidade atravessaram terras e mares e foram sendo passadas de pais para filhos durante séculos. Do
Oriente, por exemplo, na Índia, por volta do século VI a.C., surgiram narrativas compiladas em uma obra
chamada Calila e Dimna.
Do Oriente, também, veio outra obra importante: As mil e uma noites. Uma série de narrativas que
fazem parte das Origens da Literatura Infantil. Escrita em árabe, autor desconhecido, encontrada por vol-
ta do século VIII d.C. As mil e uma noites apresenta estrutura de encaixe, ou de caixa de surpresa.
Na Europa, na Idade Média, surgem as Novelas de Cavalaria, entre os séculos XII e XIII: Estórias do rei
Arthur, Os doze cavaleiros da Távola Redonda e outros.
Durante o Renascimento, movimento cultural que se propagou na Europa Ocidental, com a nova
imagem de homem no centro, isto é, o Antropocentrismo, surgiram grandes transformações, não só de
limites, mas também de ideias e costumes. Enquanto a literatura culta contava com obras de Boccacio
e Camões, na literatura popularizante, registram-se quatro obras, coletâneas de narrativas de origem
oriental feitas pelos italianos Caravaggio, Basile, Croce e do português Trancoso.
Agora que você conheceu um pouco sobre as fontes da literatura infantojuvenil, vamos verificar
sua aprendizagem?
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SÉCULO XVII - A CRIAÇÃO DA
2 LITERATURA PARA CRIANÇAS
No início desta apostila, vimos que a Litera- La Fontaine, escrevendo em versos, deu for-
tura Infantojuvenil surgiu na França, no século XVII, ma definitiva às fábulas de Esopo, que se espalha-
durante o reinado de Luís XIV, o Rei Sol, com a obra ram pelo mundo. As fábulas de La Fontaine são
Aventuras de Telêmaco, de Fénelon. Ao mesmo tem- textos que denunciam a miséria, os desequilíbrios
po, surgem também La Fontaine, Charles Perrault e sociais ou injustiças de sua época. Você já leu algu-
Mme. D´Aulnoy. ma fábula de La Fontaine?
São muito conhecidas as fábulas: O lobo e o
Jean de La Fontaine: Fábulas, 1668 cordeiro, A cigarra e a formiga, A raposa e as uvas
e O leão e o ratinho que mostram a luta entre os
opostos e a vitória da astúcia e da inteligência.
Como exemplo, transcrevo, em paráfrase, a
fábula A raposa e as uvas reescrita por La Fontai-
ne, que você provavelmente já conhece.
A raposa e as uvas
Curiosidade
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Charles Perrault
http://biografieonline.it/biografia.htm?Bi
oID=2919&biografia=Charles+Perrault
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Robinson Crusoé
http://be-x-old.wikipedia.org/wiki/%D0%A4
%D0%B0%D0%B9%D0%BB:Jonathan_Swift_
by_Francis_Bindon.jpg
www.historytoday.com. Gulliver
Robinson Crusoé, depois de naufragar e Gulliver, por outro lado, encontrando anões e
instalar-se em uma ilha deserta, conta a estória do gigantes, expressando o aparecimento do micros-
homem: a luta pela sobrevivência, o início da civi- cópio e do telescópio, descobertos na época, com
lização, quando o homem fixou-se em um deter- o elogio aos houyhnhnnrs, nome dado aos cavalos
minado lugar e começou a plantar e criar animais, por Swift, tenta mostrar a superioridade destes, em
provando o valor das forças intrínsecas do indiví- relação aos homens.
duo.
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http://en.wikipedia.org/wiki/
File:LewisCarrollSelfPhoto.jpg
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conseguem apreciar. Ele usa expressões idiomáti- Por esses trocadilhos, verificamos o grau de
cas, canções de ninar, cantigas folclóricas, poemas ludismo da obra. Além dessa subversão linguísti-
escolares, palavras paronímicas, jogos de palavras, ca, Carroll põe em relevo a relatividade das coisas,
enfim, palavras que provocam surpresa e diversão. quando apresenta o problema do tamanho, por
Citaremos alguns exemplos: a Tartaruga, em vez de exemplo. Alice às vezes fica tão pequena, que não
dizer: consegue pegar uma chave que está em cima de
uma mesinha. Às vezes, tão grande, que não con-
Reading = aprendia a ler, dizia reeling = aprendia segue sair pela porta da casa.
a cambalear.
www.portalsaofrancisco.com.br.
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Literatura Infantojuvenil
Novelista e poeta inglês, autor de A Ilha do Te- Novelista norte-americano. Autor de Tarzã
souro e O Estranho Caso do Dr. Jekill e Mr. Hyde. dos Macacos, A Volta de Tarzã, As Feras de Tarzã, O
Filho de Tarzã e outros.
Rudyard Kipling (1865-1936)
A Literatura escrita para crianças surgiu na França, no século XVII, durante o reinado de Luís XIV, o
Rei Sol, com a obra Aventuras de Telêmaco, de Fénelon. Ao mesmo tempo, surgem também La Fontaine,
Charles Perrault e Mme. D´Aulnoy.
No século XVIII, na Inglaterra, surgem duas obras de ficção que, desde o primeiro momento, foram
sucesso absoluto: Robinson Crusoé de Daniel Defoe e As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift.
No século XIX, na Alemanha, Jacob e Wilhelm Grimm publicam a obra Contos de fadas para crianças
e adultos.
Na Dinamarca, Hans Christian Andersen escreve: O Patinho Feio, O Soldadinho de Chumbo e outros.
Foi o escritor Lewis Carroll quem, na Literatura Moderna, explorou de forma genial as possibilida-
des de fusão entre o maravilhoso e o cotidiano com a obra Alice no País das Maravilhas. Incluem-se nessa
linha, também, Collodi com a obra Pinocchio e J. M. Barrie com Peter Pan.
Entre as estórias de aventuras surgem: Alexandre Dumas; Júlio Verne considerado o pai da ficção
científica; Robert Louis Stevenson, autor de A Ilha do Tesouro; Rudyard Kipling, que nos deixou Mowgli, o
Menino Lobo; e Edgard Rice Burroughs, novelista norte-americano autor de A Volta de Tarzã, As Feras de
Tarzã e outros.
Nas Narrativas do Realismo Humanitário, surgem: Charles Dickens com as obras Aventuras de Oli-
ver Twist e Davis Coperfield; Condessa de Ségur com Novos Contos de Fadas; e Edmundo de Amicis com a
obra Coração.
Após todas as informações deste capítulo, estou segura de que você está preparado(a) para verifi-
carmos a sua aprendizagem. Então, ao trabalho!
1. Q
ual o escritor que, na Literatura Moderna, explorou de forma genial a fusão entre o Maravilho-
so e o Cotidiano? Cite duas obras do referido autor.
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PRECURSORES DA LITERATURA
3 INFANTIL NO BRASIL
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Para adultos:
Para crianças:
Atenção
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Literatura Infantojuvenil
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No tema teatro infantojuvenil brasileiro, te- Belink na TV, como por exemplo, Sítio do Pica-pau
mos: Maria Clara Machado, Stella Leonardos, Ma- Amarelo.
ria Lúcia Amaral, Guilherme Figueiredo e Tatiana
Segundo Coelho (1987), a atual produção da Personagens animais, como os das fábu-
Literatura destinada a crianças e jovens apresenta las;
três tendências: a realista, a fantasista e a híbrida. Ficção científica;
Espaço do maravilhoso, do “Era uma
a. A Literatura Realista pretende expressar vez...”, onde o inverossímil torna-se
o Real, com os objetivos seguintes: verossímil.
Apresentar o mundo cotidiano, con- c. A Literatura Híbrida, partindo do Real,
creto, familiar e atual; introduz o Imaginário ou a Fantasia, anu-
Informar sobre costumes, hábitos ou lando as fronteiras entre um e outro. É o
tradições populares das diversas re- chamado Realismo Mágico, tão comum
giões do Brasil; na Literatura Contemporânea, uma linha
Despertar a curiosidade e a argúcia iniciada por Monteiro Lobato e que os
do leitor, propondo enigmas e/ou novos escritores inovam de forma ines-
mistérios; perada.
Preparar psicologicamente os peque-
nos leitores para os problemas que
poderão, um dia, enfrentar. São livros
Saiba mais
que tratam sobre:
•• Separação de casais; A professora Nelly Coelho (1987, p. 220) nos deixa o
•• Drogas; seguinte ensinamento: “Para um livro ser considerado
•• Injustiças sociais; renovador ou atualizado, literariamente, não basta que
utilize em sua efabulação, temas e ou problemas vitais
•• Racismo; desta sociedade em transformação. É preciso mais:
•• Crianças abandonadas. que tal contexto ideológico se transforme em ARTE.”
(grifo nosso).
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O PAPEL DA LITERATURA
4 INFANTOJUVENIL
No texto acima, vimos que a Literatura Infan- a. Da Literatura (como leitor atento).
tojuvenil tem papel preponderante no desenvolvi-
b. Da Realidade Social que a cerca.
mento da nossa “sociedade em transformação”. Te-
mos que vê-la como uma abertura para a formação c. Da Docência (como profissional competen-
de uma nova mentalidade. E, se considerarmos a te).
Literatura Infantil como agente formador, conclui-
remos que o Professor precisa estar sintonizado, A autora citada afirma, na epígrafe, que, para
plugado (usando um vocábulo nascido junto ao alcançarmos a evolução de um povo, o caminho é
computador), com as transformações do momen- a PALAVRA, ou melhor, A LITERATURA – microcos-
to presente, reorganizando seus conhecimentos, mo da vida real, transformada em arte.
reciclando sua “consciência de mundo” e focalizan- Então, vimos que a PALAVRA transformada
do três direções principais, segundo Nelly Novaes em ARTE = LITERATURA.
Coelho (1987, p. 4):
Pintura, Arquitetura, Escultura, Dança, Teatro, escapa à percepção comum, o mundo dos valores
Música, Literatura são diferentes manifestações de ocultos, onde pressentimos as respostas para as in-
ARTE. Elas são unidas por um ponto em comum: a dagações essenciais que tomam conta do homem,
própria essência da ARTE, ou seja, a possibilidade quando este toma consciência de ser um EU situa-
que o artista tem de recriar a realidade, tornando- do num Universo incompreensível.
-se um criador de mundos, de sonhos, de verda- Cada ARTE tem sua matéria-prima. Por exem-
des. plo, a matéria-prima da música são os sons e o rit-
A ARTE é, portanto, a maneira como o artis- mo. Da pintura são as cores e formas. Da escultura
ta recria a realidade, de acordo com suas vivên- são as formas em pedra, mármore, ferro ou bronze,
cias, suas leituras de mundo, seus sentimentos e sob três dimensões: comprimento, altura e largura.
suas emoções. Parafraseando Nelly Novaes Coelho Da dança são os movimentos. Da arquitetura é o
(1985), a ARTE é o fenômeno que revela o mundo espaço. E a matéria-prima da LITERATURA é a PA-
à Humanidade. É como uma ponte ligando a reali- LAVRA.
dade que nos rodeia e o mundo do indizível, que
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Segundo Johan Huizinga (1996), a espécie Huizinga (1996) considera “jogo” toda e qual-
humana, há anos, recebeu a designação de Homo quer atividade humana, e que este está presente
sapiens – o homem que pensa, que raciocina, que em tudo o que acontece no mundo. Vai mais além,
faz uso da lógica, que tem sabedoria. O tempo dizendo, ainda, que a civilização surgiu e se desen-
passou e veio nova designação: Homo faber – o volveu graças ao jogo.
homem que fabrica, que constrói, que faz. Porém, O jogo é fato mais antigo que a cultura. Esta
existe outra definição mais atual para o ser huma- requer sempre um grupo social. Os animais prece-
no: Homo ludens – o homem que gosta de brincar, deram ao homem na arte do jogo. Leõezinhos, ca-
que ama o jogo. chorrinhos, ursinhos, quando bebês, brincam tam-
bém; reúnem-se para brincar, respeitando regras,
como, por exemplo, de não morderem os irmãozi-
Dicionário nhos com violência. Além disso, sentem prazer na
brincadeira.
Homo ludens: homem que gosta de brincar
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Entretanto, não basta fazer uso da palavra para produzir LITERATURA. O escritor ou poeta tem que
trabalhar a palavra.
Segundo Johan Huizinga (1996), a espécie humana, há anos, recebeu a designação de Homo sa-
piens – o homem que pensa. Depois, Homo faber – o homem que fabrica. Porém, existe outra definição
mais atual para o ser humano: Homo ludens – o homem que gosta de brincar, que ama o jogo.
O jogo é fato mais antigo que a cultura. As grandes atividades arquetípicas da sociedade humana,
como a linguagem e os mitos, desde o início, são marcadas pelo jogo. A linguagem, instrumento que o
homem criou para se comunicar, também serve para nomear as coisas da natureza, designá-las, e esse
processo é um jogo, uma brincadeira.
Vamos ver o que você aprendeu neste capítulo?
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5 A CRIANÇA E A POESIA
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http://www.meirelescecilia.blogspot.
com.br/
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O calor de Carolina
Colore o colo de cal,
Torna corada a menina.
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São Francisco
(fragmento)
http://carthacultural.blogspot.com.br/2009/06/ma-
Lá vai São Francisco nuel-bandeira.html
Pelo caminho
De pé descalço Manuel Bandeira, que participou da Semana
Tão pobrezinho de Arte Moderna, em 1922, em São Paulo, inaugu-
Dormindo à noite
rando o Movimento Modernista no Brasil, escreveu
Junto ao moinho
Bebendo a água um poema denominado TREM DE FERRO, inicial-
Do ribeirinho. mente, para adultos. Porém, pela sonoridade e rit-
[...] mo, despertou o interesse das crianças.
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
Trem de Ferro
Levando ao colo
(Fragmento)
Jesuscristinho
Fazendo festa Café com pão 3
No menininho Café com pão 3
Café com pão 3
Contando histórias Virge Maria que foi isto maquinista? 11
Pros passarinhos. Agora sim 4
Café com pão 4
Agora sim 4
Fonte: Moraes (1986, p. 17). Voa, fumaça 4
Corre, cerca 3
Ai seu foguista 4
Bota fogo 3
Análise Na fornalha 3
Que eu preciso 3
Muita força 3
Estrofe: No fragmento, temos duas es- Muita força 3
Muita força 3
trofes de 8 versos, duas oitavas, portanto.
Oô... 1
Métrica: No primeiro verso de cada es- Foge, bicho 3
trofe, Lá vai São Francisco, há 5 sílabas Foge povo 3
Passa ponte 3
poéticas e as demais, todas têm 4. Passa poste 3
Passa pasto 3
Repetição: As duas estrofes começam da Passa boi 3
mesma maneira: Lá vai São Francisco. Há, Passa boiada 4
Passa galho 3
nesse caso, um paralelismo. De ingazeira 4
Debruçada 3
Rima: Rimas externas: na 1ª estrofe: ca- No riacho 3
minho / pobrezinho / moinho / ribeiri- Que vontade 3
De cantar! 3
nho; na segunda estrofe: caminho / Je- [...]
suscristinho / menininho / passarinhos. Fonte: Bandeira (1961, p. 104).
O autor usa muitos diminutivos, traço de
afetividade.
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Literatura Infantojuvenil
Texto 3
Mundo renovado
Nos pátios amanhecidos de chuva, sobre excrementos meio derretidos, a surpresa dos cogu-
melos!
Na beira dos ranchos, nos canteiros da horta, no meio das árvores do pomar, seus branquíssi-
mos corpos sem raízes se multiplicam.
O mundo foi renovado, durante a noite, com as chuvas.
[...]
Incrível a alegria do capim. E a bagunça dos periquitos! Há um eferver de insetos por baixo da
casca úmida das mangueiras.
[...]
Alegria é de manhã ter chovido de noite! As chuvas encharcaram tudo.
Fonte: Barros (1985, p. 29).
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A linguagem poético-musical, de natureza popular, exerce grande atração sobre a criança, como
por exemplo, as Cantigas de Roda, as Parlendas, as Canções de Ninar. Isso acontece porque a estrutura
simples assemelha-se às primeiras manifestações da poesia entre os povos primitivos. Tanto os primitivos
quanto as crianças e o povo amam a SONORIDADE e o RITMO das palavras. É um exercício lúdico que se
estabelece entre eles e as palavras. A criança, que é o nosso foco, adora poemas com fórmulas verbais
sonora, repetitivas, assim como, refrões, aliterações, paralelismo, rimas finais ou internas. Tudo isso atua
sobre seus sentidos, suas emoções.
Depois de você ter conhecido tantos autores, está pronto(a) para verificar sua aprendizagem?
2. No que consiste a figura de linguagem chamada Onomatopeia, tão apreciada pelas crianças?
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6 PROSA
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Espaço Enredo
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Literatura Infantojuvenil
O Lobo e o Cordeiro
Estava o cordeiro a beber água num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado, de
horrendo aspecto.
-Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? – disse o monstro arreganhando
os dentes. Espere, que vou castigar tamanha má-criação!...
O cordeirinho, trêmulo de medo, respondeu com inocência:
-Como posso turvar a água que o senhor vem beber, se ela corre do senhor para mim?
Era verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta. Mas não deu o rabo a torcer.
-Além disso – inventou ele – sei que você andou falando mal de mim o ano passado.
- Como poderia falar mal do senhor o ano passado, se nasci este ano?
Novamente confundido pela voz da inocência, o lobo insistiu:
-Se não foi você, foi seu irmão mais velho, o que dá no mesmo.
-Como poderia ser meu irmão mais velho, se sou filho único?
O lobo, furioso, vendo que com razões claras não vencia o pobrezinho, veio com uma razão
de lobo faminto:
-Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô!
-E – nhoque – sangrou-o no pescoço.
O apólogo
Saiba mais
Apólogo é uma narrativa, em prosa ou ver-
A dramatização é um excelente recurso na educação so, que encerra uma lição de moral, geralmente
da criança e do jovem. Proponha uma dramatização
da estória O Lobo e o Cordeiro, em sala de aula, usando
com diálogos, entre seres inanimados. Machado
recursos simples, como: bichinhos, cenário com ma- de Assis escreveu um Apólogo (publicado no
teriais diversos, como: tecido, papel, botões, papelão, livro de contos Várias Histórias, de domínio pú-
máscaras e outros. blico) onde conversam a agulha e a linha. Resu-
midamente e parafraseando Machado de Assis, a
estória é a seguinte:
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A linha nada respondeu. Continuou silenciosa e ativa. A agulha, vendo seu silêncio, calou-se também. A
costureira acabou o trabalho, dobrou o vestido e foi-se.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira ainda deu uma ajeitada aqui, outra lá, até que
chegou a hora de ir para o baile.
-E agora, perguntou a linha, quem é que vai para o baile, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem
é que vai dançar com ministros e diplomatas? E, me diga, quem é que vai ficar em casa, dentro da caixi-
nha?
A agulha não respondeu. Mas, um alfinete que, de cabeça grande e não de menor experiência, murmu-
rou à pobre agulha:
-Anda, aprende, tola! Você se cansa em abrir caminhos para os outros e no final, fica aí, sozinha, dentro da
caixinha! Faça como eu: não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta estória a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
-Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária.
Querido(a) aluno(a), é muito importante con- deuses, dos fenômenos da natureza. “O pensamen-
versar com os seus alunos sobre a problemática da to mítico nasceu como uma das primeiras manifes-
estória: é melhor abrir caminhos para os outros, tações daquilo que seria mais tarde o pensamento
sendo útil e solidário, mesmo que apareçam linhas religioso. Isto é, a consciência do homem de um
ordinárias, do que ser pessoas irresponsáveis e Princípio Superior Absoluto, que o explica e o justi-
más. A solidariedade é a melhor solução para resol- fica.” (COELHO, 1987, p. 118).
ver problemas.
Como exemplo, contaremos o mito de NI-
NHURSAGA e EA, resumidamente, segundo Reiner
O mito (2000):
No vale do Tigre e do Eufrates, aparece o culto à deusa Terra, personificando o poder gerador de toda
a natureza. Ninhursaga, a Deusa-Mãe-Terra, a Senhora Montanha, era considerada como uma divinda-
de viva, criadora dos aluviões nos pântanos e das terras que eram inundadas pelas cheias dos rios. A
origem da vegetação é explicada, num antigo mito sumério, pela união de Ninhursaga e Ea, o deus
das águas. Ea era considerado, também, como deus da sabedoria e da magia, em virtude do sábio
movimento das águas, caindo do céu em forma de chuva, deslizando mansamente em forma de rio,
infiltrando-se e desaparecendo no subsolo ou refletindo os raios solares nas gotículas de orvalho. Além
de sua importância vital na formação da vegetação, era adorado também, porque suas águas serviam
como meio de comunicação e transporte. TERRA e ÁGUA casando-se, formariam o lodo fértil, de onde
surgiria o verde luxuriante.
Saiba mais
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Literatura Infantojuvenil
Ngewane é uma árvore encantada. Existe desde o começo do mundo. Parece a samaumeira de tão
grande. Tem leite como a sorva e o tururi. Adora água. Nasce e cresce nas cabeceiras dos igarapés, nos
igapós e à beira dos lagos.
Quando chega o tempo certo, depois das chuvas e ventos, as folhas da árvore caem. No seu tronco
aparecem pequenos ovos, assim como ovas de rã. Os dias passam e os ovos se transformam em la-
gartas, que sobem árvore acima, caminham pelos galhos até alcançarem as folhinhas novas que estão
nascendo. E vão comendo as folhinhas e crescendo, comendo e crescendo, comendo e crescendo.
Três meses passam e nuvens escuras aparecem no céu. Começa a chover e vem a tempestade. Raios
e trovões assustam as lagartas, que descem pelo tronco da árvore e vão se esconder em suas raízes.
Suas cascas ficam soltas, parecendo algodão sobre as sapopemas, raízes aéreas da árvore Ngewane.
A chuva vai chovendo, chovendo, aumentando e aumentando. As águas do igarapé começam a subir
e as lagartas saem transformadas em peixes, grandes e pequenos: matrinxã, jaraqui, curimatã, jeju,
pirapitinga, piabinha, piranha, tambaqui, samoatá, piau, jundiá, acari, pirarucu, sardinha, surubim, tu-
cunaré, jacundá, mandi, aruanã.
Os peixes, já ovados, se espalham pelas águas e vão para os igarapés, lagos e igapós. Uma parte deles,
subindo o rio vai subindo em piracema para desovar na sua cabeceira.
Os peixes da árvore Ngewane servem para alimentar as pessoas. Além dos peixes, no Ngewane se
criam outros animais, como jabuti, jacaré, tracajá, veado, queixada, tamanduá, tatu, anta, capivara,
cobra, cutia e ainda todas as aves.
A Ngewane existe para os peixes e outros animais se multiplicarem e povoarem a terra. Com ela o
alimento nunca falta.
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Aladim era um menino pobre que morava em Bagdá. Sua mãe vivia trabalhando, em casa, sempre
preocupada com seu filho, que era muito travesso.
Um dia, Aladim resolve sair de casa, em busca de trabalho. Depois de muitas aventuras, encontra
uma lâmpada. Ao esfregá-la para lhe dar brilho, eis que, dentro dela sai um gênio enorme, feio e
carrancudo. No início, Aladim ficou com medo e fez tudo que o gênio lhe pedira. Porém, agindo com
astúcia, consegue aprisionar o gênio dentro da lâmpada, novamente, ficando com todos os poderes
sobre ele. Com isso, enriquece, compra um palácio e vive feliz com sua mãe.
Saiba mais
Bruno Bettelheim escreveu um livro muito importante sobre os contos de fadas: Psicanálise dos
contos de fadas.
Para ele, no conto Rapunzel, a feiticeira trancou Rapunzel na torre, quando esta atingiu a idade de
doze anos. Sua estória é, de certa forma, a de uma garota pré-púbere e de uma mãe ciumenta que
tenta impedi-la de ganhar independência. Um problema adolescente típico, que encontra solução
feliz quando a jovem se une ao príncipe.
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Literatura Infantojuvenil
Você sabia que Bruno Bettelheim nasceu na de que é preciso vencer obstáculos para conquistar
Áustria, em 1903, e morreu nos Estados Unidos, em a vitória.
1990? Para ele, os contos de fadas ajudam a criança Há um conto interessante, Bicho de Palha, re-
a encontrar o significado para a vida. Além disso, gistrado por Luís da Câmara Cascudo (1984) entre
auxilia na construção da maturidade psicológica e os contos tradicionais do Brasil. É a estória onde
da conquista da afirmação do mundo. Desenvolve duas estórias se encontram: Bicho de Palha (onde
o imaginário. há um amor incestuoso entre pai e filha) e A Gata
As fadas, as bruxas, os animais que falam e os Borralheira ou Cinderela, recontada por Perrault,
heróis vão ao encontro dos interesses e dos anseios por Grimm e outros.
da criança, ajudando-a nas soluções de problemas Parafraseando Cascudo (1984) e resumindo,
de autoestima. a estória é a seguinte:
Como os contos de fadas tratam de proble-
mas humanos universais, enviam-nos mensagens
Bicho de Palha
Contam que um homem rico, ficando viúvo, casou-se novamente, quando sua filha Maria, já mocinha,
provocava elogios por ser muito linda. A madrasta, ao vê-la, antipatizou-se com a jovem. A situação pio-
rou para Maria, quando a madrasta teve uma filha, relativamente feia, comparada com Maria.
O pai era rico, com várias propriedades, estando a maior parte do tempo viajando. Nos momentos de
ausência do pai, Maria era obrigada a fazer os serviços mais pesados da casa. A vida ficou insuportável
para a moça que vivia chorando e rezando. No caminho do rio onde ia lavar roupa, encontrava-se com
uma Velhinha de feições serenas e muito boa. Maria contou-lhe seus sofrimentos e o silêncio que guar-
dava para não magoar o pai.
A madrasta foi se tornando cada vez mais cruel. Maria resolveu um dia abandonar a casa e procurar
trabalho bem longe dali. Encontrou-se com a boa Velhinha, contou-lhe sua ideia. A Velhinha concordou,
deu-lhe conselhos, abençoou-a e, na despedida, tirou uma varinha, pequenina e branca como prata e
disse-lhe:
– Quando você estiver em perigo, em sofrimento ou desejar alguma coisa diga: “minha varinha de con-
dão, pelo condão que Deus te deu, dai-me”. Tudo acontecerá conforme o seu desejo.
Maria agradeceu muito e fugiu. Conforme os conselhos recebidos da Velhinha, Maria fez uma capa de
palha trançada, com um capuz, deixando abertura para os olhos e meteu-se dentro.
Depois de muito andar, chegou a um palácio e lá arranjou trabalho para lavar as salas, corredores, es-
cadas e limpar os aposentos da criadagem. Maria aceitou e começou a ser chamada de Bicho de Palha.
Suja, silenciosa, trabalhava, sem incomodar ninguém. Todos a respeitavam.
No Palácio moravam a rainha e um príncipe jovem, bonito, elegante, em idade de se casar. Na sala, o
príncipe, moças amigas e a rainha conversavam animadamente sobre as festas que, em outro Palácio,
não muito distante dali, aconteceriam e que durariam três dias.
Chegou a noite do primeiro baile. O príncipe, ansioso pela festa, aprontava-se. De repente disse:
– Bicho de Palha, traga-me uma bacia com água! A moça saiu correndo e logo, em seguida, voltava
com a bacia e água. O príncipe lavou o rosto e saiu. Bicho de Palha, olhou o príncipe e ficou apaixonada.
Correu para seu quarto, tirou a roupa de palha, pegou a varinha e disse:
– Minha varinha de condão! Pelo condão que Deus te deu, dai-me uma carruagem de prata e um ves-
tido com flores do campo.
Nem bem acabou de pronunciar aquelas palavras, lá estavam a carruagem de prata, com cocheiros e
servos e um vestido maravilhoso com flores do campo, diadema e sapatinhos.
Bicho de Palha vestiu-se, entrou na carruagem e foi para o baile, onde causou sensação. O príncipe viu-a,
encantou-se e dançou a noite só com ela. À meia noite, saiu correndo, entrou na carruagem e desapa-
receu, deixando o príncipe desolado.
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Na segunda noite, aconteceu a mesma coisa e Bicho de Palha foi para o baile numa carruagem de
ouro, com um vestido da cor do mar com todos os peixinhos, diadema e sapatinhos. O príncipe, ao
vê-la, tirou para dançar e juntos ficaram a noite toda. À meia noite, Bicho de Palha, saiu correndo,
desaparecendo, deixando o príncipe mais apaixonado e desesperado.
Na terceira noite, graças à varinha de condão, Bicho de Palha foi ao baile numa carruagem de dia-
mantes e um vestido da cor do céu com todas as estrelas, diadema e sapatinhos. O príncipe nunca
vira moça mais esplendorosa! Correu para recebê-la e dançaram a noite toda. À meia noite, Bicho
de Palha saiu correndo, entrou na carruagem e partiu. O príncipe havia pedido aos seus servos que
cavassem um buraco bem grande para obrigar a carruagem parar. Mas não foi o que aconteceu. A
carruagem pulou o buraco e sumiu. Porém, com o solavanco, o sapatinho foi atirado para fora, sendo
recolhido por um dos servos e entregue ao príncipe.
No dia seguinte, o príncipe e seus servos foram procurar a jovem dona do sapatinho. Procuraram,
procuraram e nada. Todas as casas, os dois Palácios tinham sido vasculhados. Até que alguém lem-
brou-se de Bicho de Palha e, rindo muito, mandaram chama-la. Esta, usando sua varinha, apareceu
vestida com o mesmo vestido da última noite e calçando um só sapatinho. Todos muito surpresos,
viram entrar em seu pezinho, o outro sapatinho. O príncipe abraçou-a, chamando sua mãe para co-
nhecer a futura nora. Assim casaram-se e foram muito felizes.
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Literatura Infantojuvenil
O Gênero Narrativo pode assumir três formas distintas: conto, novela ou romance. No Curso de
Literatura Infantil, daremos preferência ao conto.
Toda narrativa tem uma estrutura com os seguintes elementos:
Em nosso curso, falamos sobre algumas espécies de narrativa: a Fábula, o Apólogo, o Mito, a Lenda,
o Conto Maravilhoso e o Conto Maravilhoso de Fadas.
Após todas as informações deste capítulo, estou segura de que você está preparado(a) para verifi-
carmos a sua aprendizagem. Então, ao trabalho!
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RESPOSTAS COMENTADAS DAS
ATIVIDADES PROPOSTAS
Caro(a) aluno(a),
Ao final de cada capítulo, esperamos que você tenha respondido às atividades propostas como
segue:
Capítulo 1
s fontes mais antigas da Literatura Infantojuvenil são as indianas e árabes, como as obras Ca-
1. A
lila e Dimna, escrita em sânscrito, e As Mil e Uma Noites, escrita em árabe.
Capítulo 2
1. A
tenção: Foi o escritor Lewis Carroll quem, na Literatura Moderna, explorou de forma genial as
possibilidades de fusão entre o maravilhoso e o cotidiano, ao mesmo tempo que usava o non-
-sense, o sem sentido, a graça e o ludismo. O autor escreveu Alice no País das Maravilhas e Alice
no País do Espelho.
2. Confirme: Robinson Crusoé, depois de naufragar e instalar-se em uma ilha deserta, conta a
estória do homem: a luta pela sobrevivência, o início da civilização, quando o homem fixou-se
em um determinado lugar e começou a plantar e criar animais, provando o valor das forças
intrínsecas do indivíduo.
Capítulo 3
1. Olhe bem: Com a obra A Menina do Narizinho Arrebitado, José Bento Monteiro Lobato inaugura,
em 1921, a fase literária da produção brasileira destinada a crianças e jovens. Sua obra foi um
“divisor de águas entre o Brasil de ontem e o Brasil de hoje”, porque houve um salto qualitati-
vo em relação aos autores que o precederam. Os temas, contemporâneos ou históricos, eram
colocados de modo a serem compreendidos pelas crianças, usando uma linguagem original e
criativa, buscando o coloquial brasileiro, antecipando o Modernismo Brasileiro.
tenção: As obras e autores pioneiros da Literatura Infantojuvenil, no Brasil, são: O Método Abí-
2. A
lio de Abílio César Borges, Contos Infantis de Júlia Lopes de Almeida e Cazuza de Viriato Correia.
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Capítulo 4
1. V
eja se acertou: O papel preponderante da Literatura Infantojuvenil é o desenvolvimento da
nossa sociedade que está sempre em transformação. Temos que vê-la como uma abertura para
a formação de uma nova mentalidade.
Capítulo 5
Capítulo 6
tenção: O conto maravilhoso segue o tipo das narrativas orientais, como as que estão em As
1. A
Mil e Uma Noites. Nessas narrativas, o homem está sempre procurando soluções para sair da
pobreza, ganhar mais riqueza, matar a fome ou procurando o poder.
2. O
bserve: As constantes dos contos maravilhosos são: presença da metamorfose, de talismãs,
do destino, do mistério, da magia e a reiteração dos números 3 e 7.
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REFERÊNCIAS
______. Livro das ignorãças. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1994.
______. Poeminhas pescados numa fala de João. Rio de Janeiro: Record, 2001.
BETTELHEIM, B. B. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano. 16. ed. São Paulo:
Paz e Terra, 2002.
CASCUDO, L. C. Literatura oral no Brasil. 3. ed. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1984.
COELHO, N. N. Panorama histórico da literatura infantil/juvenil. 3. ed. São Paulo: Quíron, 1985.
GRAY, J. Próximo Oriente. Lisboa: Verbo, 1982. (Coleção Biblioteca dos Grandes Mitos e Lendas
Universais).
GRUBER, J. G. O livro das árvores. Benjamin Constant, AM: Organização dos Professores Ticuna
Bilíngües, 1997.
GUIMARÃES, H. de S.; LESSA, A. C. Figuras de linguagem. 13. ed. São Paulo: Atual, 1988.
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______. A arca de Noé. 16. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
REGO, J. L. do. Menino de engenho. 83. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1957.
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APÊNDICE
Sugestões de Leitura
Querido(a) aluno(a),
Ler é uma maravilhosa aventura que nos permite viajar, sonhar, imaginar, conhecer lugares, cultu-
ras, personagens, sentimentos e conflitos humanos, enfim, um pouco da própria vida. Por isso, deixo aqui
sugestões de leitura, para que você possa “voar”, conhecer novos horizontes. Você não precisa ler todos
esses livros de uma vez. Não. A lista fica aí, para sua vida toda. Quando quiser ler um livro e não souber
por onde começar, é só olhar as sugestões. São livros importantes da Literatura Brasileira e Universal. Há
várias Editoras, hoje, que estão reeditando estes livros por um preço acessível. Boa leitura!
Literatura brasileira
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Literatura universal
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