Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
105
PARA ALÉM DA LIBERDADE E DA DIGNIDADE
106
A EVOLUÇÃO DE UMA CULTURA
enumerando muitas das suas práticas, tal como descrevemos uma espécie
através da enumeração das suas características anatómicas. Duas ou mais
culturas podem partilhar uma prática, do mesmo modo que duas ou mais
espécies podem partilhar uma característica anatómica. À semelhança das
características de uma dada espécie, as práticas de uma cultura são
veiculadas pelos seus membros, que as transmitem a outros. De uma maneira
geral, quanto maior for o número de indivíduos que veiculam uma espécie
ou uma cultura, tanto maiores serão as suas possibilidades de sobreviver.
Tal como uma espécie, uma cultura é seleccionada pela sua adaptação
a um dado ambiente: na medida em que uma cultura ajuda os seus membros
a prover às suas necessidades e a evitar os perigos, ela ajuda-os a sobreviver
e a transmitir a cultura. Os dois tipos de evolução estão intimamente
entrelaçados. Os mesmos indivíduos transmitem tanto uma cultura como
uma constituição genética, se bem que de maneiras muito diferentes e
durante períodos diferentes das suas vidas. A capacidade de sofrer as
modificações comportamentais que tornam possível uma cultura foi
adquirida durante uma evolução da espécie e, reciprocamente, a cultura
determina muitas das características biológicas transmitidas. Muitas culturas
actuais, por exemplo, possibilitam aos indivíduos (que de outro modo
não o conseguiriam) sobreviver e procriar. Nem todas as práticas de uma
cultura assim como nem todas as características de uma espécie são
adaptativas, já que determinadas práticas e características não-adaptativas
podem ser veiculadas por outras adaptativas. Deste modo, certas culturas
e espécies que são pouco adaptativas podem sobreviver durante muito
tempo.
A mutações genéticas correspondem novas práticas. Uma nova prática
pode enfraquecer uma cultura (por exemplo, conduzindo a um consumo
supérfluo de recursos ou debilitando a saúde dos seus membros) ou forta-
lecê-la (ajudando os seus membros, por exemplo, a utilizar os recursos
naturais de uma maneira mais eficaz ou a melhorar a sua saúde). À
semelhança de uma mutação, uma alteração da estrutura de um gene
não está relacionada com as contingências de selecção que afectam a
característica resultante, pelo que a origem de uma dada prática também
não está necessariamente relacionada com a seu valor de sobrevivência.
A alergia alimentar de um chefe influente poderá dar origem a uma lei
dietética, determinada idiossincrasia sexual a uma prática matrimonial,
as características de um terreno a uma estratégia militar (e as práticas
poderão ser ainda valiosas para a cultura por razões completamente
divorciadas entre si). Como é evidente, as origens de muitas práticas
107
PARA ALÉM DA LIBERDADE E DA DIGNIDADE
108
A EVOLUÇÃO DE UMA CULTURA
109
PARA ALÉM DA LIBERDADE E DA DIGNIDADE
110
PARA ALÉM DA LIBERDADE E DA DIGNIDADE
112
A EVOLUÇÃO DE UMA CULTURA
113
PARA ALÉM DA LIBERDADE E DA DIGNIDADE
114
A EVOLUÇÃO DE UMA CULTURA
115
\
116
A EVOLUÇÃO DE UMA CULTURA
117
PARA ALÉM DA LIBERDADE E DA DIGNIDADE
118
A EVOLUÇÃO DE UMA CULTURA
esse aspecto dirá respeito aos meios de fazer com que as pessoas fiquem
cada vez mais submetidas ao controlo das consequências do seu próprio
comportamento.
119