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ADVOCACIA CARPES

Osney Carpes dos Santos– OAB/MS 8308

EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA


COMARCA DE SETE QUEDAS-MS.

PROCESSO: ...

..., nos autos supra, proposto em desfavor do Instituto Nacional do Seguro


Social - INSS -, por seu advogado, vem apresentar IMPUGNAÇÃO aos termos
da CONTESTAÇÃO, o que faz nos seguintes termos.

Impugna-se as razões de contestação expostas pelo requerido, em todos os


seus termos.

A impugnação se prende ao fato que o autor provou largamente o


preenchimento dos requisitos para concessão do benefício, quais sejam:

a) O requisito etário, visto que nascido aos 08/04/1954;

b) O requisito da prova da qualidade de trabalhador rural (por documentos


que se prestam como início de prova material);

c) as atividades rurais em período superior ao da carência, levando-se em


conta o ano que implementou as condições.

Ademais, as atividades rurais e fatos, certamente serão corroborados pelos


depoimentos das testemunhas, por ocasião da instrução processual.

Por argumentar, não se pode aventar sobre extinção do feito por


ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conquanto
os documentos colacionados são aceitos como razoável início de prova
material. Aliás a legislação não exige comprovação documental por todo
período, ficando, desde logo, prequestionado eventual contrariedade da
sentença ou acórdão.

Escritó rio: Rua Prefeito Gelson Andrade Moreira, 705, centro, CEP 79960-000 – Iguatemi/MS
Fones: 67 3471-3340 – E-mail osney.carpes@hotmail.com
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Osney Carpes dos Santos– OAB/MS 8308

Nesse passo, vejamos o entendimento dos tribunais sobre a validade dos


documentos colacionados, quais sejam, Carteira de Trabalho; Ficha do
Sindicato Rural; Fichas Cadastrais, adotando-se a solução pro misero.

Pondere-se, considerando a inerente dificuldade probatória


da condição de trabalhador campesino, o STJ sedimentou o
entendimento de que a apresentação de prova material somente sobre
parte do lapso temporal pretendido não implica violação da Súmula
149/STJ, cuja aplicação é mitigada se a reduzida prova material for
complementada por idônea e robusta prova testemunhal.

Vejamos o entendimento dos Tribunais sobre a validade da CARTEIRA DE


TRABLAHO como razoável início de prova, adotando-se a solução pro
misero:

Processo: Numeração Única: AC 0028058-47.2010.4.01.9199 / MG; APELAÇÃO CIVEL


Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO DE ASSIS BETTI
Convocado: JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA (CONV.)
Órgão: SEGUNDA TURMA
Publicação: 28/02/2013 e-DJF1 P. 66
Data Decisão: 04/02/2013

Ementa
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. PROVA
MATERIAL PLENA. CTPS DA REQUERENTE COM VÍNCULOS RURAIS NO PERÍODO DE
CARÊNCIA. IDADE MÍNIMA. RECONHECIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS.
1. O benefício de aposentadoria rural por idade requer o preenchimento dos requisitos (art. 142 da Lei
8.13/91):
a) etário (55 anos, mulher, e 60, anos homem);
b) carência para o benefício pelo tempo legal previsto, comprovada:
b.1) pelo trabalho rurícola por prova documental plena;
b.2) ou inicio razoável de prova material, corroborada por prova testemunhal.
2. O requisito etário foi cumprido em 30.10.2006. Autora nascida em 30.10.1951. Carência: 150
meses.
3. Prova plena rural:
a) Certidão de Casamento em 30.10.1971, o nubente lavrador;
b) Registro em CTPS e no CNIS de vínculos da autora nos anos de 1994, 1996, 1997, 1998 a 2003,
2004, 2005, 2007 e 2008. Início de prova material;
c) Registro em CTPS do marido nos anos 1970 a 1980, 1982 a 1983 a 1985, 1985 a 1987, 1988 a
1989, 1990 a 1994, 1995 a 1997, 1998 a 20032004 a 2005 e 2008;
d) auxílio doença como rural, recebido pela autora entre 14.10.2005 a 24.11.2006;
e) aposentadoria rural por idade do marido concedida em 2004.
4. Pelos documentos juntados e pela ausência de qualquer fato alegado pelo INSS que
pudesse caracterizar com impeditivo, modificativo ou extintivo do alegado direito da autora,
tornou-se desnecessária a prova testemunhal pelo longo período de tempo que a prova documental
abrange.
5. Consectários legais:
a) correção monetária pelo MCJF;
b) juros de mora de 1% até Lei 11.960/09 e índices caderneta de poupança à partir dela.
6. Apelação e Remessa oficial parcialmente providas, nos termos do item 5.
Decisão
A Turma, por unanimidade, deu parcial provimento à apelação e à remessa oficial.

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Também, vejamos o entendimento jurisprudencial sobre a validade da


FICHA CADASTRAL, como razoável início de prova:

STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 708773 MS 2004/0173515-0 (STJ)

Data de publicação: 14/03/2005


Ementa: PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART.
535,I, DO CPC. NÃO-OCORRÊNCIA. TRABALHADORA RURAL. FICHAS CADASTRAIS.
CARTEIRA DE FILIAÇÃO A SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS. INÍCIO RAZOÁVEL
DE PROVA MATERIAL. PERÍODO DE CARÊNCIA. COMPROVAÇÃO. 1. Não há ofensa ao art. 535 ,
inciso I , do Código de Processo Civil quando a questão relevante para a apreciação e julgamento do
recurso é devidamente analisada pelo aresto hostilizado. 2. Conforme determina a legislação
previdenciária (art. 55, caput, da Lei n.º 8.213 /91 c/c art. 62, caput e § 4º, do Decreto n.º 3.048 /99), o
tempo de serviço do trabalhador rural pode ser comprovado através de documentos que levem à
convicção do fato a comprovar. Assim, não merece reforma o acórdão proferido pelo Tribunal a quo
que, mediante análise do material probatório constante dos autos, entendeu que constitui início de
prova material as fichas cadastrais da Autora. 3. Para fins de concessão de aposentadoria rural
por idade, a lei não exige que o início de prova material se refira precisamente ao período de
carência do art. 143 da Lei n.º 8.213 /91, desde que robusta prova testemunhal amplie sua eficácia
probatória, vinculando-o àquele período, como ocorre na espécie. Precedentes. 4. Recurso especial
desprovido.

E, no tocante a FICHA DO SINDICATO RURAL, este também é aceito como


razoável início de prova. Transcreve-se o entendimento jurisprudencial:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. TRABALHADORA RURAL. INÍCIO


RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL. EXISTÊNCIA.
1. Não há como abrigar agravo regimental que não logra desconstituir os fundamentos da decisão
recorrida.
2. A carteira de filiação a sindicato rural expedida anos antes do ajuizamento da ação, da qual
consta que a autora é trabalhadora rural e a prova testemunhal produzida demonstram sua
condição profissional.
3. Não se exige comprovação documental de todo o período, contanto que haja prova testemunhal a
ampliar o espaço de tempo que se pretende provar para a obtenção do benefício.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1049930/CE, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEXTA
TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 09/12/2008)

DESTARTE, não se trata de ausência de conteúdo probatório eficaz uma


vez que os documentos colacionados são reconhecidamente aptos à
comprovação da qualidade de trabalhador rural.

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Prequestiona-se eventual contrariedade quanto ao entendimento


jurisprudencial e ofensa ao artigo 106, da Lei 8.2013/91 e demais
legislações aplicáveis.

Ademais, o requerido não apontou nenhum vicio ou nulidade nos


documentos que comprovam a qualidade de lavradora da autora, ainda que
por extensão da profissão do esposo, de forma que tais documentos são
válidos como razoável início de prova material, pelo que não se há falar em
conteúdo fraudatório.

Assim, restam impugnadas as razões expostas pelo contestante.

Iguatemi/Sete Quedas/MS, em 14/09/2020.

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