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ACERCA UOS
PERIGOS DO ON/VNISMO
(MASTURBAÇÃO)
l l i o de Janeiro. — Tvpograpliia Universal de LAEHIIEIIT,
üua do Lavradio , N i 58
G ARTAS
ACERCA I>OS
PERIGOS DO ONAMSMO
(3IASTURBAÇAO)
E
PELO
• =
EM CASA DE
PERIGOS DO OJVANISMO
PRIMEIRA CARTA.
PRIMEIRO F.XTRACTO.
da epüepsia ( * ) , e e m T i s s o t , parece-me ,
Sr. , que a ínasturbação, a q u e m u i t o mc
e n t r e g u e i , m a i s q u e t u d o n a infância, pode
ser h u m a das causas d a e p i l c p s i a de q u e
sou a c o m m e l t i d o desde a idade de 1 2 annos.
Tenho aclualmente 24 e meio; a m i n h a
estatura h e de c i n c o pés e c i n c o o u seis
pollegadas; s o u b e m f i g u r a d o , e não t e n h o
e x t e r i o r i d a d e s de doente. Na idade de 1 2
annos sofiVi dores de cabeça , c u j a sensação
era h u m pezo n o cérebro. Sangrárão-me ,
empregarão d d u e n t e s ; t u d o isto não t o l h e o ,
q u e de t e m p o s a t e m p o s me não atacassem
as mesmas dòres, e aos 1 2 annos f u i assal-
tado d l i u m ataque epiléptico, q u e ao depois
se r e n o v o u c o m m u i t a freqüência. A i n d a h a
p o u c o s dias q u e tive h u m , b e m terrível.
N ã o , Sr. , e u não d u v i d o , h e ao t r i s t e h a b i -
to q u e tive nos t e n r o s a n n o s , de p r o v o c a r
freqüentes polluções, q u e devo a horrível
moléstia, q u e me força a r e c o r r e r a vossos
conselhos. F i q u e i c o m h u i n a t i m i d e z , talvez
sem e x e m p l o ; o m e n o r o b j e c t o m e a t e r r a ;
ameaças d'hum m e n i n o de dez annos aba-
lão-me os n e r v o s ; estou incapaz d a p p l i c a r -
me a cousas serias; a m e n o r attenção de
espirito pode causar h u m accesso. D e p l o r a i ,
Sr. , a m i n h a sorte, compadecei-vos de
m i n h a situação, ella h e horrível. »
TERCEIRO EXTRACTO.
QUARTO EXTRACTO.
PERIGOS DO O.NAM5MO 15
QUINTO EXTRACTO.
recordação do m e u c r i m e : os g r i t o s q u e
a dòr m e a r r a n c a são tão h o r r o r o s o s , q u e
noites h a , e m q u e ninguém pode d o r m i r ao
pé de m i m . T u d o me desgosta, e m u i t a s
vezes m e e n c o l e r i s o c o n t r a m e u s p a r e n t e s e
amigos, até q u a n d o elles m e prestão servi-
ços q u e m e são indispensáveis. N ã o vos peço
que m e c u r e i s , p o r q u e . i s s o j u l g o e u hoje
cousa impossível; só vos peço a l g u m a l l i v i o
a m a l e s q u e só a m o r t e p o d e acabar. »
SEXTO EXTRACTO.
SEPTIMO EXTRACTO.
OITAVO EXTRACTO.
m o m e n t o e m q u e se desenvolvia m e u t e m -
p e r a m e n t o , c o n t r a h i o i n f e l i z h a b i t o da
masturbação. I n s t r u i d o , seis m e z c s d e p o i s
de m e haver dado a e l l e , pelo e x c c l l e n t i s -
simo T r a t a d o de T i s s o t , suspendi a q u e l l a
i n f a m e p r a t i c a ; m i n h a saúde porém estava
já m u i t o a r r u i n a d a . Á s p e r d a s , q u e eu havia
p r o v o c a d o , succederão o u t r a s involuntá-
rias (*). A natureza t i n h a a d q u i r i d o tão
g r a n d e h a b i t o , q u e o conservou sem ser
excitada a isso. T i v e polluções n o c t u r n a s
m u i freqüentes. I n f e l i z m e n t e não f o i o m a l
atalhado em p r i n c i p i o , p o r q u e eu t i n h a
p e j o de d e c l a r a r sua o r i g e m . Só o t e m o r de
p e r d e r a vida me d e c i d i o , tres o u q u a t r o
annos d e p o i s , a m a n i f e s t a r o m e u estado.
« M u i t o s remédios m e forão a p p l i c a d o s ,
q u i n a , b a n h o s f r i o s e l e i t e . Os accidentes
diminuirão, mas n u n c a forão desvanecidos.
S o f f r i a m i u d a d a s r e c a h i d a s , sem q u e a ellas
desse occasião c o m novos desmanchos de
c o m p o r t a m e n t o . He impossível que haja
q u e m m a i s vele sobre si do que e u , e q u e m
NONO EXTRACTO.
fez e x p e r i m e n t a r a l g u m a m e l h o r a . A h ! nem
p o r isso deixo de passar, h a q u a t r o a n n o s ,
h u m a v i d a l a n g u i d a . Nos dous p r i m e i r o s
annos de m i n h a moléstia, sentia s e m p r e
t r i o , até n a e a n i c u l a ; e u não t i n h a satisfação
a l g u m a , os prazeres erão p a r a m i m i n s i p i -
dos; eu v i v i a s e m p r e a b o r r e c i d o ; sentia o
estômago doloroso , e não digeria. A n d a v a já
tão enfastiado desta v i d a m o n ó t o n a , q u e a
m o r t e , que eu a p p e t e c i a , seria p a r a m i m
h u m b e n e f i c i o . Passados d o u s a n n o s , reco-
b r e i algumas forças , e já não estou cançado
d a existência : vivo p o r é m sempre sem v i g o r ,
e desespero de sarar desta tão i n v e t e r a d a
e n f e r m i d a d e , p o r q u e já lá vão q u a t r o annos
q u e a padeço. As m i n h a s dejecções são
s e m p r e viscosas. »
DÉCIMO EXTRACTO.
a l e r h u m a o b r a a respeito da masturbação,
d i z e n d o - m e q u e já l i n h a p r a t i c a d o o m e s m o
c o m o u t r o s quecstavão n o m e s m o caso q u e
e u , a f i m de lhes servir de r e g r a e governo.
« M i n h a imaginação f o i f o r t e m e n t e aba-
l a d a pelos prognósticos q u e contém a q u e l -
le l i v r o ; e, c o n h e c e n d o b e m o m e u e s t a d o ,
não e s p e r e i senão p e l a m o r t e . C o m o , e n t r o
o u t r o s conselhos , a c h e i n o l i v r o o de atar
as m ã o s , segui-o , l i s o n g e a n d o - m e q u e se
n ã o diminuísse o m a l c o m a q u e l l e m e i o ,
m e p r i v a r i a ao m e n o s de o aggravar. Mas vã
precaução ! F o i então que c o n h e c i até o n d e
chega o p o d e r da imaginação d e s r e g r a d a ;
o u fosse ella causa única das polluções,
o u as deva a t l r i b u i r aos r e i t e r a d o s m o v i m e n -
tos q u e m e o b r i g a v a a fazer o estado d e
c o n s t r a n g i m e n t o e m q u e m e achava e x -
t r a o r d i n a r i a m e n t e , ellas tiverão l u g a r c o m o
era de c o s t u m e : e u achava-me tão f r a c o ,
que o m e n o r c a l o r m e oceasionava p o l l u -
ção.
« E u t i n h a a vóz r o u c a , tossia de d i a e
de n o i t e ; sentia f e b r e l e n t a , q u e s e m p r e
a u g m e n t a v a depois da masturbação; sentia
então c a l a f r i o s , e não p o d i a ler , e s c r e v e r ,
n e m a n d a r ; já não t i n h a m e m ó r i a .
30 PERIGOS DO ONANISMO
r a de q u i n a , c a n e l l a e aço: t o m a v a h u m a
c o l h e r p e q u e n a seis e o i t o vezes ao d i a ,
b e b e n d o ao m e s m o t e m p o v i n h o de B o r -
deos e agua de Spá ; fazendo-me ao d e p o i s
e m b a l a r e m h u m a m a c a , isto me deo
a l g u m a força e restabeleceo a l g u m t a n t o .
a Começava o t e m p o a a r r e f e c e r , a p p l i -
cárão-mc b a n h o s f r i o s ; t o m e i h u m p o r
espaço de a l g u n s m i n u t o s : gelou-me de
m o d o q u e n o d i a seguinte escarrava sangue.
T i v e h u m c a l a r r h o , e c o m a força d a tosse
a b r i o - s e - m e h u m a v e i a ; ordenárão-me q u e
me conservasse e m posição t r a n q u i l l a , e
derão-me cousa q u e poz fim a este i n c o n v e -
niente.
« A b i v a i o m e u estado:
« T e n h o r e g u l a r m e n t e qiolluções todos
os c i n c o o u seis d i a s , e ás vezes dous e tres
dias seguidos. A cada pollução a u g m e n t a a
f r a q u e z a , e r e c o b r o forças á m e d i d a e p r o -
porção do t e m p o q u e e s t o u c m descanço.
« T e n h o os olhos c o m o a m o r t e c i d o s ; não
posso l e r n e m escrever p o r m u i t o t e m p o ,
p r i n c i p a l m e n t e q u a n d o t e n h o pollução.
P e r d i já a m e m ó r i a .
« D e p o i s de u r i n a r , r e p i t o , devo lavar-
m e s e m p r e c o m agua f r i a , sem o q u e , o u
32 PERIGOS DO ONANISMO
v e n t r e para i m p e d i r q u e o c o b e r t o r t o q u e
n a parte.
« Q u a n d o m e e r g o , s i n t o , passado a l -
g u m t e m p o , h u m a cócega n a g a r g a n t a , e
q u a n d o t o m o respiração, c o m o q u e c e r t a
cousa m e p i a i n t e r n a m e n t e e m e faz tossir.
« O v e n t r e s e m p r e me r o n c a , c o m o se as
e n t r a n h a s estivessem despegadas h u m a s das
outras.
« ü m e u p r i n c i p a l i n c o m m o d o está n o
estômago , q u e , c o m o disse , não p o d e d i -
gerir.
.< S o f f r o c o n t i n u a s lassidões. »
Este i n f e l i z m o ç o m o r r e o a 1U a n n o s ,
e m conseqüência d'huma agonia de 4 8
h o r a s ; elle t i n h a t i d o e m l o d o o u l t i m o
a n u o da v i d a a c o r a g e m de passar a n o i t e
sentado e m h u m a c a d e i r a c o m h u m colar-
ão pescoço, e as duas m ã o s l i g a d a s c o m
duas c o r d a s presas aos dous braços da c a -
d e i r a ; assim s u p p u n h a elle q u e c o n s e g u i r i a ,
c o m o elle disse, p e r d e r i n t e i r a m e n t e seu
mortífero h a b i t o , q u e t a l império t i n h a
a d q u i r i d o , q u e seu irmão, e n c a r r e g a d o de
o v i g i a r , c q u e me deo esta n o t i c i a , e r a
r e p e t i d a s vezes o b r i g a d o a i n t e r r o m p e r - l h o
o s o m n o , sempre agitadissimo, afim de
34 PERIGOS DO ONANISMO
NOTA DO TRADUCTOB.
CAHTA SI.
E n t r e os epilépticos de q u e m p r e s e n t e -
m e n t e t r a t o , h a h u m m o ç o d e 1 7 a n n o s de
i d a d e , q u e m u i t o s u s p e i t o q u e se m a s t u r b e .
Por mais tentativas que eu haja f e i t o , ainda
l h e n ã o p u d e a r r a n c a r a v e r d a d e t o d a . Se
e l l e l e r esta o b r a , o q u e d e s e j o , aprenderá
nos e x e m p l o s q u e n c l l a r e l a t o , q u e q u a l q u e r
moléstia só h e c u r a v e l , q u a n d o se faz ces-
sar a causa q u e a p r o d u z i o .
N o m e u T i a l a d o das V i s c o s i d a d e s , c i t o
a h i s t o r i a d ' b u m m e n i n o , q u e f a l l e c e o , de
i d a d e de t r e z e a n n o s , c m convulsões m u i
s e m e l h a n t e s ás d a e p i l e p s i a , d e p o i s d e h u -
m a a g o n i a de 9 6 h o r a s . Os esforços q u e
fazia p a r a e x p e c t o r a r , a n a t u r e z a dos e s c a r -
r o s , c u j a còr e r a d * h u m p a r d o còrde c i n z a ,
de consistência viscosa, p o u c o n a t u r a l á t e n r a
i d a d e , m e fizerão s u s p e i t a r q u e s u a moléstia
p e r t e n c i a a r e i t e r a d o s excessos d e m a s t u r -
bação : a p e l l e p o r o u t r o l a d o , c u j a s e c u r a
e r a m u i g r a n d e , a n n u n c i a v a q u e só v i o l e n t a
causa p o d i a e f f e i t u a r o r e t r o c e s s o d a t r a n s -
piração p a r a o c e n t r o , v i s t o q u e a q u e l l e
m e n i n o e r a i d o l a t r a d o , e l h e havião p o u -
pado t r a b a l h o , constrangimento e a p p l i c a -
ção cTespirüo, t u d o , c m h u m a p a l a v r a ,
quanto o p o d i a faligar.
PERIGOS DO ONANISMO AS
C a m p e , celebre a u t o r Allemão , e x p r i m e -
se a s s i m :
« Todas as funestas conseqüências q u e
acompanhão o v i c i o da i m p u d i c i c i a em
g e r a l , seguem c o m m a i s p a r t i c u l a r i d a d e , e
de m o d o mais i m m e d i a l o , esses vergonhosos
d e s m a n c h o s a que se dá o n o m e tfOnanis-
mo. N ã o são necessárias grandes reflexões
p a r a n o s c o n v e n c e r m o s de quão c o n t r a r i o
h e á natureza semelhante vicio. A c o n s t i t u i -
ção de nosso c o r p o , e o d e s e n v o l v i m e n t o
ainda i m p e r f e i t o dc seus órgãos e m idade
p o u c o avançada, não deixão l u g a r a d u v i -
d a r do irreparável d a m no q u e este v i c i o
traz comsigo. Desde então a natureza n a d a
mais obra em aperfeiçoamento do corpo:
ella a b a n d o n a sua o b r a , que d e f i n h a e p e -
rece. Os a l i m e n t o s m i n i s t r a d o s ao c o r p o a
b e m de sua conservação , não sendo conve-
n i e n t e m e n t e d i g e r i d o s , deixão de f o r n e c e r
suecos r e s t a u r a d o r e s , e só p r o d u z e m humo-
res viciados, quegerão m i l h a r e s de doenças,
e passão a ser novo e s t i m u l a n t e d a q u e l l e
vergonhoso vicio.
« E p o r t a l arte , a saúde , este inestimá-
vel b e m , sem o qual não p o d e haver f e l i c i -
dade, he p r o m p t a m e n t e destruída. N u n c a
/J4 P E R I G O S DO ONANISMO
e u s e m indignação p u d e v e r m e n i n o s d e s -
truir c o m alegria tenros arbustos vigorosa-
m e n t e recém-nascidos d o m a t e r n a l seio d a
terra; como não ficaria pois meu coração,
q u a n d o v i q u e t e n r a s crianças s e m u t i l a v ã o
a s i m e s m a s p o r s u a s próprias m ã o s , d e s -
truindo assim o mais bello ornamento d a
creação! V i m u i t a s vezes q u e ellas cahião
mais p r o f u n d a m e n t e neste vicio, porque
sua própria s o c i e d a d e e r a p a r a elles a m a i s
perigosa. »
E i s a q u i a confissão d ' h u m mancebo,
p u b l i c a d a pelo professor S a l z m a n n .
« V e i o - m e a final t e r ás m ã o s o l i v r o d e
T i s s o t ; m a s , a h ! já m u i t a r d e . L e i o , e fico
c o m o a s s o m b r a d o de raio. O s olhos se m e
a b r e m , e fico e m b a r g a d o d e t e r r o r e s u s t o .
Já a este tempo eslava eu extenuado c s e -
melhante a h u m esqueleto : reputavão-me
pidmonico no ultimo grão: c a i n d a , e u n e m
se q u e r tinha suspeitado a verdadeira ori-
gem de meu aniquilamenlo; mas este i n s -
tante m e fez c o n h e c e r s u a terrível causa.
Q u ã o b á r b a r o s são os p a i s , m e s t r e s e a m i -
g o s , d i z i a e u c o m m i g o , q u e m e n ã o avisárão
do perigo a que c o n d u z este vicio, o u q u e
me n ã o fizerão l e r a o b r a de Tissot ! O u ,
P E R I G O S DO ONANISMO 45
PRIMEIRO FASTO.
d e m o r e i p r o c u r a r s o c c o r r o . Q u a n d o vós, h a
h u m a n n o , proposestes a prêmio a questão
de d e t e r m i n a r os meios mais próprios para
preservar os meninos e os mancebos do perigoso
vicio do o n a n i s m o , etc, a esperança de novo
se r e a n i m o u e m m i m , q u e a c h a r i a talvez
n a resposta á p e r g u n t a m e i o s e indicações
para me t r a t a r a m i m m e s m o , e r e c o b r a r
a p e r d i d a saúde. T e n d o porém esperado
debalde até h o j e , o dever de m i n h a c o n -
servação me força a b u s c a r s o c c o r r o antes
que o m a l se faça irreparável. C h e i o de
confiança e m vós, animo-me a confessar-
vos m e u estado. Na idade quasi de 1 6 annos
t i v e c o n h e c i m e n t o deste c r i m e , e o p r a t i -
q u e i até a q u a s i t o t a l destruição das partes
de m e u c o r p o destinadas á reproducção:
d'enlão p e r c e b i t a m b é m as funestas conse-
qüências deste vicio. E u as senti n o m e u
corpo: experimentei, por exemplo, las-
sidão, m ã o h u m o r , t r i s t e z a , fraqueza de
memória e de juizo. Reconheci-me em
h u m a palavra n o r e t r a t o q u e Tissot e o u t r o s
nos lizerão destes infelizes.
» Se vos persuadis, Sr., q u e ajudado pelos
conselhos dTiabeis médicos p o d e r e i a i n d a
restabelecer a saúde, c o m instância v o *
Ü8 PERIGOS DO ONANISMO
peço q u e me d i r i j a c s c o m os vossos. Se
b e m q u e a gratidão de h u m d e s c o n h e c i d o
n ã o seja r e c o m p e n s a d i g n a d e v ó s , e s t o u
c e r t o q u e D e o s e vosso coração vos g a l a r -
doaráõ. Se e u escapar ao p e r i g o q u e m e
a g u a r d a , t o m a r e i então a l i b e r d a d e d e vos
dar a saber meu nome.
« O u t r o m a n c e b o p o r si m e s m o d e o n e s t e
v i c i o ; i g n o r o seus diários s o t l r i m e n t o s , só
sei q u e f a l l e s c c o t y s i c o a o s desaseis a n n o s
i n c o m p l e t o s de sua i d a d e .
« N a cidade de morreo h u m menino
d o n o v e a n n o s , e m conseqüência d o o n a -
n i s m o , d e p o i s de h a v e r c e g a d o t e m p o antes.
Estes e x e m p l o s são d e a t e r r a r , e m e h ã o
d a d o a c o n h e c e r o h o r r o r de t a l v i c i o .
« O que porém o torna m u i t o mais avil-
t a n t e n o h o m e m , h e a rápida destruição das
f a c u l d a d e s i n l e l l e c t u a e s . Áquelles m e s m o s
e m q u e m t o d o o a m o r aos t r a b a l h o s d e
e s p i r i t o a i n d a se não h a v i a ex t i n e t o , sentião-
se s e m força p a r a rcílectir e f i x a r a allenção
em qualquer objecto. A memória, que
n a q u c l l a i d a d e c o s t u m a ser tão tenaz , eslava
d e b i l i t a d a a p o n t o q u e não podião r e c o r d a r -
se d o q u e acabavão de l e r o u d o u v i r . A ?
SEGUNDO FACTO.
TERCEIRO rACTO.
QUARTO FACTO.
Dias parecião e n s o p a d o s e m a g u a , o q u e
l h e d u r o u p o r seis o u sete s e m a n a s . A p e n a s
tres m e z e s d e c o r r i d o s , f o i a c o m m e t t i d o d e
gravíssima dôr d e p e i t o , a c o m p a n h a d a d'ar-
d e n t e f e b r e e elevações n a p e l l e v e r m e l h a s
ou brancas. F o i neste m i s e r o estado q u e l h e
fornecerão occasião de l e r a o b r a d e T i s s o t ,
do Onanismo, e a d e G i l l c r t , Zedekundige
Lesscn (Instrucção a r e s p e i t o d o s C o s t u m e s ) .
h s l a s d u a s o b r a s r e u n i d a s realisárão, já
p o r é m m u i t a r d e , sua i n t e i r a conversão.
« S e u gênio, n a t u r a l m e n t e a l e g r e , n ã o
d e i x a d e soífrer o u inquietação, o u a b a t i -
m e n t o . Tem a língua constantemente carre-
gada d humor espesso, que nada he capaz de
alimpar, nem ainda os purgantes. Sente de
mais d'isso fogos e dôr nas faces. Experimenta
em conseqüência incommodo no membro , e
huma espécie d'intumescencia, que não he na-
tural. Tem de noite freqüentes perdas de se-
mente. He a miúdo obrigado a verter águas,
e traz pústulas no rosto. Nunca fica livre da
tosse. T e m h a b i t u a l m e n t e as m ã o s ou como
gelo, ou ardentes e suadas, etc. »
QUINTO r ACTO.
SEXTO FACTO.
SÉTIMO FACTO.
OITAVO FACTO.
CARTA III.
Pariz, 20 de Março de 18".
l i d o , s e m p r e h u m i d o ; p a l p e b r a s inchada*
semblante decrépito, p a l l i d o c m a g r o ; l a s -
sidões, que não findão c o m o descanço .
digestões l e n t a s , dejccções r a r a s ; u r i n a s
espessas e b r a n c a s , c u j o c h e i r o he as m a i s
das vezes fétido; vontade de v o m i t a r , e
m u i t a s vezes vômitos de matérias viscosas:
fraqueza grande nos r i n s e p e r n a s ; calafrio
c o n t i n u o ; voz r o u c a , fraca o u s u r d a , e ás
vezes e x t i n e t a ; suores excessivos, s e m pre-
ceder agitação; pelle secca e a r d e n t e ,
tosse c u r t a , sem expecloração; suspiros
a b r i r de boca freqüente: taes são, Sr. . o-
efléitos physicos q u e resultão do h a b i t o do
O n a n i s m o , effeitos que passão a ser o r i g e m
dos desarranjos que soffre o m o r a l dos que
sé dão a tal vicio. Nota-se t a m b é m q u e a
m e n o r difficuldade os a t e r r a , e que n u n c a
se dão b e m e m p a r t e a l g u m a ; q u e estão
c o n t i n u a m e n t e d i s t r a h i d o s ; q u e sua m e m ó -
r i a he f r a c a ; q u e se não entregào c o m o
calor próprio de sua idade aos d i v e r t i m e n t o s
que e n t r e t e m a seus c a m a r a d a s ; q u e seu
caracter não he i g u a l , e que elles não t e m
amigos s i n c e r o s , p o r q u e t a m b é m elles o não
são.
« O m a s t u r b a d o r , diz o D o u t o r G o t t l i e l f
PEUIGOS DO ONANISMO 6*
^ôggl^ p e r d e i n s e n s i v e l m e n t e todas a s f a -
c u l d a d e s m o r a e s q u e h a v i a r e c e b i d o ; elle
a d q u i r e h u m e x t e r i o r d'estúpido, t o n t o ,
l a s c i v o , a c a n h a d o , triste , m o l l e ; t o r n a - s e
i n i m i g o , preguiçoso, e i n c a p a z de t o d a a
funcção i n t e l l e c t u a l : toda a presença d'es-
pirito l h e h e v e d a d a ; elle n ã o sabe h a v e r - s e ,
p e r t u r b a d o , i n q u i e t o a p e n a s se vè e n t r e
-;ente; atado e s e m s a b i d a q u a n d o t e m d e
responder, ainda que seja a qualquer
menino: sua alma enfraquecida suecumbe
á m e n o r fadiga. A m e m ó r i a , d e t e r i o r a n d o -
se-lhe de dia a dia , não pode c o m p r e h e n d e r
c o u s a s aliás b e m c o m m u n s , n e m l i g a r a s
m a i s s i m p l i c e s idéias; os m a i o r e s m e i o s e
os m a i s s u b l i m e s t a l e n t o s são r a p i d a m e n t e
aniquilados; conhecimentos precedente-
m e n t e a d q u i r i d o s obliterão-se ; a m e l h o r i n -
telligencia se a n n u l a , e não p r o d u z r e s u l t a d o
a l g u m ; toda a v i v a c i d a d e e a l t i v e z , todas a s
q u a l i d a d e s d ' a l m a , c o m q u e estes i n f e l i z e s
subjugavão o u attrahião o u l r ' o r a a s e u s s e -
m e l h a n t e s , os d e s a m p a r ã o , e n ã o l h e s d e i -
xão m a i s q u e o desprezo ; o p o d e r d a i m a -
ginação f i n d o u p a r a e l l e s ; n ã o h a p r a z e r
q u e os affague ; e m d e s f o r r a p o r é m todos o s
in.commodos e infortúnios do m u n d o p a r e -
6^ PEBIGOS DO ONAMSMO
CARTA IV.
m o r i a c o i n c i d i r c o m a da frescura da tez j
aquelle q u e , de alegre que era, passou de
repente a triste e melancólico; que perdeu
o gosto que t i n h a ao estudo; que p e r d e o o
a p p e t i t e , s e m que p o r isso o m e d i c o ache
o pulso i r r e g u l a r (*) ; se soffre suores noc-
t u r n o s , ouse s y m p t o m a s caracterisão h u m a
moléstia, que pertencesse a causa ordinária:
se f i n a l m e n t e , c o m e n d o m a i s do que o eos-
h u n e , a magreza todavia augmenta de d i a
a dia.
Este d e r r a d e i r o e t f c i l o , que se m a n i f e s t a
amiudadas vezes, não nos deve m a r a v i l h a i .,
se f o r m o s da opinião daquelles que p e r f e n -
d e m c o m razão que a matéria cuja sahida
se provoca tenha o r i g e m n o cérebro e me-
dulla espinosa , q u e se c h a m a t a m b é m
Medulla allongada. H i p p o c r a t e s , tão justa-
mente proclamado Principe da Medicina ,
pensa assim. « As pessoas, diz e l l e , q u e
soffrem freqüentes perdas desta substancia,
que se deve r e p u t a r a m a i s essencial de
todas, e m m a g r e c e m e se c o n s o m e m , posto
m e u a m i g o , e l h e p r o m e t t i , agradecendo a
preciosa lição q u e m e d a v a , de o seguir
s e m p r e p o r modelo.
E u l h e g u a r d e i p a l a v r a ; confesso p o r é m ,
se o h o r r i v e l espectaculo que apresentão os
eslimaveis t r a b a l h o s de M. B e r t r a n d , me
t i n h a a b a l a d o f o r t e m e n t e , m i n h a desgra-
çada paixão t i n h a g a n h a d o t a n t o império e m
m i m , q u e sem a u x i l i o da Religião, a que
m e u amigo m e forçou a r e c o r r e r , e que
n u n c a a b a n d o n a r e i , e u não haveria r e n u n -
ciado ao m e u h a b i t o . Ja d o u s a n n o s havia
que e u assim t r a b a l h a v a n a r u i n a de m i n h a
saúde, q u e , graças aos conselhos q u e daes
e m h u m a de vossas o b r a s q u e me veio á
mão, se r e s t a u r o u c o m p l e t a m e n t e .
Tendo noticia q u e pretendieis p u b l i c a r
diííerentes cartas que vos forão endereça-
das p o r pessoas q u e , c o m o eu , se arrepen-
derão de haver t i d o t r a t o c o m l i b e r t i n o s ,
persuadi-me q u e vos seria aceita esta nota ,
e q u e j u l g a r i e i s u t i l d a r - l h e l u g a r n a vossa
obra.
A c e i t a i , Sr., os s e n t i m e n t o s de respeil-
e gratidão , etc. »
Acabaes de v e r , Sr. , a feliz m u d a n ç a
causada pelo arrependimento? succede
80 PERIGOS DO ONANISMO
PRIMEIRA CARTA.
SEGUNDA CABTA.
CARTA V.
destinados ao i n c r e m e n t o , destroe os a l i -
cerces de sua existência. E eis o motivo p o r
que as moléstias procedidas da masturbação
embaração tão freqüentes vezes os mais
peritos médicos.
Do Temperamento Bilioso.
Do Temperamento Sangüíneo.
«Distingue-se o t e m p e r a m e n t o s a n g ü í n e o
pela quantidade de pellos brancos, louros
o u p a r d o s , c a r n e s m o l l e s , largas veias azues,
t u r g i d a s d e s a n g u e ; t e z côr d e r o s a ; p e l a
cólera a q u e e s t e t e m p e r a m e n t o está s u j e i t o ;
p e l a m o b i l i d a d e a g i l e flexível, e g r a n d e
facilidade ao m o v i m e n t o . Nestes t e m p e r a -
mentos convém evacuar e temperar, fugindo
de c o u s a s c a l l i d a s e e s t i m u l a n t e s . »
Do Temperamento Melancólico.
r a l q u e t e m cada t e m p e r a m e n t o p a r a certas
moléstias m a i s d o q u e p a r a o u t r a s ; d i s p o -
sição q u e se p o d e p e r d e r á m e d i d a q u e ,
por q u a l q u e r causa, d e g e n e r a r o t e m p e r a -
m e n t o de seu estado p r i m i t i v o ; o q u e faz
c o m q u e o t r a t a m e n t o q u e a p r i m e i r a vez
teve b o m êxito, não c o n v e n h a já e m s e g u n -
da moléstia, a i n d a q u e p o u c o p o s t e r i o r .
S u p p o n h a m o s q u e existem n a m e s m a e n -
f e r m a r i a t r i n t a indivíduos todos q u a s i d a
m e s m a i d a d e , e q u e reúne cada h u m
delles signaes q u e p e r t e n c e m ao t e m p e r a -
m e n t o sangüíneo, p o r e x e m p l o , e q u e
p a r e c e m todos affectados d a m e s m a e n f e r -
m i d a d e , b e m q u e m u i t o s se a c h e m e m
c i r c u n s t a n c i a s m u i d i f f e r e n t e s . Se a i d e n -
tidade de t e m p e r a m e n t o e a n a l o g i a d e
s y m p t o m a s fizesse c o m q u e se lhes desse
t r a t a m e n t o e c u r a t i v o i g u a l , escaparia s e m
d u v i d a p a r t e d e l l e s ; h a v i a p o r é m r i s c o de
se m a t a r e m o u t r o s , o u de fazer soffrer a
m u i t o s e n f e r m i d a d e s difficeis de c u r a r .
M u i t o s factos p o d e r i a e u c i t a r e m a p o i o
desta opinião; l i m i t o - m e a h u m só, q u e
r e c e n t e m e n t e se passou a m e u s olhos.
F o i h u m m o ç o de t e m p e r a m e n t o s a n g u i n e o
b e m p r o n u n c i a d o , a c o m m e t i d o de moléstia
8.
90 PERIGOS DO ONANISMO
m e s m o s remédios a todos os m a s t u r b a -
d o r e s , p o r q u a n t o os accidentes q u e p r o -
c e d e m d o o n a n i s m o são tão v a r i a d o s , q u e
q u a s i seria m i s t e r c u r a t i v o a p p r o p r i a d o a
cada h u m delles.
A l g u m d i a sabereis , Sr. , q u e , q u a n d o o
sangüíneo o u b i l i o s o não t e m d e g e n e r a d o ,
não p o d e m c o m effeito ser atacados, e ás
vezes a i n d a alem da idade de 5 0 a n n o s , se-
não de moléstias i n f l a m m a t o r i a s ; se p o r é m
longos desgostos, p r o l o n g a d o s e p e r t i n a z e s
estudos, freqüentes masturbações, falta
d ' e x e r c i c i o , m a i o r o u m e n o r residência e m
lugares h u m i d o s o f r i o s , e t c , e t c , t e m
desarranjado a h a r m o n i a segundo a q u a l
o órgão p r e e n c h i a até então, e à satisfação
da n a t u r e z a , suas respectivas funeções,
r e s u l t a então h u m a fraqueza q u e se d e n o -
m i n a , e m t e r m o de arte , atonia, a q u a l não
faz m a i s do que a u g m e n t a r , q u a n d o , e m
l u g a r de remédios próprios p a r a f o r t i f i c a r ,
só se empregão remédios d e b i l i t a n t e s .
E u acabo de vos e x p l i c a r o q u e se e n t e n d e
p o r t e m p e r a m e n t o , e já talvez ficaes saben-
do , q u e o b i l i o s o e sanguineo devem ao.
m a i o r c a l o r de q u e são p r o v i d o s , a v a n t a -
gem outorgada p e l a n a t u r e z a sobre os outros,
92 PERIGOS DO ONANISMO
•
96 PERIGOS DO ONANISMO
PRIMEIRO FACTO.
SEGUNDO FACTO.
c o m promptidão , p o r m e i o de f o r t i f i c a n t e s ,
o d e s t r u i r áquelles violentos accessos espas-
m o d i c o s , q u e só c o m dôres o chamavão tão
c r u e l m e n t e ao s e n t i m e n t o . C o n t e n t e de o
ter alliviado a este r e s p e i t o , deixei-me dos
remédios que já não podião m e l h o r a r sua
sorte; e m o r r e u algumas semanas d e p o i s ,
e m J u n h o de 18**, edematoso e m todo o
corpo.
TERCEIRO TACTO.
« E u não c o n h e c i a o v i c i o do o n a n i s m o
até a idade de dez a n n o s , e m q u e h u m dos
m e u s camaradas do collegio onde eu estu-
dava me i n s t r u i o n e l l e : não posso dizer
quantas vezes m e d e i a elle até aos 15 an-
n o s ; f o i então q u e a b r i os olhos para me
fazerem p e r c e b e r toda a enormidade de
m e u e r r o ; tenho actuaímente 18 , e se b e m
que ha tres annos não t e n h a r e c a h i d o n e l l e ,
nem p o r isso deixo de ser p e r s e g u i d o de
polluções freqüentes, q u e ás vezes t e m
l u g a r , m á o grado m e u , cinco e seis noites
consecutivas. Q u a n d o m e ellas a c o n t e c e m ,
tenho sonhos terríveis, e s o f l r o sempre ao
levantar h u m a fadiga e t o r p o r c o m o sentia
depois de haver c o r r i d o m u i t o a p é ; experi-
104 PERIGOS DO ONANISMO
DIETA.
Do Exercido.
CONSELHOS DE WILLAUIE
acerca
DOS MEIOS D'lMPEDIR OS PROGRESSOS DO CNAMSMO.
(") A artéria iliaca interna lie a que envia ramos ú* partes genitacs,
recto , ano , e bexiga.
130 PERIGOS DO ONANISMO
1V» V V» W l V V» VV» V W W » V V » W » V M W W V 1 w » w% w» w» w» w» w»
EXPLICAÇÃO
D ALCUSS TERMOS QDE SE ENCONTRÃO N*ESTA OBRA.
APOPLEXIA.
Moléstia que subitamente p r i v a o doente de t o d o o
m o v i m e n t o voluntário, e dos s e n t i d o s , assim i n t e r n o s
c o m o externos.
ATONIA.
Fraqueza ou relaxamento das fibras.
EPILEPSIA.
FUSTCLAS.
POLLUÇÕES.
Bertrand. Stehelin.
Campe. Salmuth.
Celso. Tissot.
Frank. Van-Swieten.
G o t l l i e b Vogel. Willaume.
Lomnio. Zimmermann
FIM.
T A BOA DAS MATÉRIAS.
Discurso P r e l i m i n a r P g-
a v