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ATIVIDADE DE RESPONSABILIDADE CIVIL

Equipe 9: Ingrid Pinheiro, Manoela Ferreira, Raiane Lai, Ricardo José e Léo
Márcio.

SITUAÇÃO FÁTICA 01

Resposta questão 01:

Consoante, Silvio Rodrigues, ao comentar o art. 927, do Código Civil,


para que se configure um caso que haja dever de reparar é necessária
uma ação ou omissão por parte do agente; que a mesma seja causa do
prejuízo experimentado pela vítima; que haja ocorrido efetivamente um
prejuízo; e que o agente tenha agido com dolo ou culpa. (Direito Civil –
Parte Geral, v. 1, 15ª e., São Paulo, Saraiva, p. 307).

Assim, para que haja obrigação de indenizar, nos termos da lei civil,
devem estar presentes os seguintes requisitos: • ação ou omissão do
agente com dolo ou culpa; • existência de prejuízo para a vítima; • nexo
de causalidade entre o prejuízo sofrido e a ação dolosa ou culposa do
agente, as excludentes de responsabilidade, atua interrompendo o nexo
de causalidade. Assim como traz Chaves, Rosenvald e Netto, no manual
de direito civil, são três as excludentes do nexo causal, o caso fortuito ou
a força maior, o fato exclusivo da vitima e o fato de terceiro.

A imprevisibilidade caracterizaria no caso fortuito, enquanto a


inevitabilidade a força maior, outra distinção seria que a força maior
seria causado pelas forças da natureza e o caso fortuito seria por conta
de algum fato humano, assim como geralmente se enfatiza nas
doutrinas. O fato exclusivo da vítima, diz respeito a quando a própria
vítima se põe em condições de sofrer dano, tendo relação necessária
entre seu comportamento e o dano.

Já o fato de terceiro, ocorre quando realmente constituir causa estranha


ao devedor, já que um terceiro incorreu no dano, assim elimina,
totalmente a relação de causalidade entre o dano e o ato. Assim como
decide esse tribunal pátrio:

“O fato de terceiro, ‘quase equiparado ao fortuito’, pode configurar excludente de culpa.


Mas, só quando, ‘constituindo força estranha e reafirmando a relação de causalidade
torna-se de modo positivo a causa predominante ou exclusiva do acidente” (1º TACSP
– 4ª C. – Ap. – Rel. José Roberto Bedran – j. 4.4.90 – JTACSP – RT 124/112).

No caso em analise, não há nenhuma dessas excludentes de


responsabilidade, já que o produtor de vinhos São Jorge se obrigou a
um contrato com Dinha no qual Dinha escolheria a quantidade entre
2.000 à 10.000 garrafas de vinho, a serem vendidas a ela, sendo assim
as chuvas de novembro e dezembro de 2016 no Vale do Rio Vermelho,
não constituíram caso força maior, para uma excludente de necessidade
de reparação civil para Dinha em face de São Jorge. Uma vez que
mesmo com as chuvas este conseguiu produzir 12.000 garrafas de
vinho, porém a despeito do pedido de Dinha de 10.000 garrafas, em que
se obrigou a acatar em contrato, somente 4.000 dessas foram para
Dinha.

Resposta questão 02:

Inicialmente, cabe destacar que o dever de mitigar o dano, à luz do direito


brasileiro, vem sendo aceito e utilizado como um dos desdobramentos da
boa-fé objetiva, presente no art. 422 do CC em que diz que “os contratantes
são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé”. O dever de mitigar o
prejuízo aplica-se ao direito brasileiro também como decorrência da teoria
do abuso de direito. Há uma imposição de atuação por parte do credor. A
inércia e posterior exigência de reparação da totalidade do dano quando no
caso concreto é possível evitar o incremento lesivo, configura abuso de
direito em sede de responsabilidade civil por violação do dever anexo de
colaboração.
De acordo com a doutrinadora Vera Maria Jacob Fradera, haveria uma
relação direta entre a mitigação do dano com o princípio da boa-fé objetiva,
uma vez que a mitigação do prejuízo constituiria um dever de natureza
acessória, um dever anexo, derivado da boa conduta que deve existir entre
os negociantes. Em casos tais, propõe Flávio Tartuce, que o não
atendimento a tal dever traria como consequência sanções ao credor,
principalmente a imputação de responsabilidade objetiva em decorrência da
quebra de dever anexo ou caracterização do abuso de direito, com o
pagamento de eventuais perdas e danos, ou a redução do seu próprio
crédito. (A boa-fé objetiva e a mitigação do prejuízo pelo credor. Esboço do
tema e primeira abordagem. Tartuce, Flávio).

Desse modo, partindo para a análise do caso narrado, pode-se afirmar que
o credor/fornecedor São Jorge agiu de má-fé ao dizer a Dinha que não
podia fornecer as 10 mil garrafas de vinho que foram solicitadas pela
mesma, descumprindo o contrato o qual haviam firmado anteriormente.
Nota-se que São Jorge nega-se a fornecer a quantidade solicitada por
Dinha e, ao mesmo tempo, firma contrato com Cira, concorrente de Dinha,
fornecendo a ela 8 mil garrafas de vinho. Desse modo, é visível o efetivo
prejuízo que essa ação causou à Dinha, pois ela teve que recorrer a compra
de um vinho Catuaba de qualidade menor do que os seus clientes estavam
acostumados a consumir, reduzindo em grande número o valor de suas
vendas e, desse modo, deixando de lucrar em razão do inadimplemento da
outra parte.

As perdas e danos consistirão no valor equivalente do prejuízo sofrido pela


outra parte, inclusive os lucros cessantes, em consequência do
descumprimento. Como forma de conceituação, os lucros cessantes
correspondem àquilo de que a parte foi privada patrimonialmente em virtude
do ilícito, abrangendo os ganhos que eram certos e que foram frustrados.
Ademais, caso a parte invoque inadimplemento, deverá adotar medidas
razoáveis para diminuir os prejuízos resultantes do descumprimento,
inclusive os lucros cessantes. Caso a parte não adote tais medidas, a outra
parte poderá pedir redução da indenização das perdas e danos, no
montante da perda que deveria ter sido mitigada.

Entendo que a mitigação do dano influi diretamente nos lucros cessantes,


ao passo que tanto a parte credora como a parte devedora têm ambas o
dever de agir para mitigar o dano, coube, portanto, a Dinha agir em
conformidade com a ética e a boa-fé objetiva a fim de mitigar os danos
causados Por São Jorge, buscando outros meios que viabilizassem o
desempenho da sua atividade, como, por exemplo, a aquisição de outro
vinho, Catuaba, que embora fosse de qualidade menor do que a do São
Jorge, evitou que ela perdesse além do que efetivamente perdeu,
reduzindo, desse modo, seus danos financeiros.

Resposta questão 03:

De inicio, cabe conceituar o que é a perda de uma chance. Este instituto é uma
construção doutrinária, que vem se consagrando na jurisprudência, vez que
não há uma previsão legal. Constitui situação em que a prática de um ato ilícito
ou abuso de um direito impossibilita a obtenção de algo que era esperado pela
vítima, seja um resultado positivo ou não ocorrência de um prejuízo, gerando
dano a ser reparado. Tal dano precisa se apresentar como certo, ou seja, alta
probabilidade de ocorrer aquilo que se vê frustrado.

Desta forma, no caso em tela, temos que Dinha e São Jorge entabularam um
contrato, sendo que a qualidade dos vinhos é uma das razões pelas quais o
contrato subsiste. São 05 anos do contrato sendo efetivado nos moldes da
pactuação, inclusive em 2017, São Jorge confirmara o aumento da quantidade
das garrafas que seria repassado para Dinha. Ao informar que só poderia
passar 4000 garrafas, ao invés das 10000 solicitadas em razão das condições
adversas na colheita e repassar 8000 garrafas para concorrente de Dinha, cuja
relação não é anterior, São Jorge agiu abusando do seu direito, frustrando, por
conseguinte, a expectativa de Dinha em ver seu contrato levado à
concretização. Dinha, em razão dessa quebra na pactuação, perdeu lucro, pois
o produto colocado em substituição não fora aceito pela clientela.
Dinha tem direito a pleitear pela perda de uma chance, baseado no que ela
deixou de ganhar. Nexo causal é a ligação entre o dano e a conduta do infrator
que deu causa ao dano.

Neste caso, temos claramente os sujeitos da relação, São Jorge, fornecedor


dos vinhos, causando dano à Dinha através de sua conduta comissiva, uma
vez que o contrato não foi rompido por condições climáticas adversas, mas
sim porque, podendo repassar a quantidade que tinha, escolheu repassar a
custos mais vantajosos, para ele, à Cira, concorrente de Dinha.

SITUAÇÃO FÁTICA 02

Resposta questão 01:

A lei transfere ao empregador o direito de despedir sem justa causa seus


empregados, bastando cumprir com os encargos trabalhistas/previdenciários
devidos. Porém, se esta ação for abusiva, fica o empregador sujeito a pagar
indenização por danos morais. Este o caso do quadro em tela, já que a
imputação, mesmo que indireta, do crime de furto (desfalque de valores) é
constrangedor o suficiente a imprimir grande sofrimento àquele que é
injustamente acusado, lesionando honra e a imagem profissional do
trabalhador e reverberando negativamente perante a seu meio social
(comunidade).

De acordo com o art. 186, do Código Civil em vigor, "aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".

Todo ato praticado por terceiro que traga repercussão, de forma danosa, ao
patrimônio moral ou material da vítima, é ilícito. O dano material é aquele
suscetível de apreciação econômica e o dano moral é aquele que não possui
natureza econômica, porém, causa, ao ofendido, desânimo, desconforto e, em
muitas vezes, situações vexatórias, humilhantes e constrangedoras, posto que
este ocorre na esfera subjetiva e alcança aspectos mais íntimos da
personalidade humana, trazendo, ainda, sérios problemas à vítima no meio em
que vive ou atua, bem como em relação a sua reputação junto à comunidade.

O professor Enoque Ribeiro dos Santos, in "O Dano Moral na Dispensa do


Empregado", Editora LTr, 2ª. Edição, Ano 2000, pág. 17/18, ensina:

"A palavra 'dano' significa mal ou ofensa pessoal; prejuízo moral causado a
alguém; estrago; deterioração ou danificação. Do ponto de vista jurídico,
significa dano emergente; prejuízo efetivo, concreto, comprovado; dano infecto;
prejuízo possível, eventual, iminente.
Diferentemente do Dano, que sempre e desde os primórdios teve o mesmo
significado, a moral varia de acordo com o tempo e com o espaço, isto é, em
consonância com a época histórica e com a estrutura política, social e
econômica vigente.
... A moral acha-se intimamente relacionada com os atos conscientes e
voluntários dos indivíduos que afetam outros indivíduos, determinados grupos
sociais ou a sociedade em seu conjunto".

Ademais, de acordo com Maria Helena Diniz:

"o dano moral consiste na lesão a um interesse que visa a satisfação ou gozo
de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade
(como a vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a
intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem), ou nos atributos da
pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família". Na lição de Wilson
Melo da Silva, "Tristezas se compensam com alegrias. Sofrimentos e angústias
se neutralizam com sensações contrárias, de euforia e contentamento. E se
tais fatores de neutralização não se obtém pela via direta do dinheiro (não se
pagam tristezas e angústias), pela via indireta, contudo, ensejariam, os valores
econômicos, que se propiciassem às vítimas dos danos morais, parcelas de
contentamento ou euforia neutralizadoras de suas angústias e de suas dores"
(inEnciclopédia Saraiva de Direito, vol. 22, pág. 275).

O respeito à honra, à vida privada, assim como à intimidade, ou seja, à


integridade moral, por não se mostrar de forma visível e palpável, assume a
feição de direito fundamental, consagrado pelo inciso X, do art. 5º, da Carta
Magna vigente, gerando o direito à indenização previsto nos incisos V e X, do
artigo citado.

Assim também entende a jurisprudência, senão, vejamos:


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DISPENSA SEM JUSTA CAUSA.
Resulta evidente que a despedida do autor na segunda-feira, logo após os
fatos referentes ao furto na empresa, indica que a demandada considerou os
mesmos relevantes, inclusive dando azo à uma extinção do pacto, fazendo
com que a autoria do delito ficasse sob suspeita perante os demais colegas do
autor. Obrigação de indenizar por danos morais. (TRT-4-RO:
00209142220175040271, Data de Julgamento: 23/08/2018, 3ª Turma)

Diante do exposto, em face da prova deponencial acima reproduzida,


enfatizando a repercussão por toda a cidade, o autor desincumbiu-se do ônus
de provar que foi vítima de falsa acusação de furto, a qual, embora não tenha
redundado em demissão por justa causa, causou inegável ofensa à honra, à
dignidade e à imagem do obreiro.

Noutro vértice, um quadro de depressão motivado por acusações infundadas


de desvios, demonstra que a conduta do empregador é grave, proporcionando
reparação indenizatória. Com esse entendimento, a 2ª Turma do Tribunal
Superior do Trabalho restabeleceu decisão de primeiro grau que fixou em R$
70 mil o valor a ser pago a um conferente de armazém acusado de desvio de
carga. Assim, vejamos:
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DOENÇA OCUPACIONAL. REDUÇÃO
DE R$ 20.000,00 PARA R$ 10.000,00. DEPRESSÃO GRAVE. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA
RAZOABILIDADE. MAJORAÇÃO. A Corte de origem, apesar de manter a
condenação da reclamada ao pagamento de indenização por dano moral
decorrente de doença profissional adquirida pelo autor em decorrência do
assédio moral por ele sofrido, reduziu o valor da indenização de R$ 20.000,00
para R$ 10.000,00. Entretanto, depreende-se do acórdão recorrido que o
Regional, amparado no laudo pericial, concluiu que ficou comprovado o
nexo causal da doença profissional (depressão grave) com o assédio
moral sofrido pelo reclamante no ambiente de trabalho. Salientou ainda
que a prova pericial não foi infirmada por qualquer outro elemento fático,
técnico ou jurídico apto a tanto, ônus que incumbia à reclamada, a qual deveria
demonstrar que as condições de trabalho do empregado eram adequadas,
ressaltando que o perito nomeado nestes autos é de confiança do juízo e o
laudo por ele elaborado mostrou-se bastante completo e elucidativo. Destacou
também que o dano moral, na hipótese, é presumido, visto que
comprovados o nexo de causalidade entre a ação do agente e o evento
danoso. No caso, é incontroverso que o reclamante foi acusado, de forma
infundada, de roubo de carga, tendo sido suspenso e interrogado em
sindicância instaurada pela reclamada, o que desencadeou no reclamante
Distúrbio Neuropsiquiátrico, com episódio depressivo grave, conforme
registrado no acórdão regional, amparado na conclusão do laudo pericial.
Portanto, diante da gravidade da conduta perpetrada pelo representante da
reclamada e as sérias consequências em relação à vida pessoal e profissional
do reclamante decorrentes da grave ofensa à sua honra e à sua dignidade, não
se verifica motivação suficiente para alteração do valor arbitrado a título de
indenização por dano moral decorrente de doença profissional. Recurso de
revista conhecido e provido. (TST-RR: 133-65.2015.5.02.0089, Data de
Julgamento: 12/06/2018, 2ª Turma)

Ademais, acerca da perda de uma chance ocasionada pelo dano psicológico,


confirmado pelo perito médico-psiquiatra, que impossibilitou o autor de realizar
a prova prática para o provimento de cargo público, o ministro Luis Felipe
Salomão explica que a perda de uma chance é técnica decisória criada para
superar as insuficiências da responsabilidade civil diante de lesões a interesses
aleatórios.

No julgamento do REsp 1540153/RS, o ministro observou que a teoria não se


aplica na reparação de "danos fantasiosos", e não serve para acolher "meras
expectativas". No entender do ministro, o objetivo é reparar a chance que a
vítima teria de obter uma vantagem.

"Na configuração da responsabilidade pela perda de uma chance não se


vislumbrará o dano efetivo mencionado, sequer se responsabilizará o agente
causador por um dano emergente, ou por eventuais lucros cessantes, mas por
algo intermediário entre um e outro, precisamente a perda da possibilidade de
se buscar posição mais vantajosa, que muito provavelmente se alcançaria, não
fosse o ato ilícito praticado", explicou Salomão.

Por fim, no que concerne ao dano sucedido à esposa do autor (Maria


Paciente), em relação aos prejuízos ocasionados a sua mercearia, pela
repercussão negativa de toda situação versada nos autos, a doutrina
caracteriza como Dano Moral Reflexo, e deste modo de indenização dispõe
que:

A legitimidade ativa para a ação de dano moral, via de regra, a aquele a quem
se impôs um sofrimento, um constrangimento ou humilhação. Não obstante,
existem situações em que pessoas outras sofrem, por via reflexa, os efeitos do
dano padecido pela vítima imediata, amargando prejuízos, por estarem a elas
vinculadas por laços afetivos, denominados na doutrina como prejudicados
indiretos (CAHALI, Yussef Said. Dano Moral, 4ª ed. rev., atual. e ampl., 2ª
tiragem, Editora Revista dos Tribunais Ltda., 2014, p. 54)

Acrescente-se que o ministro Luis Felipe Salomão no julgamento do REsp


1734536/RS, pontuou, em relação ao caráter reflexo do dano moral, o que
segue:

Penso que o dano moral por ricochete, ou préjudice d'affection, é


personalíssimo, autônomo em relação ao dano sofrido pela vítima do evento
danoso e independente da natureza do evento que causa o dano, conferindo,
desse modo, aos sujeitos prejudicados reflexamente, direito à indenização pela
simples e básica circunstância de terem sido atingidos em um de seus direitos
fundamentais.

Diante de tudo exposto, portanto, é inconcussa a condenação da reclamada ao


pagamento de indenização pelos danos causados acima expostos.

Resposta questão 02:

Dano moral é aquele que a vítima tem naquele evento danoso, em razão da
conduta humana culposa, que atinge um bem jurídico da vítima, sendo este
bem jurídico neste caso, todos aqueles direitos que fazem parte da
sobrevivência da pessoa. Direito a vida, segurança, nome, intimidade, tudo que
atinge diretamente à pessoa e não aos bens materiais da pessoa. Tudo que de
alguma forma atrapalhe a sobrevivência dessa pessoa, que de alguma forma
prejudique a pessoa ter uma vida digna, que impede a pessoa de avançar de
alguma forma na vida. (arts. 186 e 187 CC).

STATU QUO ANTE aqui fica prejudicado, pois não há como reverter à situação
de João para que ele volte a viver em seu estado normal, já que o mesmo
desencadeou doenças psicológicas depois de ser exposto a tal situação.
A reparação por dano moral é devida à João pois houve lesão a um bem
jurídico extra patrimonial, referentes aos direitos da personalidade do mesmo.
Atingindo à sua esposa de forma indireta, pois a mesma tem um comércio na
cidade, onde é muito conhecida e sofrendo prejuízos devido à situação
vexatória que seu marido foi exposto.

Súmula 37 STJ: “São cumuláveis as indenizações por dano material e


dano moral oriundos do mesmo fato.”

Não é necessário propor ações em separado se tem mais de uma vítima, que
no caso exposto, foi a esposa de João.

(Tribunal Superior do Trabalho TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA : AIRR 18100-76.2008.5.15.0067)

A responsabilidade por danos morais reconhecida pela Constituição da


República Federativa do Brasil de 1.988, no art. 5º, incisos V e X, decorre de
uma lesão ao direito da personalidade, inerente a toda e qualquer pessoa.

Requisitos indispensáveis para a configuração da responsabilidade civil


subjetiva constituem-se no dano, no ato ilícito, no nexo causal e na existência
do elemento subjetivo culpa ou dolo, isto é, para configurar o dano moral,
reparável, por ação ou omissão, é necessária a prova da existência do nexo de
causalidade entre o dano sofrido pelo empregado e a ação do empregador,
seja na modalidade culposa ou dolosa.

Os artigos do Código Civil Brasileiro que disciplinam o tema, tais como os


artigos 186, 927, 944 e 884, dão essa possibilidade de apreciação da
reparação por dano moral pelo STJ, pois, ao estabelecerem o direito à
reparação do dano sofrido, não o fazem com a finalidade de enriquecer
indevidamente a vítima, muito menos de ser insignificante ao ponto de
estimular a pratica do dano por seu causador. É com esse fundamento, que o
Superior Tribunal de Justiça interfere na quantificação do dano moral.
A possibilidade descrita acima é exposta em vários julgados, como por
exemplo, no AgRg no Ag 1135795 / RJ, 4ª turma, Rel. Ministro Raul Araújo,
DJe de 29/09/10:

“O entendimento deste Sodalício é pacífico no sentido de que o valor


estabelecido pelas instâncias ordinárias a título de indenização por danos
morais pode ser revisto tão somente nas hipóteses em que a condenação
revelar-se irrisória ou exorbitante, distanciando-se dos padrões de
razoabilidade.”

Para a Corte Superior, a indenização por dano moral deve respeitar alguns
critérios, tais como a extensão do dano, a situação econômica das partes, o
grau culpa do ofensor, bem como os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade.

Por todo o exposto, não há dúvidas sobre a existência e possibilidade da


reparação do dano moral, mas ainda é adversa a questão em torno da sua
quantificação, já que se refere a uma lesão a direitos personalíssimos, não
quantificáveis concretamente, razão pela qual a indenização a título de dano
moral não tem a finalidade de restituir a situação anterior ao dano, mas apenas
compensar a dor sofrida pela vítima.

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