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[Transmissão de Calor] Prof. Dr.

Márcio Vilar

TRANSMISSÃO DE CALOR -
CAPÍTULO 1
CONDUÇÃO DE CALOR

Transmissão de calor | Curso Técnico em Quimica Industrial

Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que não seja para fins
comerciais, e devem dar os créditos devidos ao autor/licenciador do material. 1
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1. INTRODUÇÃO

Sempre que um corpo está a uma temperatura maior que a de outro ou, inclusive, no mesmo corpo existam
temperaturas diferentes, ocorre uma cessão de energia da região de temperatura mais elevada para a mais baixa,
e a esse fenômeno dá-se o nome de transmissão de calor.
O objetivo de presente curso é estudar as leis e os princípios que regem a transmissão de calor, bem como
suas aplicações, visto que é de fundamental importância, para diferentes ramos de Engenharia, o domínio dessa
área de conhecimento.
Assim como o Engenheiro Mecânico enfrente problemas de refrigeração de motores, de ventilação, ar-
condicionado etc., o Engenheiro Metalúrgico não pode dispensar a transmissão de calor nos problemas
relacionados a processos metalúrgicos, ou nos projetos de fornos ou de regeneradores.
Em nível idêntico, o Engenheiro Químico (ou o técnico) necessita da mesma ciência em estudos sobre
evaporação, condensação ou em trabalhos de refinaria e reatores, enquanto o Eletricista a utiliza no cálculo de
transformadores e geradores e o Engenheiro Naval aplica em profundidade a transmissão de calor em caldeiras,
máquinas térmicas, etc.
Até mesmo o Engenheiro Civil e o arquiteto, especialmente em países frios, sentem a importância de, em
seus projetos, preverem tubulações interiores nas alvenarias das edificações, objetivando o escoamento de fluidos
quentes, capazes de permitirem conforto maior mediante aquecimento ambiental.
Esses são, apenas, alguns exemplos, entre as mais diversas aplicações que a Transmissão de Calor propicia no
desempenho profissional da Engenharia.
Conforme se verá no desenvolvimento da matéria, é indispensável aplicar recursos de Matemática e de
Mecânica dos Fluidos em muitas ocasiões, bem como se perceberá a ligação e a diferença entre Transmissão de
calor e Termodinâmica.

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A Termodinâmica relaciona o calor com outras formas de energia e trabalha com sistemas em equilíbrio,
enquanto a Transmissão de calor preocupa-se com o mecanismo, a duração e as condições necessárias para que o
citado sistema atinja o equilíbrio. É evidente que os processos de Transmissão de Calor respeitem a primeira e a
segunda Lei da Termodinâmica, mas, nem por isto, pode-se esperar que os conceitos básicos da Transmissão de
calor possam simplesmente originar-se das leis fundamentais da Termodinâmica.
Evidente também é, sem dúvida, que o calor se transmite sempre no sentido da maior para a menor
temperatura, e só haverá transmissão de calor se houver diferença de temperatura, da mesma forma que a corrente
elétrica transita do maior para o menor potencial e só haverá passagem de corrente elétrica se houver uma
diferença de potencial; percebe-se, de início, sensível analogia entre os fenômenos térmico e elétrico, o que é
absolutamente correto, pois que, de fato, o fenômeno é de transporte e pode ser, inclusive, estudado de forma
global, como calor, eletricidade, massa, quantidade de movimento, etc., resultando daí a absoluta identidade entre
as diferentes leis que comandam deferentes setores do conhecimento humano.

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1.1. CALOR

Para compreendermos o que é calor, vamos imaginar a seguinte situação: Em um recipiente contendo
água na temperatura de 30ºC, foi introduzido um pedaço de aço a 120ºC. Com o passar do tempo, podemos
perceber que o aço vai esfriando e a água vai se aquecendo até que ambos passam a ter mesma temperatura. Nessa
situação, dizemos que os dois estão em equilíbrio térmico. O fato de a água ter aumentado a sua temperatura
significa que suas partículas aumentaram a sua agitação térmica. Mas quem forneceu esta energia? Certamente
podemos concluir que o aço, ao se resfriar, forneceu energia para a água. Portanto, houve uma passagem de energia
do aço para a água. Esta energia, em trânsito é chamada de calor.
Consequentemente, se colocarmos dois corpos em diferentes temperaturas, em contato ou próximos,
haverá passagem de energia do corpo cujas partículas estão com um grau de agitação maior (maior temperatura)
para o corpo de partículas menos agitadas (menor temperatura). Essa energia leva o nome de calor e seu trânsito
dura até o momento em que os corpos atingem o equilíbrio térmicos, isto é, a mesma temperatura.
Assim, podemos definir calor como uma forma de energia em trânsito que passa, de maneira espontânea,
do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura.

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Figura 1. https://www.todamateria.com.br/equilibrio-termico/
Formas de Calor

A quantidade de energia térmica recebida ou perdida por um corpo pode provocar uma variação de
temperatura ou uma mudança de fase (estado de agregação molecular). Se ocorrer variação de temperatura, o
calor responsável por isso chamar-se-á calor sensível. Se ocorrer mudança de fase, o calor chamar-
se-á calor latente.

Quantidade de calor sensível

A quantidade de calor necessária para que um corpo sofra apenas variação de temperatura, sem que
ocorra mudança de fase (estado de agregação), é denominada quantidade de calor sensível. Da expressão que
define o calor específico:

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Figura 2. https://www.thesciencehive.co.uk/energetics-gcse

1.2. O QUE E COMO OCORRE A TRANSFERÊNCIA DE CALOR?

Energia térmica é a fração da energia interna de um corpo que pode ser transferida devido a uma diferença
de temperaturas. Esta fração é composta pelas formas de energia microscópicas energia sensível e energia latente.
Por exemplo, um corpo colocado num meio a uma temperatura diferente da que possui, recebe ou perde energia,
aumentando ou diminuindo a sua energia térmica (ou interna, armazenada). Esta energia térmica transferida “para
o” ou “do” corpo é vulgarmente designada por “Calor” e o processo é designado por Transferência de Calor. Não
ocorrendo mudança de estado físico, a variação de energia interna sofrida por um corpo, de massa m, é igual ao
calor transferido (Q) e pode ser estimada pela variação de temperatura ocorrida (ΔT), conhecido o seu calor
específico, cP , como transcrito de uma forma simplista pela eq. 1. Havendo mudança de estado, a temperatura
mantém-se constante, por exemplo na evaporação de uma massa m de um líquido, e o calor associado é calculado
com recurso à eq. 2, onde ΔHvap é a entalpia específica de vaporização (obtida por subtração da entalpia do líquido
à entalpia do gás).

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Existindo regiões no espaço a diferentes temperaturas (sendo esta diferença a driving-force , a causa, ou
a força-motriz), ocorrerá transferência de calor no sentido das zonas onde a temperatura é mais baixa. Essa
transferência pode ocorrer pelo mecanismo da condução, convecção e/ou radiação dependendo se ela se efetua
através de sólidos ou de fluidos, entre sólidos separados por fluidos, entre fluidos separados por uma superfície
sólida ou ainda entre superfícies sólidas entre as quais não existe matéria (vácuo absoluto) Fig.3.

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Figura 3. http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&id=248&Itemid=422

Muitas ocorrências do dia-a-dia envolvem transferência de calor: arrefecimento do café numa chávena,
favorecido pelo sopro sobre a sua superfície, aquecimento de água numa chaleira, a utilização de garrafas térmicas
para evitar o rápido arrefecimento de líquidos quentes, arrefecimento de alimentos no frigorífico ou o seu
aquecimento num forno eléctrico, o arrefecimento do radiador do carro pelo ar ambiente circulante; no conforto
humano refira-se os sistemas de ar condicionado, o aquecimento central, os aquecedores a óleo, o aquecimento
do ar por meio de uma lareira, o isolamento de casas (com placas de poliuretano, esferovite, corticite, ou
simplesmente uma camada de ar entre duas camadas de tijolo), a utilização de vidros duplos em vez de vidros
simples.

2. REGIMES DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

O conceito de regime de transferência de calor pode ser melhor entendido através de exemplos.
Analisemos, por exemplo, a transferência de calor através da parede de uma estufa qualquer. Consideremos duas
situações: operação normal e desligamento ou religamento. Durante a operação normal, enquanto a estufa estiver

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ligada a temperatura na superfície interna da parede não varia. Se a temperatura ambiente externa não varia
significativamente, a temperatura da superfície externa também é constante. Sob estas condições a quantidade de
calor transferida para fora é constante e o perfil de temperatura ao longo da parede, não varia. Neste caso, dizemos
que estamos no regime permanente.

Figura 4. (A) Situação de equilíbrio; (b) regime transiente de operação onde a temperatura varia com o tempo; (c) regime permanente

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Na outra situação consideremos, por exemplo, o acionamento da estufa. Quando a estufa é ligada, a
temperatura na superfície interna aumenta gradativamente, de modo que o perfil de temperatura varia com o
tempo. Como consequência, a quantidade de calor transferida para fora é cada vez maior. Portanto, a temperatura
em cada ponto da parede varia. Neste caso, dizemos que estamos no regime transiente. Os problemas de fluxo de
calor em regime transiente são mais complexos. Entretanto, a maioria dos problemas de transferência de calor são
ou podem ser tratados como regime permanente.

2.1. CONDUÇÃO TÉRMICA

A condução é o processo pelo qual o calor se transmite ao longo de um meio material, como efeito da
transmissão de vibração entre as moléculas. As moléculas mais energéticas (maior temperatura) transmitem
energia para as menos energéticas (menor temperatura). Na condução, a transmissão do calor de uma região para
a outra ocorre da seguinte maneira: na região mais quente, as partículas têm mais energia térmica, vibrando com
mais intensidade; com essa vibração, cada partícula transmite energia para a partícula vizinha, que, ao receber
energia, passa a vibrar com maior intensidade; esta transmite energia para a seguinte e, assim, sucessivamente.
Como a transmissão do calor ocorre, por condução, mediante a transferência de energia de partícula para
partícula, concluímos que a condução de calor é um processo que necessita da presença do meio material e,
portanto, não ocorre no vácuo.
Há materiais que conduzem o calor rapidamente, como por exemplo, os metais. Tais materiais são
chamados de bons condutores. Podemos perceber isso analisando o experimento ilustrado na figura 5:

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Figura 5. https://brasilescola.uol.com.br/fisica/conducao-termica.htm

Aquecendo uma barra de metal que tem uma extremidade sobre uma chama, rapidamente o calor é
transmitido ao longo do seu comprimento. Por outro lado, há materiais nos quais o calor se propaga muito
lentamente. Tais materiais são chamados isolantes, como exemplo, podemos citar a borracha, a lã, o isopor e o
amianto.

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2.1.1 FLUXO DE CALOR

A lei empírica da condução de calor baseada em observações experimentais foi enunciada por Biot, mas
recebe geralmente o nome do matemático e físico francês Joseph Fourier que a utilizou em sua teoria analítica do
calor. Consideremos uma barra condutora de comprimento L e seção transversal tem área A, cujas extremidades
são mantidas em temperaturas diferentes, como ilustra a figura 6.

Figura 6. https://brasilescola.uol.com.br/fisica/conducao-termica.htm

Nesse caso, o calor fluirá através da barra, indo da extremidade que tem a maior temperatura para a
extremidade que tem menor temperatura. A quantidade de calor (Q) que atravessa uma seção reta da barra,
em um intervalor de tempo (t) é taxa de transferência de calor (𝒒). A unidade adotada para o fluxo de calor,
no sistema internacional, é Watt (W), que corresponde a Joule por segundo (J/s), embora também sejam muito
usadas as unidades de caloria/segundo (cal/s) e seus múltiplos: caloria/minuto (cal/min) e quilocaloria/segundo
(kcal/s). Ele tem uma direção e uma magnitude e, portanto, é uma quantidade vetorial. Representamos a taxa de
𝑄 𝐽

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transferência de calor por: 𝑞̇ = [ = 𝑊].
∆𝐭 𝑠
A lei de Fourier foi desenvolvida a partir da observação dos fenômenos da natureza em experimentos.
Imaginemos um experimento onde o fluxo de calor resultante é medido após a variação das condições
experimentais.

Figura 7. INCROPERA, Frank P., DE WITT, David. Fundamentos de transferência de calor e massa. 4 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Dois, 1998

Esta lei estabelece que a taxa do fluxo de calor por condução, em uma dada direção, é proporcional à área
normal à direção do fluxo e ao gradiente de temperatura naquela direção. Considerando o fluxo de calor na direção
x, por exemplo, chega-se a seguinte relação de proporcionalidade:
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𝐴. 𝜕𝑇
𝑞̇ 𝑥 ∝
𝜕𝑥
Onde 𝑞̇ é o taxa de transferência de calor através da área A (m2) no sentido positivo do eixo x e 𝜕𝑇⁄𝜕𝑥 é
o gradiente de temperatura.
Caso 𝜕𝑇⁄𝜕𝑥 seja constante, a distribuição de temperatura T(x) é considerada linear. Portanto, podemos
reescrever a equação de proporcionalidade acima como:

𝐴. ∆𝑇
𝑞𝑥̇ ∝
∆𝑥
A proporcionalidade pode ser convertida para igualdade através de um coeficiente de proporcionalidade
(k) e a Lei de Fourier pode ser enunciada assim: A taxa de transferência de calor por condução em um material,
é igual ao produto das seguintes quantidades:

𝐴. ∆𝑇
𝑞𝑥̇ = −𝑘
∆𝑥

Onde o fator de proporcionalidade k é a condutividade térmica do material (Figura 6). A equação acima
pode ser reescrita levando-se em consideração a taxa de fluxo de calor (ou taxa de transferência de calor) por
unidade de área, portanto:

𝑞𝑥̇ ∆𝑇
= 𝑄 𝑜𝑢̇ 𝝓 = −𝑘
𝐴 ∆𝑥

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Em que 𝑄 𝑜𝑢̇ 𝝓 é o fluxo de calor por unidade de área no sentido positivo do eixo x, cuja unidade é
W/m2.
A razão do sinal negativo (-) na equação de Fourier é que a direção do aumento da distância x deve ser a
direção do fluxo de calor positivo. Como o calor flui do ponto de temperatura mais alta para o de temperatura
mais baixa (gradiente negativo), o fluxo só será positivo quando o gradiente for positivo (multiplicado por -1).
O fator de proporcionalidade k (condutividade térmica) que surge da equação de Fourier é uma
propriedade de cada material e vem exprimir maior ou menor facilidade que um material apresenta à condução de
calor. Sua unidade é facilmente obtida da própria equação de Fourier, e no sistema internacional é W.m-1.ºC-1:
Os valores numéricos de k variam em extensa faixa dependendo da constituição química, estado físico e
temperatura dos materiais. Quando o valor de k é elevado o material é considerado condutor térmico e, caso
contrário, isolante térmico. Com relação à temperatura, em alguns materiais como o alumínio e o cobre, o k varia
muito pouco com a temperatura, porém em outros, como alguns aços, o k varia significativamente com a

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temperatura. Nestes casos, adota-se como solução de engenharia um valor médio de k em um intervalo de
temperatura.
A tabela 1 ilustra alguns valores do coeficiente de condutibilidade térmica para alguns materiais,
expressos em J/s.m.K.

Tabela 1. coeficiente de condutibilidade térmica para alguns materiais

3. CONDUÇÃO DE CALOR EM UMA PAREDE PLANA

Consideremos a transferência de calor por condução através de uma parede plana submetida a uma
diferença de temperatura. Ou seja, submetida a uma fonte de calor , de temperatura constante e conhecida, de um

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lado, e a um sorvedouro de calor do outro lado, também de temperatura constante e conhecida. Um bom exemplo
disto é a transferência de calor através da parede de um forno, como pode ser visto na figura 3.5, que tem espessura
L, área transversal A e foi construído com material de condutividade térmica k. Do lado de dentro a fonte de calor
mantém a temperatura na superfície interna da parede constante e igual a Ts1 e externamente o sorvedouro de
calor (meio ambiente ) faz com que a superfície externa permaneça igual a Ts2.

Figura 7. Transferência de calor através de uma parede.


(http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&id=248&Itemid=422)

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Aplicando-se a Lei de Fourier:

𝐴. ∆𝑇 𝐴. ∆𝑇
𝑞𝑥̇ = −𝑘 = −𝑘
∆𝑥 𝐿

𝐴. (𝑇𝑠2 − 𝑇𝑠1 )
𝑞𝑥 = −𝑘
𝐿

Como a temperatura da superfície externa é menor que a temperatura da superfície interna (Ts2 < Ts1),
podemos reescrever a equação acima suprimindo o sinal negativo, ou seja:

𝐴. (𝑇𝑠1 − 𝑇𝑠2 )
𝑞𝑥 = 𝑘
𝐿

Ou
𝐴. (𝑇𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 − 𝑇𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 )
𝑞𝑥 = 𝑘
𝐿

Para melhor entender o significado da equação acima consideremos um exemplo prático. Suponhamos
que o engenheiro responsável pela operação de um forno necessita reduzir as perdas térmicas pela parede de um
forno por razões econômicas. Considerando a equação anterior, o engenheiro tem, por exemplo, as opções listadas
na tabela 2:

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Tabela 2 - Possibilidades para redução da taxa de transferência de calor em uma parede plana.
OBJETIVO VARIÁVEL AÇÃO
k↓ trocar a parede por outra de menor condutividade térmica
𝑞𝑥 A↓ reduzir a área superficial do forno
L↑ aumentar a espessura da parede
∆T↑ reduzir a temperatura interna do forno

Trocar a parede ou reduzir a temperatura interna podem ser ações de difícil implementação; porém, a
colocação de isolamento térmico sobre a parede cumpre ao mesmo tempo as ações de redução da condutividade
térmica e aumento de espessura da parede.

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Exercícios de fixação

1. A parede de um forno industrial é construída em tijolo refratário com espessura de 0,15m e condutividade térmica de 1,7
W/mK. Medições efetuadas durante a operação em regime estacionário revelaram temperaturas de 1400 e 1150 K nas
superfícies interna e externa da parede do forno. Qual a taxa de calor perdida através de uma parede com dimensões de
0,5m por 3,0m?

2. As superfícies internas de um grande edifício são mantidas a 20 oC, enquanto a temperatura na superfície externa é -20
o
C. As paredes medem 25 cm de espessura, e foram construídas com tijolos de condutividade térmica de 0,6 kcal/h m oC.

a) Calcular a perda de calor para cada metro quadrado de superfície por hora. Resposta: 96kcal/h
b) Sabendo-se que a área total do edifício é 1000 m2 e que o poder calorífico do carvão é de 5500 kcal/Kg, determinar a
quantidade de carvão a ser utilizada em um sistema de aquecimento durante um período de 10 h. Supor o rendimento do
sistema de aquecimento igual a 50%. Resposta: 349Kg

3. Determine o fluxo de calor (Q) e a taxa de transferência de calor (q) através de uma parede de ferro com área A = 0,5 m2
e espessura L = 0,02 m [k = 70 W/m.ºC] quando uma de suas superfícies é mantida a T 1 = 60ºC e a outra, a T2 = 20ºC.

Resposta: 𝑄 = 140kW/m2; q = 70kW.

4. Um equipamento condicionador de ar deve manter uma sala, de 15 m de comprimento, 6 m de largura e 3 m de altura a


22 oC. As paredes da sala, de 25 cm de espessura, são feitas de tijolos com condutividade térmica de 0,14 Kcal/h.m.oC e a
área das janelas podem ser consideradas desprezíveis. A face externa das paredes pode estar até a 40 oC em um dia de verão.
Desprezando a troca de calor pelo piso e pelo teto, que estão bem isolados, pede-se o calor a ser extraído da sala pelo
condicionador (em kcal/h). Resposta: 1270 kcal/h

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5. A parede de um forno industrial é construída em tijolo refratário com 0,15 m de espessura, cuja condutividade térmica é
1,7 W/m.K. Medidas efetuadas ao longo da operação em regime estacionário revelam temperaturas de 1400 e 1150 K nas
pardes interna e externa, respectivamente. Qual é a taxa de calor perdida através de uma parede que mede 0,5 m por 1,2
m? Resposta. 1700W

6. O fluxo de calor através de uma tábua de madeira de 2 cm de espessura com uma diferença de temperatura de 25ºC entre
as duas superfícies é de 150W/m2. Calcule a condutividade térmica da madeira. Resposta: 0,12 W/mºC

7. Informa-se que a condutividade térmica de uma folha de isolante extrudado rígido é igual a 0,029 W/m.K. A diferença de
temperaturas medida entre as superfícies de uma folha com 20 mm de espessura deste material é 10ºC.
a) Qual o fluxo térmico através de uma folha de isolante com 2m x 2m? Resposta: 14,5 W/m2
b) Qual é a taxa de transferência de calor através da folha isolante? Resposta: 58 W

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4. ANALOGIA ENTRE RESISTÊNCIA TÉRMICA E RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Dois sistemas são análogos quando eles obedecem a equações semelhantes. Isto significa que a equação
de descrição de um sistema pode ser transformada em uma equação para outro sistema pela simples troca dos
símbolos das variáveis.
No estudo da eletricidade, observa-se que, havendo uma diferença de potencial elétrico ∆U entre as
extremidades de um condutor elétrico de resistência (R), existirá uma corrente elétrica (i) através do condutor,
dada pela "Lei de Ohm":

Δ𝑈
𝑖=
𝑅

A lei de Fourier pode ser vista de uma maneira conceitualmente similar. A diferença de temperatura de
um material é função potencial ou motora, ou seja, é a força motriz que faz com que exista transferência de calor
através deste material, similarmente à diferença de potencial elétrico. Todavia, para que haja fluxo de calor na
superfície, o material deverá “impor” uma resistência à transferência de calor, isto é, deve haver uma resistência
térmica. Quanto maior a resistência térmica, menor será a taxa de transferência de calor. Portanto:

𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑚𝑜𝑡𝑟𝑖𝑧
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 =
𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎
Ou seja,
𝐴. (𝑇𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 − 𝑇𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 )
𝑞𝑥̇ = 𝑘
𝐿

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Reagrupando os termos da equação acima, temos que:

Δ𝑇
𝑞𝑥̇ = 𝐿
𝑘𝐴
𝐿
Onde o Δ𝑇 é o potencial térmico e o termo representa a resistência térmica do circuito
𝑘𝐴

equivalente. Neste sentido, podemos reescrever a equação acima como:

Δ𝑇
𝑞𝑥̇ =
𝑅
Dada esta analogia, é comum a utilização de uma notação semelhante à usada em circuitos elétricos,
quando representamos a resistência térmica de uma parede ou associações de paredes. Assim, uma parede de
resistência R, submetida a um potencial T e atravessada por um fluxo de calor, pode ser representada assim:

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5. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM SÉRIE

Consideremos um sistema de paredes planas associadas em série, submetidas a uma fonte de calor, de
temperatura constante e conhecida, de um lado e a um sorvedouro de calor do outro lado, também de temperatura
constante e conhecida. Assim, haverá a transferência de um fluxo de calor contínuo no regime permanente através
da parede composta. Como exemplo, analisemos a transferência de calor através da parede de um forno, que pode
ser composta de uma camada interna de refratário (condutividade k1 e espessura L1), uma camada intermediária
de isolante térmico (condutividade k2 e espessura L2) e uma camada externa de chapa de aço (condutividade k3 e
espessura L3). A abaixo ilustra o perfil de temperatura ao longo da espessura da parede composta:

A taxa de fluxo de calor que atravessa a parede composta pode ser obtido em cada uma das paredes

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planas individualmente:

k1 . A1 k .A k .A
q= .( T1 − T2 ); q = 2 2 .( T2 − T3 ); q = 3 3 .( T3 − T4 )
L1 L2 L3

Colocando em evidência as diferenças de temperatura em cada uma das equações acima temos:

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Somando membro a membro, obtemos:

Realizando-se as simplificações no termo que contêm as temperaturas das paredes, chegamos em:

q . L1 q . L2 q . L3
T1 − T4 = + +
k1 . A1 k 2 . A2 k 3 . A3

Colocando em evidência a taxa de transferência de calor e substituindo os valores das resistências térmicas
em cada parede na equação acima, obtemos o fluxo de calor pela parede do forno:

T1 − T4 = q.( R1 + R2 + R3 )
T1 − T4
q=
R1 + R2 + R3
Portanto, para o caso geral em que temos uma associação de paredes n planas associadas em série o fluxo
de calor é dado por:

(Δ𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞𝑥̇ =
∑𝑛𝑖=1 𝑅𝑖

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Onde Ri = R1 + R2 + ... + Rn

6. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM PARALELO

Consideremos um sistema de paredes planas associadas em paralelo, submetidas a uma fonte de calor ,
de temperatura constante e conhecida, de um lado e a um sorvedouro de calor do outro lado, também de
temperatura constante e conhecida, do outro lado. Assim, haverá a transferência de um fluxo de calor contínuo no
regime permanente através da parede composta. Como exemplo, analisemos a transferência de calor através da
parede de um forno, que pode ser composta de uma metade inferior de refratário especial (condutividade k 2) e
uma metade superior de refratário comum (condutividade k1). Faremos as seguintes considerações:

• Todas as paredes estão sujeitas a mesma diferença de temperatura;


• As paredes podem ser de materiais e/ou dimensões diferentes;
• O fluxo de calor total é a soma dos fluxos por cada parede individua
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O fluxo de calor que atravessa a parede composta pode ser obtido em cada
uma das paredes planas individualmente:

k1 . A1 k2 . A2
q1 = .( T1 − T2 ); q2 = .( T1 − T2 )
L1 L2
A taxa de fluxo de calor total é igual a soma dos fluxos da equação 3.14 :

 k .A   k .A   k .A k .A 
q = q1 + q2 =  1 1 .(T1 − T2 ) +  2 2 .(T1 − T2 ) =  1 1 + 2 2 .(T1 − T2 )
 L1   L2   L1 L2 
A partir da definição de resistência térmica para parede plana, temos que :

L 1 k. A
R=  =
k. A R L
Substituindo na equação anterior, obtemos :

1 1  (T1 − T2 ) 1 1 1
q =  + .(T1 − T2 ) = onde, = +
 R1 R 2  Rt Rt R1 R 2

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Portanto, para o caso geral em que temos uma associação de n paredes planas associadas em paralelo o fluxo de
calor é dado por:
(Δ𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞𝑥̇ =
∑𝑛𝑖=1 𝑅𝑖
Onde 1/Ri = 1/R1 + 1/R2 + ... + 1/Rn

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comerciais, e devem dar os créditos devidos ao autor/licenciador do material. 15
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7. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM SÉRIE E EM PARALELO

Exercício de verificação de aprendizagem.

1. Uma parede de um forno é constituída de duas camadas : 0,20 m de tijolo refratário (k = 1,2 kcal/h.m. oC) e 0,13 m de
tijolo isolante (k = 0,15 kcal/h.m.oC). A temperatura da superfície interna do refratário é 1675 oC e a temperatura da
superfície externa do isolante é 145 oC. Desprezando a resistência térmica das juntas de argamassa, calcule:
a) o calor perdido por unidade de tempo e por m2 de parede;
b) a temperatura da interface refratário/isolante.

2.. Calcular o fluxo de calor na parede composta abaixo:

onde,

material a b c d e f g
k (Btu/h.ft.oF) 100 40 10 60 30 40 20

4. Uma barra de aço de 10 cm de comprimento está soldada por suas extremidades a uma barra de cobre de 20 cm de
comprimento. Supondo que cada barra tenha uma secção transversal quadrada de lado 2 cm, que o lado livre da barra

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de aço está em contato com o vapor na temperatura de 100ºC e que o lado livre do cobre, com gelo em 0ºC, vamos
determinar a temperatura de junção das duas barras e o fluxo total de calor, quando o sistema estiver em regime
estacionário.

5. Uma parede composta por quatro materiais diferentes


está no esboço abaixo. Uma vez que as superfícies superior
e inferior estão isoladas, pode-se admitir que o fluxo de
calor seja unidimensional. As dimensões e as
condutividades térmicas de cada camada também são
dadas. Utilizando o conceito de resistência térmica
determine a taxa de fluxo de calor por metro quadrado da
superfície exposta com uma diferença de temperatura
300oC entre as superfícies externas.

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8. CONDUÇÃO TÉRMICA EM SUPERFÍCIES CILÍNDRICAS (FLUXO RADIAL DE CALOR)

Trataremos, agora, do fluxo de calor no qual o gradiente de temperatura não é uniforme ao longo da
direção do fluxo, mesmo sendo estacionário. A figura 8 a seguir representa um tubo de vapor (Ti, ri) de
comprimento L, envolvido por uma camada de material isolante (T0), onde o raio externo e interno do material
isolante são, respectivamente: r0 e r.

Figura 8. Tubulação cilíndrica revestida de isolamento térmico perfeito do lado externo.

Para a geometria cilíndrica, como no caso de escoamento de fluidos no interior de tubulações cuja parede
está mais quente ou mais fria, e considerando o fluxo de calor exclusivamente na direção radial, a área de
transferência não é constante ao longo do raio e a equação correspondente é:

(𝑇𝑖 − 𝑇0 )

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𝑞𝑥̇ = 𝑘2𝜋𝐿 𝑟
ln( 0⁄𝑟𝑖 )

Ou

(𝑇𝑖 − 𝑇0 )
𝑞𝑥̇ = 𝑘2𝜋𝐿 𝑟
ln( 𝑒𝑥𝑡⁄𝑟𝑖𝑛𝑡 )

Para melhor entender o significado da equação anterior, consideremos um exemplo prático. Suponhamos
que o engenheiro responsável pela operação de uma caldeira necessita reduzir o consumo energético através da
redução das perdas térmicas na tubulação que conduz vapor até uma turbina. Considerando a equação acima, o
engenheiro tem as seguintes opções listadas na tabela 2 :

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Tabela 2 - Possibilidades para redução da taxa de transferência de calor em uma tubulação.


OBJETIVO VARIÁVEL AÇÃO
k↓ trocar a parede cilíndrica por outra de menor condutividade
térmica
𝑞𝑥 L↓ reduzir o comprimento da tubulação (menor caminho)
(rext/rint)↑ aumentar a espessura da parede cilíndrica
∆T↓ reduzir a temperatura do vapor

Trocar a parede ou reduzir a temperatura do vapor podem ações de difícil implementação; porém, a
colocação de isolamento térmico sobre a parede cilíndrica cumpre ao mesmo tempo as ações de redução da
condutividade térmica e aumento de espessura da parede.

9. ANALOGIA ENTRE RESISTÊNCIA TÉRMICA E RESISTÊNCIA ELÉTRICA

O conceito de resistência térmica também pode ser aplicado à parede cilíndrica. Devido à analogia com a
eletricidade, um fluxo de calor na parede cilíndrica também pode ser representado como:

Δ𝑇
𝑞𝑥̇ =
𝑅
Então para a parede cilíndrica, obtemos :

𝑘2𝜋𝐿 ∆𝑇
𝑞𝑥̇ = 𝑟 (𝑇𝑖 − 𝑇0 ) =
ln( 𝑒𝑥𝑡⁄𝑟𝑖𝑛𝑡 ) 𝑅

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Onde a resistência térmica na parede cilíndrica é dada por:

𝑟𝑒𝑥𝑡
ln( ⁄𝑟𝑖𝑛𝑡 )
𝑅=
𝑘2𝜋𝐿
Para o caso geral em que temos uma associação de paredes n cilíndricas associadas em paralelo, por analogia
com paredes planas, o fluxo de calor é dado por :

(Δ𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞𝑥̇ =
∑𝑛𝑖=1 𝑅𝑖
Onde Ri = R1 + R2 + ... + Rn

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Exercícios de verificação de aprendizagem

1. Um tubo de aço contém um diâmetro interno de 0,1 m, diâmetro externo de R1


R2
0,15 m e possui um coeficiente de condutividade térmica kt = 60 W/m.K. Dentro
deste tubo passará vapor de água superaquecido a 480 K. Por questões de
segurança, deve-se manter a parede externa do tubo a temperatura ambiente
(298 K) quando atingir condições estacionárias, para isto foram instalados dois
isolantes combinados que alcançaram este resultado. O primeiro isolante é lã
de rocha (kA = 0,028 W/m.K) com diâmetro de isolamento de 0,3 m, e o segundo
R4
é poliuretano (kB = 0,016 W/m.K) com diâmetro de isolamento de 0,35 m.
Dentro destas condições, calcule:
a. Determine a perda de calor para 120 m de comprimento total do tubo.
b. Determine a temperatura da interface entre o tubo e a lã de rocha.
c. Determine a temperatura da interface entre os dois isolantes.

2. Um tubo de aço ( k = 35 kcal/h.m.oC ) tem diâmetro externo de 0,07 m, espessura de 0,005 m, 150 m de comprimentoR3 e
o
transporta amônia a -20 C (convecção na película interna desprezível). Para isolamento do tubo existem duas opções:
isolamento de borracha (k = 0,13 kcal/h.m.oC) de 0,07 m de espessura ou isolamento de isopor (k = 0,24 kcal/h.m. oC ) de
0,05 m de espessura. Por razões de ordem técnica o máximo fluxo de calor não pode ultrapassar 8141 W. Sabendo que a
temperatura na face externa do isolamento é 40 oC, pede-se:

a) As resistências térmicas dos dois isolamentos;


b) Calcule o fluxo de calor para cada opção de isolante e diga qual isolamento deve ser usado;
c) Para o que não deve ser usado, calcule qual deveria ser a espessura mínima para atender o limite.

3. Um tubo de aço (k=22 Btu/h.ft.oF) de 1/2" de espessura e 10" de


diâmetro externo é utilizado para conduzir ar aquecido. O tubo é isolado
com 2 camadas de materiais isolantes: a primeira de isolante de alta
temperatura (k=0,051 Btu/h.ft.oF) com espessura de 1" e a segunda com
isolante à base de magnésia (k=0,032 Btu/h.ft.oF) também com espessura
de 1". Sabendo que estando a temperatura da superfície interna do tubo
a 1000 oF a temperatura da superfície externa do segundo isolante fica

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em 32 oF, pede-se :

a) Determine o fluxo de calor por unidade de comprimento do tubo


b) Determine a temperatura da interface entre os dois isolantes
c) Compare os fluxos de calor se houver uma troca de posicionamento dos dois isolantes

4. Um tanque de aço ( k = 40 Kcal/h.m.oC ), de formato esférico e raio interno de 0,5 m


e espessura de 5 mm, é isolado com 1½" de lã de rocha ( k = 0,04 Kcal/h.m. oC ). A
temperatura da face interna do tanque é 220 oC e a da face externa do isolante é 30 oC.
Após alguns anos de utilização, a lã de rocha foi substituída por outro isolante, também
de 1½" de espessura, tendo sido notado então um aumento de 10% no calor perdido para
o ambiente (mantiveram-se as demais condições). Determinar:

a) fluxo de calor pelo tanque isolado com lã de rocha;


b) o coeficiente de condutividade térmica do novo isolante;
c) qual deveria ser a espessura ( em metros ) do novo isolante para que se tenha o mesmo
fluxo de calor que era trocado com a lã de rocha.

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