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UFF 2021.

Disciplina: História do Brasil I

Professor: Luciano Raposo

Aluno: Ian Cardozo dos Anjos

Aula do dia 27/10/2021

Texto Base: Entrevista Fernando Novais. Teoria e Debate: A invenção do Brasil.


https://teoriaedebate.org.br/2000/04/01/a-invencao-do-brasil/

Não havia uma identidade nacional no Brasil colonial: Os principais colonos não se
viam como “brasileiros”, mas sim como portugueses súditos da coroa portuguesa na
colônia. O máximo que havia de identidade era limitado ao território regional:
Fluminense (São Vicente), baiense, pernambucano etc...
Até o século XIX, o termo “brasileiro” era usado para identificar os mercadores de
pau-brasil. Algumas vezes era usado para identificar os nativos. E um termo que visava
mostrar uma identidade nacional era o termo “brasiliense”, como por exemplo, o
“Correio braziliense”.
Fernando Novais reforça a problemática do anacronismo no termo “descobrimento do
Brasil”, uma vez que esse conceito de Brasil não existia, e mostra que o melhor conceito
é a de “Invenção do Brasil”. Que foi construído com o passar dos tempos. Novais
estabelece uma comparação entre José Bonifácio e Thomas Jefferson, que foram
importantes no cenário político e assumiram papéis importantes no processo
abolicionista em seus respectivos países. Mas também apresenta peculiaridades na visão
de cada personagem, por exemplo, o processo de abolição da escravatura nos EUA
gerou a guerra civil, enquanto no Brasil não. Novais ainda enaltece o processo de
independência do Brasil, mostrando que uma colônia que vira uma nação soberana, é
uma revolução, porém uma revolução conservadora.

Trechos importantes do texto:

“O segundo aspecto, que curiosamente não foi muito discutido, é que essas designações,
“descobrimento do Brasil”, “descobrimento da América”, não são só etnocêntricas, mas também
anacrônicas. E para o historiador, o anacronismo é o pecado capital, aquele que não pode ser
cometido. O anacronismo é fazer um discurso histórico, isto é, reconstituir um ou uma série de
eventos ocorridos num determinado momento, numa determinada região, sem esquecer o que
aconteceu depois. O historiador conhece isso, mas os protagonistas não. A tentação de imputar
aos protagonistas o conhecimento do que veio depois é muito grande e aí o historiador cai
no anacronismo. O problemático na idéia de “descobrimento do Brasil” é que o anacronismo
está evidente. O Brasil é um povo que constituiu uma nação que se organizou em Estado
nacional. Isto existe desde o século XIX. “Mas “dizer que o Brasil foi descoberto em 1500 é
atribuir a Cabral a fundação do Brasil, o que é um anacronismo evidente”.” p.2
“Dessa forma, quando se fala que a viagem do Cabral é o descobrimento do Brasil é preciso
fazer as duas críticas, a crítica do etnocentrismo, que está na palavra “descobrimento”, e a
crítica do anacronismo, que está na palavra “Brasil”. É essa distinção que as pessoas não
percebem.” p.2

“Por isso, eles só começaram a falar em independência quando os portugueses exigiram a volta
do rei e apareceu o risco de desmanchar o que já estava feito. Por isso, a Independência do
Brasil é uma revolução conservadora. Uma colônia virar uma nação soberana é uma revolução.
Mas ela é conservadora porque se fez para conservar algo que já tinha sido feito no período
joanino. A América espanhola se fragmentou porque teve de mobilizar os “de baixo”,
radicalizando o movimento. A América portuguesa não se fragmentou porque não radicalizou e
não teve de mobilizar para baixo. Aliás, não podia radicalizar, porque em baixo estavam os
escravos.” p.4

“A razão é óbvia. Como poderia haver uma guerra civil no Brasil se todo o território era uma
sociedade escravista? A única guerra que poderia haver era dos escravos contra os senhores de
escravos. E para evitar esta é que se fez a Independência e se tratou de fazer paulatinamente a
abolição.” p.5

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