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Tributário
Três aspectos: Necessidade Pública - mais relevante para o Dir. Financeiro; Finalidade de Despesa - o que
será custeado; Forma das Despesas / Receitas
RECEITA PÚBLICA
O conceito de Receita Pública, para Ricardo Lobo Torres, é: “a soma de dinheiro percebida pelo
Estado para fazer face à realização dos gastos públicos”. São o montante total em recursos recolhidos
pelo Tesouro Nacional e que serão incorporados ao patrimônio do Estado. Essas receitas servem para
custear as despesas públicas e as necessidades de investimentos públicos. Ainda, pode se dizer que
receita pública é todo ingresso, de caráter público, que pressupõe, independentemente do meio ou
forma em que se o obteve, a titularidade do Estado e a destinação imediata para os cofres públicos
desses valores para fazer frente às despesas do Estado.
Nota (*) Pressupor: supor antecipadamente - admitir (algo) como possível ou provável - calcular,
ajuizar, avaliar, computar, conjecturar, contar, numerar, orçar, etc.
Assim Kyoshi Harada diz que: “Como despesa pública pressupõe receita, pode-se dizer que
receita pública é o ingresso de dinheiro aos cofres do Estado para atendimento de suas finalidades.”.
Daí a necessidade de uma estimativa das despesas e receitas do Estado anualmente para
pressupor, isto é, calcular se o tamanho e valor das receitas públicas fazem frente ao tamanho e valor
das despesas públicas.
O autor atribui o aumento das despesas públicas ao “acesso das massas ao poder político” (?).
Ele conceitua, portanto, a receita pública como: “ ingressos de dinheiro aos cofres do Estado
para atendimento de suas finalidades mediante aplicação desses recursos pelo regime da despesa
pública, isto é, aplicação dos recursos financeiros ingressados de conformidade com as diversas dotações
fixadas na Lei Orçamentária Anual. Essa conceituação atende as prescrições da Lei n o 4.320/64 que
traça as normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos públicos, cujo
§ 2o, do art. 11, classifica como receitas de capital os recursos financeiros oriundos da constituição de
dívidas.”
Vídeo explicativo: Kiyoshi Harada: https://www.youtube.com/watch?
v=bTYCL_ed7jM&feature=youtu.be
“Há uma confusão generalizada entre entrada de caixa com receita pública. Receita pública só
pode ser assim denominada aquela entrada de dinheiro aos cofres públicos que venha acrescer o
patrimônio preexistente [...] É preciso que essa receita pública seja estimada com base na metodologia
prevista na Lei 4.320 e LC 101 para que não extrapole os limites do razoável, tendo em vista a média de
arrecadação dos tributos dos últimos 3 anos e fazendo um pequeno ajuste em função da possível
variação econômica. Fazer uma super estimativa e chegar no final do ano e dizer que fez um
contingenciamento gigantesco porque a receita caiu, na verdade, não passa de uma forma de enganar
o público leigo.”.
Entendimento Clássico / Tradicional : Todo ingresso permanente / definitivo nos cofres públicos
Harada afirma: “existem ingressos que representam meras ‘entradas de caixa’, como cauções em
dinheiro, fianças, depósitos para garantia de instância etc., que são representativos de entradas
provisórias que devem ser, oportunamente, devolvidas.”.
1. Entrada de recurso;
2. Arrecadação de rendas autorizadas (CF, Leis e títulos creditórios);
3. Meios financeiros;
4. Sentido de caixa ou contabilístico - entradas de fundos nos cofres públicos - independe da
origem ou fim;
5. Sentido financeiro ou próprio - entradas que representam aumento de capital;
6. Regulamento Geral de Contabilidade Pública (Dec. 4.536/22) - todos os créditos de qualquer
natureza que o governo tem direito de arrecadar (leis, contratos e títulos)
Novo conceito de Receita Pública (artigo RT de Florence Haret/2011): toda entrada / ingresso de
recursos que visem assegurar a execução do bem comum e a função social das receitas definidas na CF -
Ex.: FGTS / DPVAT.
RE 100.249/SP
ADIn 2556-2
REsp 68.146/SP
REsp 218.418/SP
a. Receitas correntes: são aquelas receitas públicas que se esgotam dentro do período
anual, como os casos das receitas e impostos que se extinguem no decurso da execução
orçamentária. Compreendem as receitas tributárias, patrimoniais, industriais, entre
outras. São as receitas destinadas a cobrir as despesas orçamentárias que visam à
manutenção das atividades governamentais.
b. Receitas de capital: são aquelas receitas públicas que alteram o patrimônio duradouro
do Estado, como os produtos de empréstimo contraídos pelo Estado a longo prazo.
Compreendem, assim, a constituição de dívidas, a conversão em espécie de bens e
direitos, dentre outros.
A ênfase de Harada aqui é que tais receitas constituem fonte regular e permanente de recursos
financeiros do Estado e pressupõe o atendimento das despesas públicas igualmente perenes.
Harada diz que as receitas extraordinárias estão destinadas a atender determinadas conjunturas e, por
isso mesmo, têm caráter excepcional e temporário. Ele cita como exemplos o empréstimo compulsório
em casos de guerra ou calamidades (art. 148, II da CF) e os impostos extraordinários em igual situação
(art. 154, II da CF). São casos excepcionais porque: “Esses impostos não servem como fontes perenes de
receitas, pois, por terem caráter de contingente, devem ser, gradativamente, suprimidos assim que
cessadas as causas de sua criação.”.
Ver ensinos de Gaston Jèze - Livro: Cours élémentaire de science des finances et de législation financière
française (https://archive.org/details/coursdesciencede00jz)
Conforme Ricardo Lobo Torres, no livro “Curso de Direito Financeiro e Tributário”, “(...) a classificação
mais utilizada é a que separa as receitas derivadas das originárias. Derivadas são as provenientes da
economia privada, representadas pelo tributo, pelos ingressos parafiscais e pelas multas. Originárias são
as que decorrem da exploração do patrimônio do Estado, compreendendo os preços públicos, as
compensações financeiras e os ingressos comerciais.”.
c. Receitas transferidas obrigatórias (artigos 157 a 162 da CF/88): são aquelas receitas
públicas que foram arrecadas por um ente federativo, em razão de a este ter sido dada a
competência tributária, mas que, por determinação legal, devem ser repassadas a outro
ente federativo na totalidade ou em parte. Por exemplo, aos estados compete cobrar o
IPVA, mas devem passar 50% das receitas arrecadas aos municípios.
O tributo formulado ou desenhado para incidir sobre determinada base econômica de tributação pode,
de fato, não atingir aludido substrato, em função de condições de mercado ou da própria legislação
tributária. Por exemplo, a contribuição de melhoria incidente sobre o Minhocão, onde os moradores dos
arredores foram ao STF a chamando de “Contribuição de Pioria”.
Nem sempre a pessoa eleita pela norma de incidência como o sujeito passivo da obrigação tributária é
aquela que arca, na realidade, com o ônus econômico do tributo, ou seja, existe o chamado contribuinte
de fato e o denominado contribuinte de direito.
Pessoas jurídicas em última instância não são as que arcam com carga tributária, pois quanto mais alta
ela for, mais atingirá a participação dos sócios nos lucros
https://www.youtube.com/watch?v=YJa6rF-JmrM&t=4s
A tributação pode causar sobre a concorrência entre os diversos agentes do mercado inúmeros efeitos
em potencial, na hipótese de regras tributárias não isonômicas (ex. art. 146-A da CF).
Harvey Rosen: “A incidência legal de um imposto indica quem é legalmente responsável para o imposto
[...] mas, as situações diferem drasticamente no que diz respeito a quem realmente carrega o fardo.
Como os preços podem mudar em resposta ao imposto, o conhecimento da incidência legal não nos diz
essencialmente nada sobre quem realmente está pagando o imposto. [...] Em contrapartida a incidência
econômica de um imposto é a mudança na distribuição da renda real privada trazida por um imposto.
Impostos complicados podem ser mais simples para um político porque ninguém tem certeza de quem
realmente acaba pagando.”
“Há uma diferença entre o conceito jurídico e o conceito econômico de incidência. Do ponto de vista
legal, a incidência refere-se a quem recolhe o imposto aos cofres públicos; do ponto de vista econômico,
diz respeito a quem arca efetivamente com o ônus.”
Do ponto de vista econômico são três os substratos de incidência: renda (primária), consumo
(secundária) e patrimônio (terciária).
SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. 3a Ed. São Paulo: Saraiva, 2013
https://drive.google.com/drive/u/0/folders/1HISdosiJYNSKn6OVSK3iF6IOl9QFNfyD