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Pettengill, Isabela Araújo, Isadora Fernanda Ribeiro Fernandes, Laura Soares Costa,
Maria Margareth Ribas, Priscila Junqueira de Souza, Tainara da Rocha Leite
CAMPO GRANDE, MS
2023
SUMÁRIO
1. Introdução.................................................................................................................4
2. Levantamento Histórico............................................................................................6
2.1. História Global..................................................................................................6
2.1.1. Contexto Ibérico.....................................................................................10
2.1.1.1. Portugal......................................................................................... 11
2.1.1.2. Espanha........................................................................................ 13
2.2. História Continental........................................................................................16
2.2.1. Tratados.................................................................................................18
2.2.1.1. Tratado de Tordesilhas..................................................................19
2.2.1.2. Tratado de Madrid......................................................................... 21
2.2.1.3. Tratado de El Pardo...................................................................... 30
2.2.1.4. Tratado de Santo Ildefonso........................................................... 31
2.2.1.5. Outros Tratados............................................................................ 32
2.3. História Brasileira: Ocupação e Definição Territorial......................................32
2.3.1. Ocupação leste......................................................................................32
2.3.2. Ocupação oeste - Portuguesa............................................................... 37
2.3.3. Ocupação oeste - Espanhola................................................................ 40
2.3.3.1. Colonização...................................................................................40
2.3.3.2. As reduções de Itatim....................................................................44
2.3.3.3. Definições de fronteiras.................................................................46
2.4. História regional............................................................................................. 48
2.4.1. História de Paranhos............................................................................. 50
2.5. Outros acontecimentos históricos.................................................................. 52
2.5.1. Guerra do Paraguai............................................................................... 52
2.5.2. Madame Lassare................................................................................... 54
2.6. As fortificações...............................................................................................57
2.7. As Fortificações no Brasil...............................................................................61
2
2.7.1. O Forte do Iguatemi...............................................................................66
3. Levantamento documental e cartográfico.............................................................. 72
3.1. Identificação: Cartografia da Praça Nossa Senhoras dos Prazeres de
Iguatemi (1754-1923)............................................................................................72
4. Levantamento topográfico (georreferenciado)....................................................... 80
5. Proposta de preservação e de divulgação............................................................. 80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 83
3
1. Introdução
4
Dessa forma, este documento foi desenvolvido através de pesquisa
bibliográfica em fontes primárias, dados cartográficos e fotográficos, visando
identificar os elementos que possam ajudar na identificação e informações que
contribuirão para o acervo do Patrimônio Arquitetônico Brasileiro e do estado de
Mato Grosso do Sul, através do projeto de extensão: O FORTE DE NOSSA
SENHORA DOS PRAZERES DO IGUATEMI: IDENTIFICAÇÃO HISTÓRICA E
FÍSICA DAS RUÍNAS QUE CONFIRMAM A OCUPAÇÃO OESTE DO BRASIL, NA
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVIII PELOS COLONIZADORES
PORTUGUESES DURANTE A DISPUTA FRONTEIRIÇA ENTRE PORTUGAL E
ESPANHA, coordenado pela professora Dra. Maria Margareth Escobar Ribas Lima,
com a colaboração dos professores: Dr. Gilson Rodolfo Martins, Dr. José Alberto
Ventura Couto, Dr. Rodrigo Mendes De Souza , Dra. Juliana Villela Junqueira , Dr.
Victoria Mauricio Delvizio, Albertino Fachin Dias e Dr. Elioterio Fachin Dias, com a
participação dos seguintes acadêmicos: Dagny Más, Gabriela Palacio Lopes,
Gabriela Ribeiro Nunes, Isabella Souza Pettengill, Isabela Araújo, Isadora Fernanda
Ribeiro Fernandes, Laura Soares Costa, Priscila Junqueira de Souza e Tainara da
Rocha Leite. A parceria também foi estabelecida, além da prefeitura Municipal de
Paranhos na pessoa do Prefeito Donizete e da Secretaria de Planejamento do
Município de Paranhos, Sra. Miriam Aparecida Gavilan Jara e também da
comunidade indígenas da aldeia Yvy Kurusu/Takauaraty, onde está localizado o
Forte Nossa Senhora Dos Prazeres do Iguatemi.
SEGUNDA ETAPA: Período de maio a setembro de 2022, visita ao local onde está
localizado o Forte de Iguatemi (município de Paranhos/MS), com a realização de
fotos e palestras na comunidade indígena que está localizada na área da fortificação
do Forte de Iguatemi e munícipes de Paranhos.
5
ÚLTIMA ETAPA: Período de dezembro a fevereiro de 2022, realização e finalização
do relatório final do projeto e montagem do site.
2. Levantamento Histórico
7
Figura 1 - Linha do tempo de acordo com a periodização clássica da história
8
e cultural do povo, como da elite. Em resumo, submetida a essa posição rígida (que
é, por excelência, negação da diplomacia sábia), a América Latina civil, por muito
tempo, condenada a uma posição de política externa subserviente: falava o líder das
Américas, os latinos americanos formavam o couro. Posição que, por si própria,
destinava a América Latina ser apenas uma sombra em escala diplomática,
escondia os demais a presença dos nossos países no palco internacional. (ARY
GUIMARÃES, 1990, p.22)
A colonização do Brasil teve início em 1500, quando a expedição liderada por
Pedro Álvares Cabral chegou às terras brasileiras. Durante os primeiros anos, o país
foi explorado pelos portugueses, que exploravam os recursos naturais, como o
pau-brasil, e estabeleciam os primeiros assentamentos. Essa fase colonial foi
seguida por ciclos de mineração, especialmente no século XVIII, com o ouro sendo
descoberto em Minas Gerais. E é nesse período da história que o Forte Nossa
Senhora dos Prazeres do Iguatemi, objeto de estudo deste trabalho, foi construído.
Figura 2 - Linha do tempo situando a fundação do Forte Nossa Senhora dos Prazeres do Iguatemi na
história brasileira
9
Em 1808, a chegada da família real portuguesa ao Brasil, fugindo das
invasões napoleônicas, marcou um momento de mudança. A colônia foi elevada ao
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e várias reformas foram implementadas,
incluindo a abertura dos portos às nações amigas.
Após anos de movimentos e lutas pela independência, o Brasil finalmente se
tornou uma nação independente em 1822, com a proclamação de Dom Pedro I
como Imperador do Brasil. O período imperial foi marcado por conflitos políticos e
sociais, além da abolição da escravidão em 1888.
Em 1889, ocorreu a Proclamação da República, estabelecendo um novo
sistema político. O Brasil enfrentou desafios como a industrialização, urbanização e
movimentos sociais ao longo do século XX. O país passou por diferentes regimes
políticos, incluindo a ditadura militar que durou de 1964 a 1985. A história do Brasil é
um contínuo processo de construção e busca por uma sociedade mais justa e
igualitária.
10
Figura 3 - Configuração territorial Ibérica do final do século XV
2.1.1.1. Portugal
11
dava aos portugueses a possibilidade de navegarem e praticarem o
comércio com os países do Mar Interior, de ocuparem uma área territorial –
a norte – de Marrocos e de controlarem a passagem entre os reinos
muçulmanos de Granada e de Fez.
Contexto dentro do qual, a questão das Canárias adquire um maior
significado, que passa pelo seu posicionamento geo-estratégico, entre
Marrocos e a Guiné. E daí a insistência dos portugueses em nelas se
fixarem: a sua proximidade de África, a possibilidade de aí se poder
comerciar e capturar cativos, bem como as condições de apoio para a
prossecução das viagens para sul (em direcção aos rios da Guiné, serra
Leoa, golfo da Mina e, mais tarde, na rota do Cabo), justificavam-no. Pelo
menos até à passagem do cabo Bojador. (E SILVA, 2006, p. 99)
12
as alegações castelhanas contra a conquista das Canárias pelos portugueses no
Concílio de Basiléia (1434-1435).
2.1.1.2. Espanha
Foi neste contexto, em que era hostilizado por uma parte importante da
nobreza, a nível interno, e através do bloco navarro-aragonês, a nível
externo, que D. Henrique IV procurou explorar diplomaticamente uma nova
ligação a Portugal, eventualmente baseada noutros matrimónios. (COSTA,
2011, p.47)
13
Afonso, e sua filha D. Joana ao Príncipe de Portugal D. João, em troca de auxílio
bélico. Tais casamentos não foram concretizados devido a oposições apresentadas
pelo Conselho de D. Afonso, tendo em vista a “condição variável do dito rei Dom
Henrique”, deposto em 15 de junho de 1465, em favor de D. Afonso de então 12
anos, no que ficou conhecida por “Farsa de Ávila”, seguida por outras revoltas em
Toledo, Sevilha e Córdova, levando o monarca deposto a iniciar uma intensa guerra
civil. (COSTA, 2011)
Com a morte por provável envenenamento do Infante D. Afonso em 1468,
alguns dos nobres sublevados sujeitam-se ao rei D. Henrique IV, enquanto outros
decidem por apoiar D. Isabel. Esta, porém, "deliberou não tomar o título de rainha
em vida do rei, seu irmão, e concordar com ele, se, removendo todos os escândalos,
ele jurasse depois de seus dias a sucessão do reino”. Os termos de sucessão
incluíam também, além de vasto patrimônio para D. Isabel, o divórcio de D. Henrique
IV e D. Joana, já que esta encontrava-se a mais de um ano distante e em fase de
gravidez avançada,
a qual, sabendo-se claramente não ter sido gerada pelo monarca, reforçava
a argumentação dos partidários da infanta D. Isabel na defesa dos seus
direitos sucessórios e fragilizava a anterior posição do rei que, no acordo
com a irmã, punha em causa a sua paternidade sobre D. Joana. (COSTA,
2011, p. 51 apud SUÁREZ FERNÁNDEZ, 2008, p. 49)
14
a ligação aragonesa era desejada por uma expressiva parte dos nobres
castelhanos, sanando com maior facilidade os conflitos internos, partindo do
pressuposto de que o governo dos dois reinos seria pacífico e as condições
ficassem, desde logo, estipulado nas capitulações matrimoniais. Se, por ser
mulher, houvesse qualquer contestação à sua realeza, D. Isabel, tendo em
D. Fernando o mais directo herdeiro ao trono castelhano (era, então, o único
descendente por varonia de D. Henrique III), anulava com o casamento esta
hipotética oposição externa. (COSTA, 2011, p. 53)
15
Figura 5 - Linha proposta pelo Tratado de Alcáçovas de 1479
16
Figura 6 - Viagens de Colombo
17
qual as terras à direita do meridiano pertenceriam a Portugal, e as à esquerda, a
Castela. (HISPANIC COUNCIL, 2022)
2.2.1. Tratados
18
2.2.1.1. Tratado de Tordesilhas
Figura 8 - Como seria a divisão territorial brasileira atual segundo o Tratado de Tordesilhas
19
Figura 9 - Meridianos divisórios estabelecidos entre Castela e Portugal nos séculos XV e XVI
20
2.2.1.2. Tratado de Madrid
Ainda segundo Goes Filho (2021), “no Sul era diferente. Sempre os
castelhanos se opuseram à penetração portuguesa na região do rio da Prata”. Além
das infindáveis rixas pelo domínio da boca da bacia do Prata e pela posse da
Colônia do Sacramento, fundada em 1680 pelos portugueses a apenas 160km em
linha reta de Montevidéu na margem direita do Prata, e quase espelhando a posição
de Buenos Aires em relação ao rio; também havia a questão “das descobertas de
ouro na região do rio Cuiabá (1718), a oeste de qualquer tentativa de fixação da
linha de Tordesilhas pelo interior do continente”.
1
Tecnicamente, é apenas na Constituição de Cádis, também conhecida como Constituição
Espanhola de 1812, que o nome “As Espanhas” é adotado para a nação constituída pela união das
coroas de Castela e Aragão. Entretanto, a terminologia será adotada de acordo com a utilizada pelo
autor.
2
Fundada pelos franceses ao norte do rio Oiapoque, parte do atual território da Guiana
Francesa.
21
Um século antes, os espanhóis já haviam reagido às incursões dos
sertanistas de São Paulo nas reduções do Guairá, situado num meridiano
cerca de 300 quilômetros a leste de Cuiabá e a 700 de Guaporé. Agora, não
podiam ter dúvidas de que os mineradores paulistas tinham ultrapassado os
limites de 1494.O que deu certeza científica da grande penetração
portuguesa foi o mapa da América do Sul de Guillaume Delisle, de 1721. Ai
ficava claro que todo o rio Amazonas, o atual Centro-Oeste do Brasil e
Colónia do Sacramento estavam na parte espanhola da divisão das 370
léguas. (GOES FILHO, 2021, p. 90-91)
22
prata de Potosí do que na questão fronteiriça, de forma que “a diferença de
conhecimentos teóricos e práticos pesou nas futuras negociações”.
Mesmo assim, já havia menções a esta questão em correspondências entre
as casas reais e no Conselho Ultramarino desde 1720. “Mas o fato promissor que
abriu a possibilidade de acordo foi a ascensão de Fernando VI, genro de D. João V,
em julho de 1746”. No ano seguinte finalmente se iniciaram as negociações oficiais,
com cinco pontos-alvo principais para cada uma das partes. (GOES FILHO, 2021)
Para Portugal, segundo Goes Filho (2021, p.132-133), os principais pontos
eram:
3) Era preciso haver um equilíbrio entre as bacias dos dois grandes rios do
continente. Se os espanhóis ficassem com o domínio absoluto do Prata, era
mais que justo que a bacia amazónica se integrasse ao Brasil. Há muitas
décadas, os portugueses haviam ocupado a boca e o vale do Amazonas
navegavam seu leito e afluentes. Missões de religiosos lusos,
especialmente jesuíticas, tinham se estabelecido, desde a metade dos
Seiscentos a margens de vários rios. Mais recentemente, os carmelitas
haviam fundado missões no Solimões, até próximo à foz do rio Javari. Para
não falar da viagem de Pedro Teixeira, que fixou o limite entre as duas
Coroas no Napo.
Enquanto aos objetivos dos espanhóis, Goes Filho (2021, p.133-134) elenca:
23
[dos portugueses] Colônia e o famoso contrabando pelo rio da Prata [...]
Colônia não lhes traz proveito e nos destrói." O controle das duas margens
do Prata era, ademais, de interesse estratégico. O negociador espanhol
chega a dizer que Colónia era mais importante do que Gibraltar.
2) Nas outras regiões americanas, era preciso dar um basta nas ocupações
lusas. Os espanhóis não diziam, mas a prática mostrou que não era um
assunto de vida ou morte a grande linha de limites no Oeste e Norte do
Brasil. Quem estava junto a esta era não o Estado espanhol, mas sim as
missões jesuíticas. Estabelecidas em todo o centro do continente, iam do
Prata ao Amazonas: Tapes, Uruguai. Sete Povos, Chiquitos, Moxos,
Maynas… Dizia Eduardo Prado que, se tivessem vingado, teriam (quem
sabe) criado um grande Estado teocrático no interior da América do Sul, do
Atlântico ao Caribe. E (isto sim se sabe) os inacianos na Espanha eram
quase um Estado à parte, cujos interesses nem sempre coincidiam com os
da Coroa.
24
Figura 11 - Mapa das Cortes, de 1749
25
Figura 12 - Mapa das Cortes sobre um mapa atual
26
A de Portugal renuncia ao direito, que alegava ter, às ilhas Filipinas, pelo
dito Tratado de Tordesilhas e pela Escritura de Saragoça de 22 de abril de
1529 e cede à Espanha Colônia do Sacramento e o Território da margem
setentrional do rio da Prata, que lhe pertencia pelo Tratado de Utrecht, de 6
de fevereiro de 1715, como também a Aldeia de S. Cristóvão e terras
adjacentes, que tinham ocupado os portugueses entre os rios Japurá e Içá,
que desaguam no das Amazonas.
A de Espanha renuncia todo direito, que alegava ter, às terras possuídas
pelos portugueses na América Meridional ao ocidente da linha meridiana,
ajustada naquele tratado; e cede a Portugal todas as terras e povoações da
margem oriental do rio Uruguai, desde o rio Ibicuí para o norte, e outra
qualquer estabelecida pelos espanhóis na margem oriental do rio Guaporé.
(GOES FILHO, 2021, p. 153-154)
ART. VI
Desde a boca do igureí continuará pelo álveo acima até encontrar a sua
origem principal: e dalí buscará em linha reta pelo mais alto do terreno a
cabeceira principal do rio mais vizinho que deságua no Paraguai pelo
sua margem oriental, talvez será o que chamam Corrientes, e baixará pelo
álveo deste rio até a sua entrada no Paraguai, desde a qual boca subirá
pelo canal principal que deixa o Paraguai em tempo sêco; e pelo seu
álveo até encontrar os pântanos que forma êste rio, chamados a Lagoa
dos Xarais, e atravessando esta Lagoa, até a boca do rio Jaurú.
ART. VII
Desde a boca do Jaurú pela parte ocidental prosseguirá a fronteira em linha
reta até a margem austral do rio Guaporé defronte da boca do rio Sararé
que entra no dito Guaporé pela sua margem setentrional; com declaração
que se os comissários, que se hão de despachar para o regulamento dos
confins nesta parte, na face do país, acharem entre os rios Jaurú e Guaporé
outros rios, ou balizas naturais por onde mais comodamente, e com maior
certeza, se possa assinalar a raia naquela paragem, salvando sempre a
navegação do Jaurú, que deve ser privativa dos portugueses, e o caminho
que êles costumam fazer do Cuiabá para Mato Grosso; os dois Altos
contraentes consentem e aprovam que assim se estabeleça, sem atender a
alguma porção mais ou menos de terreno que possa ficar a uma ou a outra
parte. Desde o lugar que na margem austral do Guaporé for assinalado para
este têrmo da raia, como fica explicado, baixará a fronteira por todo o
curso do rio Guaporé até mais abaixo da sua união com o rio Mamoré
que nasce na província de Santa Cruz de la la Sierra, e atravessa a missão
dos Moxos, e formam juntos o rio chamado da Madeira que entra na das
Amazonas ou Marañon, pela sua margem austral. (TRATADO DE MADRI,
1750)
27
territórios já ocupados por ambas as partes”. Os demais artigos (X ao XXVI), como
expõe Goes Filho (2021, p. 155).
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Figura 14 - Mapa com dimensões corretas comparando o domínio português segundo os Tratados de
Tordesilhas e de Madri
29
Pouco depois do início da vigência do Tratado de Madri até as vésperas da
assinatura do Tratado de El Pardo, se deram as chamadas guerras guaraníticas de
1754 a 1760. O levante se deu pelos jesuítas espanhóis que controlavam a região
de Sete Povos das Missões através de suas reduções e pelos indígenas que nestas
habitavam e que temiam ficam à mercê dos bandeirantes paulistas ou dos
encomenderos paraguaios. Desta forma, para defender suas fazendas e seus
interesses, os jesuítas armaram os indígenas para que eles enfrentassem os
colonizadores. Entretanto, as coroas de Portugal e da Espanha se uniram para
silenciar a rebelião que estava impedindo que seu acordo fosse posto em prática e
para tal, mais de trinta mil indígenas foram dizimados ou escravizados. (PORTAL
DAS MISSÕES, 2022)
30
2.2.1.4. Tratado de Santo Ildefonso
31
2.2.1.5. Outros Tratados
32
série de rebeliões, que resultaram na queda da população, escassez de alimentos,
epidemias (devidos às condições sanitárias), etc. (FAUSTO, 2006)
Segundo Fausto (2006), em meio à essa crise que a Europa vivenciava,
Portugal tomou a iniciativa de lançar-se em uma aventura marítima, visto que o país
já tinha boas experiências em comércio de longa distância e decidiu investir em sua
expansão marítima, que era facilitada pela sua posição geográfica (fácil acesso ao
Mar Mediterrâneo, proximidade às ilhas do Oceano Atlântico e à costa da África).
Popularmente conhecida como Grandes Navegações, as expedições tinham
o intuito de chegar às Índias, buscando ouro e especiarias, mas acabaram
desviando da já conhecida costa africana, rumo a oeste, até avistar o que seria a
terra brasileira, e ancorar no litoral da Bahia, em abril de 1500, na cidade em que
passou a ser conhecida como Porto Seguro. (FAUSTO, 2006)
Segundo Abreu (1976), não há nenhuma comprovação de que o
descobrimento do Brasil tenha mesmo sido antes de 1500, ainda que a história
conte com alguns relatos de viagens do francês Cousin (1488), do português João
Ramalho (1490), e do espanhol Hojeda (1499), os quais Abreu considera que “não
passa de uma mistificação”, sendo, portanto, “incontestável que o descobrimento do
Brasil foi em 1500”.
Até hoje há controvérsias sobre qual dos países pertencentes à Península
Ibérica, de fato, descobriu o Brasil: Portugal ou Espanha? Segundo Abreu (1976),
cronologicamente falando, foram os espanhóis, dando mérito a Lepe e Pinzón, que
avistaram a terra em fevereiro de 1500, enquanto Cabral só avistou em meados de
abril do mesmo ano. Porém, o mesmo autor diz que “nada devemos aos espanhóis,
nada influenciaram sobre nossa vida primitiva”, mostrando que, sociologicamente, os
portugueses são considerados os descobridores do Brasil.
Considerando o que foi dito, passaremos a tratar sobre o que, de fato, já
existia no Brasil (a população ameríndia, a cultura, a língua, etc.), e como se deu o
encontro destes com os portugueses que chegavam na colônia, a princípio, tratando
sobre a Ocupação na Costa Leste, mas, posteriormente, sobre a Ocupação Oeste
(na bacia dos Rios Paraná e Paraguai).
A população que dominava a faixa litorânea era indígena, em sua maioria,
tupis-guaranis. Os grupos praticavam caça, pesca, coleta de frutas, e agricultura
(feijão, milho, abóbora e mandioca), gerando uma economia de subsistência, com
poucas trocas de alimentos entre as aldeias, que mantinham mais contato através
33
de trocas de mulheres ou bens de luxo (penas de aves e pedras). Os portugueses
que chegaram nas embarcações, de certa forma, desestabilizaram a nação, afinal,
chegaram dominando as terras, profetizando sua religião, se relacionando com o
povo (resultando na população mestiça) e, até mesmo, trazendo doenças e
causando epidemias. (FAUSTO, 2006)
As três primeiras décadas posteriores à conquista e à colonização, desde a
chegada de Cabral, foram marcadas por grosseira exploração de recursos naturais,
sendo o pau-brasil recurso de maior notoriedade, sem criação de núcleos de
povoação no litoral, mas com feitorias (postos que representam interesses
político-militares e comerciais da nação). (ZORRAQUINO, 2005)
Com o tempo, a madeira do litoral foi se esgotando, e a Coroa Portuguesa viu
a necessidade de colonizar ainda mais a nova terra, com sua efetiva ocupação,
portanto, Martim Afonso de Sousa embarcou em uma expedição (1530 a 1533), com
o objetivo de patrulhar a costa, explorar a terra e estabelecer a colônia. O então rei
de Portugal, Dom João III, decidiu criar um sistema de Capitanias Hereditárias, que,
além de amenizar as ameaças de países concorrentes, proporcionaria uma forma
mais estável de ocupação. (FAUSTO, 2006; ZORRAQUINO, 2005)
O sistema das Capitanias Hereditárias consistia na divisão do que se
conhecia do Brasil em 15 porções de terra, com limites entre linhas paralelas às do
Equador, que iam do litoral à linha meridional estabelecida pelo Tratado de
Tordesilhas (assinado em 1494, onde Portugal e Castela - atual Espanha - firmaram
um tratado que dividia, de polo a polo, o Oceano Atlântico - e, consequentemente, o
Brasil). Essas terras foram entregues aos capitães-donatários, que eram pessoas de
pequena nobreza, burocratas e comerciantes, com ligação com a Coroa, que
passaram a ter poderes econômicos e administrativos através da posse da terra
(mas não propriedade). (FAUSTO, 2006)
34
Figura 15 - Divisão das Capitanias Hereditárias (e seus donatários)
35
Ao mesmo tempo em que se instalava o governo geral, notícias da existência
de pedras e metais preciosos no sertão eram noticiados pelos nativos, o que
motivou uma expedição para oeste, comandada por Francisco Bruzza de Spinosa,
durante o governo de Duarte da Costa, partindo de Porto Seguro, percorrendo
várzeas de rios como o Pardo e o São Francisco e inaugurando uma série de busca
pelas supostas minas sertanejas. (CHAVES, 2005)
36
Segundo Bellotto (1979), a porção de São Paulo, após a descoberta de ouro
em Minas Gerais, acabou perdendo a sua importância, tendo, inclusive, grande
perda de contingente populacional. Com a transferência da sede para o Rio de
Janeiro e seu restabelecimento como capitania autônoma, São Paulo, que havia
perdido sua atividade aurífera, acabou indo buscar sustento no abastecimento das
minas, no comércio de gado sulino e nas Monções (expedições fluviais).
No governo de Morgado de Mateus, tropas militares, Monções e agricultura
de subsistência asseguravam a economia da capitania paulista, e foi, justamente, no
roteiro da Monções, que se apoiaram as expedições de exploração e conquista da
região da Bacia do Prata, assim como a implantação do sistema de defesa do
Oeste, que será tratado em seguida. (BELLOTTO, 1979)
37
Após a chegada dos espanhóis à América no século XVI, a coroa
portuguesa demonstra interesse em explorar e colonizar as terras da região do Rio
da Prata. Guedes (1997) discorre sobre esse fato.
38
Figura 17 - Mapa das Cortes, 1749
Fonte: Cartografia e Diplomacia do Brasil do século XVIII. Comissão Nacional para Comemorações
dos Descobrimentos Portugueses. Lisboa, 1997
39
2.3.3. Ocupação oeste - Espanhola
2.3.3.1. Colonização
40
Figura 18 - Mapa da rota de Aleixo Garcia
41
cacique Caracará, em 1537 Mendoza e Salazar firmam aliança com o cacique e
Salazar funda o Forte de Nossa Senhora de Assunção. (ESPÍNOLA; QUEVEDO,
s.d).
Nos anos seguintes, os indígenas carijós apresentaram resistência quanto à
presença do forte de Assunção, mas acabaram subjugados pelos espanhóis. A
forma de selar a nova “aliança” foi através do costume nativo de tovaja, ou seja, ao
se casarem com as mulheres indígenas, os espanhóis obtinham também parentes
políticos que lhes serviam nas tarefas domésticas e da terra em troca de defesa
contra seus inimigos. (ESTRAGÓ, 2011)
Ao perceberem que o grande território da cisplatina não possuía de fato
metais preciosos, e que a região que de fato os possuía já havia sido dominada por
Pizarro, os espanhóis se firmaram definitivamente em Assunção e a província do
Paraguai passou a ser utilizada para agricultura. Para tal, precisavam de mão de
obra e, por pressão de seus companheiros conquistadores, ao final de seu mandato
como governador, em 1556, Irala passa a aplicar o sistema de encomiendas já
utilizado pelos espanhóis nas Antilhas. (RIBEIRO, 2020)
42
homens além do trabalho na terra para subsistência e para os encomenderos, que
variava de acordo com o povoado, as oficinas de carpintaria, forja, ourivesaria,
olarias, trapiches de açúcar, entre outros; e às mulheres cabiam os cuidados da
casa, dos filhos, de fiação, tecelagem, buscar lenha e água para a casa. Além disso,
durante o período em que os homens trabalhavam para os encomenderos, as
mulheres deviam ajudar no cuidado da terra durante a época de plantio e colheita
para a subsistência do povoado. (ESTRAGÓ, 2011)
Em 1592 a região do Paraguai teve pela primeira vez um adelantado nascido
na América e escolhido via voto, Hernando Arias de Saavedra, mais conhecido
como Hernandarias, que se destacou por sua política de proteção aos indígenas,
indo contra as tradições das encomiendas, e por conseguir a autorização do rei para
a instalação de reduções pelos jesuítas (CABALLOS, s.d)
Com isso pretendia dar um refúgio seguro aos índios que estavam
morrendo nas incursões dos bandeirantes portugueses. O Rei autorizou e
em menos de vinte anos foram erguidas treze reduções indígenas na
província do Guairá que agruparam mais de cem mil indígenas. Anos
depois, devido aos contínuos ataques dos traficantes de escravos
portugueses, esses assentamentos tiveram que ser transferidos para o local
da futura província argentina de Misiones. (CABALLOS, s.d, tradução dos
autores)
43
Figura 19 - Mapa de 1703 de Guillaume Delisle retratando a extensão do Paraguai, Chile e
Terra de Magalhães (Argentina)
Vale constar que em 1580 começou a União Ibérica, ou seja, união das
coroas da Espanha e de Portugal sob um mesmo monarca, que durou 60 anos.
Durante este período, a divisão do território das colônias foi suspensa, o projeto
expansionista espanhol perdeu forças e as incursões portuguesas saíram da
clandestinidade. Neste intervalo, em 1629 houve a mais violenta das bandeiras
encabeçada por Antônio Raposo Tavares, na qual milhares de indígenas guaranis
foram capturados; as várias campanhas de Tavares acabaram por destruir as
44
reduções do Guairá, inclusive as vilas espanholas de Ciudad Real e Villa Rica, em
1633. (ESTRAGÓ, 2011)
A porção sul do atual Mato Grosso do Sul era anteriormente chamada de
região de Itatim, devido a um dos povos indígenas que a habitavam. Apesar de as
excursões de Aleixo Garcia e Domingo Martínez de Irala terem atravessado este
território, não fixaram assentamento e por muito tempo foi objeto de disputa entre os
espanhóis e os portugueses apenas como lugar de passagem e de catequese.
Mesmo a cidade de Santiago de Xerez e as encomiendas distribuídas ao seu redor
demoraram a sair do papel e foram fixadas na transferência de 1599 para “as
proximidades do rio Monterey, na região compreendida entre os rios Aquidauana e
Miranda. Os Guarani do Itatim viviam perto, mas não no mesmo povoado”.
(CHAMORRO; COMBÈS, 2015)
Os Itatim estavam entre os primeiros grupos indígenas a serem contatados
pelos espanhóis, através das tentativas de catequização de Bolaños rio Paraguai
acima em 1579, mas por se localizarem a mais de 400km de Assunção,
conseguiram manter seus costumes e sua liberdade por mais tempo. Das reduções
instaladas pelos franciscanos, a que se localizava no atual Mato Grosso do Sul foi a
de Perico, integrada pela população não guaraní dos indígenas Ñuara e fundada
aproximadamente em 1582. (CHAMORRO; COMBÈS, 2015)
Os jesuítas, no entanto, tiveram sucesso em estabelecer suas reduções na
região após 1630, pois estas se apresentavam como “refúgios” para os indígenas
que fugiam tanto dos encomenderos, apoiados pelos franciscanos e pelo povoado
de Santiago de Xerez, quanto dos bandeirantes paulistas que assolaram a região do
Guairá. (CHAMORRO; COMBÈS, 2015)
45
Itatins reduzidos após perceberem que os padres “além de prejudicar a liderança
tradicional indígena, não impedia a invasão dos bandeirantes”, de forma que o
controle dos jesuítas na região durou menos de três décadas, e o foi “de maneira
descontínua e em número provavelmente insignificante frente à população que
permaneceu fora das reduções”. (CHAMORRO; COMBÈS, 2015)
46
As revoltas comuneras, ocorridas entre 1717 e 1735 tiveram início por
embates políticos entre as elites paraguaias por poder e pela supremacia na venda
de erva mate, mas em sua segunda fase, acabaram se tornando um levante popular
que clamavam pela expulsão dos jesuítas, a quem acusavam de não seguir as leis
de comércio de erva mate, culpavam pela pobreza por não permitir a encomienda
dos indígenas sob sua proteção, e se ressentiam por ocuparem grandes partes de
terra; também se revoltaram contra os abusos do vicerrei e da própria Coroa. Apesar
dos levantes dos crioulos comuneros terem fracassado, o rei Carlos III da Espanha
acabou por assinar em 1767 a expulsão da ordem dos jesuítas. (TELESCA, 2011)
Estas revoltas, entretanto, não influenciaram nem no fortalecimento das
fronteiras e nem no nível de vida da população geral, pois se estavam todos
“apertados”, isso se dava mais pelos avanços dos indígenas, pois
Além disso, os homens costumavam passar mais tempo nos ervais e nas
guarnições do que em suas terras. No intervalo de seu governo, de 1740 a 1747,
Rafael de la Moneda começou a intensificação do controle fronteiriço, adicionando
mais 8 fortes além dos 11 já existentes, além de um povoado que se consistia
“exclusivamente com população parda livre, para servir de parapeito às incursões,
sobretudo, dos mbayás. Seu nome era bastante revelador: Emboscada ou Cambá
retã (lugar dos negros, em guarani)”. (TELESCA, 2011)
Em 1761, o Paraguai não jesuítico incluía menos de 50% do total dos
habitantes da província. Desta população, a maioria vivia “esparramada pelos
campos”. Fora de Assunção, havia apenas outras duas cidades, Villa Rica (hoje
Villarrica) e Curuguaty. A ocupação do território foi se dando pela outorga de mais
mercedes, sendo que no período de 1741 a 1771, 258 porções de terra foram
distribuídas, com foco em povoar a zona das Cordilheiras após a fundação de
Emboscada.
Assim como Rafael de la Moneda estabeleceu um marco fronteiriço
com a fundação de Emboscada, San Just fez o mesmo com o
estabelecimento, em 1760, da missão de Belén, às margens do rio Ypané,
que acolheu os indígenas Mbayá no comando da companhia de Jesus.
47
Embora não envolvesse uma população espanhola, representou
posteriormente o ponto de partida para a reconquista da zona norte, desde
o Manduvirá até o rio Apa. (TELESCA, 2011, p. 117, tradução dos autores)
Figura 20 - Mudança na densidade populacional e no território paraguaio ocupado entre 1740 e 1790
48
As raízes da Guerra do Paraguai, que remontam a uma história de rivalidades
e malquerenças entre Brasil e Paraguai que se estendia por mais de três séculos,
principalmente relacionadas à questão de limites que Portugal e Espanha não
conseguiram resolver. O abandono da região sudoeste do Mato Grosso após a
destruição do Forte de Iguatemi agravou a situação. Em 1864, o governo paraguaio
aprisionou o Vapor Marques de Olinda, levando ao rompimento das relações com o
Brasil e à invasão do Mato Grosso pelo Paraguai. Seis meses depois, foi assinado o
Tratado da Tríplice Aliança, pelo qual Brasil, Argentina e Uruguai uniram-se contra o
Paraguai. A guerra durou quase seis anos e terminou com a morte de Solano Lopes.
O Tratado de Paz e Amizade Perpétua e de Limites entre Brasil e Paraguai só foi
assinado em 1872.(SOBRINHO, 2009).
Durante o período em que o Tratado de Madrid estava em vigor, as
comissões de limites não conseguiram chegar a um acordo sobre a localização do
Rio Igurei, que deveria fixar a fronteira entre Paraguai e Brasil. Felix de Azara, Chefe
da Comissão Demarcadora da fronteira estabelecida pelo Tratado de Santo
Ildefonso, sugeriu que o verdadeiro nome do rio Ivinhema seria Yaguarey, nome de
origem guarani de onde foram retiradas as duas vogais "a", ficando Igurey. Isso
gerou divergências entre a sub-comissão portuguesa e a hipótese foi rebatida com
forte argumentação pelo governador da Capitania que integrava a sub-comissão
portuguesa.(SOBRINHO, 2009).
Os desacordos entre as comissões de limites tornaram a tarefa de
demarcação difícil e sem sucesso. Após a Guerra do Paraguai, foi criada a
Comissão Mista de Limites Brasil/Paraguai para traçar a linha de fronteira entre os
dois países, e o Brasil cedeu ao Paraguai a parte onde o Rio Igurei era ponto de
referência, do lado direito do Rio Paraná, passando a ser esse ponto o Salto Grande
do Sete Quedas. Os trabalhos de demarcação foram iniciados em 1872, e a equipe
do Brasil foi coordenada pelo Visconde de Maracajú.(SOBRINHO, 2009).
Uma comparação entre os tratados de 1750 a 1872 não indica que a região
onde se localiza Amambai tenha alguma vez pertencido ao Paraguai. Desde o
Tratado de Madrid, Amambai pertencia aos domínios portugueses e brasileiros.
(SOBRINHO, 2009).
Thomaz Larangeira foi responsável pelo abastecimento de alimentos para os
trabalhadores da Comissão de Limites, o que o levou a percorrer uma vasta área
nas bacias dos rios Amambai e Iguatemi, onde descobriu grandes ervais nativos.
49
Após o término dos trabalhos da Comissão, ele permaneceu na região e iniciou a
extração de erva-mate em pequena escala, utilizando os caminhos abertos pelos
trabalhadores da Comissão. Com o sucesso do negócio, Larangeira buscou
autorização do governo para continuar, e em 1879 apresentou uma proposta de
arrendamento das terras onde se localizavam os ervais, que foi favoravelmente
recebida pelo então Governador da Província, Rufino Galvão, com quem trabalhou
na Comissão de Limites.(SOBRINHO, 2009).
Em 09 de dezembro de 1882 com o Decreto no 8799 o Governo Imperial
autoriza Laranjeira a colher erva-mate na Província de Mato Grosso, pelo prazo de
10 anos. (SOBRINHO, 2009).
Thomaz Larangeira obteve autorização para explorar os ervais da região de
Mato Grosso em 1880 e, em 1883, criou o primeiro arranchamento em Rio Verde.
Com o sucesso da atividade ervateira, Larangeira prorrogou o prazo do
arrendamento e aumentou a área de concessão. Ele também organizou a
Companhia Matte Laranjeira em 1891 para conduzir os negócios da erva-mate como
pessoa jurídica.
A concorrência pública para o arrendamento dos ervais entre o Rio Iguatemi e
o Paraná foi vencida pelo Banco Rio Mato Grosso em 1893, e a área foi transferida
para a Companhia Matte Laranjeira. A Companhia passou por uma transformação
em 1902 e transferiu o controle acionário ao capital estrangeiro com a constituição
da Sociedade "Larangeira Mendes & Cia". O povoamento da região foi formado por
indígenas, paraguaios e sul-rio-grandenses que vieram para trabalhar nos ervais e
pensar na agricultura e na posse da terra. (SOBRINHO, 2009).
50
Além disso, há também trabalhadores que atuam no comércio local e em uma
variedade de serviços (IBGE, 2010).
A agricultura desempenha um papel significativo na economia de Paranhos,
destacando-se a produção de culturas como soja, milho, mandioca e feijão. A
pecuária bovina também possui uma presença importante na região, com a criação
de gado para corte e leite. A cidade conta com cooperativas agrícolas e
agroindústrias que contribuem para o desenvolvimento econômico local
(PREFEITURA DE PARANHOS, 2023).
Paranhos é uma cidade com uma rica diversidade cultural, influenciada
principalmente pela presença de diferentes grupos étnicos e pela herança indígena.
A cultura indígena tem uma representatividade marcante na região, com destaque
para a etnia Guarani-Kaiowá. Festas tradicionais, como o Toré (ritual indígena) e a
Festa do Peão de Boiadeiro, fazem parte do calendário cultural da cidade,
enriquecendo a vida dos seus habitantes (BARBIERO, 2018).
A cidade de Paranhos, localizada no estado do Mato Grosso do Sul, tem uma
história marcada pela ocupação indígena e pelo processo de colonização na região
(BARBIERO, 2018). Antes da chegada dos colonizadores europeus, a região onde
hoje está Paranhos era habitada por diversas etnias indígenas, com destaque para
os Guarani-Kaiowá. Os indígenas ocupavam e utilizavam o território de maneira
sustentável, estabelecendo suas aldeias e vivendo em harmonia com a natureza
(BARBIERO, 2018).
Com a expansão das fronteiras do Brasil durante o período colonial, a região
passou a ser alvo de interesse dos colonizadores. A partir do século XIX, a presença
dos brancos na área se intensificou, com a chegada de exploradores, bandeirantes e
fazendeiros em busca de terras férteis e recursos naturais (BARBIERO, 2018).
A colonização efetiva da região onde se encontra Paranhos ocorreu no início
do século XX, com a instalação de fazendas e a abertura de estradas de acesso. A
área foi oficialmente elevada a distrito em 1921, pertencendo ao município de Ponta
Porã (BARBIERO, 2018).
No entanto, o município de Paranhos foi criado somente em 1980,
desmembrando-se de Ponta Porã. O nome "Paranhos" é uma homenagem ao
político brasileiro José Maria da Silva Paranhos Júnior, mais conhecido como Barão
do Rio Branco, que foi uma importante figura na diplomacia brasileira e teve
participação decisiva na definição das fronteiras do Brasil (BARBIERO,2018).
51
Ao longo de sua história, Paranhos enfrentou desafios como conflitos
territoriais, disputas pela posse de terras e questões relacionadas aos direitos
indígenas. A cidade preserva até hoje uma forte influência da cultura indígena, com
a presença e participação ativa das comunidades Guarani-Kaiowá em suas
tradições e festividades (BARBIERO ,2018).
Atualmente, Paranhos se destaca como um município agrícola e pecuarista,
com uma economia baseada principalmente na agricultura de grãos, na produção de
leite e na criação de gado. A cidade busca conciliar o desenvolvimento econômico
com a preservação ambiental e a valorização da cultura local, promovendo a
inclusão e o respeito aos direitos dos povos indígenas.
52
Figura 21 - Localização da disputa de território durante a guerra do Paraguai
53
A guerra teve início quando o presidente paraguaio Francisco Solano López,
motivado por ambições territoriais e conflitos diplomáticos, decidiu invadir o Brasil.
As hostilidades se estenderam rapidamente, e o Paraguai acabou lutando contra os
três países vizinhos. O conflito foi marcado por intensos combates e um alto custo
humano. O Paraguai, com um exército mal equipado e com recursos limitados,
enfrentou uma luta desigual contra as forças militares da aliança. O país sofreu
graves perdas humanas e de infraestrutura.
As batalhas mais notáveis da guerra incluem a Batalha de Tuiuti, a Batalha de
Curupaiti e a Batalha de Cerro Corá. Esses confrontos testemunharam estratégias
militares avançadas e um grande número de baixas de ambos os lados. A guerra
teve consequências profundas para todos os países envolvidos. O Paraguai, em
particular, sofreu enormes perdas populacionais, com estimativas de que a maioria
da população masculina adulta tenha sido morta durante o conflito. Além disso, o
país enfrentou uma devastação econômica e social que levou décadas para ser
superada.
O Brasil, por sua vez, consolidou sua posição como potência regional e
ampliou seu território ao conquistar áreas do Paraguai. A Argentina também obteve
ganhos territoriais e o Uruguai viu seu território preservado.A Guerra do Paraguai
teve impactos duradouros na história e na identidade dos países envolvidos. No
Paraguai, o conflito é lembrado como uma tragédia nacional, e suas consequências
moldaram o curso do desenvolvimento do país. Nos outros países, a guerra foi um
elemento importante na consolidação de suas identidades nacionais e na redefinição
das relações regionais.
A Guerra do Paraguai deixou um legado complexo e é um tema de estudo e
reflexão até os dias de hoje. Ela revela as dinâmicas e desafios enfrentados pelos
países sul-americanos na busca por poder, território e identidade ao longo do século
XIX.
55
familiar ou político com os acusados de traição à pátria, conforme relatos de
Madame Lassare:
56
2.6. As fortificações
57
o Tratado de Vitrúvio não trate especificamente das torres romanas fortificadas, ele
fornece princípios arquitetônicos e conhecimentos gerais que podem ser aplicados
ao planejamento e construção dessas estruturas defensivas. De acordo com o
estudo de Vellozo (2005), a utilização de fossos nas praças fortificadas demonstrou
um avanço significativo na arquitetura das fortificações, proporcionando maior
segurança e controle estratégico, pois dispunha de obstáculos que dificultava o
acesso do inimigo até as torres. As torres mais altas também demonstraram uma
mudança na estratégia de combate, pois permitia que os atacantes pudessem
visualizar melhor onde iriam atacar.
Com o advento do Renascimento, a arquitetura das fortificações passou por
transformações. Castro (2016), mostra que as fortificações militares apresentam
características arquitetônicas com traços retos, e geométricos, o autor destaca a
influência do pensamento renascentista na concepção e projeto das fortificações,
com uma maior ênfase na estética e no equilíbrio entre forma e função. Na figura
abaixo, pode ser visualizado um esquema de flanqueamento em um castelo.
58
militar, as fortificações evoluíram para se adaptar às novas ameaças e estratégias
de combate.
59
espaço no exterior das praças. Os baluartes, em particular, são características
marcantes da arquitetura de fortificação da Praça de Elvas. Essas estruturas em
formato de estrela permitem uma melhor distribuição das forças defensivas e um
amplo campo de visão para monitorar e proteger os arredores. Além disso, os
baluartes ofereciam plataformas para artilharia, permitindo o uso efetivo de canhões
para repelir ataques inimigos. (ROCHA, 2018)
Figura 25 - Planta da Praça de Elvas e seus contornos/ Miguel Luiz Jacob, 1710-1771
60
que não houve influências culturais e arquitetônicas remanescentes da época, o
autor enfatiza que os primeiros colonizadores portugueses que chegaram ao Brasil
traziam consigo uma forte herança cultural do medieval relacionada principalmente
às tradições e costumes, incluindo as festas religiosas populares do interior do país.
Através disso, é possível compreender a importância da relação entre forma e
função na concepção das fortificações, bem como a necessidade de incorporar
novas tecnologias e materiais para garantir sua eficácia defensiva, em que
trouxeram elementos importantes para a arquitetura, com avanços tecnológicos e
novas técnicas na construção.
61
fortificações que foram construídas. Trata-se, sobretudo, da Fortaleza de São José
do Macapá (AMAPÁ - AP), o Forte Príncipe da Beira (RONDÔNIA – RO) e o Forte
de Coimbra (CORUMBÁ - MS) e Presídio de Miranda (MIRANDA-MS) e do Forte de
Iguatemi (PARANHOS - MS), objeto principal deste trabalho.
Com o objetivo de demarcar a fronteira luso-espanhola com os acordos do
Tratado de Madrid, foi criada uma comissão demarcatória em território
mato-grossense e que tinha como principais comissários o engenheiro militar,
cartógrafo, arquiteto, geógrafo e administrador colonial do século XVIII do lado
Português José Custódio de Sá e Faria (inclusive foi Governador da Capitania do
Rio grande do Sul e teve atuações relevantes na parceria entre os Governadores
das Capitanias do Rio de Janeiro e São Paulo, nas questões da instalação do Forte
de Iguatemi que serão melhor analisadas no próximo capítulo), e não menos
importante pela parte espanhola, Manuel Antônio de Flores.
O que se observa nessas fortificações citadas acima é que todas possuem
uma tipologia da arquitetura Militar Moderna, ou seja, todas com as balaustradas e
elementos bélicos dessa nova arquitetura e, sobretudo, sob orientação de Marquês
de Pombal.
A Fortaleza de São José do Macapá – Amapá - AP (Fig. 26) está localizada à
esquerda do rio Amazonas, nas proximidades da antiga Província dos Tucujus, onde
hoje em dia, conhecemos como a cidade de Macapá, no estado do Amapá, no
Brasil. Seu propósito era defender a Amazônia, foi desenvolvido por Marquês de
Pombal, as suas dimensões são próximas às do Real Forte Príncipe da Beira, no
qual seu projeto foi inspirado.
62
Figura 26 - Fortaleza de São José do Macapá (MACAPÁ - AP)
O Real Forte Príncipe da Beira (RONDÔNIA – RO) (Fig. 27) está localizado
na margem direita do rio Guaporé, hoje município de Costa Marques, em Rondônia,
Brasil. Foi construído a partir de abril de 1775, para defender o País, na fronteira
com a Bolívia, da ofensiva dos espanhóis. Ele se impôs pela estrutura e posição
estratégica. É apontada como a maior edificação militar portuguesa no Brasil
Colonial e fora da Europa.
63
Figura 27 - O Forte Príncipe da Beira (RONDÔNIA - RO)
64
Enquanto o Forte de Miranda (MIRANDA-MS) (Fig. 29) localizava-se
no Presídio de Miranda, à margem direita do rio M'boteteí, o atual rio Miranda.
Na área que hoje se situa a cidade de Miranda, no estado de Mato Grosso do
Sul, no Brasil. Fundado em 1797 pelo governador e capitão-general da
capitania de Mato Grosso, Caetano Pinto de Miranda Montenegro.
Figura 29 - Presídio de Miranda (MIRANDA - MS).
E por último o Forte de Nossa Senhora dos Prazeres do Iguatemi (Fig. 30),
que será tratado com mais detalhes no tópico a seguir (2.7.1).
Figura 30 - Forte Nossa Senhora dos Prazeres do Iguatemi.
65
2.7.1. O Forte do Iguatemi
66
nomeação enquanto Governador da capitania de São Paulo, cuja planta deste forte
já estaria antecipadamente planejada. O fato é que Morgado de Mateus
demonstrava uma certa obsessão para cumprir a missão de defender-se dos
Castelhanos pelo Rio Iguatemi, em detrimento das investidas contra os espanhóis
no Sul, o que causaria um desapontamento da Corte, culminando no início de sua
queda como Governador desta Capitania.
Outro fato é justamente em relação aos desenhos das plantas que definiam o
projeto da Praça do Iguatemi, pois, José Custódio em 1774/1775 elabora uma planta
diferente da anterior, talvez pela inviabilidade de construir um forte naquela região.
(Fig. 31).
A falta de respostas da corte e também da praça do Iguatemi quanto aos
próximos passos na atuação de Morgado de Mateus relacionavam-se à expectativa
de notícias da Península Ibérica no tocante às relações de Portugal e Espanha, de
modo que as relações aqui na América não interferissem nos interesses de paz
entre os dois países.
Figura 31 -: Demonstração do terreno imediato à Praça N.S. dos Prazeres do Rio Ygatemi.
67
entanto, as tratativas foram muito amenas já que as relações entre Portugal e
Espanha estavam em bom termo, apesar de Morgado de Mateus ter convicção da
jurisdição Portuguesa na região. Certamente, somava-se à pressão espanhola a
dificuldade da manutenção das pessoas e da estrutura do Forte em lugar tão ermo.
Além da deserção, ainda ameaçavam o bom andamento do presídio de
Nossa Senhora dos Prazeres, os descontentamentos, dos quais participavam tanto
soldados como povoadores, embora não chegassem propriamente em motins. As
condições eram realmente árduas. A lavoura viu-se constantemente prejudicada
pelas chuvas. As epidemias causavam muitas baixas. E havia, em meio a isso, os
ânimos exaltados de alguns, que facilmente convenciam os mais revoltados.
(BERLLOTTO, 1979, p. 146).
Muitas foram as investidas e preocupação em manter o Presídio do Iguatemi
das dificuldades citadas. Uma das orientações dos Serviços Ultramarinos através do
Secretário Martinho Mello e Castro diante das condições do Presídio, foi a de
mandar José Custódio para relatar as reais condições do Iguatemi desde 1771, além
de fortificar, treinar a tropa local para defesa e táticas de ataques e emboscadas,
sendo esta averiguação feita apenas em 1774/1775, justamente quando este
engenheiro faz o desenho da Planta do Iguatemi. Nos desenhos de José Custódio,
pode-se constatar que realmente havia dentro dos muros da fortificação
arruamentos e características de uma Vila: algumas ruas com edifícios como o
quartel do Governador, Casa da Fazenda Real, Quartel das Tropas, Igreja, Câmara
e Corpo de Guarda. Essas características arquitetônicas já definem os sistemas das
fortificações modernas que estavam acontecendo na Europa e já assimiladas pelos
engenheiros militares de Portugal com os baluartes e as vilas no interior. (Fig. 32)
68
Fonte: JUZARTE, Plano em Borrão, 1769. p. 55
69
Fonte: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Disponível em:
<https://drive.google.com/file/d/12V4pn2Faaw8lOrpQWqyHiDqWRxDstc4S/view?usp=sharing>.
Acesso em: out. 2022.
70
Esta expedição, que demorou mais de dois meses para chegar ao destino
determinado, era composta por mais de setecentas pessoas, compostas de homens,
mulheres, rapazes, crianças e soldados, além de animais e mantimentos que nem
sempre eram suficientes para todos.
Ao fim de 1772, a determinação da área central era que Morgado de Mateus
renunciasse e abandonasse seus propósitos na Praça do Iguatemi e que a força
militar da Capitania de São Paulo se juntasse às do Rio de Janeiro e de José
Custódio para defender o Sul, contra a vontade de Morgado de Mateus que insistia
da importância estratégica da Praça Iguatemi perante a corte. Assim, através do
decreto de 9 de junho de 1774, a corte designou seu sucessor Martim Lopes Lobo
de Saldanha, que foi muito crítico dos esforços de seu antecessor, oposição essa
que teve reflexos em Iguatemi.
O fracasso dessa investida foi confirmado com a pressão da Coroa em
abandonar a Praça do Iguatemi e a Fortificação foi invadida pelos castelhanos. A
povoação foi incendiada e os espanhóis se retiraram em seguida. A artilharia
capturada demonstrou a fragilidade da fortificação, incapaz de responder seu
propósito de defesa territorial.
Foi também comprovado que o Forte de Nossa Senhora dos Prazeres do
Iguatemi, está localizado no Município de Paranhos-MS, a margem direita do Rio
Iguatemi, no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil, território pertencente à Aldeia
Indígena Ivykuarusu Takuaraty (Paraguassu). (Fig. 34).
71
Fonte: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, s/d. Disponível em: <
https://drive.google.com/file/d/1LdwZ9pjtJEVcqp39mj1BiowUqMS-R1jv/view?usp=sharing>. Acesso
em: out. 2022.
72
Figura 35 - Carta XIII.
Fonte: In: “Diário e Planos do Caminho que da cidade da Assumpção do Rio Paraguay se
dirige the o passo do Rio Yguatemy, oferecidos ao Ill mo. e Exmo. S. D. Luiz Antonio de Souza
Botelho do Cons. De S. Mag. Governador & Capam. General da Capitania de São Paulo”. Autor:
Engenheiro José de Custódio Sá e Faria. Data: 1754. Dimensão:34 X 22 cm. Biblioteca Municipal
Mário de Andrade – São Paulo.
73
Figura 36 - Croqui das obras do Forte do Iguatemi, 1768.
Figura 37 - Planta da villa de Nossa Senhora dos Prazeres na paragem da fortaleza dos campos das
Lages..., 1769.
74
Figura 38 - [JUZARTE, Teotônio José]. Planta da Praça de N. Sra dos Prazeres do Rio Guatemy...,
1769.
75
Figura 39 - SÁ E FARIA, José Custódio de. [Implantação da Praça de Nossa Senhora dos Prazeres],
1774-1775.
Figura 40 - SÁ E FARIA, José Custódio de. [Planta da Praça de Nossa Senhora dos Prazeres],
1774-1775.
76
Figura 41 - SÁ E FARIA, José Custódio de. [Plantas da Praça de Nossa Senhora dos Prazeres],
1774-1775.
Figuras 42 e 43: Praça de N. Sra. dos Prazeres do mesmo Rio. Yguatemy, 1774.
77
Fonte: Engenheiro José Custódio de Sá e Faria. Dimensão: 34,0 x 22,5 cm. Mapoteca do Itamaraty –
Rio de Janeiro.
Figura 43 - "Demonstração de huã porção do Rio Ygatemy, Lugar da Fortaleza de N. S.ra dos
Prazeres, passo da Cordilheira de Maracayu, passo dos Castelhanos, & dos Indios Cavaleiros".
Fonte: José Custódio de Sá e Faria. Fonte: Original manuscrito pertencente ao códice "Cartas
Topográficas do Continente do Sul e Parte Meridional da America Portugueza" da Biblioteca Nacional,
Rio de Janeiro.
78
Figura 44 - Planta da Praça de Nossa Senhora dos Prazeres, s/d.
79
4. Levantamento topográfico (georreferenciado)
80
É reconhecido que uma das mais importantes maneiras de se efetivar essa
difusão cultural é por meio de instalações físicas que garantam algo permanente
para visitação. Ou seja, de edifícios para fins culturais. No caso, considerando-se
que se trata de um município de pequeno porte e carente, parece adequado num
primeiro momento, que se construa um pórtico de entrada na cidade que impactasse
de maneira inevitável a todos que adentram a cidade, inclusive o visitante que
poderá se interessar por conhecer a história e a própria cidade. Adicionalmente,
reconhece-se o atual potencial de uso dessa entrada como área de lazer, muitas
pessoas a usam dessa maneira, o que enseja uma pequena adequação dessa área
para esse fim, trazendo segurança e cultura ao usuário.
E de modo complementar, aprofundando aquilo que se anuncia no pórtico,
seria construído um edifício como memorial dessa história. Esse edifício seria
construído junto ao Parque Ecológico Clovis Bronzim onde se encontra a nascente
do Rio Destino, que indica ser a área mais adequada para a localização do Memorial
em função de sua beleza natural, de sua proximidade com o centro cívico e
comercial da cidade e do reconhecimento e apropriação como espaço privilegiado
para o lazer dos munícipes. Ainda cabe ressaltar seu potencial ainda não explorado
em sua continuidade ao longo do Rio Destino e que pode possibilitar uma
infraestrutura de passeio ligando o parque ao pórtico.
Nesse memorial teriam salas temáticas sobre alguns períodos mais
significativos dessa história numa visitação sequencial e didática. Também incluiria
um auditório para diversas finalidades como palestras, debates, apresentações
culturais e mesmo de audiovisuais como conclusão das visitações.
Inclui, ainda, a possibilidade de eventos externos ao memorial por meio da
utilização da área aberta em que deverá estar implantado. A ideia é ter um térreo
livre e coberto que se expande para uma área descoberta com aproveitamento do
desnível natural existente na área de modo a se formar uma plateia nesse desnível.
Portanto, terá um térreo aberto e coberto onde poderão ser feitas atividades
transitórias, poderá abrigar um palco aberto e, em uma parte fechada, o auditório.
Outras formas de divulgação se conectam a essas que envolvem
infraestruturas. Imagina-se, por exemplo, a visitação de estudantes incluindo
palestras e audiovisuais, e também outras possibilidades como exibição de filmes e
apresentações musicais até mesmo pequenas encenações. Ou seja, um espaço
cultural para a cidade.
81
Tal tipo de infraestrutura inevitavelmente se tornaria uma referência
fundamental para a cidade catalisando todo um processo de autorreconhecimento e
de consolidação da identidade das comunidades locais.
A viabilização dessa atividade de planejamento e projeto arquitetônico seria,
portanto, outro projeto de extensão envolvendo a UFMS em parceria com outras
instituições que viabilizariam a concretização desses projetos. Inclui a Prefeitura de
Paranhos, a FAPEC - Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura, ligada
à UFMS, Fundect - Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e
Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul, Caixa Econômica Federal, entre
outros interessados.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Paulo, 2006.
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