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com fundamento nas Leis Federais 6.015/73, 12.100/09, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:
Preliminares
Da gratuidade da justiça
O requerente não possuindo condições financeiras para
arcar com as custas processuais, sem prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, junta-se
cópia da Carteira de Trabalho do requerente. Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça
Gratuita, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC),
artigo 98 e seguintes.
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ao seu portador, uma vez que irá carregá-lo, ouvi-lo e ostentá-lo por toda a vida. Passando a constar
Ricardo Alves Falleiro Bueno de Oliveira e Souza em seu registro civil de nascimento, RG e CPF.
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O nome é direito personalíssimo (artigo 16 do Código Civil),
sendo um dos principais meio de identificação de uma pessoa. Visando à garantia da segurança jurídica,
presente no artigo 5º, caput, da Constituição Federal.
É inegável a importância da regra de imutabilidade do nome,
na forma disciplinada pela lei 6.015/73, conforme as hipóteses de alteração do nome, que devem ser
excepcionais e motivadas (artigo 57), porquanto o nome se presta à identificação do indivíduo e de sua
origem familiar.
Contudo, não se pode olvidar que, sendo o direito ao nome
incluído nos direitos da personalidade, está diretamente ligado ao princípio da dignidade da pessoa
humana. Neste sentido, cristalizado o entendimento constante do Enunciado 274 da IV Jornada de Direito
Civil:
“Artigo 11: Os direitos da personalidade, regulados de
maneira não exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana,
contida no art. 1º, inciso III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de
colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação”.
Nesta linha, cabe uma leitura constitucional do direito
registral, de modo a que a rigidez e a tecnicidade desse ramo jurídico não sejam fins em si mesmos, mas
instrumentos para a efetivação dos princípios da segurança jurídica e da dignidade da pessoa humana.
Premente, então, uma análise mais sensível do caso,
observando-se que é possível que uma decisão estritamente técnica esteja em descompasso com valores
constitucionalmente prestigiados, se baseada exclusivamente na letra seca da lei.
De se destacar, ainda, que a questão envolve também a
proteção à entidade familiar, princípio amparado pela Constituição Federal no artigo 203, inciso I.
No caso, inexistente restrição ao nome da parte autora, de
modo que os direitos de terceiros estarão preservados, e, afastada a má-fé, que não se presume,
conforme demanda o princípio da segurança jurídica, patente que a pretensão da parte autora visa à
adequação da identificação merece prosperar, conforme requerido.
O valor soberano do ordenamento jurídico é de ser conferida
à pessoa humana certa margem de liberdade na disposição de seu sobrenome, particularizado por meio
do direito personalíssimo de possuir um nome como melhor lhe aprouver, por mais íntimo que esse pleito
pareça.
Neste sentido, saliente-se o julgado do TJ do Rio Grande do
Sul, o qual acolheu o requerimento de mudança de nome, sob o argumento de que:
A moderna compreensão de atributo da
personalidade cuida hoje da pessoa, superando a inflexibilidade da doutrina reacionariamente
patrimonialista que impedia a troca"(RTJRGS 150/643).
O artigo 57 da lei 6.015/73 possibilita a propositura de ação
de retificação para acrescer sobrenome de ascendente ao descendente. E versa não sobre retificação, no
sentido estrito do termo (significando emenda, correção ou conserto, do nome), mas sobre a possibilidade
de acréscimo de patronímico dos ascendentes, como forma de homenagear-lhes diante dos fortes laços
de afeto que guardam.
A jurisprudência, vetor de onde promana a admissibilidade
da inclusão de sobrenome outro, já que fruto da hermenêutica traduz, genericamente, um Direito
elaborado com prudência: “Como conhecimento moral, capaz de sopesar, diante da mutabilidade das
coisas, o valor e a utilidade delas, bem como a correção e justeza do comportamento humano" (FERRAZ
Jr., 1980, p. 19-20).
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Qualquer cidadão adicionar ao seu nome o sobrenome de
qualquer dos seus ascendentes, com o objetivo único de dar continuidade ao nome da família,
homenageando os seus, não há razão para não se deferir tal pleito, mesmo porque não se está infringindo
nenhuma norma legal ou princípio da ordem jurídica brasileira, ao contrário, há uma justa homenagem em
favor da família pátria que, não se pode obscurecer, está em intensa desintegração.
Como decidido pelo TJ de São Paulo, em acórdão publicado
na Revista dos Tribunais (1997, p. 72): "A lei não proíbe a adição de sobrenome".
Observando-se tais orientações, interessa saber, se o
acréscimo de outro sobrenome ou apelido de família, de ascendente da linha paterna ou materna, ao
nome de seu ascendente, encontra óbice no ordenamento jurídico brasileiro.
A jurisprudência vem firmando o entendimento de que
poderá se incluir ao nome oficialmente registrado o sobrenome de qualquer dos ascendentes, visando a
perpetuar o nome de sua família e manter sua tradição.
Além de identificar ainda mais o postulante na sociedade,
integrar sua personalidade, individualizá-lo, outro sobrenome melhor indicará a sua procedência familiar,
identificando a sua origem, mesmo que remota.
Cabível, nesta senda, escorreita menção ao julgado oriundo
do TJ/MG, em que o apelante objetivava alterar o seu nome para homenagear o seu avô paterno,
justificando que foi este quem, efetivamente, lhe deu o carinho, criação e amor de avô. Com suporte nesse
argumento, decidiu a ilustre julgadora:
"Nada mais justo e digno. Afinal o nome permite a continuidade no mundo de uma pessoa, dando-lhe
a ideia de eternidade, já que se transfere de geração para geração. Não há no pedido do apelante
qualquer capricho, apenas uma justa homenagem a quem lhe tratou como verdadeiro neto. Manter o
sobrenome de um avô biológico, mas ausente, ao argumento de segurança jurídica, é descurar a
aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana no campo do registro público. O nome do avô
adotivo possui um significado afetivo muito maior para o apelante do que o do avô biológico, daí
porque não vislumbro razão para se impedir a alteração, ainda mais que não há prejuízo para
terceiros e para os apelidos de família, já que será preservado o sobrenome paterno e materno de seu
nome."
Segue a ementa do voto supramencionado:
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materno 'Martins', diante dos laços de sangue e afeto que guarda com seus ascendentes' (fl. 03 - § 4º)
-, 'Entendo-a Razoável. Acredito, pois, que além da pretendida homenagem ao patronímico avoengo
materno, preocupa-se a requerente com a perpetuação do nome dos seus antepassados, inclusive
para que se evite o esquecimento da sua origem e do seu vínculo com os mesmos. Isto posto, dou
provimento ao apelo, determinando-se a inclusão do patronímico avoengo materno 'Martins' ao nome
da apelante, que então passará a se chamar Daniela Martins Ziliotto Alves'."
E mais:
II - Do pedido:
Requer-se a procedência da ação, os benefícios da justiça
gratuita, a RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL da parte do autor Ricardo José de Souza para incluir o
sobrenome avôengo materno “Alves e Oliveira” e o sobrenome bisavôengo materno “Falleiro e Bueno”,
passando a constar Ricardo Alves Falleiro Bueno de Oliveira e Souza em seu registro civil de nascimento,
Registro Geral e CPF.
IV - Do valor da causa:
Atribui-se à causa o valor de R$ 0,01
Nestes Termos,
pede deferimento
Goiânia, 16 de janeiro de 2018.
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