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RESUMO
Este artigo objetiva investigar as possibilidades metodológicas do processo de elaboração de projetos
arquitetônicos e urbanísticos focados na garantia de preservação de recursos naturais e de fontes de
energia renováveis. Conceituando os elementos básicos pertinentes ao universo do Desenho Ambiental,
proteção e manutenção dos ecossistemas, a reflexão desse artigo se fundamenta no campo das ações do
Planejamento Ambiental. Desse modo destaca-se a legislação vigente, particularmente ligada às questões
aqui abordadas e os possíveis caminhos apontados por filósofos, pensadores da arquitetura e urbanismo
atuantes nesse seguimento e comprometidos com as questões da natureza, na contemporaneidade.
Palavras-chave: Desenho ambiental, processo de projeto, recursos naturais, preservação, legislação.
ABSTRACT
This article goal is to investigate the methodological possibilities of the process for the elaboration of
architectonic and urban designs focused on the assurance of the natural resources and renewable energy
preservation. Conceptualizing the basic elements pertaining to the Environmental Design Universe,
protection and maintenance of the ecosystems, this article reflection is based on the field of Environmental
Planning. Thus it detaches the current legislation, particularly linked to the issues here focalized and the
possible ways pointed by philosopher, thinkers in architecture and urbanism dealing within these aspects
and committed to nature in the contemporaneity.
Key words: Environmental design, design process, natural resources, preservation, legislation.
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1
Paulo Eduardo Borzani Gonçalves
2
Gilda Collet Bruna
INTRODUÇÃO
1
Diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Coordenador da Pós Graduação - Lato Sensu em Design de
Interiores da Universidade Guarulhos - UnG. Docente das Faculdades de Arquitetura e Urbanismo e Design da
Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE. Doutorando do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM, Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade São Judas
Tadeu - USJT (2009) e graduado em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Belas Artes - Febasp (1989)
todos de São Paulo - SP. Titular da SAIS Consultoria - Soluções em Arquitetura Acessível, Inclusão Social e
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1968) e defendeu Doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1973). Em 1977 obteve Especialização em
Tóquio, Japão, pela Japan International Cooperation Agency. Defendeu tese de Livre Docência em 1980 e foi
professora visitante - Pós-graduação em 1985 na Universidade do Novo México. Aposentou-se como Professora Titular
Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano Emplasa de 1995 a 2000. Universidade Presbiteriana Mackenzie.
gildacbruna@gmail.com.
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meio que habita. Nesse sentido é importante compreender o tema espaço e lugar, além das
estabelecer padrões de convivência sadia entre seres humanos e rios, canais e córregos
pela gestão das cidades utiliza os instrumentos legislativos. Com isso essa administração
A origem do Planejamento Ambiental, pode-se dizer que ocorre no início do século XIX,
Ruskin, o francês Viollet-le-Duc e os americanos Henry David Thoureau, George Perkins Marsh e
Frederick Law Olmsted entre outros, por vezes considerados como utópicos ou românticos, mas
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que veio a ocorrer com a implementação da primeira revolução industrial, norteada por princípios
Segundo Gorski (2010), no Brasil, até meados do século XX, as relações de encontro da
No meio físico, essa situação ocasionou a elevação dos índices de poluição e as dificuldades de
acesso às áreas ribeirinhas. Assim houve o afastamento das atividades de lazer e esporte das
regiões de várzeas, que tinham no hábito dessas práticas, garantindo a manutenção das
básicos que descrevem a maneira como o homem se relaciona com o meio ambiente. Segundo
Maria Assunção Ribeiro Franco (2008), Tuan (1980) teria afirmado que a maneira do homem se
relacionar com o meio ambiente estaria ligada às formas da topografia e ao grau de visibilidade
Para explicar sua teoria, Tuan (1980) estabelece uma comparação entre populações de
duas culturas totalmente diferentes e que habitam localidades com características topológicas
diametralmente opostas: uma localizada nas florestas tropicais, usando com exemplo uma tribo de
pigmeus do Congo na África; e outra, instalada em regiões de planalto, como quando se refere a
uma tribo de índios Pueblo do sudoeste da América do Norte. Para o primeiro grupo mencionado,
onde não existe marcos visuais importantes, não se dá importância ao posicionamento das
estrelas ou do Sol; definem assim um sentido de tempo restrito e uma memória bastante curta. Já
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para o segundo grupo, dos indígenas habitantes de um platô semiárido, seu campo de visão
tempo, definindo assim, papéis fundamentais para as relações com o lugar, com a localização no
Outra teoria, também citada por Franco (2008), mostra uma característica mais holística,
homem e natureza, e as relaciona, diretamente aos hemisférios do cérebro humano. Cabe ao lado
esquerdo do cérebro controlar as funções do lado direito do corpo que envolve funções cognitivas,
como o uso das palavras e a abstração; já, o lado direito do cérebro determina o controle do lado
vegetação natural, como as acima mencionadas, não é a mesma que ocorre em ambientes
urbanos. Estes se vinculam a ecossistemas naturalmente ativos em que há uma interação entre
diferentes elementos que os constituem, tais como: a temperatura; os ventos; as chuvas; as águas
solo; e outros tantos. Entretanto, nas cidades há a intervenção do homem, com suas construções,
alterações de percursos naturais dos cursos d’água entre outras, que modificam
regidas pelo homem e originando as maiores alterações dos recursos naturais: terra, água, ar e
organismos vivos; pois a urbanização de áreas de concentração humana cria novos ambientes
nos quais se desenvolvem relações de interação entre esses grupos, seus trabalhos e a natureza,
3
CREMA, R. Introdução à visão holística – Breve relato de viagem do Velho ao Novo Paradigma. São Paulo: Summus,
1988.
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córregos e represando rios depois de retificar seus entremeios, além de impermeabilizar o solo
com a construção de edificações em todas as escalas e para todos os usos, fatores que acabam
por interferir na dinâmica dos processos físicos, os quais operam diretamente nos diversos
normalmente, pelas ciências sociais e até inventou outros termos para expressar seus conceitos,
quais sejam: população, com o intuito de se referir a grupos de indivíduos de um tipo qualquer de
ecosfera e biosfera, para referir-se ao sistema biológico maior, (aquele que mais se aproxima da
para entender sistemas naturais, porém as pesquisas comprovaram que são raríssimos aqueles
foi possível definir outro conceito, o de ecossistema urbano que pretende entender e contabilizar
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Geography of the City4 , foi proposta a adoção do conceito de ecossistema urbano. Este conceito
produção.
administração pública das cidades pelo mundo; alerta-se assim a importância das causas
para além da erradicação da pobreza, da consolidação global e irrestrita dos direitos humanos e a
cooperação entre União, Estados e Municípios, em relação ao meio ambiente, garantindo que as
administrações municipais assumissem uma posição mais participativa nas questões ambientais
4
DETWYLER, T.R.; MARCUS, M. G. Urbanization and environment: the physical geography of the city. Los Angeles:
Duxbury Press, 1972.
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Entretanto, torna-se importante ressaltar que a legislação federal de proteção dos recursos
naturais não conseguia sozinha, refrear a degradação continuada dos recursos naturais, mesmo
após a aprovação da legislação ambiental5 , fato que tem levado os órgãos estatais a buscar
recursos florestais e detenção da erosão hídrica, como descreveram LOPES, et al. (1998):
introduzidos a partir de 1988. Estes possibilitaram atribuir aos estados um papel suplementar na
5
Destacam-se os artigos 23 e 24.
O Art. 23 trata da competência comum na proteção do meio ambiente e do combate à poluição em qualquer de suas
formas: preservação das florestas, da fauna e da flora; proteção dos documentos, das obras e outros bens de valor
histórico, artístico ou cultural; fomento à produção agropecuária e organização do abastecimento alimentar; promoção
de programas referentes à construção de moradias, bem como a melhoria destas habitações no tocante ao saneamento
básico; registro, acompanhamento e fiscalização das concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos
hídricos e minerais.
A cooperação entre a União, o Estado e os Municípios, em relação a esses assuntos, deve ser normalizada por lei
O Art. 24 trata da competência concorrente do domínio das leis por parte dos referidos entes da Federação, exceto o
Município. Conforme esse dispositivo, a estrutura das normas gerais pertence ao poder legiferante da União, sem entrar
em detalhes ou minúcias, sendo estas de competência dos Estados e do Distrito Federal. Não existe, porém, Lei
Federal sobre normas gerais. Os Estados exercerão competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
No elenco de matérias mencionadas no Art. 24, tem-se, entre outras, aquelas pertinentes a:florestas, caça, pesca,
fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção ao meio ambiente e controle da
poluição; responsabilidade por dano ao meio ambiente, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
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gestão ambiental descentralizada, fato que proporcionou maior contato e uma percepção mais
direta dos problemas ambientais locais pelo Poder Público Estadual. Com isto foi possível ao
Porém, apesar das semelhanças entre as políticas adotadas nas diversas esferas de governo,
das características demasiadamente restritivas das Leis Federais. Desse modo alguns estados
foram obrigados a aprimorar a regulamentação das políticas de gestão dos recursos naturais, no
O Congresso Federal aprovou ainda uma lei que delega aos municípios a tarefa de definir
o que significa cumprir a função social da cidade e da propriedade urbana, bem como cuidar da
expansão urbana de seu município: o Estatuto da Cidade aprovado em 2001. Este Estatuto é
regulamentado no capítulo de política urbana (artigos 182 e 183) da Constituição Federal de 1988,
territórios, além de uma nova concepção de planejamento e gestão urbanos. Segundo Saule Jr.;
Rolnik (2001) foram definidas, no Estatuto, ferramentas para que o Poder Público e especialmente
seguir:
atribuídas aos entes federativos no campo das proposições relacionadas à proteção ambiental,
atenção do mundo para a dimensão global dos perigos e ameaças à vida no planeta, a Cúpula da
Terra realizou em 1992 a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Sustentável constituiu-se tema básico do encontro. Nesse evento, foram assinados acordos com o
para o próximo século, tal acordo foi denominado Agenda 21. Nesse processo procurou-se
buscando disciplinar e concentrar esforços nas áreas chaves buscando evitar dispersões que
Entretanto, é necessário ressaltar que para se atingir as metas estabelecidas pela Agenda
21 não é possível depender somente do Poder Público. São necessárias alterações de valores, de
AMBIENTAL
garantir a proteção, regularização e gestão dos recursos naturais, com a intenção de melhorar a
qualidade da interação existente entre as populações urbanas e a natureza. No que diz respeito à
rede de rios, canais e córregos que irrigam as áreas de adensamento, foram desenvolvidas
compreensão e percepção destas áreas, quanto na própria utilização dos recursos hídricos pela
população, ficou claro que é preciso identificar o valor dos significados estéticos e ecológicos das
Nesse sentido, Gorski (2010) refere-se a uma metodologia desenvolvida por Maria da
Graça A. N. Saraiva6 , que pretende avaliar valores intangíveis (cênicos, estéticos e culturais) de
estabelecem índices de relacionamento entre homem e natureza, num determinado sítio, segundo
6
SARAIVA, M. G. A. N. O rio como paisagem: gestão de corredores fluviais no quadro do ordenamento do território.
Liboa: Fundação CalousteGulbenkian/Fundação para a Ciência e Tecnologia, 1999. In: Goski, 2010, p. 37.
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uma perspectiva temporal-espacial7 . São elencados então, fatores levados em conta na avaliação
decorrente da percepção e das preferências, com relação ao que diz respeito às paisagens
fluviais. Visava-se com isto fornecer dados para alimentar o instrumental de projeto arquitetônico e
urbanístico de acordo com o escopo dos projetos e com os tipos de impactos pretendidos, que
fluviais.
natureza, ocasionando o mínimo impacto possível, isto é, visando assegurar a permanência dos
quando Frederick Law Olmsted projetou o primeiro grande parque urbano da América, o Central
transformar a prática do desenho ambiental num agente capaz de induzir a transformação social e
estética à cidade. Segundo seu pensamento, o desenho urbano deveria englobar toda a cidade,
sendo elaborado com a antecedência, de pelo menos, duas gerações, mantendo no tecido urbano
espaços de reserva de área, que pudessem ser constantemente renovadas, considerando a ideia
7
A autora sintetiza índices de percepção extraídos de uma série de estudos realizados no período de 1960 à 1990.
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de parque como sistema de espaços livres urbanos interligados, como descrito por Maria
profissionais do século XX, o polêmico arquiteto americano Frank Lloyd Wright que viveu entre
1867 e 1959, segundo vários biógrafos, concentrou seu pensamento como um filósofo da
natureza, levando ao extremo sua preocupação com a inserção da arquitetura nas diversas
paisagens em que se localizaria, por vezes chegando mesmo a ser considerado como um anti-
urbanista, segundo Franco (2001), devido à proximidade de suas crenças com o pensamento de
Howard e Gueddes8, desconfiando como eles da eficácia das cidades modernas, apinhadas e
movimentadas, como uma referencia à evolução humana. O ápice de sua manifestação teórica se
deu na década de 1930, quando da publicação de: The disappearing city and Broadacres, no qual
fazia a apologia do desenvolvimento familiar sobre um acre de terra, ou seja, numa gleba com
cerca de 4.000 metros quadrados. Para comprovar sua teoria desenvolveu uma maquete
experimental que reproduzia um modelo ideal de cidade horizontal de baixa densidade, que se
Contudo, mais importante que as proposições ideológicas, até mesmo utópicas, de Wright,
foi sua contribuição para o processo de projeto arquitetônico inspirado nas relações humanas,
8
Sir Ebenezer Howard (1850 — 1928)pré-urbanista inglês; tornou-se conhecido por sua publicação Cidades-jardins de
Amanhã (Garden Cities of Tomorrow), de 1898, na qual descreveu uma cidade utópica em que pessoas viviam
Patrick Geddes (1854-1932), biólogo e filósofo escocês foi credenciado como o “pai” do planeamento regional.
(QUENTAL, Nuno. Episódios da história do urbanismo. Escola Superior de Biotecnologia – Universidade Católica
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com os recursos naturais. Apesar de sua afinidade com os princípios transcendentais9 de Thoreau
elaboração de seus projetos, fato que o levou, por vezes a ser classificado como um arquiteto
Foi nos projetos de arquitetura residencial que Wright deixou registrada sua relação com a
paisagem natural, pois acreditava que a integração da arquitetura ao meio ambiente permitiria que
o ser humano experimentasse o encantamento da beleza natural. Desse modo seria possível
alcançar maior plenitude de vida. Para tanto, propunha uma tipologia denominada “Prairie House”
(Casa de Pradaria). Nesses casos utilizava telhados levemente inclinados e propunha silhuetas
largas e maciças, adotando beirais acolhedores e terraços baixos. Em sua maioria essas casas
os jardins se interligavam ao sítio, por meio do que o arquiteto chamou de “plantas abertas”. Estas
tinham como proposta a exclusão de alguns ambientes internos, bem como algumas portas e até
O paradoxo vivenciado por Frank Lloyd Wright viria a se transformar, no início do século
9
O Transcendentalismo foi um movimento filosófico que exerceu grande influência na Nova Inglaterra, no final do séc.
XVII e no séc. XIX [...].
10
Thoreau (1817-62) [...] passou sua juventude imerso no universo intelectual “transcendentalista” da Nova Inglaterra,
onde se destacava a figura do filósofo Ralph Waldo Emerson (1803-82), de quem se tornou amigo e admirador.
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comunidades.
Contemporâneo de Wright, Aldo Leopold que viveu entre 1887 e 1948, foi o criador da
“Land ethic” (ética da terra) fundamentada numa filosofia de “perspectiva biocêntrica”. Segundo
seu criador, essa filosofia induziria os homens à ação de preservar a integridade, a estabilidade e
a beleza dos sistemas naturais, reconhecendo que os seres humanos são elementos conscientes
de um processo evolucionário, que prescinde de reflexões racionais sobre suas ações, com
relação a si e com relação aos demais seres vivos. A partir dessa determinação, Leopold passa a
ser considerado o pai do pensamento crítico em relação à ecologia, considerando essa ciência
como sendo portadora do potencial reorganizador de um novo paradigma cultural para além do
século XXI.
arquitetônicas ditas ecológicas, que atuariam com maior empenho, a partir da década de 1970.
Foi nesse período que as discussões se globalizaram e tomaram caráter oficial, sendo então
respaldadas pelo instrumental da Gestão Pública das cidades em diversos países, e por órgãos
Muito embora possa parecer que exista uma corrente hegemônica no campo do desenho
influenciados pela chamada Deep Ecology, propõem uma retomada das práticas arcaicas,
nos não mais como simples testemunhos do passado, mas destacam a importância de sua
vivência e dos processos que utilizam para enfrentar o futuro, ensinando a sociedade capitalista
artesanais, nas quais as formas mais simples do viver nos levam às soluções mais econômicas e
de menor impacto. Com intensas preocupações regionais e sociais, utilizam-se dos recursos
locais, tais como arquitetura de terra, defendida por arquitetos pioneiros, como o egípcio Hassan
busca também a eficiência energética das construções, a correta especificação dos materiais, a
existentes. Procura dar a estes edifícios um novo uso. Aposta na mudança de postura dos
isolada. Assim uma parcela dos projetos arquitetônicos, tanto novos quanto retrofits (reformas),
11
Por VERNÁCULA se compreende a prática arquitetônica baseada na tradição e transmitida entre gerações de modo
informal, sem a participação de arquitetos ou representantes do saber acadêmico (oficial e erudito), fruto de um tempo e
2000)
A partir dos anos 1990 surge a chamada eco-techarchitecture, baseada na defesa da alta
computadorizados e auto gestores, acreditando que a própria tecnologia mostraria o caminho para
destacando-se o alemão Thomaz Herzog, o francês Jean Nouvel e o italiano Renzo Piano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
considerar as consequências do fato inevitável de gerar impacto no meio ambiente. Este abrange,
de acordo com a resolução CONAMA 306 de 2002, o conjunto das condições, leis, influência e
interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abrigam
e regem a vida em todas as suas formas, além de avaliar antecipadamente as proporções dos
imediato. Assim, além de prever soluções de manutenção da integridade dos recursos naturais, de
próximas gerações de suprirem as necessidades de seu tempo. Nesse sentido, seria preciso
ações de longo prazo, bem como os resultados de curto prazo. A origem dessa conceituação foi
definida por Franco (2001), com a intenção de dirimir possíveis dúvidas e se apresenta
reproduzida a seguir:
compreender os sistemas que interagem nas relações de subsistência das cidades. Desse modo,
interdependentes. Com isto, se houver alteração em qualquer das unidades, haverá reflexos em
outros componentes. O conceito aqui adotado considera que os ecossistemas são formados por
dois sistemas intimamente ligados, de um lado o “sistema natural”, englobando o meio físico e o
biológico (solo, vegetação, fauna, recursos hídricos) e de outro, o “sistema cultural” configurado
pelo homem e por suas atividades. Nesse sentido se atribui ao homem a capacidade de dirigir
suas ações e se apropriar do meio ambiente. Este é fonte de matéria prima e energia
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produtos e resíduos, caracterizando o ambiente urbano como um sistema aberto, onde cada parte
depende de outras para garantir seu correto funcionamento e todas elas dependentes do meio
alterações do meio ambiente são procedidas de maneira cada vez mais rápida e
incessantemente. Nos grandes aglomerados urbanos fica impossível que a natureza cumpra seu
ciclo de recuperação, pois o homem não é o único agente de alterações dos recursos naturais,
outros animais buscam alimentos, constroem abrigos e expelem seus detritos, notadamente nas
áreas rurais ou de preservação, porem esses processos ocorrem de forma naturalmente lenta e
regular, garantindo o tempo necessário para se processar a neutralização dos seus prejuízos.
aglomerados urbanos. No caso do Brasil, esta alteração ocorreu em meados dos anos 1960,
sendo que tal processo sofreu uma grande aceleração nas décadas seguintes, ligado a dois
diversas. Tal processo denominado como “urbanização corporativa” por Milton Santos (1991)12 ,
gerou cidades com expressiva degradação das condições de vida e do ambiente urbano, fatos
12
SANTOS, M. A urbanização Brasileira, São Paulo: Hucitec, 1991.
13
MENDONÇA, F. O ESTUDO DO CLIMA URBANO NO BRASIL: Evolução, tendências e alguns desafios. In:
MENDONÇA, F.; MONTEIRO, C. A. F. (Orgs.). Clima urbano. São Paulo: Contexto, 2003, p. 175 –191.
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degradadas e até na destruição de recursos naturais vitais à sobrevivência dos seres humanos no
planeta. Por exemplo, as matas ciliares constituindo a vegetação que se forma naturalmente às
margens dos cursos d’água, configurando uma proteção devido à massa verde extremamente
eficaz para os meios hídricos, atuando no amortecimento do impacto da erosão de suas margens
Embora a deterioração do meio ambiente seja um problema antigo e que sempre existiu na
história da humanidade, agora, porém, há uma nova intensidade dos processos de degradação
cidades.
publicados pelo Balanço Energético Nacional (BEM) e pela Pesquisa Nacional de Amostra de
civil residencial, que aparece como responsável pela extração de aproximadamente 15 e 50% dos
recursos naturais extraídos, 66% de toda a madeira extraída, 40% da energia consumida e 16%
da água potável. Estes dados se referem ao conceito abrangente de ciclo de vida da edificação,
que se inicia na fabricação dos materiais de construção, passa pelo transporte dos mesmos até o
sítio das construções, pela obra propriamente dita, prolongando-se pela vida útil da edificação até
a demolição e deposição final dos materiais. (Civil Engineering Research Foundation - CERF,
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ambiental, frente aos benefícios socioeconômicos, implica numa revisão do processo projetual
interação entre estudo e proposição, com a inclusão de novas variáveis: arquitetura; desenho
Battle; McCarthy (2001) apud Gonçalves e Duarte (2006) definem o funcionamento das
cidades, chamando-o de “metabolismo urbano”, como uma composição desses ciclos. E cada um
destes contém características particulares, porém com influências mútuas, constituídos de:
definir em primeiro lugar as metas para o consumo e respectiva origem e procedência de recursos
básicos como água e energia; em seguida pode-se definir a escolha das tecnologias e a
determinação da eficiência dos processos de consumo desses recursos (na operação dos
reciclados nos limites físicos da região de intervenção ou alteração do meio físico (equipamento
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impacto ambiental14.
Com esse olhar sobre o ambiente construído, a busca pela sustentabilidade urbana vem
revitalização de áreas urbanas com diferentes configurações e usos, para ser uma alternativa à
prática de expansão urbana periférica, que se baseia na ocupação de áreas verdes (greenfields)
livres. Em suma, os principais objetivos dessas premissas, segundo Gonçalves e Duarte, (2006)
são:
14
Miguel Aloysio Sattler classifica os impactos determinados pela indústria da construção civil em dois tipos: impactos
durante a fase de produção da construção (extração, processamento e distribuição de produtos), considerados de maior
interferência no ambiente; e impactos durante a fase de utilização da construção (aplicações no local, desenvolvimento
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
________. Planejamento ambiental para a cidade sustentável. São Paulo: Annablume: Fapesp,
2001.
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São Paulo,Pólis, 2001. xxp. (Cadernos Pólis, 4)
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