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EXCELENTÍSSIMO SR.

JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DA COMARCA DE


SÃO PAULO

Protocolo nº
Requerente: SOCIEDADE VAI COM DEUS
Requerido: DELTA SHOP LTDA

SOCIEDADE VAI COM DEUS, já devidamente qualificada nos autos do


processo em epígrafe da AÇAO DE INDENIZAÇÃO que move contra a
empresa DELTA SHOP LTDA, vem, respeitosamente, em face da sentença de
fls...., com fulcro do Art. 1.009 e seguintes do CPC, tempestivamente interpor
recurso de APELAÇÃO, pelas razões de fato e de direito a seguir dispostas.
Requer, de pronto, a intimação do Apelado para contrarrazões, nos termos do
Art. 1010, §1º do CPC, e que em seguida sejam OS AUTOS encaminhados ao
Egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO, para que seja processado e
julgado o presente recurso.

Termos em que pede deferimento.


Local, data
Advogado/OAB

RAZÕES DO RECURSO
Ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Apelante: SOCIEDADE VAI COM DEUS
Apelado: DELTA SHOP LTDA
Origem: Processo Nº....,__Vara Civil (Comarca de São Paulo)

I. DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE: TEMPESTIVIDADE


O ora Apelante foi intimado da sentença no dia xx/xx/xx, tendo início o prazo
para interposição deste recurso no primeiro dia útil subsequente, conforme Art.
1003 caput e § 5º do CPC OU O presente recurso é tempestivo pois foi
interposto no prazo de 15 dias contado a partir da intimação nos termos do Art.
1003, §5º do CPC.
Ademais, segue em anexo a guia de custas recursais, conforme Art. 1.007 do
CPC.

II. DOS FATOS


Tratam os Autos de Ação Ordinária interposta por Sociedade Vai Com Deus
contra DELTA SHOP LTDA, com o objetivo de pleitear INDENIZAÇÃO POR
RESCINDIR CONTRATO.

Não obstante tenha sido devidamente demonstrado o direito do Autor, o juiz de


primeiro grau entendeu por JULGAR IMPROCEDENTE o pedido feito na inicial,
alegando que que em razão da pandemia o Apelado não deveria de fato honrar
o contrato.

Entretanto, o entendimento trazido na sentença não merece prosperar, pois


cumpre examinar as alternativas propostas pelo Código Civil que preservam o
negócio jurídico e reestabelecem o equilíbrio entre as prestações e
contraprestações das partes, por meio de revisão do acordo.

Assim, a sentença atacada por este recurso merece ser integralmente


reformada, conforme argumentos a seguir, sendo instrumento correto para
viabilizar tal reforma o presente recurso de Apelação conforme Art. 1009 do
CPC.

III. DO DIREITO
Mesmo tento vista a alegação do apelado como motivo para rescindir o
contrato por FORÇA MAIOR, deve-se rever o reequilíbrio do mesmo com base
nas teorias da imprevisão e da onerosidade excessiva arcada pelo Apelante.
A pandemia se instalou definitivamente e com ela o caos jurídico. A doutrina,
sempre ansiosa por dar respostas, parece se precipitar em conclusões pouco
refletidas.
Estamos diante da força maior descrita no artigo 393 do Código Civil e muito se
falou sobre fortuito externo (que rompe nexo causal e afasta o dever de
indenizar) e o fortuito interno (que deve ser arcado pelo devedor).
Em termos de efeitos, em ocorrendo o caso fortuito ou de força maior, a lei
autoriza:

1) A resolução do contrato, seu desfazimento, sua extinção, com efeitos ex


nunc, ou seja, do momento em que se declarou a resolução para frente.

2) Irresponsabilidade do devedor pelos prejuízos causados ao credor.


Art. 418 CC; Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a
outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as
arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua
devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, ...
Art. 422 CC; Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Duas questões merecem reflexão. A primeira é que se a "impossibilidade" é


passageira, a força maior não tem aplicação. É fato que vivemos uma
pandemia passageira.

Conforme leciona Pontes de Miranda,


"Se é de prever-se que a impossibilidade pode passar, a extinção da dívida não
se dá. Enquanto tal mudança é de esperar-se, de jeito que se consiga a
finalidade do negócio jurídico, nem incorre em mora o devedor, nem, a fortiori,
se extingue a dívida. Mas, ainda aí, é de advertir-se que a duração da
impossibilidade passageira, ou de se supor passageira, pode ser tal que se
tenha de considerar ofendida a finalidade, dando ensejo a direito de resolução"

Se a prestação é exequível, porém de maneira mais custosa ao devedor, não


estamos diante da força maior em seu sentido clássico. Isso porque há uma
figura específica para resolver exatamente é essa situação.
Diante desse apelo é que recomendo as partes obediência servil ao contrato
(pacta sunt servanda) e em tempo oportuno e adiante se firmem o acordo
(rebus sic stantibus).

Como se descreve no artigo a seguir do Código Civil


Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar
equitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes,
poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de
executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.

Conforme se verifica dos autos, por meio da sentença atacada o juiz de


primeiro grau entendeu por dar Improvimento a ação somente em base no
artigo 393, do Código Civil em favor da ré.
Ademais, ficou comprovado que o Apelante tem direito ao que foi pleiteado na
inicial.

IV. DOS PEDIDOS


Diante do exposto, requerer-se que o presente recurso seja CONHECIDO e
PROVIDO, e que, consequentemente, seja INTEGRALMENTE REFORMADA
A SENTEÇA ATACADA para:
- Pagamento de Indenização por Rescisão de Contrato indevido.
- Apelado em pagar o valor da Indenização com correção, juros legais a contar
do fato.
- Seja o Apelado condenado as penas e custas judiciais, despesas e
honorários advocatícios no percentual de pelo menos 10% (dez por cento) do
valor da causa.

Termos em que pede deferimento


Local, data
Advogado
OAB/UF

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