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APRECIAÇÃO DAS ÁGUAS DE REGA

Informação adaptada de:


Costa, A.S.V. & Faria, T. (1999) Apreciação de águas de rega. Notas sobre a classificação e medidas
aconselhadas no uso das águas com diversos graus de restrição ao uso continuado. INIA, LQARS, Lisboa,
14p.
1. - APRECIAÇÃO GERAL
A apreciação da aptidão de uma água para rega é habitualmente feita em função dos problemas que do seu uso
continuado poderão resultar para os solos ou para as plantas, problemas esses susceptíveis de ser previstos a
partir dos resultados da sua análise. Tal apreciação poderá fazer-se numa escala de três graus de restrição:
 GRAU 1 – água sem quaisquer restrições para uso na rega
 GRAU 2 - água com restrições ligeiras a moderadas
 GRAU 3 - água com restrições severas
Os problemas originados pela utilização continuada de águas de rega classificadas com os graus 2 e 3, poderão
ser devidos aos efeitos desfavoráveis sobre a salinidade ou a permeabilidade do solo, à toxicidade provocada
por alguns elementos veiculados pelas águas ou a outros factores.
A gravidade desses problemas varia não apenas com a composição da água, mas, também, com as
características do solo e o tipo de cultura.
 Quando se utilizam águas correspondentes ao grau 1, sem restrições, não haverá que recear
problemas para as culturas ou o solo.
 No caso de águas classificadas com grau 2, restrições ligeiras a moderadas, há necessidade de um
cuidado gradualmente maior na selecção das culturas e práticas culturais para alcançar produções
máximas.
 O uso da água de grau 3 acarretará a aparição de problemas mais ou menos graves a nível do solo e
das culturas. A sua utilização só poderá fazer-se com uma selecção criteriosa das culturas e com
práticas culturais adequadas.
A chave do êxito para a utilização de águas menos próprias é a realização de regas com dotações e frequência
adequadas a par da adopção de práticas agronómicas consideradas correctas, como o cultivo em curvas de nível
ou nivelamento do solo (casos dos sistemas de rega por alagamento) controlo da erosão, manutenção de uma
estrutura adequada (ter em atenção as mobilizações, rotações de culturas, correcções do pH e aplicações de
matéria orgânica).

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2. - pH ANORMAL
1 – O valor normal nas águas de rega varia entre entre 6,5 e 8,4. Águas com valores anormais podem criar
desequilíbrios de nutrição nas plantas ou conter iões tóxicos.
2 – As águas com baixa salinidade (condutividade eléctrica  0,2 mS/cm) apresentam por vezes valores
anormais de pH. Estas águas originam poucos problemas no solo, apresentando como inconveniente serem
fortemente corrosivas dos equipamentos metálicos.
3 – A descida ou subida do pH de uma água de rega é relativamente fácil de conseguir em sistemas de rega de
gota-a-gota, uma vez que bastam algumas gotas de um ácido forte ou base (por exemplo leite de cal) para o
conseguir, uma vez que a água não apresenta nenhum poder tampão. A descida ou subida pode ser facilmente
controlada com fitas indicadoras de pH ou outros sistemas mais rigorosos, mas muito mais caros. A análise
indicará o número de unidades de pH (ou décimas de unidade) que será necessário baixar ou subir.

3. - CONDUTIVIDADE ELÉCTRICA ELEVADA


1 - Os sais do solo e da água, quando em excesso, são prejudiciais às culturas, causando quebras mais ou menos
acentuadas na sua produção. Este facto resulta de as plantas não conseguirem absorver água do solo, mesmo que
este se encontre húmido, devido à elevada pressão osmótica da solução do solo. As plantas apresentam, nestes
casos, sinais de sede, não sendo capazes de atingir as produções máximas que seria de esperar noutras
condições.
2 - A acumulação de sais no solo é muitas vezes devida à utilização continuada de águas de rega com elevados
teores de sais, associada a praticas culturais inadequadas a este tipo de situação. A deficiente drenagem do solo,
aplicação excessiva de fertilizantes (recorde-se que mesmo os estrumes podem deixar no solo até cerca de 10%
do seu peso seco em sais) são as causas mais frequentes da salinidade dos solos cultivados. A aplicação
excessiva de sais é, provavelmente, a causa mais frequente da salinidade nas culturas protegidas.
3 – Não sendo possível fazer misturas de águas de modo a baixar a sua salinidade, as técnicas mais adequadas
para o uso de águas com salinidade moderada a elevada, para além do uso de culturas pouco sensíveis aos sais,
consistem na utilização de dotações de água de rega que impeçam a sua acumulação no solo. Na prática, tal
situação consegue-se com dotações de água superiores às necessidades das culturas em 10 a 30 %, valor
denominado taxa de lixiviação. Para que a aplicação daquelas dotações de água sejam eficazes, é necessário
que o solo apresente boa drenagem, de modo que os sais não se acumulem no perfil do solo explorado pelas
raízes.
4 - Os métodos de rega localizados, tipo gota-a-gota, são mais eficazes na utilização de águas de condutividade
elevada que os métodos de rega clássicos, uma vez que, mantendo o solo sempre húmido na zona dos
gotejadores, apresentam nessa zona condutividades eléctricas equivalentes às da água de rega. A médio prazo
podem apresentar, no entanto, problemas graves devido à acumulação de sais que se verifica nas zonas
envolventes do bolbo húmido.
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5 – No caso de se praticar a fertirrega isto é, a aplicação de fertilizantes através da água de rega, é necessário
ter em conta a condutividade da água, de modo que a soma dos sais da água com os do adubo não conduza a
condutividades ainda mais perigosas. Em termos práticos pode considerar-se que 0,65 g/l de um sal solúvel
originam uma condutividade eléctrica de 1 mS/cm. Ter em atenção que há sais que originam valores de
condutividade mais baixos e outros mais elevados.
6 – A aplicação de 2 g/l de alguns adubos solúveis a uma água de rega que apresente uma condutividade
eléctrica inicial de 1 mS/cm, conduzirá a uma condutividade final de cerca de 4 mS/cm, valor excessivo para
muitas culturas.
7 – Sendo a lavagem de sais a técnica mais adequada para controlo da salinidade do solo, é importante que este
seja defendido da erosão, de modo a permitir que a água das chuvas do período Outono/Inverno se infiltre e
provoque a lavagem do excesso de sais. A manutenção de uma boa estrutura é igualmente fundamental,
recordando-se que as aplicações de matéria orgânica apresentam enormes vantagens nestes casos: melhoram a
estrutura do solo, permitem uma melhor infiltração da água, evitam ou diminuem as escorrências superficiais.
8 – Será conveniente proceder periodicamente à determinação da condutividade eléctrica do solo sempre que se
utilizam águas de condutividade moderada a elevada. As amostras deverão ser colhidas em todo o perfil
cultural, podendo-se avaliar, deste modo, a zona em que se verificam as acumulações de sais. Nos casos mais
graves deverão ser solicitadas análises mais completas, no extracto de saturação do solo, com determinação da
condutividade eléctrica, bases de troca e grau de saturação em sódio, nomeadamente se a água contiver teores
moderados a altos neste elemento.
9 – Águas com baixas condutividades podem apresentar problemas relacionados com a infiltração de água no
solo e serem excessivamente corrosivas para os equipamentos de rega, nomeadamente os metálicos. As
correcções a realizar, nestes casos, consistem na aplicação de gesso à água, de modo a atingir níveis de
condutividade adequados.

4. - SÓDIO
O sódio (Na) quando presente em quantidade excessiva na água de rega ou solo pode acumular-se nas plantas
em concentrações suficientemente altas para provocar danos nas culturas e quebras de rendimento. A
importância do fenómeno depende da concentração, tolerância da planta (as culturas perenes, como pomares,
vinha, citrinos, etc., são, de um modo geral, mais sensíveis), estado do tempo, etc..
1 – A toxicidade do sódio é difícil de determinar nas plantas, aparecendo os sintomas nas folhas mais velhas, na
forma de queimaduras ou necroses nos bordos das folhas. Os teores foliares considerados tóxicos referem-se a
concentrações superiores a 0,25% ou 0,5%, consoante as espécies.
2 – Os sistemas de rega por aspersão potenciam este tipo de problemas, uma vez que as plantas podem absorver
este ião através das folhas molhadas pela água de rega, em especial nos períodos de altas temperaturas e baixa

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humidade atmosférica, como é normal no Verão. A absorção foliar acelera a velocidade de acumulação dos iões
tóxicos na planta, sendo muitas vezes a principal causa de toxicidade.
3 - Os problemas de toxicidade do sódio devem ser resolvidos tendo em atenção os teores no solo (quantidade e
relação com as outras bases de troca do solo e seu grau de saturação). As soluções a adoptar dependerão da
situação de cada tipo de solo. No caso de estar associado a valores elevados da razão de adsorção de sódio os
problemas deverão ser resolvidos de acordo com as indicações descritas nas situações conducentes a problemas
de permeabilidade.

5. - BORO
O Boro (B) quando presente em quantidade excessiva na água de rega ou solo pode acumular-se nas plantas em
concentrações suficientemente altas para provocar danos nas culturas e quebras de rendimento. A importância
do fenómeno depende da concentração, tolerância da planta (as culturas perenes, como pomares, vinha, citrinos,
etc., são, de um modo geral, mais sensíveis) estado do tempo, etc..
1 – A toxicidade do boro que é um nutriente essencial para as plantas, surge, na maioria das culturas, quando os
teores foliares são superiores a 250 ou 300 ppm (partes por milhão). No entanto, a análise foliar pode não ser
conclusiva uma vez que muitas plantas não acumulam B nas folhas. A análise do solo é um excelente meio de
diagnóstico nestes casos.
2 – A resolução do problema é difícil, dadas as dificuldades de lixiviação do boro, exigindo quantidades de água
três a quatro vezes superiores às utilizadas na lavagem de sais para controlar os níveis de salinidade no solo. A
composição e tipo de solo tem muita importância nestes casos, uma vez que a solubilidade do boro é também
dependente de outros factores, como o pH.
3 – A utilização de culturas tolerantes é fundamental nestes casos, havendo culturas anuais muito tolerantes, da
qual se destaca a beterraba sacarina.

6. - CLORO
O cloro (Cl) quando presente em quantidade excessiva na água de rega ou solo pode acumular-se nas plantas em
concentrações suficientemente altas para provocar danos nas culturas e quebras de rendimento. A importância
do fenómeno depende da concentração, tolerância da planta (as culturas perenes, como pomares, vinha, citrinos,
etc., são, de um modo geral, mais sensíveis) estado do tempo, etc..
1 – A tolerância das culturas ao cloro é muito variável. Os problemas de toxicidade manifestam-se primeiro por
necroses na ponta das folhas, necroses que podem progredir ao longo das margens. Nos casos mais graves
podem conduzir à queda prematura das folhas. Teores foliares da ordem de 0,3 % a 1 % de cloro são indicadores
de toxicidade.
2 – Os sistemas de rega por aspersão potenciam este tipo de problemas, uma vez que as plantas podem absorver
este ião através das folhas molhadas pela água de rega, em especial nos períodos de altas temperaturas e baixa
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humidade atmosférica, como é normal no Verão. A absorção foliar acelera a velocidade de acumulação dos iões
tóxicos na planta, sendo muitas vezes a principal causa de toxicidade.
3 – O processo mais adequado para evitar a acumulação de cloro no solo consiste em utilizar técnicas correctas
de lavagem de sais, utilizando dotações de água com taxas de lixiviação adequadas, associadas a práticas
culturais que facilitem a infiltração da água, como a manutenção de uma boa estrutura, sistemas de drenagem
eficientes, etc.

7. - BICARBONATOS
Os problemas originados por teores elevados de bicarbonatos na água colocam-se nos seguintes casos:
1 – Rega por aspersão, com o aparecimento de manchas brancas nas folhas, o que pode ter consequências a
nível comercial, provocando a desvalorização do produto. Nestes casos deverá evitar-se regar nas horas de
maior calor e em todas as situações que provoquem a evaporação da água muito rápida como nos períodos mais
ventosos; outra técnica alternativa consistirá no uso de aspersores de rotação rápida e maiores caudais, se
possível com aplicação da água em gotas, evitando a "pulverização" com gotas muito finas; nos casos mais
graves poderá haver necessidade de modificar o sistema de rega, utilizando aqueles em que se não molhem as
plantas.
2 – Precipitação do cálcio quando atinge o seu limite de saturação na presença de bicarbonatos tem
consequências graves nos sistemas de rega gota-a-gota, provocando o entupimento dos gotejadores. A
possibilidade de precipitação do cálcio pode ser prevista, devendo ser indicado o sistema de rega gota-a-gota
para que laboratorialmente se proceda à sua determinação. Nos casos em que tal probabilidade se verifica, o
melhor processo para evitar que tal aconteça, consiste na descida do pH da água.
4 – Concentrações elevadas de bicarbonatos na água podem originar dificuldades de absorção pelas plantas de
alguns nutrientes minerais, nomeadamente de ferro, manganês e zinco. Estes casos serão potenciados nos solos
com teores baixos naqueles elementos e com valores de pH elevado.

8. - NITRATOS
1 - O azoto (N) é um nutriente essencial para as plantas, tendo o azoto veiculado pela água de rega o mesmo
efeito e valor que o azoto fornecido pelos fertilizantes (adubos, estrumes, etc.).
2 - O fornecimento de azoto em excesso às culturas, para além dos problemas que pode ocasionar sobre os
rendimentos (produções de menor qualidade e quantidade, acama dos cereais, atrasos na maturação, menor
poder de conservação, menor resistência às doenças, etc.) origina problemas graves a nível do ambiente. O
azoto no solo, em especial na forma de nitratos (NO3-) perde-se facilmente nas águas de lixiviação, indo
contaminar as águas sub-superficiais e subterrâneas.
3 – Teores de nitratos na água superiores a 25 mg por litro devem ser tidos em conta no plano de fertilização
azotada das culturas, devendo fazer-se a conversão em azoto tal como é indicado no seguinte exemplo:
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a) 1 mg/l de nitratos corresponde a 0,22 mg/l de azoto.
b) Uma aplicação de l000 litros (1 m3) de uma água com aquela concentração, corresponde à aplicação de 0,22
g de azoto.
c) Uma dotação de 1000 m3 corresponde à aplicação de 0,22 kg de azoto.
4 – Para uma concentração de 50 mg/l de nitratos e uma dotação de 1000 m3, o azoto fornecido à cultura seria
de:
50  0,22  1000000  11000000 mg de N  11 kg de N,
em que 50 é a concentração em nitratos em mg/l, 0,22 o factor de conversão de nitratos em azoto e 1000000 o
volume de água utilizado, em litros.
5 – No caso da fertirega, aplicação dos adubos juntamente com a água de rega em gota a gota, a dose de azoto
deverá ser reduzida proporcionalmente. Nos restantes casos, a fertilização de fundo poderá manter-se,
reduzindo-se apenas nas doses correspondentes às adubações de cobertura. Nos casos mais graves poderá haver
necessidade de reduzir também a fertilização de fundo.

9. - CONDUTIVIDADE ELÉCTRICA E RAZÃO DE ADSORÇÃO DE SÓDIO (Permeabilidade)


1 – Os problemas de infiltração da água no solo podem ter origem em várias causas e dependem, para além da
qualidade da água de rega, de factores do solo, como a textura, estrutura, grau de compactação, teor de matéria
orgânica e outras características físico-químicas.
2 – Os problemas originados pelas águas de rega sobre a permeabilidade são avaliados pela conjugação da
condutividade eléctrica da água e pela razão de adsorção de sódio (RAS).
3 – Conteúdos relativamente altos de sódio e baixos de cálcio reduzem a permeabilidade do solo, dificultando a
penetração da água, que se acumula sobre o terreno e só se infiltra muito lentamente nos casos mais graves.
Condutividades eléctricas mais elevadas aumentam a velocidade de infiltração relativamente a
condutividades mais baixas, enquanto valores elevados de RAS a diminuem.
4 – Uma água com condutividade inferior a 0,5 mS/cm (mais particularmente, abaixo de 0,2 mS/cm) tende a
lixiviar os sais solúveis e catiões de troca, como o cálcio, reduzindo a sua influência sobre a estabilidade dos
agregados e estrutura do solo. As partículas mais finas ficam no estado disperso, obstruindo os espaços porosos,
o que dificulta a infiltração da água. A ocorrência de crostas superficiais é frequente nestes casos, criando
problemas de germinação e emergência das plântulas.
5 – A resolução dos problemas de infiltração passa, nestes casos, pela aplicação de gesso à água ou ao solo, no
sentido do aumento da sua condutividade e descida do valor da relação RAS. No caso de solos com teores
baixos de cálcio, a aplicação de gesso poderá ser feita ao solo, devendo optar-se por um correctivo alcalinizante
sempre que o solo apresente valores de pH indicativos de solo ácido (inferiores a 6,0).

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6 – Relações Ca/Mg inferiores ou iguais à unidade potenciam os efeitos desfavoráveis do sódio. Na aplicação de
correctivos alcalinizantes deverá ter-se em atenção este facto, utilizando-se apenas correctivos cálcicos em solos
regados com água que possua uma relação Ca/Mg desfavorável.
7 - A manutenção de uma boa estrutura do solo é igualmente fundamental, recordando-se que as aplicações de
matéria orgânica apresentam enormes vantagens nestes casos: melhoram a estrutura, permitem uma melhor
infiltração da água, evitam ou diminuem as escorrências superficiais. Pelo contrário, mobilizações do solo
excessivas, efectuadas em períodos inadequados, contribuem para a degradação da estrutura, agravando os
problemas anteriormente referidos.
8 - Será conveniente proceder periodicamente à determinação das bases de troca do solo sempre que se utilizam
águas com RAS moderada a elevada. As amostras deverão ser colhidas em todo o perfil cultural, podendo-se
avaliar, deste modo, a zona em que se verificam relações desfavoráveis entre as bases de troca de modo a
determinar acções correctivas mais apropriadas.

10. - METAIS PESADOS E OUTROS ELEMENTOS


1 – Muitos elementos, nutrientes minerais ou não para as plantas, quando em concentrações excessivas na água
podem acumular-se nas plantas e originar problemas de toxicidade, seja nas plantas, nos animais (incluindo o
Homem) que as consomem.
2 – Nos casos em que as plantas não são molhadas pela água de rega, aqueles elementos são normalmente
retidos no solo, dependendo os seus efeitos do tipo de solo, pelo que é necessária a sua análise.
3 – Concentrações superiores ao valor máximo recomendável (VMR) (Grau 2) e inferiores ao valor máximo
admissível (VMA) (Grau 3) exigem cuidados especiais, devendo as técnicas a usar ser dependentes do
elemento, tipo de solo e cultura, sendo obrigatório o cumprimento das directrizes estabelecidas no Decreto-Lei
n.º 236/98, de 1 de Agosto.
4 - Águas com concentrações superiores ao valor máximo admissível (VMA) (Grau 3), só devem ser utilizadas
segundo proposta da Direcção Geral de Agricultura e parecer favorável da Direcção Geral de Saúde, tal como
estabelecido no Decreto-Lei acima referido.

11. – ENTUPIMENTO (Indice de Saturação; Ferro e Manganês)


1 – Valores elevados de pH podem conduzir à formação de precipitados. Caso o valor do Índice de Saturação
seja positivo (+) há possibilidade de se formarem precipitados de carbonatos de cálcio que podem provocar a
obstrução dos gotejadores.
2 – Para contrariar o efeito anteriormente referido, a melhor técnica consiste em baixar o pH da água (ver ponto
2). O valor do Índice de Saturação corresponde ao número de unidades de pH (ou décimas de unidade) que
será necessário baixar.

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3 – Os problemas originados pelo Ferro (Fe) resultam de precipitações e obstruções dos sistemas de rega, sendo
mais difíceis de prever que os casos anteriores. Concentrações até 2 mg/l podem ser usadas em muitos casos, em
especial se os custos de precipitação e filtragem prévia forem muito elevados.
4 – Os problemas suscitados por altas concentrações de ferro são agravados pela presença de sulfatos (ou outros
aniões com enxofre), devendo concentrações de ferro de 0,5 mg/l considerar-se, neste caso, como um problema
potencial.
5 – A técnica de correcção de teores elevados de ferro na água consiste em provocar a sua precipitação e
filtragem, antes da água ser introduzida no sistema de rega. A precipitação consegue-se provocando o
arejamento forte da água, por injecção de ar sob pressão. Outro sistema consiste em fazer descer a água por um
sistema de "degraus" ou cascata, de modo que tenha um elevado contacto com o ar. Deverá depois ser filtrada
ou decantada.
6 – Os problemas originados com Manganês (Mn) são semelhantes aos do ferro. No entanto, concentrações
superiores a 0,2 mg/l podem originar, só por si, problemas de toxicidade, cuja gravidade depende da natureza
das culturas e do pH do solo, que não deverá ser inferior a 6,5.

12. - FÓSFORO
1 - Concentrações elevadas de fósforo (P) na água de rega podem conduzir à eutrofização das águas superficiais,
degradando o meio ambiente por favorecer o crescimento exagerado de algas e outras plantas aquáticas.
2 - A concentração elevada de fósforo na água de rega indica que houve contaminação da água, provavelmente
com produtos de origem doméstica (detergentes) ou de escorrências de instalações com elevada concentração
animal (suinicultura, aviários, etc.)

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