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MANUELI TOMASI
São Leopoldo
2019
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MANUELI TOMASI
São Leopoldo
2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................5
2 AS INVISIBILIDADES DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA.............................6
3 FASE DA AGENDA: COMO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA ENTRA
DA AGENDA DE PREOCUPAÇÕES.................................................................................10
3.1 A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO NACIONAL DA POPULAÇÃO EM
SITUAÇÃO DE RUA (MNPR)..............................................................................................14
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................17
REFERÊNCIAS........................................................................................................................19
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RESUMO
O fenômeno da população em situação de rua é crescente no cenário
brasileiro e há muito tempo este grupo foi designado como “os invisíveis” pela
sociedade e pelo o poder público. No entanto, este segmento populacional não é
composto por pessoas alheias ao que acontece ao redor do mundo, muitos estão
interessados em transformar suas realidades e superar este estado. Por meio de um
ensaio teórico, o presente artigo tem como objetivo descrever a história do
Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) e a sua contribuição no
estabelecimento de uma agenda para políticas públicas destinadas a essa
população. Como resultados, o estudo apresentou que as ações da MNPR
influenciaram de forma direta a formulação de uma agenda para políticas públicas.
PALAVRAS-CHAVE: pessoas em situação de rua, movimento nacional da
população de rua, formulação de agenda, políticas públicas.
ABSTRACT
The phenomenon of the population on the street is growing in the Brazilian
scenario and this group has long been designated as “the invisible” by society and
the public power. However, this population segment is not made up of people living
around the world, many are interested in realizing their realities and overcoming this
state. Through theoretical research, this article aims to describe a history of the
National Street Population Movement (MNPR) and its contribution to the
development of an agenda for public policies and a population population. As a
result, the study showed that MNPR's actions directly influenced the formulation of a
public policy agenda.
KEYWORDS: homeless people, national street city movement, calendar of
activities, public regulations.
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1 INTRODUÇÃO
Ao andar nas ruas das capitais e cidades brasileiras, sejam elas de grande ou
médio porte, é notável o número crescente de pessoas que estão vivendo ou
habitando na rua, trabalhando, perambulando, mendigando. Nas ruas encontram-se
vendedores ambulantes, catadores de material reciclável, flanelinhas ou
guardadores/ “pastoradores” de carros, profissionais do sexo, biscateiros, pessoas
que “carregam a casa nas costas”, sujeitos que vivem ao léu. São homens e
mulheres que tornaram-se personagens, que ocupam os cenários urbanos das
cidades do Brasil. Indivíduos que carregam estereótipos de perigosos, preguiçosos,
coitados, sujos, manipuladores e vagabundos, (re)produzem invisibilidades e
opressões (NOBRE et al., 2018; MATTOS; FERREIRA, 2004).
Além de serem tratados como caso de polícia, são privados do direito a uma
vida digna, de ir e vir e do uso dos espaços públicos. O lugar que ocupam na
sociedade é o de não cidadãos e que devem ser “vigiados” pelo Estado, são vistos
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“(...) pode ser definida como um grupo heterogêneo que tem em comum a
pobreza, vínculos familiares quebrados ou interrompidos, vivência de um
processo de desfiliação social pela ausência de trabalho assalariado e das
proteções derivadas ou dependentes dessa forma de trabalho, sem moradia
convencional regular e tendo a rua como o espaço de moradia e sustento.”
Este contexto é marcado por faltas e fragilidades, local onde se estabelece
um mapa de condutas caracterizadas pela necessidade e criatividade para encontrar
resoluções as dificuldades que se apresentam (DE ALCANTARA; DE ABREU;
FARIAS, 2015). Nas ruas encontramos, migrantes, pessoas desempregadas, com
problemas associados ao uso abusivo de álcool e outras drogas, egressos do
sistema penitenciário, com vínculos familiares fragilizados ou rompidos, dentre
outras circunstâncias que levam muitos a fazerem das ruas não somente um lugar
de moradia e de trabalho (NOBRE et al., 2018).
O estudo realizado por Neves (2010) levantou questões importantes que
incidem nos percursos de vida de cada pessoa nesta situação e que explicam a
permanência delas nas ruas. A primeira delas é a ausência de condições familiares
estáveis para a constituição como adulto, perdas dos pais, separações em famílias
conjugais, conflitos conjugais, por motivos que iam de tensões e incompreensões
entre o casal, geralmente pelo desemprego recorrente e prolongado. Longo período
de migração visando à inserção em mercado de trabalho distanciado do local em
que a família reside, abandono por esposas e companheiras. Em certos casos,
todos os vínculos anteriormente citados eram apontados como interrompidos. O
autor cita também o uso excessivo de bebida alcoólica (NEVES, 2010). Destaca-se
ainda que a grande maioria dos casos eram homens em situação de rua, sendo rara
a presença de mulheres. Quando relacionado a mulheres, elas geralmente eram
vistas como velhas e desprotegidas; e, quando em idade reprodutiva, geralmente
afetadas por problemas de ordem psíquica (NEVES, 2010).
Sobre o assunto, ressalta-se este problema como estrutural devido ao modo
como a sociedade se estrutura, principalmente nas grandes cidades (RODRIGUES,
2015). Quando diz respeito dos meios de sustento desta população, as pesquisas
indicam que a maioria exerce alguma atividade, as principais são: catador de
material reciclável, flanelinha, vendedor ambulante e construção civil. Nota-se,
também, que uma parte recebe salário mensal por trabalhar com carteira assinada
ou tem trabalho regular. Outra característica sugerida em pesquisas, são que grande
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parte das pessoas que vivem nas ruas não recebe auxílios ou benefícios do Estado.
O município de São Paulo revela através do Censo (2015) que aproximadamente
55% não recebiam benefícios ou auxílios do poder do público, enquanto que o
Censo de Belo Horizonte (2014) informa que apenas 31,2% das pessoas em
situação de rua recebiam o benefício do Programa Bolsa Família. Outra importante
informação do Censo de São Paulo (2015) destaca o elevado percentual de idosos
em situação de rua que não recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) a
que teriam direito.
Este dado revela a necessidade de ampliação da cobertura do BPC, o
benefício poderia contribuir para a melhoria das condições de vida das pessoas
idosas em situação de rua, ajudando-os a saírem da situação (BARBOSA, 2018).
Uma realidade comum entre a população é a falta de documentação, este
fator tornou-se uma barreira para o acesso aos direitos. A Pesquisa Nacional sobre
População em Situação de Rua (2008) apontou que quase um quarto (24,8%)
dessas pessoas não possui qualquer documento de identificação. Em decorrência
disso, muitas pessoas encontram dificuldade para exercer sua cidadania e acessar
os serviços públicos. Além disso, a Pesquisa Nacional (2008) apontou que 13,9%
das pessoas em situação de rua já vivenciaram algum impedimento na tentativa de
tirar documentos.
Outros apontamentos relevantes para o objetivo deste estudo se referem ao
acesso aos serviços públicos, aproximadamente 10% das pessoas em situação de
rua conseguem acessar os serviços de saúde como postos de saúde, Unidade
Básica de Saúde, unidades de Assistência Médica Ambulatorial, pronto socorro,
hospital, Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, e Consultório na Rua, de acordo
com o Censo realizado em São Paulo (2015). A Pesquisa Nacional sobre População
em Situação de Rua (2008) traz outro dado importante sobre as dificuldades para
acessar os serviços públicos, a pesquisa aponta que 18,4% já passaram por
experiência de impedimento ao tentar receber atendimento na rede de saúde.
Por último, percebe-se que no Censo de São de Paulo e de Belo Horizonte, a
maioria da população já passou por algum tipo de internação, em diferentes
instituições como, sistema prisional, clinicas de recuperação de dependência de
drogas, comunidades terapêuticas, instituições psiquiátricas, sistema sócio
educativo. Em São Paulo a porcentagem foi de 58% e Belo Horizonte 40,4%,
permitindo refletir que os maiores percentuais de atendimento estão relacionados a
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de São Paulo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
COBB, Roger W.; ELDER, Charles D. The political uses of symbols. Longman
Publishing Group, 1983.
KINGDON, John. Como Chega a Hora de Uma Ideia? In: SARAVIA, Enrique;
FERRAREZI, Elisabete. Políticas Públicas - Coletânea. Brasília: ENAP, 2006a.
MELO, Tomás Henrique de Azevedo Gomes. “Da Rua pra Rua”: novas
configurações políticas a partir do Movimento Nacional da População de Rua
(MNPR). Em RUI, Taniele; MARTINEZ, Mariana; FELTRAN, Gabriel (Org). Novas
faces da vida nas ruas. São Carlos: EDUFScar, 2016