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JACQUES, P. Experiências Metodológicas para Compreensão Da Complexidade Da Cidade Contemporânea 1 Experiência Apreensão Urbanismo
JACQUES, P. Experiências Metodológicas para Compreensão Da Complexidade Da Cidade Contemporânea 1 Experiência Apreensão Urbanismo
CONSELHO EDITORIAL
Alberto Brum Novaes
Angelo Szaniecki Perret Serpa
Caiuby Alves da Costa
Charbel Niño El-Hani
Cleise Furtado Mendes
Dante Eustachio Lucchesi Ramaccioti
Evelina de Carvalho Sá Hoisel
José Teixeira Cavalcante Filho
Maria Vidal de Negreiros Camargo
FACULDADE DE ARQUITETURA
DIRETORA Naia Alban Suarez
secretaria de ciência,
tecnologia e inovação
Projeto Gráfico
Daniel Sabóia, Janaína Chavier e Patricia Almeida
Revisão e Normatização
Edufba
Editora filiada à:
EDUFBA
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Campus de Ondina
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edufba@ufba.br
SUMÁRIO
PESQUISAS
CALEIDOSCÓPIO: processo pesquisa
11
Paola Berenstein Jacques,
Washington Drummond
REDOBRA 10
REDOBRA 11
REDOBRA 12
REDOBRA 13
REDOBRA 14
159
desdobramentos defendidos
Eduardo Rocha Lima
DIAGRAMA
Daniel Sabóia
Janaína Chavier
172.
Patricia Almeida
PESQUISAS
CALEIDOSCÓPIO: PROCESSO PESQUISA
Washington Drummond
Historiador, professor História e PPG Pós-Crítica
UNEB, professor PPG Arquitetura e Urbanismo UFBA,
membro Laboratório Urbano, responsável institucional
UNEB e coordenador atividades PRONEM
Walter Benjamin
Walter Benjamin
11
Também chamado de “transfigurador” ou “óculos francês” (lunette
française), o caleidoscópio, esse instrumento ótico que também é
um tipo de brinquedo, faz parte tanto da cultura visual da moder-
nidade (um período ou tempo caleidoscópico1, segundo Ernst Blo-
ch) quanto de nossa própria infância, sua estrutura mais simples
é composta de um tubo formado por três espelhos laterais onde se
insere pequenos pedaços, fragmentos ou cacos de vidro, conchas
ou outros objetos, sobre um fundo translúcido. Esses objetos co-
loridos se refletem na tripla superfície espelhada e se combinam
quando se gira o instrumento, produzindo uma infinidade de com-
binações de imagens, que dependem também, obviamente, da luz
externa e do que observamos fora do instrumento. Os cacos, colo-
cados no seu interior, se transformam continuamente formando
uma série de montagens, desmontagens e remontagens de figuras
que se multiplicam. Basta o observador girar o instrumento, mu-
dar o ângulo de observação ou o que observa ao fundo para que
novas configurações, sempre provisórias, apareçam. A cada vez,
emerge um novo arranjo, surge outra composição, a partir da com-
binação ao acaso dos cacos erráticos, do ângulo da tríade de espe-
lhos internos ou do foco da observação e luz externa. A cada vez,
a partir da justaposição de múltiplos elementos, ângulos e focos,
o caleidoscópio mostra uma nova configuração mutante, uma or-
dem se desfaz e outra se forma. A cada mudança, em qualquer uma
dessas posições, surgem novas “com-posições”.
Nosso processo da pesquisa “Laboratório Urbano: Experiências
metodológicas para a compreensão da cidade contemporânea”,
do Programa de apoio a Núcleos Emergentes (PRONEM, Conse-
lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/ Fun-
dação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, doravante cha-
maremos a pesquisa simplesmente de PRONEM) foi, sem dúvida
NOTAS E REFERÊNCIAS
1_ Ernst Bloch, comentando um caleidoscópico, uma ‘revista’».
livro de Walter Benjamin que tinha Tradução nossa da edição inglesa
sido lançado naquele momento, (do original em alemão de 1935) do
em 1928, (Einbahnstraße), já via a prefácio do livro de Ernst Bloch,
própria modernidade das vanguardas Heritage of our times, Cambridge,
dos anos 1920 como um período Polity Press, 1992, p. 3
caleidoscópico : «É precisamente
aqui que está a riqueza de uma época 2_Coordenação dos estudos
em ruínas, um período notável que teóricos e seminários públicos em
mistura noite e manhã nos anos Salvador: Washington Drummond,
1920. Esse período abrange desde Fernando Ferraz e Luiz Antônio
a arte visual e conexões pictóricas de Souza. Coordenação dos
que dificilmente eram assim trabalhos de campo e seminários
antes, até Proust, Joyce, Brecht, e de articulação em Salvador: Thais
para além deles, seria um período Portela, Fabiana Dultra Britto e
Washington Drummond
Historiador, professor História e PPG Pós-Crítica UNEB, professor
PPG Arquitetura e Urbanismo UFBA, membro Laboratório Urbano,
responsável institucional UNEB e coordenador atividades PRONEM
Walter Benjamin
29
O que pode uma revista? A Redobra 2, em seu percurso editorial, foi
atraída para dentro do turbilhão caleidoscópico da pesquisa PRO-
NEM, que se propunha a investigar, desde seu início, as relações
entre experiências metodológicas e compreensão da complexida-
de da cidade. Sob o impacto de nossa tríade temática principal e
transversal: experiência, apreensão, urbanismo – que foi constan-
temente perpassada pelas três linhas, também triádicas: 1. subjeti-
vidade, corpo, arte; 2. alteridade, imagem, etnografia; 3. memória,
narração, história. A revista acompanhou as variações de foco e
de ênfase dos debates nesses três anos de pesquisa coletiva: des-
dobramentos, rebatimentos, superposições, abandonos, impasses,
rupturas, desvios, dissensos, linhas de fuga. Ela funcionou como
um sismógrafo ultra sensível dos movimentos, vibrações, desliza-
mentos, acomodações, atravessamentos e choques internos a cada
tema debatido ou nos embates e enlances externos em que as li-
nhas se propuseram como prática constitutiva do pesquisar. O sis-
mógrafo-revista buscava registrar as diferentes transformações
do caleidoscópio-pesquisa (ver capítulo 1).
A cada número da revista Redobra, ao final de cada semestre, um con-
junto de questões originárias dos diversos âmbitos da pesquisa, a sa-
ber, experiências de campo, oficinas, grupos de estudos, debates em
seminários, eram capturados pelo movimento centrífugo da publica-
ção que os editores procuravam complexificar ainda mais elencando
entrevistas e textos de pesquisadores associados e outros convida-
dos. Dessa maneira, cada número é o resultado dos nossos trabalhos
cotidianos, mas também uma produção polifônica, dissensual, con-
trapontística do que ali é exposto. A fuga no campo musical é um pro-
cesso de composição polifônica no qual, através do contraponto, se
desenvolve um tema que se replica em diferentes vozes como contra-
motivos, imitativos, entrelaçamentos e diferentes tonalidades.
NOTAS
1_ Anúncio da revista Angelus Novus,
que nunca chegou a ver a luz do dia.
4_ Georges Didi-Huberman, A
imagem sobrevivente. História da
arte e tempo dos fantasmas segundo
Aby Warburg, Rio de Janeiro:
Contraponto, 2013.
Então, não é toda cartografia que Eu tenho uma leitura da cartografia como
devemos fazer. _ Ana Clara Torres
Se ela se apresenta como neutra
está seguindo a dominação.
_R 9 P 10
_R 9 P 6
A cartografia fica,
entre aspas, como uma espécie
de suporte a uma narração.
_Ana Clara Torres Ribeiro _R 9 P 19
_ Ana Clara
A finalidade é um entendimento,
no nosso caso aqui, da ação
Há um diálogo interdisciplinar
em construção, nesses tempos
difíceis, que resiste a uma análise
sistemática. Essa resistência, creio,
origina-se do predomínio de acordos
tácitos, dos consensos muito
rápidos, da tentação pelas grandes
sínteses e das imagens impactantes
do presente, além da influência
do pensamento operacional e
pragmático, que desaconselha
investimentos intelectuais de maior
duração. _ Ana Clara Torres Ribeiro ._R 9 P 58.
_R9P61
ação, como verbo, apreender. Quando eu descobri essa palavra foi muito impor-
tante para mim, porque apreensão em italiano está somente relacionado com
te em italiano, existe como nome, substantivo, apreensão, mas não existe como
estratégias e quais as estratégias institucionais? Pois, se um dia pautaram-se pelo domínio discursivo, impondo
trans disciplinaridade, no caso sob os auspícios do estético, numa gestão dessa diferença que espelha a sua pró-
e restringindo, hoje se recompõem numa virada astuciosa, a saber: incorporar a diferença enquanto multi/inter/
Se uma análise institucional indicaria as formas pelas quais são garantidas a sobrevivência dos seus regimes de
pria face: a falsa dicotomia entre prática e teoria, a autonomia da metodologia, a recusa à abstração. _ Fernando
produção de saber, a circunscrição dos discursos aos modos estabelecidos de enunciação, quais seriam nossas
levou da Antropologia do século XIX
à questão da narrativa etnográfica
urbana atual gostaria de voltar à per-
gunta que deu título a este trabalho:
podemos todos ser etnógrafos? A
rigor, fazer etnografia não consiste
apenas em “ir a campo”, “ceder a pa-
lavra aos nativos” ou ter um “espírito
etnográfico”. Fazer etnografia supõe
uma vocação de desenraizamento,
uma formação para ver o mundo de
maneira descentrada, uma prepara-
_R 10 P 24
ção teórica para entender o “campo”
que queremos pesquisar, um “se
Ferraz, Luiz Antonio de Souza e Washington Drummond
_ Janaína Bechler _R 10 P 61
Não se tem nunca uma só ma-
neira de ver, por isso eu falo
de uma postura antropológi-
ca, que é mais uma maneira
de estar aberto – como um
bom antropólogo ao fazer et-
nografia – ao fazer um traba-
lho de campo, é estar aberto
para compreender como fun-
ciona o mundo e compreen-
der todas as relações que os
outros estão contando para
nós. _ Alessia de Biase .._R 10 P 14.
tudo nós vamos tocar as coisas [bate na mesa],
_R 10 P 30
e você... [risos] Não estou dizen-
do que isto não seja necessário,
é importante que tenha gente
Magnavita
que faça isso, mas para o Labo-
ratório a empiria é necessária,
tem que antes de se sentar, cor-
rer um pouco pela cidade, suar
um pouco antes de se sentar, e o
Pode-se lembrar ainda com
impertinente é o lado indiscipli-
Benjamin, um Proust descre-
nado, você pode fazer empiria,
vendo o acordar e o adorme-
trabalho de campo, sem seguir
as regras mais rígidas de fazer cer – um estar adormecendo
o trabalho de campo. _ Alessia de e acordando – momentos de
Biase _R 10 P 18 indecisão, de indecidibilidade,
matrizes de uma outra expe-
riência de tempo e de memó-
ria, que embaralham sonho
Nos dias atuais, a apreensão urbana
traduz simplesmente em medo: es-
suspensão, da hesitação, do
tatear, contra as classifica-
ções apressadas. _ Cibele Rizek
._R 10 P 34
Valeria, num seminário como este, procurar relacionar não o que
pode o corpo, mas, o que podem multidões de corpos que habitam e
agem numa rede aberta de cidades, enquanto experiências urbanas
contemporâneas, (...) pois, a atual dinâmica planetária do capitalis-
mo, vem determinando o que podem os corpos. _ Pasqualino Magnavita
._R 10 P 30 e 31.
Britto _R 10 P 75 e 76
A primeira imagem que nos chega é o protagonismo
do corpo (já delimitado pelo tipo de prática artística
contemporânea escolhida: body art, performance,
intervenção) que condiciona sua potência ao estatuto do
corpo como suporte, o que na visão dos pesquisadores
poderia dar não apenas um vetor de diferenciação,
mas a superação de um exercício investigativo que se
caracterizaria tanto pela postura de “gabinete”, quanto por
uma excessiva aventura teoricizante, inócua e árida. Por
outro lado, a inclusão da gestualidade e da “incorporação”
do ato de pesquisa a qualificaria como ato de presença
e daí seu primeiro viés “etnográfico”, o espontaneísmo
e todos os correlatos russeístas: os perigos de uma
etnografia selvagem como paradigma de um contato mais
profundo do que aquele propiciado pelo conceito e pela
abstração teórica. A membrana estética recobriria então
a investigação urbana, numa dupla crítica aos fazeres dos
pesquisadores agora prosaicos e ultrapassados, com os
dons de uma partilha cristã do sensível (a teoria é cinza e
mefítica!) e uma nova abordagem metodológica afinada aos
tempos, posto que colaborativa (o conceito parece ainda
muito próximo do nome próprio e da tradição moderna!).
Eis sem delongas, a nossa zona de risco. _ Fernando Ferraz, Luiz
Antonio de Souza e Washington Drummond _R10P23
tornou então um dos nossos desafios: se desarmar, parafraseando Georges Didi Huberman,
Aprender a olhar, falar e trabalhar juntos em torno de um objeto, como a transformação, se
de seus habitus disciplinares (sem nunca renunciar a suas próprias ferramentas) – processo
Uriarte
_ Carolina de Castro Anselmo _R 10 P 166
_R 10 P 184
aprender
A caminhada surgiu de um
desejo de conhecermos o que
existia do outro lado, além da
cidade que nos contavam os
nossos professores (Faculda-
REDOBRA 11
de de Arquitetura de Roma).
_ Francesco Careri _R 11 P 9
Conformam uma prática es-
pacial que aplica a palavra
na paisagem política árida e,
ao mesmo tempo, reivindica
o uso coletivo e público do
espaço cada vez mais privati-
zado. _ Piseagrama ._R 11 P 64.
._R 11 P 137
Flanar, é passear, sem pressa, se deixar guiar pelo acaso das cir-
cunstâncias e pelos eventos do momento. Para Régine Robin, flâneu-
se das megalópoles contemporâneas, trata-se de explorar a cidade
em todas as direções e através de diferentes meios de locomoção,
para apreendê-la plenamente. Realizar uma etnografia em um con-
texto urbano, seria partir em busca de urbanidade, se transformar
de alguma forma em um catador ou uma catadora de pistas para se
compreender aquilo que faz de uma cidade, cidade. _ Nadja Monnet
._R 11 P 218
Qual seria esta maneira “tipicamente”
feminina de apreender a cidade? (...) Quais
são então essas experiências femininas? E
como elas são vividas? _ Nadja Monnet
_R 11 P 223
_ Piseagrama _R 11 P 67.
_ Thais Portela _R 12 P 32
a observação – um
instrumento de inte-
reth da Silva Pereira
mas _R 12 P 9
_R 12 P 138
A transformação das cidades, a destruição das paisa-
gens tradicionais é um fenômeno recorrente, desde
meados do século XIX. A partir daí nenhuma cidade
escapou ao cutelo de reformadores, higienistas e ur-
banistas. O que vamos ensaiar aqui é a dor experimen-
tada com essa perda, que se manifesta na forma da
saudade. (…) Assim sendo, podemos tentar capturar
nas “narrativas saudosas” algo daquela dor do vazio
de uma destruição. _ Robert Moses Pechman _R 12 P 158
Ruína e ebulição: há sempre
em toda grande cidade tempos
e presenças diferentes coabi-
tando no espaço, sobretudo em
_R 12 P 131
_ Urpi Montoya Uriarte
vares Correia de Lira
_ Marina Cunha
_R 12 P 89
floresciam
sem parar, num regi-
me de imaginário onde
a palavra de ordem
era a racionalidade, a
técnica, o maquinário,
a produtividade, o flu-
xo, o ritmo, a mudan-
ça, a transformação.
._R 12 P 161
urbanas
riam falar, provocá-las transformando seu caráter de máquinas
de guerra em textos, em descrições e sentidos – talvez aqui se
condições, comodidades e realizações.
._R 12 P 168.
Lugar da política, a cidade é atravessada
por disputas incessantes acerca de suas
._R12P173
_R 12 P 186 e 187
_ ITAPAGIP3 _R 12 P 140.
_ Livia Flores e Fernell Franco _R 13 P 70 e 71
._R 13 P 203
nais. Acreditamos, por fim, que a potência resistente desta
mesma noite torna a alteridade tão vaga-lume quanto notí-
vaga em meio às ruínas da cidade. _ Osnildo Adão Wan-Dall Junior
._R 13 P 145
_R 13 P 120
A memória, nossas memórias, diz Cauquelin,
ocultas e subterrâneas
da cidade, o que se re-
cupera é a memória viva
dos processos – de todo
o processo histórico.
Mais que simplesmen-
te lembrar, a operação
atualiza esses acon-
tecimentos – não só
lembrar, mas verificar,
constatar, “sentir” as
forças em jogo. _ Claris-
sa Moreira ._R 13 P 252.
A presentificação da experiência da arte, o anacronismo da própria po-
sição do historiador entre o saber e o sentir ou os modelos de tempo
que faz seus, mereceriam, por exemplo, serem examinados. Além dis-
so, na medida em que a forma de pensar o tempo e a história ganham
singularidades, no caso do Brasil, a historicidade de certas perspecti-
vas e modos de temporalização necessitariam ser ainda mais debati-
das, desconstruídas. _ Margareth da Silva Pereira _R13P238
_ Marina Cunha
de estudo, o processo de construção de suas categorias e ferramentas e, de
início, seu próprio diálogo com outros campos disciplinares. (…) É nesse qua-
dro que, como se sabe, a circulação do termo historiografia ganha espaço ou
_R 13 P 130
passa a circular em muitos países latinos, inclusive no Brasil, sublinhando e
designando os estudos voltados para a própria história das práticas históricas.
._ Margareth da Silva Pereira _R 13 P 204 e 205.
pas
fugidio, não mais ancorado numa tradi-
futura.
ção comum. Portanto, uma experiência
vivida, certamente real, mas evanescen-
te e difícil de ser realmente transmiti-
_R 14 P 53
da como um bem comum. Aliás, quem
ainda tem tempo para ouvir de maneira
gratuita, pelo simples prazer de ouvir?
Esse ritmo acelerado transforma a co-
municação cotidiana e as formas artís-
_ Carlos Leal e Danielle Cor-
construção de uma redenção
contrapelo, como esforço de
de uma leitura da história a
tinuam, lampejantes, no pre-
emanam do passado e con-
contradições em aberto que
seria desestabilizada pelas
racterística do positivismo,
sucedem linearmente, ca-
tes unidimensionais que se
sequência de determinan-
_R 14 P 82 e 83
_ Paola Berenstein Jacques
_ Amine Portugal e Pasqualino Magnavita _R 14 P 143
O tempo como transformador das relações humanas e da
percepção dos objetos que nos cercam é trabalhado por
Bataille e Benjamin de uma forma crítica que foge ao sen-
so comum, sobretudo pela visão que altera a linearidade.
Prova disso é a forma como se constituem as obras desses
dois filósofos. A concepção de ruína parece invadi-las a todo
instante, como é o caso da obra Passagens, constituída de
fragmentos, e a obra de Bataille, constituída de repetições,
verbetes que vão configurando um verdadeiro labirinto. De-
ve-se entrar nesse labirinto como um trapeiro (chiffonnier)
que sabe que vai ficar perdido e sem saída, pois rastros e
restos que se encontram não produzem um conhecimento
uniforme e homogêneo, mas heterogêneo, capaz de colocar
em questão a realidade histórica. _ Alexandre Rodrigues da Costa
e Vera Casa Nova _R 14 P 42
_R 14 P 204.
mum, uma reflexão socio política,
mente, uma teoria da vida em co-
específico de uma teoria das artes
._R14P205.
amante.
da Bahia.
_R 14 P 67
_Raimar Rastelly
_ Osnildo Adão Wan-Dall Junior
também é terrível.
suplanta o olhar do
o olhar do crítico não
o anjo da história
Opta-se, portanto, por uma iconologia do intervalo, e esta é uma expressão cara à propos-
artística por meio de editais, a aliança entre arte, cidade e Estado como
condição para criar compromete o “viver junto”, pressuposto básico
No atual contexto de espetacularização das cidades e da especulação
159
Longe de querermos apresentar os procedimentos de uma pesqui-
sa, afirmando-a enquanto ciência, na qual a “cidade” seria o objeto
central da investigação, a fragmentação de cada trabalho do arqui-
vo em palavras, parágrafos, conceitos, citações/autores, imagens,
tira o foco dos temas e questões centrais de cada defesa e faz desse
arquivo um ficheiro de dados diversos e desprendidos de seus au-
tores individuais, dentro do qual, com a pretensão de expor o pen-
samento que parte de um grupo de pesquisa, precisamos criar ne-
xos, encontrar pontos de conexões e de inflexões ainda invisíveis,
articulando a multiplicidade de suas peças.
Embaralhados e espalhados sobre uma mesa, as conexões aos
poucos emergem entre os fragmentos.2 A ideia de “experiências
metodológicas de apreensão da cidade”, mote da Pesquisa PRO-
NEM, claramente aparece em várias peças na mesa, as quais nos
guiam numa miscelânea de fragmentos em ligações improváveis
e temporárias, construindo desenhos que configuram a produção
de pensamento do grupo. Desta forma, em mosaico de peças soltas
formulada em torno de experiências metodológicas, é perceptível
certo modo de fazer pesquisa pelo grupo, não único, mas em desta-
que numérico em relação aos outros.
Enuncio este modo de fazer pesquisa como “experimentações
etnográficas da cidade”. Torna-se legível, a partir dos fragmentos
analisados, a experimentação3 como modus operandi do grupo,
pois a etnografia nas pesquisas do Laboratório Urbano se cons-
titui mais como um desafio à presença do pesquisador na cidade
de seu interesse – um colocar-se em copresença com os atores do
seu cotidiano – do que como um método aplicado com categorias
e protocolos práticos previamente delimitados a serem seguidos,
específicos de determinada produção científica.
NOTAS
da arte Aby Warburg. Sobre este mé-
1_ A lista e resumos dos trabalhos todo, conferir Montagem Urbana, de
defendidos entre 2002 e 2011, antes Paola Berenstein Jacques, no quarto
da pesquisa PRONEM, e aqueles tomo desta coleção.
ainda em andamento (ou defendidos
em 2015), estão disponíveis no site do 3_ Palavra aqui vinculada ao risco
grupo de pesquisa: <www.laborato- e a incerteza de uma ação enquanto
riourbano.ufba.br>. metodologia de pesquisa, e não ao
experimento enquanto prática de
2_ A ideia de desmontar o arquivo
laboratório com normas e regras a
em fragmentos para em seguida serem seguidas e resultados a serem
remontá-los em busca de conexões alcançados ou comprovados.
antes invisíveis parte do método da
Montagem, com base no historiador
REDOBRA 11
experiência-salvador
estrangeiro genealogia e arma corpo arte a cidade-museu e os
REDOBRA 9
historiografia: perfografia pensamento vivo de arranjos para uma
introdução ao jogo da dissolução do sujeito, relatos das praças tahrir ana clara torres ribeiro investigação
escrita sobre os elisão da memória e puerta del sol, 2011 poéticas tecnológicas
trabalhos de campo o devir ambiente do cartografar o
percursos topográficos praia da estação corpo de prova mundo urbano movimento: narrativas
tarô de memórias e afetivos pela cidade como ação política da sarjeta
de são paulo cidade, criação e trilha | transurbância
uma esquina de rio: cidade ocupada, resistência salvador cappo linea- trilhando uma
permanências o rumor das narrativas cidade resistente! passarela epistemologia da
a cidade caminhada... lentidão
o desvio através das da cidade campanha não-eleitoral o espaço narrado partilha e conflito
práticas de ócio/lazer cúmplice à cidade no espaço público desterritorialização
insurgente a marcha das vadias olhares perdidos / rostidade, fluxo e
sobre uma cidade homens lentos, buraco negro /
jeanne marie gagnebin exercício experiência, espiar o para-formal opacidades e espaços estriados,
memória e narração na cidade de salvador flanâncias femininas rugosidades espaços lisos,
anotações sobre a da cidade e etnografia espaços de fluxos
paris de benjamin musa discutindo cidades
REDOBRA 14
salvador cidade do transurbância + e tempos experiência
história e século xx observando as ruas do walkscapes ten years errática
dilaceramento centro de salvador later a lentidão no lugar
o artefato cenográfico da velocidade experiência
benjamin e kracauer: na invenção baixo bahia o engajamento dos rizomática
algumas passagens do cotidiano futebol social corpos nos percursos debate público
espetacularizado urbanos experiência do
o lobisomem na cidade performar a lentidão 2061 cenários utópicos impossível
dança e intervenção para avenida paralela
teses sobre walter urbana salve-se quem puder!
rachel thomas por experiências transbordar
benjamin fabiana dultra britto metodológicas para
quando o pornô vai à a fonte
apreensão da cidade
rastros do flâneur cidade contemporânea
REDOBRA 12
o lugar contingente da dois dias e três paola berenstein
narrativas urbanas horizonte distante: história e da memória tempos jacques entrevista selva quintal-comum
literárias como warburg, glauber e a na apreensão da cidade alessia de biase
apreensão e fabricação da história o livro disfarçado oficinar ao habitar
REDOBRA 10
produção da cidade dos afetos etnografias urbanas do seminário público
contemporânea oficina [in]sistir #1 ou a zona de risco composição do comum
deambulações de cartografias da ação
como viver junto? walter benjamin: entre os diversos cidade, cultura, corpo teatro do jornal
uma comunidade de entre as imagens a ideia de corpografia tempos e experiência
estrangeiros do pensamento e o urbana como os usuários do
haxixe pista de análise plano de notas limites e limiares/ dois de julho
a cidade no cinema corpo e experiência
documental dos anos direito visual à cidade sobre acúmulos e cine-teatro-rua
1920 sobreposições corporeme:audiovisual
sobre encontros e presencial/virtual morar na
modos de sentir como narrar o campo? carlos gomes
o chão nas cidades
a pé ao oratório – ou a itapagip3 dos espaços de
caminhada impossível deriva parada apropriação
epifania urbana sobre
oficina: in-sistir #1! corpos imóveis breve relatório sobre experiências urbanas
a primeira de uma
insistência urbana inútil paisagem série de opacificações podemos todos ser
urbanas etnógrafos?
passarela do iguatemi de patrimônio, ruínas
urbanas e existências oficinas e seminário por uma postura
ta coleção
rua gregório de mattos breves de articulação antropológica de
em dia de são jorge e apreensão da cidade
no dia seguinte questões e fazer corpo, tomar contemporânea
interlocuções corpo e dar
maria stella bresciani corpo às ambiências crítica e engajamento
urbanas
www.redobra.ufba.br
MEMÓRIA NARRAÇÃO HISTÓRIA
derivas urbanas, e mapeamentos conglomerado
literária
Equipe do projeto de pesquisa PrONEM.
[entre 2011 e 2015]
PESQUISADORES CONVIDADOS.
WWW.LABORATÓRIOURBANO.UFBA.BR/PRONEM
Esta coleção foi publicada no formato 135 x 202mm
em papel Offset 90g/m² para o miolo e Triplex 350g/m²
para capa, na Gráfica Santa Marta na Paraíba. As fontes
utilizadas foram DIN e Sentinel.
Tiragem de 1.000 exemplares.
Salvador, 2015