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EXCELENTÍSSIMO JUIZO DE DIREITO DA 1ª VARA DE

FAMÍLIA DA COMARCA DE JUAZEIRO DO NORTE/CE

MARIA COELHO, brasileira, menor impúbere, representada por sua mãe e guardiã
MARIA JOAQUINA, brasileira, solteira, auxiliar de serviços gerais, inscrita no CPF nº
030.030.396-69, e RG nº 200410234-6, residente e domiciliada a Rua Sem Nome, nº 00,
Pirajá, Juazeiro do Norte-CE, sem endereço eletrônico (e-mail), através do advogado
FRANCISCO WAGNER ALVES DA SILVA, regularmente inscrito na OAB/CE
5809, que esta subscreve com escritório na Rua Jacinto Rocha, 54, Santa Tereza,
Juazeiro do Norte-CE ,vem, respeitosamente, promover a presente AÇÃO DE
ALIMENTOS COM PEDIDO LIMINAR DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS [Lei
5.478/1.968 e CC, art. 1.694]:

em face de JOÃO PERIEIRA, solteiro, representante comercial da empresa Medical,


residente e domiciliado na Rua Do Pau, nº171, centro, Várzea Alegre - CE, inscrito no
CPF sob o nº. 444.333.222-11, endereço eletrônico desconhecido, em face das seguintes
razões de fato e de direito. 

I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:
Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput c/c LA, art.
1º, § 2º)

A Autora não tem condições de arcar com as despesas do


processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar
todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais.

                                     Dessarte, a Demandante ora formula pleito de gratuidade


da justiça, o que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º
c/c 105, in fine, ambos do CPC c/c art. 1º, § 2º, da Lei de Alimentos, quando tal
prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório acostado.

II – DOS FATOS

A genitora da Promovente, teve um relacionamento com


o Réu, no qual nasceu, 03/03/2017, Maria Coelho, ora Autora. (doc. 00) Essa
possui três (3) anos de idade. Assim, menor impúbere.

O casal não chegou a conviver, mas, logo que a requerente


nasceu, o réu registrou a menor no Cartório competente.
De início o réu ajudou com algumas despesas da requerente
sendo que em meados de fevereiro de 2018, irresponsavelmente, deixou de prestar
qualquer auxilio financeiro para o sustento da infante, inclusive deixando de visita-la.

Diante desse quadro, a mãe da Promovente não detém recursos


suficientes para, sozinha, cumprir a responsabilidade alimentar para com sua filha.

Nesse diapasão, outra alternativa não restou senão ajuizar a


presente Ação de Alimentos.

II – NO MÉRITO

A obrigação alimentar perseguida é indispensável à


subsistência da menor, a qual, como na hipótese, não pode esperar meses para serem
satisfeitas suas necessidades básicas.
 
O Promovido, pois, deve prover alimentos provisórios de sorte
a assegurar à Autora o necessário à sua manutenção. Com isso, garantindo-a meios de
subsistência.

Como afirmado nas linhas iniciais, na data da propositura desta


querela a Autora conta com a tenra idade de três (3) anos, donde se presume
necessidades especiais.
 
De outra banda, é consabido que aos pais cabe o dever de
sustentar os filhos menores, fornecendo-lhe, sobretudo, alimentação, vestuário, moradia,
educação, medicamentos etc.
 
E essa é a dicção contida na Legislação Substantiva Civil, ad
litteram:

Art. 1.568 - Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção


de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da
família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime
patrimonial.

Art. 1.634.  Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua


situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que
consiste em, quanto aos filhos:

I - dirigir-lhes a criação e a educação;

Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar


o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo
do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor.
 
Do mesmo modo o Estatuto da Criança e do Adolescente,
verbo ad verbum:
 
Art. 22 - Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações
judiciais.
 
Além disso, no plano da Constituição Federal:
 
Art. 229 - Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os
pais na velhice, carência ou enfermidade.

Com esse enfoque, é altamente ilustrativo trazer à colação o


magistério de Maria Berenice Dias:

‘‘O encargo de prestação de alimentos é obrigação de dar,


representada pela prestação de certo valor em dinheiro.
Os alimentos estão submetidos a controle de extensão,
conteúdo e forma de prestação. Fundamentalmente,
acham-se condicionados pelas necessidades de quem os
recebe e pelas possibilidades de quem os presta (CC 1.694,
§ 1º). Enquanto os filhos são menores, a presunção de
necessidade é absoluta, ou seja, juris et de jure. Tanto é
assim que, mesmo não requeridos alimentos provisórios,
deve o juiz fixá-los (LA 4º)...’’

De mais a mais, urge revelar notas de jurisprudência com esse


enfoque, verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO QUE FIXA ALIMENTOS PROVISÓRIOS EM


FAVOR DA EX. COMPANHEIRA E DE FILHO MENOR. AUSÊNCIA DE ALEGAÇÕES OU
PROVAS POR PARTE DA COMPANHEIRA ACERCA DA IMPOSSIBILIDADE PARA SUA
PRÓPRIA MANUTENÇÃO. ELEMENTOS QUE INDICAM SUA APTIDÃO PARA O
TRABALHO. ALIMENTOS INDEVIDOS EM RELAÇÃO A ESTA. FILHO MENOR.
PRESUNÇÃO DE NECESSIDADE. ALIMENTOS PROVISÓRIOS MANTIDOS. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Os alimentos em favor do ex-companheiro só são devidos quando demonstrado que quem os pretende
não tem condições de se manter pelo próprio trabalho, sendo necessário, ainda, que aquele de quem se
reclama possa fornecê-los sem desfalque de seu próprio sustento, nos termos do art. 1.695 do Código
Civil. 2. No tocante ao filho menor, a necessidade de alimentos é presumida, justificando-se a
manutenção da decisão que fixa alimentos provisórios em valor proporcional às possibilidades financeiras
do alimentante. 3. Recurso conhecido e parcialmente provido [ ... ]

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. FILHO MENOR (08 ANOS) -


PEDIDO DE REDUÇÃO. SENTENÇA PRIMEVA QUE REDUZIU O PERCENTUAL DE
ALIMENTOS DE 50% (CINQUENTA POR CENTO) DO SALÁRIO MÍNIMO PARA 17%
(DEZESSETE POR CENTO) EM RAZÃO DA MUDANÇA DA SITUAÇÃO FINANCEIRA.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DO PAGAMENTO DA PENSÃO
ALIMENTÍCIA ARBITRADA. PRÓPRIO APELANTE SUGERE O PERCENTUAL DE 17% DO
SALÁRIO MÍNIMO (FLS. 166). ANÁLISE DO BINÔMIO. NECESSIDADE-POSSIBILIDADE.
SENTENÇA PRIMEVA QUE FIXA OS ALIMENTOS NO PERCENTUAL DE 17%
(DEZESSETE POR CENTO) DO SALÁRIO DO APELANTE. PEDIDO DE REDUÇÃO PARA O
PERCENTUAL DE 15% DO SALÁRIO MÍNIMO. IMPOSSIBILIDADE. PERCENTUAL
FIXADO COM RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. MANUTENÇÃO DA
SENTENÇA PRIMEVA EM TODOS OS TERMOS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
UNANIMIDADE.

Na fixação do quantum da pensão alimentícia há de ser considerado o trinômio. Necessidade,


possibilidade e proporcionalidade. Tratando-se de filho menor as necessidades são presumidas. Constitui
encargo de o alimentante provar que não reúne as condições de prestar os alimentos fixados na sentença.
In casu, nos autos inexiste prova robusta da impossibilidade do pensionamento no valor em que fora
arbitrado, devendo, por conseguinte, ser mantido o valor fixado na sentença de primeiro grau. Recurso
conhecido e improvido [ ... ]

Feitas essas colocações quanto à possibilidade financeira


recíproca dos pais de sustentar os filhos, vejamos as condições financeiras da genitora e
do Réu, além das necessidades da Autora.

1. QUANTO ÀS CONDIÇÕES DA MÃE

Impende realçar que, de fato, a genitora não tem condições de


sozinha arcar com todas as despesas referentes aos alimentos da menor.
 
A mãe, representando a infante nesta querela, trabalha junto a
Empresa Global, com o cargo de serviços gerais, em Juazeiro do Norte. (doc. 01)
Percebe uma remuneração mensal bruta de R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais). (doc.
02/03) Não detém qualquer outra fonte de renda.

2. DESPESAS MENSAIS COM A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

No tocante às despesas mensais atinentes da filha, de pronto


se colacionam os seguintes dispêndios (docs. 08/27):

( a ) Merenda Escolar  ............................................................ R$ 200,00


( b ) Vestuário ........................................................................ R$ 100,00
( c ) Plano de Saúde ............................................................... R$ 150,00
( d ) Medicamentos ................................................................ R$ 90,00
( e ) Alimentação ................................................................... R$ 400,00
( f ) Lazer .............................................................................. R$ 100,00
                                                                           _______________
                                                           Total mensal R$ 1.040,00 ( Mil e Quarenta Reais)

3. CAPACIDADE FINANCEIRA DO ALIMENTANTE

É inarredável, máxime ostensiva, a capacidade financeira do


Promovido.

O Réu é representante comecial da conceituada empresa


MEDICAL de Várzea (doc. 5). Com uma remuneração mensal de R$ 3.000,00 (três mil
reais). (docs. 29/36) Além do mais, o mesmo ostenta alto padrão de vida, como se
depreende das fotos anexas. (docs. 37/44)
 
                                    Assim, inequivocamente foram demonstrados sinais exteriores de
riqueza e, maiormente, capacidade financeira do Promovido em contribuir com os
alimentos devidos à filha.
4. ALIMENTOS PROVISORIOS

Nos termos do art. 4.º da Lei 5.478/1968, ao despachar o


pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor,
salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.

A autora necessita com urgência que de pronto sejam fixados


os alimentos provisórios, vez que deles necessita, o pai/demandado tem possibilidade do
pagamento e a situação financeira da mãe é precária.

A gama documental que instrui esta exordial é robusta,


representa a realidade das partes interessadas, pelo que se revela justo e correta, sejam
liminarmente, initio lide et inaltera parte, o arbitramento dos alimentos provisórios no
valor correspondente a 1,5 [um e meio] salário mínimo, oficiando-se à empresa
empregadora MEDICAL, inscrita no CPNJ 01.002.003/0004-56, localizada a Rua dos
remédios, 1, centro, Várzea Alegre, para proceder ao desconto em sua folha de
pagamento e depósito na conta-corrente abaixo identificada de titularidade da mãe da
autora:
(Banco do Brasil – Favorecido: Maria Joaquina, agencia: 0456 - c/c 0123-x)

III – PEDIDO

Pelo exposto, requer a Vossa Excelência:

a) o deferimento da Gratuidade da Justiça, por não ter a autora condições de


suportar ao pagamento das custas, despesas deste processo e honorários
advocatícios [CPC, art. 98 c.c. Lei 5.478/1.968, art. 1º, §§ 2º e 3º];

b) sejam fixados os “alimentos provisórios” no valor equivalente a 1,5 [um e


meio] salário mínimo, descontado do seu salário, oficiando-se à empregadora
neste sentido, para depósito na conta-corrente da genitora da autora, conforme
dados acima identificados;

c) seja JULGADA PROCEDENTE a ação, para ao final, fixar o valor da


“pensão alimentícia” mensal, na quantia correspondente a 1,5 [um e meio]
salário mínimo; condenando o réu ainda, ao pagamento dos honorários
advocatícios ao patrono da autora, mais as custas processuais;

d) seja citado o réu via postal [carta com aviso de recebimento], para,
comparecer à audiência de conciliação, a partir da qual terá o prazo de 15
[quinze] dias para, querendo, apresentar contestação, sob pena de revelia [Lei
5.478/1.968, art. 5º c.c. art. 319,VII do CPC];

e) a produção de provas em direito admitidas, inclusive informações buscadas


pelo juízo perante os órgãos oficiais para se demonstrar a realidade econômico-
financeira do demandado.
f) a indispensável intimação do Ilustre Representante do Ministério Público;

Valor da causa: R$ 1.650,00 (Mil Seiscentos e Cinquenta


Reais), para efeitos legais.

Termos em que,

Pede e aguarda deferimento.

Juazeiro do Norte/CE 18 de Outubro de 2021.

Francisco Wagner Alves da Silva


OAB 9058

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