Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
4 GESTÃO DE PROCESSOS
De acordo com Maranhão e Macieira (2004, p. 11) processo é “[...] tudo o que
fazemos, percebemos ou o que acontece na Terra, mesmo sem percebermos”. Gonçalves
(2000, p. 07) cita que “[...] todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de um
processo. Não existe um produto ou um serviço oferecido por uma empresa sem um processo
empresarial”.
Processo, segundo Galvão e Mendonça (1996, p. 09), “[...] é um conjunto de
atividades que transforma entradas conhecidas em saídas desejadas”.
Para Rinaldi (2006, p. 01) “processo é uma ordenação lógica de atividades
interligadas, para realizar sistematicamente produtos ou serviços que representam valor para
uma pessoa ou organização cliente”. De acordo com o autor “os processos contribuem para a
estruturação das práticas que permitem produzir com eficiência sua proposição de valor para o
seu mercado alvo”.
De acordo com Maranhão e Macieira (2004), Figura 65, um processo é composto
pelos seguintes elementos:
a) as entradas: que podem ser materiais, serviços e informações;
b) o processo que é a transformação;
c) as saídas que são os resultados dessa transformação.
De forma simples Harrington (1993) define processo como uma ação que recebe uma
entrada (input), transforma (agregando valor) e gera uma saída (output). Assim, para as
empresas, os processos acontecem tanto nos produtos quanto nos serviços, desde o
recebimento das matérias-primas pelos fornecedores até a entrega deste produto ou serviço ao
cliente. Essa cadeia agrega valor a cada processo (ou sub processo).
As entradas são “todas as influências e recursos recebidos do meio ambiente”. Os
processos “[...] interligam os componentes e transformam as entradas em resultados”. E as
saídas “[...] são os resultados do sistema, os objetivos que o sistema pretende atingir ou
efetivamente atinge” (MAXIMIANO, 2004, p. 358-360).
Segundo Gonçalves (2000, p. 10), “um processo típico também envolve endpoints,
transformações, feedback e repetibilidade.” Maximiano (2004) cita que o feedback serve
como um reforço ou mudança do procedimento adotado pelo sistema; realimentação com
melhorias.
90
MACROPROCESSO
SAÍDAS
ENTRADAS
Resultados
Insumos
Clientes
Fornecedores
(Externos e
(Externos e
internos)
internos)
PROCESSO
SUBPROCESSOS
Transformação de um “É a organização,
“Organização, unidade
conjunto de entradas unidade organizacional
organizacional
(materiais, pessoas, ou pessoa que recebe
ou pessoa que fornece
informações) em saídas um produto, serviço ou
um produto, serviço ou
adequadas (materiais, informação, podendo
informação, ou que
pessoas, produtos, ser interno ou
solicita
serviços) externo à organização.”
algo, podendo ser
interno ou externo à (FLEURY, 2010)
organização, depende do
contexto analisado”
(FLEURY, 2010) PRODUTO/ SERVIÇO
à resultado final de
qualquer processo;
àresultado final da
organização;
àresultado
intermediário de
qualquer área.
De acordo com Gonçalves (2000), os processos empresariais (Figura 66) podem ser
classificados em três categorias:
a) Processos de Negócios: são aqueles em que a atuação da organização está
caracterizada como a fabricação de produtos ou a prestação de serviços. Esses
processos são primários por incluírem as atividades que geram valor para o
cliente;
b) Processos Organizacionais: são os responsáveis pelo funcionamento dos vários
subsistemas da organização em busca de um desempenho geral, garantindo o
suporte adequado aos processos de negócio (Gonçalves, 2000);
c) Processos Gerenciais: incluem as ações de medição e ajuste do desempenho da
organização e tem foco nos gerentes e nas suas relações (Garvin apud Gonçalves,
2000). Quanto ao tipo podem ser de direcionamento (definição de metas), de
negociação (definição de preços com fornecedores) e de monitoração
(acompanhamento do planejamento e orçamento). Também dão apoio aos
processos produtivos.
DE PRODUÇÃO
PROCESSOS DE
NEGÓCIOS PRIMÁRIOS
DE SERVIÇOS
BUROCRÁTICOS
PROCESSOS
ORGANIZACIONAIS COMPORTAMENTAIS
MUDANÇAS
SUPORTE
DIRECIONAMENTO
PROCESSOS
GERENCIAIS NEGOCIAÇÃO
MONITORAÇÃO
Fonte: adaptado de Gonçalves (2000).
92
A estrutura das organizações se manteve a mesma durante boa parte do século XX,
sendo voltada para dentro, sem a visualização completa (interna e externa) de todas as suas
atividades. As empresas mesmo tendo seus processos e informações fluindo na horizontal, se
organizam em grupos funcionais verticais, com setores agrupados por semelhança de
atividades, fazendo com que o fluxo de trabalho com frequência passe de um departamento
para outro causando falta de agilidade, erros de comunicação, altos custos e dispersão do foco
no cliente (RADOS et al, 1998, apud ANJOS; REIS; SORATTO, 2002).
Atualmente diversas empresas estão se organizando por processos, o que requer uma
visão horizontal com as pessoas trabalhando não mais em uma função, mas em um processo
voltado para o cliente. Existem responsáveis pelos processos e não pelos departamentos ou
funções (HAMMER, 1998).
De Sordi (2008) diferencia a gestão de processo da gestão por processo quando diz
que embora existam pontos comuns entre elas, se distinguem quando a gestão por processos
enfoca uma abordagem administrativa (Figura 67 e 68) e a gestão de processos gerencia as
operações e estilos de organização da empresa. Este tipo de gestão faz com que a empresa seja
gerenciada ao longo da cadeia de processos, com estes permeando cada departamento,
seguindo o fluxo de agregação de valor. Este gerenciamento deve estar voltado para as
atividades que agregam valor ao longo da cadeia.
PROCESSO 1
SAÍDAS
PROCESSO 2
Para DeToro e McCabe (1997) apud De Sordi (2008, p. 21) a gestão por processos se
define como uma forma de gestão “[...] em que o gestor, time e executores do processo são
93
todos executores e pensadores enquanto projetam seu trabalho, inspecionam seus resultados e
redesenham seus sistemas de trabalho de forma a alcançar melhores resultados”.
A visão processual traz vantagens como a ênfase da atenção aos clientes, a melhoria
da coordenação e integração do trabalho, bem como a facilidade de efetuar mudanças
complexas ou de implementar sistemas de gestão. Porém autores como Rummler e Brache
(GONÇALVES, 2000) comentam da dificuldade de se ter uma organização totalmente
processual.
A proposta de Davenport (apud GONÇALVES, 2000) de combinar estruturas
processuais e funcionais, bem como Gonçalves (2000b) de que alerta para as empresas
evoluírem na transformação para a gestão por processos apenas até um certo ponto, desenha o
perigo constatado por Gouillart e Nortam (RADOS et al,, 1998, apud ANJOS; REIS;
SORATTO, 2002) de que as empresas com estas mudanças troquem simplesmente seus silos
verticais por túneis horizontais.
Há várias características que diferenciam as duas abordagens administrativas, ou
seja, a gestão por processos e a gestão funcional. Estas características podem ser elencadas em
doze grupos, de acordo com De Sordi (2008), que são: alocação de pessoas, autonomia
operacional, avaliação de desempenho, cadeia de comando, capacitação dos indivíduos, escala
94
multifuncional.
daquele setor.
As equipes são formadas por profissionais de
diferentes perfis e habilidades, em que cada um
Os profissionais são agrupados em
desempenha um papel e atividades diferentes,
equipes com papéis bem
porém complementares.
delimitados, em que todos possuem
Os profissionais se vinculam a um ou mais
um mesmo conjunto de atividades a
processo de negócio, como executor ou
serem realizadas.
coordenador, e, eventualmente a centros de
desenvolvimento de competências.
É fortalecida a individualidade com delegação de
As tarefas são executadas sob rígida autoridade para a tomada das decisões essenciais.
supervisão hierárquica. Há o fortalecimento e valorização do papel do
funcionário (empowerment).
Os princípios da Administração
Científica de Taylor determinaram Os princípios da Administração Científica de
a forma de gestão dos negócios, até Taylor determinaram a forma de gestão dos
Autonomia operacional
meados do século XX, onde ocorria negócios, até meados do século XX, onde ocorria
a gestão do tipo comando-controle. a gestão do tipo comando-controle. A “burocracia
A “burocracia mecânica” atingia mecânica” atingia altos índices de produtividades
altos índices de produtividades nas nas organizações.
organizações.
Empresas estruturadas A gestão por processos desloca a gestão funcional,
verticalmente e com gestão verticalizada, para uma gestão direcionada ao
funcional operam com dificuldade, cliente final (gestão por processos), criando
os executores precisam obter autonomia aos executores dos processos,
autorização dos níveis hierárquicos tornando-os mais produtivos, mais qualificados e
de supervisão. com menores custos operacionais.
Poder de supervisão e controle para os próprios
Poder de decisão nos níveis executores dos processos. Os executores e “donos
hierárquicos superiores. do processo” possuem “autonomia para” e
“responsabilidade por”.
As pessoas são avaliadas por seu
Avaliação de desempenho
departamento.
Sentimentos de desconfiança,
Sentimento de colaboração e cobrança mútua.
insegurança no trabalho e atritos.
Incorpora valores à cultura, abrangendo clientes,
Forte influência das forças internas.
fornecedores, parceiros e colaboradores.
Empresa estruturada Hierarquia reduzida, os níveis que não agregam
hierarquicamente, departamentos valor ao resultado são eliminados em benefício de
trabalham isoladamente, uma visão voltada à proposição de valor na
organizacional
O organograma é uma
O organograma pouco transmite a respeito dos
representação visual da estrutura,
processos de negócios que sustentam a
útil para demonstrar os
organização como um todo e que perpassam
departamentos funcionais, os níveis
diversos departamentos funcionais da
hierárquicos de comando e a
organização.
alocação de pessoas.
96
pressão constante sobre clientes e parcerias de negócios em que todos tenham a sua
fornecedores. sustentabilidade assegurada.
externo
98
REFERÊNCIAS
ANJOS, Francisco Antonio dos; REIS, Hilton Rodrigues; SORATTO, Alexandre Nixon.
Gestão por processos nas organizações e sua interação com o meio ambiente. XXII
Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Curitiba: ENEGEP, 2002. Disponível em:
www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2002_TR100_1026.pdf.
GONÇALVES, José Ernesto de Lima. As empresas são grandes coleções de processos. RAE-
Revista de Administração de Empresas, v.40, n.1, p. 6-19, jan./mar. 2000
MARANHÃO, Mauriti; MACIEIRA, Maria Elisa Bastos. O processo nosso de cada dia:
modelagem de processos de trabalho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
RINALDI, Roberto Jr. Projeto ou processo: Questão de escolha? São Paulo, 2006.
Disponível em: http://www.hsm.com.br/artigos/projeto-ou-processo-questao-de-escolha.