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Anisonucleose Pseudoeosinofilia
Bi e multinucleação Granulações
Papilomavírus humano
Os HPVs estão divididos em dois grandes grupos. Os tipos mais comuns,
classificados como vírus de baixo risco para o desenvolvimento de neoplasias e
verrugas, são os tipos 6 e 11, mais comumente encontrados na genitália externa e
ocasionalmente no colo uterino. Tipos como 34, 40, 43, 44, 53, 54, 57 e 66 são
normalmente identificados em casos de condiloma acuminado, verrugas em mucosas
e lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL). O segundo grupo são os
HPVs de alto risco oncogênico, representados pelos tipos 16, 18, 31 e 45.
Normalmente, são detectados nas lesões intraepiteliais de alto grau (HSIL) e nos
carcinomas invasivos de colo uterino.
O ciclo viral inicia-se com a infecção das células da camada basal do epitélio
em decorrência da abrasão ou de microlesões da pele e da mucosa. Após a
maturação nas células parabasais, a replicação viral efetiva inicia-se quando a célula-
filha que contém o vírus sofre maturação. O DNA-HPV é replicado num grande
número de cópias, e posteriormente ocorre sua inserção no DNA celular. Após a
transcrição e a tradução do DNA-HPV inserido no DNA celular, ocorre a formação de
partículas virais maduras. A região tardia (L1/L2) sintetiza as proteínas do capsídeo
viral, que são direcionadas aos núcleos das células hospedeiras, onde ocorre a
formação da partícula viral completa.
O genoma viral pode ser encontrado sob a forma epissomal no núcleo das
células infectadas ou, nos subtipos causadores de lesões malignas, pode estar
integrado aos cromossomos das células do hospedeiro. Nas lesões benignas, o DNA
viral aparece em padrão epissomal, ou seja, sob a forma circular, não integrado ao
genoma celular. Nessas lesões, o vírus fica retido nos tecidos cervicais sob a forma
latente. Nas neoplasias malignas, as células sofrem transformações, nas quais o DNA
viral aparece integrado ao genoma celular, ligado a sítios cromossômicos específicos
de integração (SOARES, 1999).
Nas lesões malignas, a interação gênica induz ruptura dos genes reguladores
da replicação viral (E1/E2), deficiência na transcrição dos genes tardios e transcrição
incontrolável dos genes E6/E7. Nesse momento, o ciclo celular é abortado, partículas
virais completas não são produzidas, e as células infectadas desencadeiam
transformações malignas, sofrendo alteração de crescimento e diferenciação. Há
modificação do padrão de estratificação do epitélio cérvico-vaginal nas camadas de
células mais diferenciadas, e as células superficiais passam a expressar citoqueratinas
em quantidade abundante.
O aparecimento de lesões malignas é resultado da perda do controle do ciclo
celular. Normalmente, oncogenes na célula hospedeira estão em constante inspeção
do processo de reprodução irregular ou mutação. Essas alterações no ciclo celular são
verificadas e reparadas, ou a célula é destruída por apoptose. Como dito, o processo é
regulado por dois oncogenes na célula hospedeira, denominados de p53 e pRb, gene
do retinoblastoma. A função deles é bloquear o ciclo celular em caso de dano no
genoma, reparando o dano ou conduzindo a célula a apoptose. Se p53 e pRb são
inativados pelas proteínas virais E6/E7, as células não entram em apoptose ou não há
reparo do dano no DNA. Dessa forma, há acumulo de lesões gênicas no núcleo das
células hospedeiras, determinando, assim, a carcinogênese.
o Atipias escamosas de significado indeterminado (ASC-US – ASC/H)
Outras alterações com características indefinidas podem ser visualizadas no
esfregaço. Esse tipo de ocorrência dá-se no epitélio escamoso e é interpretado como
sendo alterações de significado indeterminado para a ocorrência de lesões
escamosas, ASC-US, segundo o Sistema Bethesda.
Os ASC-US estão no limiar de diferenciação entre o processo inflamatório e a
neoplasia intraepitelial cervical (NIC). Esse tipo de alteração celular não oferece
critério suficiente para um diagnóstico seguro da lesão, porém possibilita a exclusão
de alterações celulares benignas.
Os parâmetros celulares adotados para se caracterizar um esfregaço como
ASC-US são aumento da relação núcleo/citoplasma em duas a três vezes o tamanho
da célula intermediária normal, leve variação da forma nuclear, hipercromia discreta,
cromatina regularmente distribuída e membrana nuclear bem delimitada. Podem
ocorrer alterações celulares compatíveis com a infecção pelo HPV. A presença de
metaplasia escamosa reativa também foi relatada em esfregaços dessa natureza.
Exibe células escamosas eosinofílicas apresentando aumento da relação
núcleo-citoplasma e hipercromia leve, não caracterizando um grau intenso de atipia
(ASC-US).
As atipias classificadas como de significado indeterminado não descartam
lesão de alto grau (ASC/H). São caracterizadas pela presença de alteração importante
nas células, porém não se pode definir o quadro de displasia moderada/NIC II ou
severa/NIC III/carcinoma in situ. Uma das condições mais comuns de emprego do uso
dessa classificação é em mulheres que apresentam atipia em esfregaços atróficos
pela dificuldade de identificação do grau da lesão em células imaturas.
o Lesão escamosa intraepitelial de baixo grau (LSIL) e alto grau
(HSIL)
A história natural das lesões escamosas de baixo grau (LSIL) e de alto grau
(HSIL) está diretamente ligada à ação do HPV no trato genital feminino, associada
principalmente ao vírus de alto risco. Este é responsável pelo aumento da
vulnerabilidade da junção escamo-colunar, promovendo diferenciação irregular. Essas
alterações foram relatadas em 1988 na cidade americana de Bethesda, onde foi criada
a nova nomenclatura denominada de Sistema Bethesda.
As LSIL, anteriormente classificadas como displasia leve/NIC I, são lesões pré-
neoplásicas do epitélio escamoso, também chamadas de precursoras, e podem
permanecer em latência por um período de 20 anos, com eliminação de células
anormais. As lesões pré-malignas representam uma continuidade de alterações
morfológicas, com limites relativamente indistintos e não irão, obrigatoriamente, evoluir
para lesões malignas, podendo sofrer regressões espontâneas.
Em 95% dos casos, as lesões de alto grau e malignas estão associadas à
infecção pelo papilomavírus (HPV) de alto risco. A persistência delas é
diretamente proporcional ao grande número de cópias virais.
As lesões pré-neoplásicas são consideradas como precursoras do câncer
cervical e são referidas como lesões escamosas intraepiteliais de baixo grau (LSIL).
Elas estão diretamente associadas à infecção pelo HPV. Essas lesões podem ser
causadas por qualquer tipo de HPV, ser transitórias ou autolimitadas e regredir
espontaneamente, em especial em mulheres com menos de 30 anos. Na maioria dos
casos, estão associadas à infecção pelo HPV 6 e 11.
As alterações celulares associadas ao HPV, descritas como coilocitose e
disqueratose, acompanhadas de atipias nucleares em células maduras,
discariose(núcleo disforme, dividido em duas ou mais parte), quase sempre
começam na junção escamo-colunar, na zona de transformação.
Histologicamente, mostram desorganização da arquitetura do epitélio escamoso,
atipia nuclear e algumas mitoses anormais.
As lesões escamosas intraepiteliaisde alto grau (HSIL), anteriormente
classificadas como displasia moderada/severa e/ou NIC II/III-Carcinoma in situ,e as
neoplasias de colo uterino estão relacionadas com os tipos 16 e 18 do HPV. Essas
lesões caracterizam-se pela presença de células imaturas com discariose severa e
carioteca irregular, pleomorfismo nuclear, depósito de cromatina na membrana
nuclear. O citoplasma é escasso e basofílico, caracterizando a imaturidade celular.
Os quadros de carcinoma in situ, enquadrados no sistema Bethesda, como
lesão de alto grau, são caracterizados pela presença de esfregaços contendo células
com características de HSIL e mais três critérios importantes que mostram a evolução
da doença para malignidade: núcleos em tinta da China, agrupamento de cromatina
em “sal e pimenta”e grupamento de células atípicas em fila indiana.
o Carcinoma de células escamosas
O câncer do colo uterino é uma doença que acomete 69 milhões de mulheres
acima dos 15 anos em todo o mundo. No Brasil, em 2010, 18.430 novos casos foram
estimados, sendo 18 casos por 100 mil mulheres.
Essa doença é a segunda maior causa de morte por neoplasia em mulheres,
principalmente nas regiões de baixo poder socioeconômico. Pesquisas mostram que,
por ano, cerca de 50 mil mulheres desenvolverão neoplasia de colo uterino, sendo o
papilomavírus humano (HPV) o seu principal cofator.
Nos Estados Unidos, aproximadamente 6.200 novos casos de infecção pelo
HPV ocorrem anualmente, e cerca de 20 milhões de mulheres apresentam infecção
ativa pelo vírus, com grande potencial de progressão da doença. O Center of Disease
Control (CDC) estima que metade das mulheres sexualmente ativas vá adquirir a
infecção pelo HPV em algum momento de sua vida, cerca de 80% antes dos 50 anos.
Relatos da International Agency for Research on Cancer (IARC) demonstraram que
em 2008 que o câncer cervical foi o mais câncer mais comum entre as mulheres em
todo omundo, estimando a sua ocorrência em cerca de 530 mil novos casos. Mais de
85%deles ocorrem em países em desenvolvimento, em regiões como África, Ásia,
Central, América Central e América do Sul estão entre as mais prevalentes
naocorrência da doença.
Citologicamente, o carcinoma de células escamosas caracteriza-se pelas
seguintes modificações celulares:
Alterações nucleares como cariomegalia (aumento do volume nuclear
mais que seis vezes o volume da célula normal), hipercromia nuclear
severa, cromatina grosseira e mal distribuída, com acúmulo na periferia
da membrana nuclear, membrana nuclear irregular, pleomorfismo
nuclear e celular, presença de macronucléolos, núcleo hipercorado,
marcado em forma de tinta da China, células de reserva e basais
pequenas, células parabasais e metaplásicas grandes. Comumente
observa-se a presença de formas incomuns. Raramente observa-se
coilocitose.
Alterações citoplasmáticas incluindo células com citoplasma escasso,
cianofílico ou eosinofílico, vacúolos citoplasmáticos, formação em fila
indiana, disqueratose com picnose (degeneração do núcleo da célula,
caracterizada por condensação da cromatina seguida de
desaparecimento da carioteca) ou anucleadas, células pequenas que
podem ser confundidas com leucócitos, macrófagos e células
metaplásicas e de reserva e presença de diátese tumoral e
hemorrágica.
o Atipias glandulares
As atipias glandulares são classificadas em benignas e malignas,
decorrentes normalmente de processos como hiperplasia microglandular, pólipo
endocervical, uso de anticoncepcionais orais e de DIU. Observa-se que muitas das
alterações no canal endocervical estão associadas aos processos de metaplasia
escamosa ou reação de reparo.
As alterações reativas dessas células caracterizam-se por modificações
citomorfológicas semelhantes às que ocorrem no epitélio escamoso, adequando-se
às características do tipo de células glandulares. Podem-se observar conjuntos de
células que descamam em grupos pequenos e sobrepostos, normalmente com
mais de 20 delas. Em alguns casos, esse conjunto mantém o padrão em favo de
mel. Observa-se o aumento da relação núcleo/citoplasma (N/C) de duas a três
vezes e leve hipercromia nuclear. Os nucléolos são, frequentemente, visíveis, o
que pode dificultar a caracterização de reatividade das células. O citoplasma pode
estar bem conservado.