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RELATÓRIO LABORATÓRIO DE ENSINO E PESQUISA II

Cultura Material (3ª parte) – Materialidade e invisibilidade.


Marina Garcia Ferreira, 120.340 – Vespertino.

Objeto em análise:

HIPÓTESE:

A partir da tarefa proposta na última aula de Lab. II, a respeito das ranhuras e desgastes
que o artefato tem, pode-se desenvolver hipóteses sobre o local arqueológico em que o objeto
estava sendo armazenado antes de ser inserido no saquinho transparente para a atividade. Por
ser um objeto pequeno, de poucos 3cm de diâmetro, a deteriorização não é tão chamativa em
um primeiro olhar, mas quando analisado e comparado em ambos os lados, percebe-se que
enquanto objeto de circulação nas relações sociais e econômicas, foi bastante circulado e usado.
Ou, quando preservado à posteriori, este artefato foi conservado de forma pouco cuidadosa e
severa, pois são marcas que ainda se encontram em seus pares mais atuais, ranhuras de
desmazelo e negligência quanto a importância.
Logo, há duas opções para se pensar sobre sua invisibilidade ou visibilidade nos quadros
que o objeto pode compor. A primeira opção enquanto circulação, na qual, a partir desta
sociabilidade comportamental o significado do dinheiro é uma abstração, segundo Miller, que
nos permite conceber a igualdade ou desigualdade. No entanto, a visibilidade que o dinheiro
tem é o fato dele assumir para si a atenção dos agentes que integram a cena, como um objeto
que tem um fim em si mesmo. A economia que ele representa, em realidade, é a partir da
preocupação central que permeia ao imaginário do agente da experiência de comprar. O ato
imaginativo de transformar.
Agora, já a segunda opção, após a desativação do valor monetário do artefato em 1942,
o objeto pode ser inserido em um quadro de coleção, no qual muito provavelmente faz parte de
um conjunto de objetos materiais como vestígios físicos de uma memória e cultura histórica,
valor do primeiro caso. Se estivesse em um museu, o que não é minha hipótese (dada as
circunstancias em que foi adquirida e pelas ranhuras que apresenta), a moldura deste objeto o
faria invisível, incitando no agente ao olhar de forma expositiva e inconsciente. Porém, a
hipótese proposta é de conservação em domicílio junto a outras moedas, de outras épocas,
obtidas provavelmente de parentes, amigos ou conhecidos mais velhos (já que a data de
fabricação e suspenção de uso é de oitenta e setenta e seis anos, respectivamente); preservadas
em condições simplórias, como gavetas, caixas, cofrinhos ou recipientes, postas em
amontoados de objetos semelhantes com datações variadas. Assim, sua unidade é invisível ao
todo, mas adquire visibilidade como um conjunto, o de coleção de moedas. Ou seja, neste
quadro o contexto de ação é quase como um tesouro pessoal de preservação, que desperta a
atenção em um conjunto de materialidade cotidiana para uma sociabilidade moderna.
Pode-se concluir, portanto, que a cultura material que cerca esta moeda, partindo da
definição de Daniel Miller de cultura material como objetos que existem não por meio de nossa
consciência ou vontade, mas por meio de um ambiente externo que nos habitua e incita, é da
moeda como um artefato que compõe em si uma memória, não necessariamente vivida pela
pessoa a quem foi a posse, mas de um tempo passado materializado neste vestígio, neste
ambiente externo de um tesouro a ser preservado.

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