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Joselito Jacinto da Silva

OAB-GO 29.506

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA VARA


CÍVEL E FAZENDAS PÚBLICAS DA COMARCA DE BOM JESUS (GO).

MARCIA ELAINE DE SOUSA, brasileira, divorciada,


professora aposentada, nascida aos 27 de janeiro de 1968, filha Nilson jacinto de
Sousa e Maria de Lourdes Sousa, portadora de RG sob o nº. 3.437.039 2ª. via
PCII/GO e devidamente inscrita no CPF sob o nº. 640.810.281-68, residente e
domiciliada a Rua um, Q.05, L. 05, 38, Bairro Parque dos Girassois, nesta cidade e
comarca de Bom Jesus (GO), por intermédio de seu advogado e bastante procurador
(procuração em anexo), com escritório profissional abaixo informado, onde recebe
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência
propor;

AÇÃO DE COBRANÇA DE RESÍDUO DE LICENÇAS


PREMIOS

Nos termos do artigo 318 do Código de Processo Civil, em


desfavor do MUNICÍPIO DE BOM JESUS, pessoa jurídica de direito público, que se
faz representada Pelo seu representante legal o prefeito municipal Sr. Daniel Vieira
Ramos, com sede sito à Praça Sebastião Antonio de Oliveira, nº. 33, Bairro Centro,
nesta cidade e comarca de Bom Jesus (GO) CEP 75.570-000, pelos motivos de fato e
de direito a seguir aduzidos.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA - DECLARAÇÃO DE


INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.

Preambularmente, a Requerente necessita e pede que lhe seja


deferido as beneces da justiça gratuita, conforme lhe faculta a lei 1060/50 por ser
pobre na verdadeira concepção da palavra.

A Lei nº. 1.060/50 é bastante clara ao afirmar em seu artigo


4º que: º A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação,
na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família”.
Joselito Jacinto da Silva
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Inicialmente, afirma a Requerente que de acordo com o


artigo 4º da Lei nº. 1.060/50, com redação introduzida pela Lei nº. 7.510/86, que,
temporariamente, não tem condições de arcar com eventual ônus processual sem
prejuízo do sustento próprio e de sua família.

Assim, sendo, requer se digne Vossa Excelência conceder as


benesses da Justiça Gratuita in casu (assistência judiciária gratuita) no sentido de
dispensar o pagamento de quaisquer custas e emolumentos no curso do procedimento,
consoante os ditames da Lei nº. 1.060/50 e o art. 5º da Carta Magna Brasileira.

Assim, faz uso desta declaração inserida na presente petição


inicial, para requerer os benefícios da justiça gratuita.

É o entendimento jurisprudencial:
JUSTIÇA GRATUITA – Necessidade de simples afirmação de
pobreza da parte para a obtenção do benefício – Inexistência de incompatibilidade entre o art.
4º da Lei n.º 1.060/50 e o art. 5º, LXXIV, da CF. Ementa Oficial: O artigo 4º da Lei n.º 1.060/50
não colide com o art. 5º, LXXIV, da CF, bastando à parte, para que obtenha o benefício da
assistência judiciária, a simples afirmação da sua pobreza, até a prova em contrário (STF – 1ª
T: RE n.º 207.382-2/RS; Rel. Min. Ilmar Galvão; j. 22/04/1997; v.u) RT 748/172.

A CF, em seu artigo 5º, LXXIV, inclui entre os direitos e garantias


fundamentais a assistência jurídica integral e gratuita pelo Estado aos que comprovarem a
insuficiência de recursos; entretanto, visando facilitar o amplo acesso ao Poder judiciário
(artigo 5º, XXXV, da CF), pode o ente estatal conceder assistência judiciária gratuita mediante
a presunção iuris tantum de pobreza decorrente da afirmação da parte de que não está em
condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou
de sua família (STF – 1ª T.; RE n.º 204.305-2 – PR; Rel. Min. Moreira Alves; j. 05.05.1998; v.u)
RT 755/182.

ACESSO À JUSTIÇA – Assistência Judiciária – Lei n.º.060, de


1950 – CF, artigo 5º, LXXIV. A garantia do artigo 5º, LXXIV – assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos – não revogou a assistência judiciária
gratuita da Lei n.º 1.060/1950, aos necessitados, certo que, para a obtenção desta, basta a
declaração, feita pelo próprio interessado, de que a sua situação econômica não permite vir a
juízo sem prejuízo da sua manutenção ou de sua família. Essa norma infraconstitucional põe-
se, ademais, dentro do espirito da CF, que deseja que seja facilitado o acesso de todos à Justiça
(CF, artigo 5º, XXXV) (STF – 2ª T.; RE nº. 205.029-6 – RS; Rel. Min. Carlos Velloso; DJU
07.03.1997) RT 235/102.

DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL:

Preliminarmente, urge destacar a competência da Justiça


Estadual em detrimento da Trabalhista para o julgamento e processamento do feito,
que apesar de envolver a discussão de verbas trabalhistas, conforme entendimento da
jurisprudência brasileira abalizada no assunto: “DIREITO ADMINISTRATIVO - AÇÃO
DE COBRANÇA - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À MUNICIPALIDADE
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- COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL - LIMINAR CONCEDIDA NA


ADIN Nº. 3.395 / STF - SENTENÇA ULTRA PETITA - JULGAMENTO DE QUESTÕES
ALÉM DOS LIMITES DA LIDE - INOCORRÊNCIA –PAGAMENTO DEVIDO -
EVENTUAL IRREGULARIDADE NA CONTRATAÇÃO - IRRELEVÂNCIA ANTE A
EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. Diante da efetiva prestação de serviços,
satisfatoriamente comprovada, deve haver a remuneração do prestador pelo Município, sob
pena de enriquecimento sem causa da Administração Pública. (Processo número 0076795-
10.2004.8.13.0086. Relator. Des. Audebert Delage. Julgado: 04/10/07. Data da publicação
11/10/2007)”.

Isto posto, requer o regular recebimento e processamento do


feito perante a Justiça Comum Estadual.

DOS FATOS

A servidora ora requerente é funcionária pública municipal,


empossada em 08 de março de 1994, no cargo de assistente de ensino (professora)
classe AE-3, conforme Decreto de Nomeação de nº. 228/94 em anexo, e, em 15 de
março de 2019, lhe foi concedido benefício de aposentadoria especial de professor
com proventos integrais.

A remuneração da Requerente, representada por seu Salário


Base, titularidade, anuenio e vantagem pessoal, perfazia o total de R$ 6.044,04 (seis
mil quarenta e quatro reais e quatro centavos).

Ocorre que desde a data de sua posse como professora AE-3,


conforme anteriormente mencionado, a Requerente jamais recebeu as licenças
prêmios, dando um total de 15 (quinze) licenças prêmios não gozadas e não recebidas.

Dentre os benefícios a que tinha direito dentro de sua


categoria profissional, a Professora Marcia Elaine tem o de gozar licenças prêmios de
06 (seis) meses a cada 10 (dez) anos de trabalho ininterrupto.

DO DIREITO

Com escopo de sustentar o pedido em tela, baseia-se na lei


Municipal nº. 1.190/2009, ESTATUTO E PLANO DE CARGOS E VENCIMENTOS
DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO em seu artigo 94, in verbis:
Art. 94 – Ao professor é assegurada à licença premio de 06 (seis)
meses, correspondente a cada 10 anos de efetivo exercício da docência, com todos os direitos e
vantagens inerentes ao cargo efetivo.

No caso em comento, a servidora apesar de ter laborado na


função em que foi empossada por 25 (vinte e cinco) anos, jamais recebeu ou gozou de
suas tão merecidas licenças prêmios, perfazendo um total de 15 (quinze) não recebidas
e não gozadas.
Joselito Jacinto da Silva
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Em se pegando o seu último vencimento no valor de R$


6.044,04 (seis mil quarenta e quatro reais e quatro centavos), multiplicado pelas 15
licenças prêmios dá-se o valor de R$ 90.660,60 (noventa mil quinhentos seiscentos e
sessenta reais e sessenta centavos), que são de pleno direito da professora em ter seu
recebimento concretizado.

DO RECEBIMENTO EM DOBRO

A lei municipal 070/2013 garante o recebimento em dobro


dos funcionários da educação no artigo 25, § único e I, in verbis:
Art. 25 – O tempo de serviço considerado pela legislação vigente
até 15 de dezembro de 1998 para efeito de aposentadoria será contado como tempo de
contribuição, inclusive o fictício, sendo vedado o cômputo de qualquer tempo fictício adquirido
após aquela data;

§ Único – Considera-se tempo de contribuição fictício, para efeitos


do § 10 do art. 40 da Constituição Federal, todo aquele expressamente considerado em lei
municipal específica ou em estatuto de servidores como tempo de serviço público para fins de
concessão de aposentadoria sem que haja, por parte da prestação de serviço e a
correspondente contribuição social, cumulativamente, dentre outros os seguintes casos:

I – tempo contado em dobro da licença premio não gozada.

Verifica-se Excelência, que o dispositivo em apreço


determina que sua aplicação se restrinja ao pagamento em dobro das licenças não
gozadas, em consonância com o texto legal.

Portanto, embasado no artigo acima da lei municipal


070/2013, o recebimento da funcionária pública aposentada Marcia Elaine de Sousa
deverá perfazer o valor de R$ 181.321,20, (cento e oitenta e um mil trezentos e vinte e
um reais e vinte centavos).

A despeito de tal pedido, de forma contumaz, o Requerido


recusa-se a efetuar o pagamento devido a Requerente, razão pela qual, alternativa não
lhe restou senão a que ora se apresenta.
Joselito Jacinto da Silva
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È a seguinte a jurisprudência pátria: TJ-MA - Apelação APL


0340412015 MA 0000143-75.2014.8.10.0088 (TJ-MA) Data de publicação: 22/02/2016 Ementa:  
PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA CONTRA MUNICÍPIO.
SERVIDOR PÚBLICO. SALÁRIOS NÃO PAGOS. VIOLAÇÃO DE DIREITO
CONSTITUCIONAL. DANOS MORAIS CARACTERIZADOS. 1. O fato de o magistrado a
quo ter entendido desnecessária a produção de prova em juízo, passando ao julgamento
antecipado da lide, na forma do inciso I, do art. 330 do CPC, não caracteriza cerceamento de
defesa, desde que presentes nos autos as provas necessárias ao deslinde da causa. Preliminar
rejeitada. 2. Comprovado o vínculo funcional, o pagamento dos salários é obrigação da
municipalidade, em atenção às regras do ordenamento jurídico vigente e ao princípio da
dignidade da pessoa humana. 3. Em ações de cobranças de salários de servidor público,
incumbe à municipalidade a prova de fato impeditivo do direito do autor conforme dita o
artigo 333, inciso II, do CPC. Sem a comprovação alegada, o ente municipal deve pagar o
servidor. 4. Incontestáveis os efeitos danosos que a conduta do ente público acarreta ao
servidor que trabalha e não recebe a devida contraprestação. Indenização por dano moral
confirmada. 5. Apelação desprovida.

E ainda: TJ-MA - Apelação APL 0481062013 MA 0000244-


17.2013.8.10.0131 (TJ-MA) Data de publicação: 21/07/2014 Ementa: PROCESSO CIVIL.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA CONTRA MUNICÍPIO. SERVIDOR
PÚBLICO. SALÁRIOS NÃO PAGOS. VIOLAÇÃO DE DIREITO CONSTITUCIONAL. 1.
Comprovado o vínculo funcional, o pagamento dos salários é obrigação da municipalidade, em
atenção às regras do ordenamento jurídico vigente e ao princípio da dignidade da pessoa
humana. 2. Em ações de cobranças de salários de servidor público, incumbe à municipalidade
a prova de fato impeditivo do direito do autor conforme dita o artigo 333 , inciso II , do CPC .
Sem a comprovação alegada, o ente municipal deve pagar o servidor. 3. Segundo o artigo 290
do CPC: "Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas
incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor". Portanto, in casu,
não há o que se cogitar em sentença ultra petita. O objeto da ação refere-se ao não pagamento
de salários - obrigação periódica. 4. Os honorários fixados em 10% (dez por cento) do valor da
condenação devem ser mantidos. Respeito ao artigo 20, § 4º, do CPC . 5. Recurso improvido.

Posto isto, com espeque nas argumentações retro expendidas,


legislação, doutrina e entendimentos jurisprudenciais pertinentes, passa a exarar o
seguinte.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, decalcado nos dispositivos legais


mencionados, bem como nos demais aplicáveis na espécie requer de Vossa
Excelência, o seguinte:

a) Que seja concedido os benefícios da JUSTIÇA


GRATUITA, visto ser pessoa pobre no sentido legal, não podendo arcar com as
despesas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, conforme provado
em seus demonstrativos de pagamentos de salários anexos a esta inicial e declaração
de hipossuficiência.
Joselito Jacinto da Silva
OAB-GO 29.506

b) Que seja citada a Requerida, por meio de seu


representante legal, no endereço retro, para se quiser contestar a presente ação sob
pena de revelia e confesso.

c) Que seja dada ciência ao Ilustre representante do


Ministério Público de todos os atos do presente processo.

d) Ao final que seja julgado procedente a presente ação com


a declaração dos direitos de MARCIA ELAINE DE SOUSA que ora se pretende e
como consequência que seja condenada à requerida ao pagamento do resíduo de
LICENÇAS PREMIOS NÃO GOZADAS E NÃO RECEBIDAS, dos últimos 25
anos, referente ao período de março de 1994 a abril de 2019.

e) Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em


direito admitidas, notadamente provas documentais, periciais, testemunhais
oportunamente arroladas, bem como o depoimento pessoal do preposto da requerida,
sob pena de confesso.

Dá-se a presente ação o valor de R$ R$ 181.321,20, (cento e


oitenta e um mil trezentos e vinte e um reais e vinte centavos).

Nestes Termos, Pede e Aguarda e Devido Deferimento.

Itumbiara, 17 de dezembro de 2019.

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Joselito Jacinto da Silva.
OAB/GO nº. 29.506.

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