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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO I

TURMAS: SEMESTRE 2021.2

PROFESSORA: DANIELA DE ANDRADE BORGES

PRAZO DE ENTREGA: 28/09/2021.

DISCENTE: MARIA CLARA OLIVEIRA FIGUEIREDO SILVA

ESTUDO DIRIGIDO 04

• AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 11ª edição, revista e atualizada.


Editora Saraiva. São Paulo, 2005.

• Sabbag, Eduardo Direito tributário essencial / Eduardo Sabbag. – 7. ed. – Rio de


Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020.

• Caliendo, Paulo Curso de direito tributário / Paulo Caliendo. – 2. ed. – São Paulo
: Saraiva

• Costa, Regina Helena Curso de direito tributário - Constituição e Código


Tributário Nacional / Regina Helena Costa. – 9. ed. – São Paulo : Saraiva
Educação, 2019.

• Coêlho, Sacha Calmon Navarro, 1940– Curso de direito tributário brasileiro /


Sacha Calmon Navarro Coêlho. – 15ª ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense,
2016.

• Carvalho Filho, José dos Santos Manual de direito administrativo / José dos
Santos Carvalho Filho. – 31. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017

• Paulsen, Leandro Curso de direito tributário completo / Leandro Paulsen. – 11.


ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.

1) Explique o que são as limitações constitucionais ao poder de tributar e como elas


devem ser aplicadas e interpretadas.
As limitações constitucionais são a reunião de princípios e normas previstos na
Constituição Federal que impõe restrições à competência tributária de cada ente
federativo. Competência tributária é a habilitação para criar tributos e, por meio da
repartição de competência tributária, cada ente federativo (União, Estados-membros,
Municípios e Distrito Federal) tem a possibilidade de instituir os tributos.

Dessa forma, as limitações constitucionais ao poder de tributar devem ser


interpretadas como contenções, as quais impedem que os entes federativos abusem de
suas competências, a fim de proteger os direitos e garantias individuais dos cidadãos.

De acordo com Eduardo Sabbag, as limitações constitucionais ao poder de


tributar é:
As limitações ao poder de tributar são, em última análise,
qualquer restrição imposta pela CF às entidades dotadas de tal
poder, no interesse da comunidade, do cidadão ou, até mesmo, no
interesse do relacionamento entre as próprias entidades
impositoras.

A doutrinadora Regina Helena Costa ensina que as limitações constitucionais ao


poder de tributar são aplicadas por meio da repartição de competências tributárias e dos
princípios e imunidades. A constituição federal impõe restrições aos entes federativos já
a partir do momento em que reparte a competência tributária, impedindo que um ente
federativo institua tributos de criação exclusiva de outro ente.

Fora isso, os princípios constitucionais são limitações ao poder de tributar, já


que determinam como a competência tributária deve ser realizada, isto é, como os tributos
devem ser criados. Dentre os princípios constitucionais que limitam o poder de tributar,
tem-se: o princípio da legalidade, anterioridade, irretroatividade, isonomia, capacidade
contributiva e proibição do confisco.

Já as imunidades são impedimentos à competência tributária, isto é, são situações


em que os tributos são afastados. Nas palavras de Eduardo Sabbag:
As imunidades tributárias apresentam-se como normas
constitucionais de desoneração tributária. Em outras palavras, são
mandamentos que distanciam a tributação, por vontade do
legislador constituinte, que assim se manifesta objetivando
homenagear determinados valores inalienáveis da pessoa. Com
efeito, as imunidades tributárias delineiam exonerações
justificadas teologicamente, uma vez que o legislador constituinte
deliberou prestigiar valores constitucionalmente consagrados,
tais como a liberdade religiosa, a liberdade política, a liberdade
sindical, a liberdade de expressão, os direitos sociais, o acesso à
cultura, o incentivo à assistência social etc.

2) Considerando as limitações constitucionais ao poder de tributar, explique:


a. Legalidade

O princípio da legalidade tributária está previsto estabelecido no art. 150, I, da


Constituição Federal e, simultaneamente, no art. 97 do CTN.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:


I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto
nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

Sendo assim, fica evidente que, de acordo com tal princípio, os entes federativos
só podem instituir ou aumentar tributos através da lei. É importante destacar que a lei
propícia para a criação dos tributos é a lei ordinária, logo quem deve instituir tributos é
Poder Legislativo.

i.Formal;

O princípio da legalidade tributária em sentido formal diz respeito à observância


aos procedimentos de elaboração de uma lei que institui um tributo, ou seja, ao devido
processo legislativo. Logo, para que uma lei que institua um tributo seja aprovada,
sancionada e publicada, deve-se respeitar a legalidade formal.

ii.Material;

Já o princípio da legalidade tributária em sentido material diz respeito à


observância aos dispositivos previstos na Constituição Federal e aos tratados
internacionais, observando assim direitos e garantias individuais. Isto posto, para que uma
lei que institua um tributo seja considerada constitucional, deve-se respeitar a legalidade
material.

Vale ressaltar que uma lei tributária será válida apenas se estiver de acordo com o
princípio da legalidade material e formal.

iii.Há exceções? Se houver, quais?

Sim, há exceções ao princípio da legalidade tributária. O art. 153, §1º, da CF,


prevê que o Poder executivo pode aumentar ou diminuir as alíquotas dos seguintes
impostos federais: Imposto de Importação; Imposto de Exportação; IPI e IOF.

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos
enumerados nos incisos I, II, IV e V.1

Sendo tais tributos extrafiscais, eles possuem a função de regular o mercado,


possibilitando, dessa maneira, a flexibilidade de alíquotas.

Além disso, a EC nº 33/2001 estabeleceu mais duas exceções ao princípio da


legalidade tributárias: CIDE e o ICMS.

1
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
iv.É necessário lei para exonerar tributos?

Sim, para exonerar tributos é necessário lei prévia. De acordo com o art. 150,
§6º, da Constituição Federal:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios: (...)
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a
impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido
mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto
no art. 155, § 2º, XII, ‘g’.”

Assim, fica evidente que a exoneração tributária apenas pode ser concedida por
meio da elaboração de lei específica.

v.Cabe medida provisória em matéria tributária?

Sim, cabe medida provisória em matéria tributária. O art. 154, II, da Constituição
Federal dispõe o seguinte:

Art. 154. A União poderá instituir:


II – na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência
tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as
causas de sua criação.

Dessa forma, tem-se que o imposto extraordinária de guerra pode ser instituído
por medida provisória, desde que o Congresso Nacional esteja em recesso. Isso se dá
devido ao caráter de urgência e relevância típica da situação bélica, sendo essa uma
exceção ao princípio da legalidade formal.
Isso pode ser corroborado com a redação do artigo 62, caput, da Carta Maior,
o qual regulamenta a medida provisória, vê-se:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da


República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).

Contudo, vale trazer à baila o §2º do supracitado dispositivo, que prevê, in verbis:

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de


impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II,
só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver
sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada.(Incluído pela Emenda Constitucional n. 32, de 2001).

Logo, também constituem exceções ao princípio da legalidade formal os impostos


previstos no art. 153, I, II, IV e V, os quais, de acordo com Paulo Caliendo, já podem
produzir efeitos a partir do momento da publicação da medida provisória.

É imperioso destacar que a MP é autorizada a instituir e majorar somente tributos


que dependem de lei ordinária. Assim, o Poder Executivo fica impedido de criar ou
majorar, via MP, tributos que dependem de lei complementar para sua criação. Sobre o
assunto, Luciano Amaro leciona:

As medidas provisórias têm força de lei ordinária, não lhes


competindo matérias que reclamem outros tipos normativos,
como a lei complementar, insuscetível de substituição pela
medida provisória. A Emenda n. 32 deixou expressa essa vedação
(na nova redação dada ao art. 62, § 1º, III).

b. Não-surpresa;

O princípio da Não-surpresa diz respeito à imposição de previsibilidade,


impedindo que um tributo seja cobrado sem que o contribuinte conheça o seu conteúdo e
o quantum referente e, consequentemente, evitando, assim, surpresas em matéria
tributária. Destarte, graças a esse princípio, o contribuinte tem a possibilidade de se
planejar para pagar seus tributos. Fato importante é que o princípio da anterioridade é um
derivado do princípio da Não-surpresa.

O doutrinador Sacha Coêlho traz a seguinte contribuição para a conceituação de


tal limitação ao poder de tributar:

“O princípio da não surpresa do contribuinte é de fundo


axiológico. É valor nascido da aspiração dos povos de
conhecerem com razoável antecedência o teor e o quantum dos
tributos a que estariam sujeitos no futuro imediato, de modo a
poderem planejar as suas atividades levando em conta os
referenciais da lei”.

c. Anterioridade;

O princípio da anterioridade tributária é uma das limitações ao poder de tributar.


De acordo com Paulo Caliendo, com este princípio se garante não apenas a proteção da
confiança do contribuinte, mas também a concretização do princípio da segurança
jurídica.

Esse princípio está previsto no art. 150, III, b’, da Constituição Federal:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
III – cobrar tributos
[...]
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou.

Da leitura de tal dispositivo, percebe-se que o Estado está proibido de arrecadar


tributos no mesmo exercício financeiro no qual eles foram criados ou majorados, só
havendo a possibilidade de cobrança do tributo recém-criado ou majorado no exercício
financeiro seguinte. Dessa forma, evita-se que o contribuinte seja pego de surpresa,
estando assim esse princípio intimamente ligado ao princípio da não-surpresa.

i. Há exceções? Se houver, quais?

Sim, o art. 150, §1º da CF estabelece exceções a esse princípio:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos
nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso
III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos
previstos nos arts. 155, III, e 156, I.

Para deixar cristalino, as exceções são as seguintes:

• Empréstimos Compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes


de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
• Imposto de Importação, Imposto de Exportação e OIF;
• IPI;
• Imposto Extraordinário de Guerra

d. Noventena; →

O princípio da Noventena, também chamado de princípio da periodicidade


mínima ou anterioridade nonagesimal, estabelece que o Estado só poderá arrecadar o
tributo somente após de transcorridos 90 dias da publicação da lei que o criou ou majorou.

Esse princípio está previsto no art. 150, III, c’, da Constituição Federal:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o
disposto na alínea b;

Posto isto, verifica-se que esse princípio será aplicado apenas quando a lei que
institui um tributo ou o majora for publicada nos últimos dia do exercício financeiro. Caso
não existisse o princípio da noventena, os contribuintes poderiam ser pegos de surpresa
com cobrança inesperada de um tributo cuja lei de criação ou majoração foi publicada
nos últimos dias de um exercício financeiro, podendo assim ser cobrado logo no início do
exercício financeiro seguinte. Então, fica evidente que tal limitação objetiva preservar a
segurança jurídica, assim como o princípio da anterioridade.

i.Há exceções? Se houver, quais?

Sim, o art. 150, §1º da CF estabelece exceções a esse princípio:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos
nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso
III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos
previstos nos arts. 155, III, e 156, I.

Para deixar cristalino, as exceções são as seguintes:

• Empréstimos Compulsórios para atender a despesas extraordinárias,


decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
• Imposto de Importação, Imposto de Exportação e OIF;
• Imposto Extraordinário de Guerra;
• Alteração da base de cálculo do IPVA e IPTU;

e. Irretroatividade;

O princípio da irretroatividade determina que a lei de criação ou majoração de


tributo somente pode abarcar fatos geradores posterior à sua elaboração. Destarte, nas
palavras de Eduardo Sabbag, “não deve a lei, desse modo, retroceder com a finalidade de
abarcar situações pretéritas, sob pena de se verificar uma retroatividade” (Sabbag,
Eduardo, pág. 43). Assim, a lei que cria ou majora o tributo deve ter efeitos apenas no
futuro, isto é, somente após a sua publicação, sendo impedida a retroatividade.

Esse princípio está previsto nos art. 144, caput, do CTN e art. 150, III, a’, da CF.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;

Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato


gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que
posteriormente modificada ou revogada.

Então, é evidente que este princípio tem sua base na segurança jurídica.

i.Há exceções? Se houver, quais?

Sim, o art. 106 do CTN estabelece exceções a esse princípio:

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa,


excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos
interpretados;

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:


a) quando deixe de defini-lo como infração;

b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência


de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não
tenha implicado em falta de pagamento de tributo;

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na


lei vigente ao tempo da sua prática.

O doutrinador Eduardo Sabbag explica tais exceções da seguinte maneira:

“Continuando o estudo da irretroatividade tributária, passemos,


então, a analisar o art. 106 do CTN, que traz “exceções” ao
dispositivo.

O referido artigo sinaliza que a retroação poderá ocorrer em duas


situações:

a) lei interpretativa (art. 106, I, do CTN), em qualquer caso, que


é aquela que se limita a explicar o entendimento ofertado à outra
norma jurídica. É conhecida por interpretação autêntica, legal ou
legislativa;

b) lei mais benéfica (art. 106, II, a, b, e c, do CTN), no âmbito do


direito tributário penal, desde que o ato não esteja definitivamente
julgado, ou seja, já decidido na órbita administrativa e/ou na
judicial, conforme a orientação do STJ (REsp 189.094/SP-1999 e
REsp 187.051/SP-1998). Na análise das alíneas a e b do inciso II
do dispositivo ora estudado, parece-nos que houve redundância,
pois seus conteúdos são quase idênticos. A alínea c, por sua vez,
contempla o princípio da benignidade, ou a) b) c) seja, uma lei
contemporânea do lançamento elide os efeitos da lei vigente na
época do fato gerador, caso aquela estabeleça um percentual de
multa inferior ao previsto nesta. Trata-se da aplicação da lex
melius ou retroatio in melius (STJ, REsp 182.416- SP)”. (Sabbag,
Eduardo, pág. 44)
f. Isonomia;

O princípio da Isonomia tem sua raiz no princípio da igualdade, estabelecido pelo


art. 5º da Constituição Federal. Por essa limitação, fica proibido tratar de forma desigual
os contribuintes que estão numa condição de equipolência. À vista disso, os contribuintes
que possuem a mesma capacidade contributiva devem ser tratados sem distinção,
evitando assim que uns sejam privilegiados em detrimento de outros.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos;

g. Capacidade Contributiva;

O princípio da Capacidade Contributiva está previsto no art. 145, §1º, da


Constituição Federal, vê-se:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


poderão instituir os seguintes tributos:

§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e


serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados
os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Com esse princípio se busca preservar o contribuinte, quando esse princípio é


respeitado, afasta-se a tributação excessiva, ou seja, maior do que o contribuinte pode
suportar, evitando, assim, o prejuízo à sua subsistência, ou o exercício da sua profissão
ou, até mesmo, a exploração da sua empresa.

É fácil perceber que, devido a essa limitação ao poder de tributar, “o Estado deve
exigir das pessoas que contribuam para as despesas públicas na medida da sua capacidade
econômica, de modo que os mais ricos contribuam progressivamente mais em
comparação aos menos providos de riqueza.” (Leando Paulsen, pág. 99). Desse modo, é
possível afirmar que esse princípio se atenta para a capacidade econômica do cidadão,
sendo um fomentador do princípio da isonomia e, consequentemente, da justiça fiscal.

É importante esclarecer que esse princípio se aplica aos tributos com fato gerador
não vinculado, como os impostos e, geralmente, os empréstimos compulsórios e as
contribuições.

h. Vedação ao confisco;

De acordo com a Vedação ao Confisco, o Estado fica proibido de se utilizar da


necessidade de tributação para tomar posse indevida dos bens dos cidadãos. Esse
princípio está previsto no art. 150, caput, e inciso IV:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Confisco pode ser definido como “a absorção total ou substancial da propriedade


privada, pelo Poder Público, sem a correspondente indenização” (COSTA, Regina
Helena, pág. 109). Eduardo Sabbag leciona que “a vedação à confiscabilidade proíbe a
instituição de quaisquer tributos com caráter de absorção substancial da propriedade
privada, sem a proporcionada indenização” (Sabbag, Eduardo, pág. 53).

i. Unidade nacional;

i.Art. 151, I, CF/88;

O art. 151, I, da Constituição Federal prevê:


Art. 151. É vedado à União:
I – instituir tributo que não seja uniforme em todo o território
nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a
Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de
outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a
promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre
as diferentes regiões do País;

Esse dispositivo descreve o princípio da uniformidade geográfica, o qual impõe


um tratamento uniforme para os entes federados.

Destaca-se aqui que, apesar de determinar o tratamento uniforme às entidades


federadas, parte final do inciso que estabelece essa limitação prevê a possibilidade de
“concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico entre as diferentes regiões do País”. Isso se dá devido ao fato de que o
princípio da uniformidade geográfica advém do princípio da isonomia, assim, deve-se
respeitar as diferenças socioeconômicas de cada região, adotando um tratamento diferente
para aquelas regiões que estão em disparidade com as outras.

Não se deve confundir tal circunstância como uma exceção ao princípio da


isonomia, mas sim como uma ferramenta para se alcançar a igualdade socioeconômica
entre as regiões do Brasil.

ii.Art. 150, V, CF/88;


O art. 150, V, da Constituição Federal prevê:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio
de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a
cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo
Poder Público;
Esse dispositivo é uma clara limitação ao poder de tributar do legislador, visto que
o impede de elaborar lei que instituam tributos que limitem a circulação territorial de
pessoas ou produtos entre os Municípios e os Estados, protegendo, dessa forma, o direito
de ir e vir.

Contudo, existem duas exceções a essa limitação: o pedágio e o ICMS. O ICMS


não é de fato uma exceção ao princípio, visto que o dispositivo estabelece a vedação à
criação de tributos que possam vir a limitar o tráfego territorial de pessoas ou bens. O
ICMS diz respeito à circulação econômica, ou seja, atos negociais.

O pedágio, por sua vez, é uma exceção expressa ao inciso V do art. 150, da CF.
Essa exceção é justificada pela necessidade de se conservar as rodovias públicas, sendo
admissível a cobrança pelo Estado – de forma direta – ou por meio da delegação a
particulares.
iii.Art. 152, CF/88;

O art. 152 da Constituição Federal prevê:

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos


Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços,
de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

Esse artigo estabelece o princípio da Não-diferenciação tributária. O aludido


princípio é bastante similar ao princípio da uniformidade geográfica, já que veda a
diferenciação entre os entes federativos quando da criação de tributos sobre bens e
serviços. Tal limitação se dirige aos Estados, DF e Municípios, sendo que a União pode
estabelecer a diferenciação tributária com o intuito de tentar minorar as desigualdades
socioeconômicas entre as regiões.

iv.Art. 151, II, CF/88;

O art. 151, II, da Constituição Federal prevê:

Art. 151. É vedado à União:


II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e
os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis
superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;

Esse dispositivo diz respeito ao princípio da Uniformidade na Tributação das


Rendas das Obrigações da Dívida Pública. O início do inciso proíbe a União de tributar a
renda das obrigações da dívida pública dos Estados, Distrito Federal e Municípios em um
grau maior do que aquele estabelecido para as suas próprias obrigações.

O objetivo desse princípio é evitar vantagens aos títulos da União em detrimento


dos títulos dos Estados, DF e Município, preservando assim a isonomia entre os entes
federativos.
v.Art. 151, III, CF/88;
O art. 151, III, da Constituição Federal prevê:

Art. 151. É vedado à União:


III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios.

O dispositivo em questão refere-se à vedação de isenções heterônomas, proibindo


a União de isentar tributos que fazem parte da competência de outros entes federativos,
respeitando assim o pacto federativo e a regra da isenção homônima, ou seja, apenas o
ente federativo que tem a competência tributária para criar determinado tributo é quem
pode isentá-lo.

Todavia, existem exceções, que estão previstas no art. 155, §2º, XII, e’ e no art.
156, §3º, II da CF, os quais estabelecem que:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre:
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
XII - cabe à lei complementar:
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o
exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no
inciso X, "a"2
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste
artigo, cabe à lei complementar:
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o
exterior.

j. Progressividade e Seletividade;

O princípio da Progressividade advém do princípio da capacidade contributiva e


determina que os tributos devem evoluir de forma gradativa, levando em consideração
para isso a capacidade econômica do contribuinte.

Já o princípio da Seletividade diz respeito à autorização que o legislador tem para,


através da alíquota, majorar ou minorar um tributo, considerando a essencialidade dos
produtos e dos serviços, assim, para produtos imprescindíveis a sobrevivência humana
têm alíquotas diminuídas, enquanto aqueles que não são imprescindíveis têm alíquotas
mais altas. Segundo Paulo Caliendo, “a técnica da seletividade determina a exigência de
critérios diferenciados para a aplicação de alíquotas aos produtos essenciais e supérfluos,
de tal modo que os produtos essenciais sejam gravados com uma alíquota mais baixa e os
produtos de luxo com uma alíquota mais elevada”.

k. Não-cumulatividade.

A Não-cumulatividade é, na realidade, uma técnica de tributação. Ao adotar tal


técnica, impossibilita-se que haja aplicação sucessiva de um mesmo tributo nas diferentes
etapas de uma cadeia econômica de produção ou mercado, impedindo um ônus tributário
muito elevado. Nas palavras de Leandro Paulsen, “a não cumulatividade consiste em fazer
com que os tributos não onerem em cascata o mesmo produto” (leando paulsen, p. 228).

Essa limitação é aplicada na criação de três tributos: ICMS, IPI e Impostos

2
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto
cobrado nas operações e prestações anteriores;
Residuais.

Tal princípio/técnica tem previsão constitucional nos seguintes artigos:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


§ 3º O imposto previsto no inciso IV3:
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em
cada operação com o montante cobrado nas anteriores;

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo


anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato
gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre:

§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte4:

I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em


cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação
de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo
ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;

3
IV - produtos industrializados;
4
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior;

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