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© 1999 by A rno W ehiing
Equipe de produção
Leila Name
Regina M arques
M ichelle Chao
Sofia Sousa e Silva
M areio Araujo
Revisão
I^kdro de Moura Ardgão
Denise Seofimo Moura
índice onomástico
Marcelo Eufiasia
E d ito ração eletrônica
fitEditoração Eletrônica
O P - B o s iL Catalogação-na-fontc
Síndicas» tfa riw u l dos Editores de Livros, RJ.
W 426e
Wehiing, A ceto
Estadni, ftrârrôia, m emória : Varnhagen e a construção da
identidade « w ím h I / A m o Wehling. — Rio de Janeiro : Nova
Fronteira, Î995S
Inclui ibdhÂjgfafia
IS B N S5-Z a9-0985-X
C D D 907.2
C D U 82-94
C A P Í T U L O 7
A INTERPRETAÇÃODAHISTÓRIADOBRASIL
D e sc o b e r t a s e r e t if ic a ç õ e s
1 Ciado Ribeiro Lessa, Vida r obra de Vam bagcn, RIUGB, 224:3, 1954, p. 194-195-
2 Idcm, p . 195. .
3 Carta de Varnhagcn ao secretário do Instituto Histórico, 30 de abril de 1861. Arquivo do
IHGB, Lata 23, doc. 499.
* Francisco Adolfo de Varnhagcn, H istória gem ido Brasil, &io Paulo, Melhoramentos, 1975, v. I,
p. 24.
5 Idem, Trovas e cantares de um códice do XTV século, Madri, DAGF, 1849. Tbícts Martins
Moreira, VÍLrnhagenc a hiscóriada literatura portuguesa e brasileira, 275:2,1967, p. 164.
6 Idem, p. 164-165.
7 Idem, p. 161.
1 Ciado Ribeiro Lessa, op. cit., p. 197-
A INTERPRETAÇÃO DA HISTÓRIA DO BRASIL 155
Diário da navegação da armada qttefoi à terra do Brasilem 1530, sob a capitania-mor de Martim
Afonso de Sousa, escrito por seu irmão Pero Lopes de Sousa, Lisboa, Sociedade Propagora dos
Conhecimentos Úteis, 1839.
1,1 Francisco Adolfo de Vatnhagen, O Caramuru perante a história, RIHGB, 10:1848, p. 129-
152. Sobre o documento, ver Ciado Ribeiro Lessa, op. cit., p. 198 e noras 34 c 137.
' 1 Cf. cap. 6, nota 86.
11 Ciado Ribeiro Lessa, op. cit., p. 198.
13 Cf. cap. 6, nota 87.
1* Maurício de Heriarte, Descrição do estada do Maranhão, Pará, Corupá e rio do Amazonas, Viena,
C. Gctold, 1874/ Bernardo José da Gama, Inforrrutçõessobrea capitania do MaranbáoWvtm, C.
Gcrold, 1872, com “Advertência prévia" de Vambagen datada de 28 de agosto de 1872.
15 Ciado Ribeiro Lessa, op. cit., p. 197, repetindo juízo de Capistrano de Abreu.
156 ESTADO, HISTÓRIA, MEMÓRIA
16 Francisco Adolfo de Varnhagen, Memória sobre a necessidade do estudo e ensino das línguas
indígenas do Brasil, RIHGB, 3:1840, p. 53-63.
17 RIHGB, 12:1849, p. 366-376 c 21:1859, p. 431-441.
11 Francisco Adolfo dc Varnhagen, L’Origine tountnniennt des Américains Tupis-Caraibes et des
anciens égyptiens, Viena, Faesjr-Frick, 1876.
19 Ciado Ribeiro Lcssa, op. cit., p. 121.
10 Francisco Adolfo de Varnhagen, Vespuce et son premier voyage — avec le texte de trois notes
importantes de la main de Colombe, Paris, Martinet, 1858, 31 p.; publicado como separata do
Boletim da Sociedade Geogrdfica, jan-fev. 1858. — ■- - . .
1 ' Francisco Adolfo de Varnhagen, Primeira epistola del almirante dom Cristóbal Colón, Valencia,
M. Garin, 1858, 35p.
A INTERPRETAÇÃO DA HISTÓRIA DO BRASIL 157
O S ATORES SOCIAIS
24 Francisco Adolfo dc Varnhagen, Amerigo Vespucci, son caractère..., op. dr., passim.
27 Idem, Nouvelles recherches, op. cit., passim.
21 José Ho nório Rodrigues, Varnhagen, mestre da hiscória geral do Brasil, RIHGB, 275:2, 1967,
p. 181.
29 Francisco Adolfo de Varnhagen, História gérai.., op. cit., v. 1, p. 10.
A INTERPRETAÇÃO DA HISTORIA DO BRASIL 159
35 Ver capítulo 5-
3S A expressão é dc Martius. Cf. KarIF. P. von Martius, Como sc deve escrever a história do Brasil,
RIHGB, 223:1953, p. 200.
57 Francisco Adolfo de Varnhagen, História geral..., op. cit_, v. [, p. 24.
30 Sílvio Romero, Histáriada literatura brasileira, Rio dc Janeiro, José Otympio, 1945, v.V.p. 185.
59 Francisco Adolfo de Varnhagen, História geral.., op. cit., v. I, p. 52.
A INTERPRETAÇÃO DA HISTÓRIA DO BRASIL 161
40
Idem, L'Origine,.. t op. cit.
\ l Idem, p. 150. Também na Correspondência ativa. Rio dc Janeiro, INL, 1961, p. 434.
42 Nilo Odália, Introdução. ImVarnhagcn, São Paulo, Ática, 1979, p. 19.
«43
Francisco Adolfo dc Varnhagen, História geral...* op. cit., u I, p. 39.
44 Ibidem.
1(52 E S T A D O ,H I S T Ó R I A . MEMÓRIA
45 Quando se refere, por exemplo, à delicada questão dos diretórios indígenas criados pela política
pombalina. Idem, História geral..., op. cit., v. IV, p. 244.
4!' Idem, História gerai.., op. cit., v. I, p. 29.
47 Idem, v. I, p. 24.
48 Ibidem.
47 Idem, v. I, p. 32.
50 Idem, v. I, p. 51.
51 Idem, v. I, p. 43.
52 Sérgio Buarquc dc Holanda, Caminhas efronteiras, Rio de Janeiro, José Olympio, p. 55-56.
53 Francisco Adolfo de Vamhagpn, História gerai.., op, cit.,v. I, p. 53-
54 Idem, v. I, p. 218.
A INTERPRETAÇÃO DA HISTORIA d o b r a s il 1«
** [dem, v. I, p. 43-
Idem, v. I, p. 29.
,7 Idem, v. I, p. 53.
Idem, v. 1, p. 44.
’ ’ Idem, v. I, p. 45.
in Idem, v. I, p. 48.
f’ 1 Idem, v. I, p. 29.
164 ESTADO, HlSTÓRrA. MEMÓRIA
61 Idem, p, 7-8.
CG João Francisco Lisboa, Apontamentos para a história do Maranhão, Pctrópolis, Vozes, 1976, p.
579ss.
47 Américo jacobina Lacombe, As idéias políticas de Varnhagen, RIHGB, 275:2, p. 152.
48 Francisco Adolfo de Varnhagen, História geral..., op. cit., v. I, p. 223.
69 Idem, v. I, p. 224.
70 Ibidem.
71 Idem, v. I, p. 221.
71 Charles R. Boxer, A idade de ouro do Brasil, Rio de Janeiro, SEPII, 1963, p. 145.
166 ESTADO, HISTÓRIA, MEMÓRIA
tanto, ao simples registro, sem procurar uma explicação mais global para
tais latos, que os procedimentos m etodológicos da época — c os conhe
cim entos etnográficos — já adm itiam . N este aspecto e sob este argu
mento, parece-nos válida a restrição ao autor em itida por Capistrano de
Abreu no “N ecrológio” .78
As instituições foram outros atores sociais privilegiados por Varnha-
gen. Entre elas, as que considerou mais significativas, ou sobre as quais
expendeu juízos mais explícitos, foram o Estado e a lei, a religião, a ordem
dos jesuítas, a Inquisição e o Estado português.
O Estado é associado com a noção de lei. Parece claro para Vam ha-
gen que as leis, a escrita e o Estado são os indicadores básicos da existên
cia de um a sociedade civilizada e que sucedem a “m ui tristes sofrimentos
do m esquinho gênero humano antes de as possuir”79.
A onipresença do Estado é inquestionável para Varnhagen, convic
to desta evidência. Ele a defendeu em vários m om entos de sua obra,
cncarando-a não com o fruto de determ inada tradição sociopolítica, m uito
m enos co m o tão-somente um a interpretação hobbesiana-hegeliana, mas
com o realidade fática e necessidade “natural” , perm anente e intem po
ral, d o gênero humano.
Q u an to à religião, com o Varnhagen a concebia ao m odo de um
fundam ento social — no que não diferia da tradição regalista, nem de
seus críticos iluministas — ela surgia com o elemento indispensável da
ordem . A sua falta contribuiu para as desordens nas capitanias no século
X V I80, agravada quando alguns eclesiásticos “não só deixavam de cum
prir os preceitos da Igreja com o, às escâncaras, faltavam à sociedade,
vivendo escandalosam ente na poligam ia” 81.
Assim, “tudo mostrava a necessidade de acudir com pronto remé
dio à religião. Poderosíssimo instrum ento de civilização c de m oral”82
83 Idem, v. I, p. 147.
*4 Idem, v. II, p. 53.
95 Idem, v. IV, p. 137-138.
64 Idem, v. IV, p. 141.
87 Idem, v. IV, p. 137.
84 Idem, v. IV, p. 143.
A INTERPRETAÇÃO d a h i s t ó r i a d o b r a s il 169
9 Por exemplo, Sônia A. Siqueira, A Inquisiçãoportuguesa e a sociedade colonial, Sáo Paulo, Ática,
1979, p.lOss.
95 Francisco Adolfo de Varnhagen, História geral..., op. cit-, v. I, p. 163.
Idem, v. II, p. 251.
97 Idem, v. I, p. 163.
3* Idem, v. IV, p. 25.
99 Francisco Adolfo de Varnhagen, Correspondência..., op. cit., p. 122.
100 Idem, História geral..., op. cit., v. IV, p, 25.
101 Idem, Correspondência—, op. cit,, p. 95.
102 Idem, História geral..., op. cit., v. rV, p, 244.
A INTERPRETAÇÃO DA HISTÓRIA DO BRASIL 171
ADINÂMICA SOCIAL
A mobilidade dos atores sociais ocorre em meio a uma dinâmica
cujos pontos mais significativos são, para Varnhagcn, as classes e a orga
nização social, a atividade econômica (aí compreendida a política econô
mica estatal), as questões relativas ao poder central e local e os conflitos
ocasionados pela colonização (com indígenas, com estrangeiros, rebe
liões, quilombos).
Essa dinâmica não é claramente descrita — nem discernida — pelo
autor, mas os desdobramentos do plano da obra, a organização docu
mental, o material selecionado e os juÍ2os emitidos permitem identificá-
la, sem que isto represente um exercício artificial dc fazer os textos fala
rem mais do que dizem,
No delineamento da organização social, Varnhagen assinalou as
muitas dificuldades enfrentadas pela colonização, mas atribuiu-as ao meio
e não às características étnicas da população.13' Problemas como o calor
excessivo ou a floresta impenetrável pareciam-lhe mais significativos do
que as condições intrínsecas dos colonizadores.132 Predomina, assim, em
13" Da primeira pata a segunda edição da História geral do Brasil Ver a propósito as observações de
Américo Jacobina Lacotnbc, op. cit., p. 146 c José Honório Rodrigues, op. cit., p. 192.
1J 1 Conclusão a que já chegara Américo jacobina Lacombe, op. cit., p. 143.
'32 Francisco Adolfo dc Varnhagen, História geral..., op. cit., v. 1, p. 10.
178 ESTADO, HISTÓRIA, MEMÓRIA
141 Francisco Adolfo dc Vunlugcn, História geruL., op. cit., v. IV, p. 240.
144 Idem, v. V, p. 64.
147 Idem, História das hstas..., op. cit., p. 64.
148 Idem, História gentL... op. cit., v. V, p. 62.
A INTERPRETAÇÃO d a HISTORIA d o b r a s il 181
A titudes de V arnhagen
em R elação a M ovimentos P oliticos e S ociais
Beckman, 1684 X
Mascates X
Emboabas X
Maneta X
Palmares X
Conjuração Mineira X
Conjuração Baiana X
Revolução Pernambucana X
A A ,. », u HUS
1115 Francisco Adolfo de Varnhagen, História gerai.., op. cit., v, V, p. 24. Como já se observou,
ex iscem diferenças de j ufzos entre a primeira e a segunda edição da Históriagerai
170 Ibidem.
171 Idem, v. V, p. 149.
186 ESTADO, HISTÓRIA. MEMÓRIA
AFORMAÇÃO BRASILEIRA
Na obra de Varnhagen, os atores e a dinâmica social convergem
para um ponto teleológico que é a formação brasileira, entendida, sobre
tudo mas não exclusivamente, como a constituição da base territorial e
da etnia.
Assim, consideraremos neste ponto a interpretação de Varnhagen
sobre o processo de colonização, as fronteiras e a política externa, a indepen
dência e as teses sobre história literária, onde se encontraria o substrato
ideológico da identidade nacional e do processo de independência.
Para Varnhagen, o processo de colonização entre os séculos XVI e
XIX foi, como já se afirmou, a implementação de uma política desejada,
planejada e executada pelo Estado português, forjando as ações sociais.
Pouco ou nada existiria de socialmente espontâneo e, quando ocorria —
como no caso dos bandeirantes ou na insurreição pernambucana — , os
comportamentos deveriam se coadunar aos objetivos e expectativas do
Estado português para serem posittvamente avaliados.
Para firmar tal interpretação, o autor construiu uma exposição da
matéria com grande coerência interna, considerando-se seus supostos
teórico-metodológicos e ideológicos, e que se tornaria modelar por mais
de um século, não só da historiografia política, como dos compêndios
escolares. Eram “os quadros de ferro” a que se referia Capistrano de Abreu,
que desejou, sem ser plenamente sucedido, deles fugir.
A importância da história colonial foi definida por Varnhagen no
prólogo à segunda edição da H istória geral do Brasil. Tratava-se, segundo
o autor, da base da nacionalidade brasileira, construída ao longo de vá
rias gerações e concretizada nas cidades, na agricultura e no comércio
que existiam à época da independência.172 Comparada à colonização
espanhola e inglesa, revelava-se mais difícil, devido aos obstáculos natu
rais do relevo e do clima e à hostilidade dos indígenas, o que realçava o
significado dos feitos portugueses.173
189 Juan Francisco Aguirre, Discurso histórico, Buenos Aires, Esposa Colpe, 1947, p. 61. Efraim
Cardozo, El Paraguay colonial, Assunção, El Lector, 1996, p. 125.
” ®Idem, V. II, p. 203 e v. III, p. 129.
191 José Honório Rodrigues, op. cït., p. 185. Idêntico enfoque em Independência: revolução e
contra-revolução, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 5 v. ,
192 José Honório Rodrigues, Varnhagen, op. cic., p. 185.
193 Idem. d . 196.
A INTERPRETAÇÃO d a h i s t o r i a d o BRASIL 191
100 Ibidem .
Idem , p. 51.
201 Idem , p. 78.
205 Idem, p. 95.
204 Ibidem .
205 José Honório Rodrigues, Varnhagen.-., op. cit., p. 180.
206 Francisco Adolfo dc Varnhagen, H istória da independência..., op. cit., p- 159-160.
207 Idem, p- 247.
20» Idem , p. 302.
A INTERPRETAÇÃO DA HISTORIA DO BRASIL 193
[dem, p. 226.
2111 Idem, p. 221.
211 Em vários folhetos sobre a Independência c na obra dc Raimundo Teixeira Mendes. Benjamim
Constant, Rio de Janeiro, Apostolado Positivista, 1934, v. I, passim.
212 José Honório Rodrigues, Varnhagen..., op. cit., p. 196.
194 ESTADO, HISTÓRIA, MEMÓRIA
2,3 Francisco Adolfo de Varnhagen, Épicos brasileiros, Lisboa, Imprensa Nacional, 1845, 449 p.
214 Idem, Florilégio da poesia brasileira, Rio de Janeiro, ABL, 1987, p. 12.
2,5 Thiers Martins Moreira, op. cit., p . 166.