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APOSTILA – PRIMEIROS SOCORROS

SINAIS VITAIS

Os sinais vitais são indicadores das funções vitais do corpo e podem orientar o
diagnostico inicial e acompanhar a evolução do quadro clínico de uma vítima. Os sinais vitais
são:
- Respiração;
- Pulso (Circulação, Pulsação ou Batimentos Cardíacos);
- Temperatura e
- Pressão Arterial.

RESPIRAÇÃO
O termo respiração inclui a entrada de oxigênio na inspiração e eliminação do dióxido
de carbono na expiração. A frequência respiratória varia de crianças para adultos de acordo com
a tabela abaixo:

Bebê 30 a 60 movimentos respiratórios por minuto


Crianças 20 a 30 movimentos respiratórios por minuto
Adulto 12 a 20 movimentos respiratórios por minuto

Alguns fatores podem alterar os valores normais de respiração, como por exemplo:
exercícios físicos, hábito de fumar, medicamentos, fatores emocionais e outros. Os termos
empregados nas alterações dos padrões respiratórios são os seguintes:
• Apneia: cessação intermitente ou persistente da respiração;
• Bradpneia: respiração lenta e regular;
• Taquipnéia: respiração rápida e regular;
• Dispneia: respiração difícil que exige esforço aumentado e uso de músculos acessórios.

PULSO
O pulso nada mais é do que a pressão do sangue contra a parede arterial em cada
batimento cardíaco. Os locais mais comuns para a obtenção de pulso (PONTOS DE PULSO)
são nas artérias carótida (Adulto), radial, femoral e braquial (Bebê). O pulso aferido pela
ausculta cardíaca é denominado de pulso apical.

ÍNDICES NORMAIS DE PULSO


Adulto 60 a 100 batimentos por minuto
Crianças 80 a 120 batimentos por minuto
Bebês 100 a 160 batimentos por minuto

A taquicardia é o aumento da frequência normal do pulso, já a bradicardia é a


diminuição da frequência normal do pulso.

TEMPERATURA:
A temperatura é influenciada por meios físicos e químicos e o controle é feito através
de estimulação do sistema nervoso. A temperatura reflete o balanceamento entre o calor
produzido e o calor perdido pelo corpo.
Vejamos na tabela abaixo, os índices normais de temperatura corporal em adultos e em
crianças:

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Pontos de aferição Adulto Criança
Oral 37ºc 37,4ºc
Retal 37,5ºc 37,8ºc
Axilar 36,7ºc 37,2ºc
Variações de 0,3ºc a 0,6ºc da média da temperatura são consideradas normais. As
crianças têm temperaturas mais altas que os adultos, pois seu metabolismo é mais acelerado.
A temperatura corporal pode se elevar em situações de infecção, medo, ansiedade, etc.
Exposição ao frio, estado de choque, hemorragias, são causas de temperatura abaixo do normal.

PRESSÃO ARTERIAL
A pressão arterial (ou pressão sanguínea) é resultante da força exercida pelo sangue
contra as paredes da artéria.
A pressão arterial varia de acordo com a idade, porém ocorre o aumento da pressão
arterial devido aos seguintes fatores: esforços físicos, susto, estresse, medo, etc. Embora a
pressão alta, muitas vezes não manifeste sintomas, ela pode ocasionar doenças de hipertensão
como o aneurisma, doenças coronárias, hemorragia cerebral, distúrbios de retina, colapso renal
e outras. A pressão arterial baixa ou hipotensão pode ser ocasionada por hemorragia, estado de
choque, etc.
Para aferir a PA, o manguito do esfigmomanômetro é colocado em qualquer um dos
braços e inflado através da pêra para apertá-lo, interrompendo a pulsação, o que se houve com
o estetoscópio. Então o manguito vai sendo esvaziado, até os batimentos cardíacos voltarem a
serem ouvidos pelo estetoscópio, tem-se aí a pressão sistólica (ou máxima), e quando o som
dos batimentos desaparecerem novamente afere-se a diastólica (ou mínima).

VALOR NORMAL DA P.A.


4 anos 85/60 mm Hg
6 anos 95/62 mm Hg
12 anos 108/67 mm Hg
Adulto 120/80 mm Hg

ATENDIMENTO INICIAL A VÍTIMA TRAUMATIZADA

Antes de iniciar o atendimento propriamente dito, verifique as condições de segurança


para você, para a vítima e os demais na cena do acidente. Simultaneamente verifique a cena do
acidente e colha informações sugestivas de mecanismo de lesões. Em seguida aproxime-se da
vítima e, imobilize a sua cabeça com uma das mãos (da forma que ela estiver posicionada), diga
quem você é, e que pretende ajudá-la, com isto você estará iniciando o exame primário.

ABORDAGEM PRIMÁRIA
- Visa identificar e manejar situações de ameaça à vida;
- É feita sem mover a vítima de sua posição inicial, salvo haja necessidade de intervir em alguns
passos, por exemplo: desobstrução de vias aéreas;
- É sempre feita seguindo uma sequencia fixa de passos;
- Só se passa para o passo seguinte depois de concluído o anterior;
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- Muitas vezes, na prática, alguns passos podem ser avaliados simultaneamente.

➢ - Segurança do local
➢ - Identificação/Controle Cervical

(VÍTIMA RESPONSIVA)

➢ X – Hemorragia Exsanguinante;
➢ A - Vias Aéreas com controle da coluna cervical;
➢ B - Respiração (ver, ouvir, sentir);
➢ C – Circulação e Controle de Grandes Hemorragias;
➢ D - Estado Neurológico;
➢ E - Exposição da vítima

Obs.: uma pessoa só consegue falar se tiver ar nos pulmões e este ar passar pelas cordas vocais.
Portanto, se a vítima responder normalmente, verifica-se que as vias aéreas estão permeáveis e
respiração espontânea e que possui pulso.

ABORDAGEM SECUNDÁRIA

- Só se inicia depois de completada a abordagem primária;


- Examinar todos os seguimentos do corpo, sempre na mesma ordem (exame segmentar):
crânio, face, pescoço, tórax, abdome, quadril, membros inferiores, membros superiores e dorso;
- Deve-se realizar inspeção e palpação buscando: ferimentos, assimetria, deformidade,
crepitação, rigidez, alinhamento, temperatura, sudorese e flacidez;
- Finalizar com a verificação dos sinais vitais.

OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE)

A causa mais frequente de alterações das vias aéreas (obstrução) em vítimas de trauma é
a inconsciência que provoca o relaxamento da língua que se projeta contra a orofaringe (fundo
da garganta), na vítima em decúbito dorsal, impedindo a passagem de ar nas vias aéreas
superiores para as vias aéreas inferiores. Avaliar e controlar as vias aéreas são condutas rápidas
e simples, e não necessitam inicialmente de qualquer equipamento, bastando para tal a aplicação
de técnicas manuais de controle e desobstrução de vias aéreas que não devem ser retardadas na
espera de equipamento ou de pessoal.

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Métodos de desobstrução de vias aéreas:
1. Obstrução por LÍQUIDOS:
- Realizar o rolamento 90º;
- Aspiração
2. Obstrução por SÓLIDOS:
- Realizar a remoção manual;
- Aplicar a manobra de Heimlich.

As manobras de Heimlich são compressões abdominais ou compressões torácicas realizadas


manualmente para a desobstrução das vias aéreas provocadas por sólidos.

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

Define-se como parada cardiorrespiratória (PCR) a interrupção súbita e brusca da


circulação sistêmica e ou da respiração (morte clínica). Iniciar prontamente as manobras de
reanimação, antes mesmo da chegada da equipe de suporte avançado aumenta a chance de
sobrevida e evita sequelas pós-PCR.

RESSUSCITAÇÃO CARDIO PULMONAR (RCP)

Ressuscitação Cardio Pulmonar são manobras realizadas para restabelecer a ventilação


pulmonar e a circulação sanguínea, tais como ventilação artificial e compressão torácica,
manobras estas utilizadas nas vitimas em parada cardiorrespiratória. Os melhores resultados
são conseguidos quando as manobras de RCP são iniciadas nos primeiros quatro minutos da
parada, nesse caso deve se iniciar as manobras de RCP imediatamente.

Ao constatar que a vítima encontra-se NÃO RESPONSIVA, (Ausência de movimentos,


respiração, inconsciência, ou Gasping Agônico), inicie o protocolo de PCR.

➢ C – Circulação/Compressões e grandes hemorragias;


➢ A - Vias Aéreas;
➢ B - Respiração

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TÉCNICA COM UM OU DOIS SOCORRISTAS
RESSUCITAÇÃO CARDIO PULMONAR (RCP)

➢ Adulto - 30 compressões / 02 ventilações sendo de 100 a 120 compressões por minuto


(05 ciclos). (02 mãos)
➢ Criança -30 compressões / 02 ventilações sendo de 100 a 120 compressões por minuto
(05 ciclos). (01 mão)
➢ Bebês – 15 compressões / 02 ventilações sendo de 100 a 120 compressões por minuto -
10 ciclos (02 dedos).

Não havendo equipamentos ou segurança, NÃO é necessária a realização das


ventilações (boca-a-boca), realizando somente as compressões até os motivos abaixo.

Motivos para Cessar a RCP:

1)Chegada do Socorro;
2)Reanimação da vítima;
3)Exaustão do Socorrista.

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HEMORRAGIAS
É o extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos de uma ruptura de suas paredes.
Podem ser classificadas em hemorragia INTERNA (quando o sangue extravasa para o interior
do corpo), e EXTERNA (quando o sangue é extravasado para o meio ambiente).

Tipos de Hemorragias
1) Hemorragia arterial: é a perda de sangue por uma artéria. (Esguicha)
2) Hemorragia venosa: é a perda de sangue por uma veia. (Escorre)
3) Hemorragia capilar: sangramento por um vaso capilar. (Superficial)

A gravidade de uma hemorragia depende dos seguintes aspectos:


1 . Volume de sangue perdido (perda de 1,5 litros em um adulto ou de 200 ml em criança, é
considerado grave);
2. Calibre do vaso rompido (o rompimento dos principais vasos do pescoço, tórax, abdome e
coxa, podem levar a vitima a óbito de 1 à 3 minutos);
3. Tipos de vasos lesionados (o sangramento arterial é considerado o mais grave);
4. Velocidade da perda de sangue

Sinais e Sintomas de Hemorragias


1 Pulso fraco rápido;
2. Pele fria e úmida;
3. Queda de pressão arterial;
4. Muita sede;
5. Perda de consciência;
6. Choque hipovolêmico.

Controle de Hemorragia Externa


1. Pressão direta no local da hemorragia;
2. Torniquete.

Avaliação da Possível Existência de Hemorragia Interna


1. Verificar se apresenta sinais e sintomas de hemorragia (TUC), por tempo prolongado:
- Temperatura da pele (pele fria),
- Umidade da pele (suor) e
- Coloração da pele (palidez).
2. Verificar a presença de rigidez abdominal, Hematomas (roxo);
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3. Verificar a presença de ferida penetrante no crânio, tórax e abdome;
Obs.: O tratamento de hemorragia interna é somente cirúrgico.
QUEIMADURAS
As queimaduras são a quarta causa de morte por trauma no Brasil. Geralmente a pele é
o órgão mais afetado, a pele não é simplesmente um tecido, mas sim o maior órgão do corpo
humano. E composta por duas camadas: a epiderme e derme. Abaixo da pele situa-se o tecido
subcutâneo.
A epiderme é a camada mais externa, e não possui vasos sanguíneos e funciona como
barreira protetora contra o meio ambiente. A derme é a camada mais interna, contém os vasos
sanguíneos e terminações nervosas. O tecido subcutâneo, é a camada situada logo abaixo da
derme, é uma combinação de tecido fibroso, elástico e gorduroso.

As Causas de uma Queimadura pode ser


a. Térmica. Ex: gases, líquidos ou sólidos quentes;
b. Químicas. Ex: ácido;
c. Eletricidade;
d. Radiação. Ex: raios ultravioletas do sol;
e. Biológicas. Ex: Taturana

Quanto a Profundidade, as Queimaduras podem ser:


a. Primeiro grau: são queimaduras que atingem apenas a epiderme (primeira camada). a
pele fica avermelhada e quente.
b. Segundo grau: são queimaduras que atingem a epiderme e derme (segunda camada) e
produzem dor severa e bolhas.
c. Terceiro grau: Atinge toda a espessura da pele chegando ao tecido subcutâneo. As lesões
são de cor esbranquiçada e seca ou preta de aparência carbonizada.

Extensão das Queimaduras:

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Atendimento à vítima de queimadura:
a. Verificação da segurança do local.
b. Extinguir as chamas sobre a vítima ou suas roupas.
c. Remover a vitima do ambiente hostil.
d. Remover as roupas que não estejam aderidas ao corpo da vitima.
e. Promover a hidratação da área afetada e remoção de fragmentos de roupas ou
substâncias que não estejam aderidas ao corpo da vitima.
f. Realizar o exame primário.

Curativos em Vitimas de Queimaduras:


1. Cobrir a área afetada com compressas estéreis umidecidas com água limpa ou com soro
fisiológico (de tratamento médico), e conduzir ao hospital para o centro de tratamento
de queimados. Pode-se cobrir o local da área afetada, com um plástico limpo, pois além
de não aderir ao ferimento, reterá o local umidecido.
2. Vítimas com queimaduras graves (2º e 3º graus) em mais 10% do corpo (crianças) e
mais de 15% (adultos), não deverão ser resfriadas (hidratadas), somente protegidas.
Nunca coloque creme dental, borra de café, estrato de tomate, ou outro tipo de substância na
queimadura da vítima, isso poderá agravar a situação da mesma.

TRAUMATISMOS SUPERFICIAIS

São lesões ou perturbações produzidas em qualquer tecido pôr um agente externo, podendo este
ser físico ou químico.

Os Traumatismos São Classificados em:


1) Fechados: são as contusões – não existe ruptura da pele, a lesão ocorre no tecido
adjacente à pele;
2) Abertos: são as feridas – quando ocorre a perda da solução de continuidade da pele.

Conforme o Agente Vulnerante, as feridas podem ser classificadas em:


a. Feridas incisas: Produzidas por agentes cortantes e afiados. Ex: faca, bisturi, etc;
b. Feridas contusas: Produzidas por um agente com superfície romba produzindo bordas
muito traumatizadas. (Pancada) Ex.: pedra, pau, soco, etc;
c. Feridas perfurantes : Produzida por um objeto capaz de perfurar a pele, podendo ficar
fixado ao corpo da vítma (Encravamento). Ex: prego, faca, madeira, barra de ferro, etc.
d. Ferida penetrante (Empalamento): quando o agente vulnerante atinge a cavidade natural
do organismo;
e. Ferida transfixante: é quando o agente vulnerante atravessa os tecidos de um órgão em
toda sua espessura;
f. Escoriações ou abrasões: produzida pelo atrito da pele contra uma superfície aspera;
g. Avulsão ou amputação: ocorre quando a parte do corpo é cortada ou arrancada;
h. Laceração: é produzida por uma ação de pressão ou tração exercida sobre um tecido
causando lesões irregulares;
i. Evisceração: Quando um orgão interno fica exposto.
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Tratamento Básico:
O atendimento pré-hospitalar dos ferimentos visa dois objetivos principais:
1. Proteger a ferida contra o trauma secundário e a infecção, através dos curativos.
2. Conter o sangramento.

FRATURAS, LUXAÇÕES E ENTORSES

Podemos definir uma fratura como sendo a perda da continuidade óssea. Quanto ao traço
ela pode ser completa (total) ou incompleta (parcial), quanto ao foco pode ser simples (fechada)
ou exposta (aberta), quanto a lesões associadas pode ser simples (uma lesão) ou complicada
(duas ou mais lesões). Nas fraturas fechadas não há o rompimento da pele sobre a lesão, já nas
expostas ocorre tal rompimento, isto é, o osso fraturado fica exposto ao meio ambiente,
possibilitando sangramentos e um aumento do risco de infecção.

Realize as imobilizações com o auxílio de talas rígidas de papelão ou madeira, ou ainda,


com outros materiais improvisados, tais como: pedaços de madeira, réguas, etc.
Nas fraturas expostas, antes de imobilizar o osso fraturado, o socorrista deverá cobrir o
ferimento com um pano bem limpo ou com gaze estéril umedecido com soro fisiológico, isto
diminuirá a possibilidade de contaminação e controlará as hemorragias que poderão ocorrer na
lesão.

A auto-imobilização é uma técnica muito simples, que consiste em fixar o membro


inferior fraturado ao membro sadio, ou o membro superior fraturado ao tórax da vítima. É uma
conduta bem aceita em situações que requeiram improvisação. Esta técnica é também muito
utilizada no atendimento de fraturas nos dedos da mão.
Na dúvida, imobilize e trate a vítima como portadora de fratura até que se prove o
contrário.
É importante que nas fraturas com deformidade em articulações (ombros, joelhos, etc.),
o socorrista imobilize o membro na posição em que ele for encontrado, sem mobilizá-lo.

As fraturas podem ser:

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Cuidados específicos para fratura exposta
• Coloque uma gaze, chumaço ou um pano limpo sobre o ferimento;
• Fixe firmemente o curativo no lugar, utilizando uma bandagem ou atadura;
• No caso de hemorragia grave, utilize as técnicas de hemostasia (prioridade);
• Mantenha o controle cervical e mantenha a vítima consciente;
• Transporte à vítima somente após imobilizar a parte fraturada;
• Em caso de amputação, coloque a parte seccionada dentro de um saco plástico que não tenha
sido usado. Acondicione o saco com a parte amputada em uma vasilha com gelo e ENVIE COM
A VÍTIMA para um hospital.
Sinais e Sintomas de Fraturas

a. Dor ou sensibilidade anormal.


b. Inchaço no local.
c. Deformidade no local.
d. Presença de áreas arroxeadas.
e. Ausência de movimentos ou enorme dificuldade para movimentar-se.
f. Sensação de ossos quebrados sob a pele (crepitação).

Lesões de Articulações
Articulação (Junta) é o local onde dois ossos se tocam. Algumas são fixas (ex.: crânio),
onde os ossos estão firmemente unidos entre si. Em outras juntas, chamadas articulações, os
ossos são móveis, permitindo ao esqueleto realizar movimentos. Há vários tipos de articulações:

a. Tipo "bola-e-soquete" - Nos ombros, possibilitando movimentos giratórios dos braços.


b. Tipo "dobradiça" - Nos joelhos e cotovelos, permitindo dobrar.

Luxações

A luxação é uma lesão onde às extremidades ósseas que formam uma articulação ficam
deslocadas, permanecendo desalinhadas e sem contato entre si, é caracterizada pela perda da
congruência articular, ou seja, “um osso que sai do seu encaixe normal”. O desencaixe de um
osso da articulação (luxação) pode ser causado por uma pressão intensa, que deixará o osso
numa posição anormal, ou também por uma violenta contração muscular. Com isto, poderá
haver uma ruptura dos ligamentos.

Entorses
Entorse pode ser definida como uma separação momentânea das superfícies ósseas, ao
nível da articulação, também conhecida por torção, é provocada pela movimentação de uma
articulação além dos seus limites (capacidade) fisiológicos, porém não perde a congruência
articular, mantendo-se em seu encaixe. A lesão provocada pela deformação brusca, geralmente
produz o estiramento dos ligamentos na articulação ou perto dela. Os músculos e os tendões
podem ser estirados em excesso e rompidos por movimentos repentinos e violentos. Uma lesão
muscular poderá ocorrer por três motivos distintos: distensão, ruptura ou contusão profunda.

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CRISE CONVULSIVA

A convulsão é uma desordem cerebral. Durante um breve período de tempo, o cérebro


deixa de funcionar normalmente e passa a ter uma atividade anormal enviando estímulos
desordenados ao resto do corpo, iniciando as crises convulsivas, também conhecidas como
ataque.
As crises convulsivas podem se manifestar de várias maneiras, mas o tipo mais comum
em que geralmente se solicita ajuda é conhecida como “GRANDE MAL”, ou “CRISE
CONVULSIVA TÔNICA-CLÔNICA”, que pode fazer com que a pessoa caia no chão, ficando
com o corpo rígido e comece com movimentos desordenados e involuntários com perda de
consciência. Outros tipos de epilepsia são o “PEQUENO MAL” ou “CRISES DE
AUSÊNCIA”, onde a pessoa fica com o olhar fixo por alguns instantes e sem responder ou se
lembrar daquele desligamento. Existem vários outros tipos de crise.
São inúmeras as causas de crise convulsiva, dentre elas podemos citar as complicações
durante o parto, meningites, intoxicação por drogas ou álcool, tumores cerebrais, trauma
craniano, acidente vascular encefálico (AVE).

Atendimento
• Manter-se calmo e procurar acalmar os demais;
• Colocar algo macio sob a cabeça da vítima;
• Remover da área objetos que possam vir a ferir o paciente;
• Afrouxar as roupas, deixando a vítima confortável;
• Girar a cabeça do paciente para o lado para que a saliva e o relaxamento da língua não
dificulte a respiração, desde que não haja qualquer suspeita de trauma raquimedular;
• Não introduzir nada pela boca, também não prenda a língua com colher ou com qualquer
outro objeto, pois não existe o perigo da vítima engolir a língua;
• Não tentar fazê-lo voltar a si, lançando-lhe água ou obrigando-o a tomá-la;
• Não o agarrar na tentativa de mantê-lo quieto;
• Ficar ao seu lado até que sua respiração volte ao normal e ele se levante;

Caso a crise demore indefinidamente, ou seja, ataques sucessivos, ou a pessoa não recupere a
consciência, reporte ao atendimento médico.

SÍNCOPE
Qualquer tipo de perda de consciência de curta duração que não necessite de manobras
especifica para recuperação. O termo lipotímia tem sido utilizado para designar episódio de
perda incompleta da consciência. A causa fundamental da síncope é a diminuição da atividade
cerebral, e pode ser classificada em:

A. Síncope Vasogênica - é a mais frequente. Queda súbita da P.A., cuja causa pode ser
emocional, dor súbita, esforço físico, ambiente lotado, cena de sangue, calor excessivo.
O episódio sincope surge geralmente quando a vítima esta em pé. O paciente pode apresentar-
se pálido, frio, com respiração suspirosa – após alguns minutos ocorre tontura, visão
embaraçada e súbita perda de consciência.

B. Síncope Metabólica – Quando a causa é a alteração metabólica como na diabete ou na


hipoglicemia.

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C. Síncope Neurogênica - Agressão direta ao encéfalo como no trauma, intoxicações,
hipertensão intracraniana, etc.

Atendimento de Emergência

1. Mantê-lo deitado, preferencialmente com a cabeça abaixo do corpo; se estiver deitado


eleve os membros inferiores aproximadamente 20cm do solo, mantê-lo deitado por alguns
minutos mesmos após a vítima se recuperar;
2. Arejar o local em que se encontra a vítima;
3. Liberar vestimentas que estejam apertadas;
4. Não dar nada para o paciente comer ou beber;
5. Informar-se sobre o histórico da vítima (doenças, medicamentos utilizados, etc.),
reportar ao médico tais informações.

REMOÇÃO E TRANSPORTE DE VÍTIMAS

A manipulação do acidentado deverá ser ordenada e efetuada com calma, de modo a


não lhe causar maiores lesões ou ainda, agravar as condições originais.
Toda vítima de trauma deve ser manuseada com o máximo de cuidado a fim de não se
permitir o agravamento de lesões ou ferimentos. Antes de mobilizar qualquer vítima deve-se
imobilizar a coluna cervical, membros superiores e inferiores, deve-se fazer o “rolamento”,
como se o corpo da vítima fosse um tronco de árvore a ser rolado.

TIPOS DE MOVIMENTAÇÕES:
➢ Rolamento a 90 graus;
➢ Rolamento a 180 graus;
➢ Elevação a cavaleiro;
➢ Elevação com apoio lateral;
➢ Elevação sem prancha (bloco)

As vítimas que estiverem em locais de risco iminente (incêndio com risco de explosão,
veículo a beira de um penhasco, ambiente tomado por fumaça, etc) deverão ser removidas
imediatamente pelo método da chave de Rauteck, ou por outras formas, dentro das
possibilidades físicas do socorrista, puxando-se a vítima para fora do local de risco e
deslizando-a até um local seguro.

PARTO NORMAL

É o processo pelo qual a criança é expelida do útero, compreendendo quatro períodos:


dilatação, expulsão, dequitação da placenta e Período de Greemberg.
Períodos do Parto
a) Período de Dilatação
Primeiro período do trabalho de parto, que começa com os primeiros sintomas e termina
com a completa dilatação do canal vaginal. O sinal mais importante neste período de dilatação

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são as contrações do útero, que fazem com que o colo se dilate de 0 (zero) a 10 (dez)
centímetros.
As contrações uterinas são reconhecidas pela dor tipo cólica referida pela gestante e pelo
endurecimento do útero, perceptível à palpação do abdome.
Cuidados de Emergência
Tranquilize a gestante. Demonstre uma atitude alegre, simpática e encorajadora para
com ela. Observe e anote as características das contrações: frequência, duração e intensidade.
A presença do “sinal” (tampão mucoso sanguinolento, sem sangramento vivo em quantidade
substancial) sugere estar havendo rápido desenvolvimento para o parto, particularmente se
associado a frequentes e fortes contrações.
Insista para que a paciente não faça força e, em vez disso, encoraje-a para que respire
ofegantemente durante as contrações (respiração de “cachorrinho cansado”). Durante o
primeiro período do trabalho, as contrações uterinas são involuntárias e destinam-se a dilatar o
colo uterino e não a expulsar o feto. Fazer força, além de ser inútil, leva à exaustão e pode rasgar
(dilacerar) partes do canal do parto. Se você reconhecer que a mãe está no primeiro período do
trabalho de parto, prepare-a para transporte ao hospital.
b)Período de Expulsão
A paciente começa a fazer força espontaneamente. Há repentino aumento nas descargas
vaginais. Algumas vezes os líquidos são claros, com leve sangramento. Isso indica que a cabeça
da criança está passando através do canal do parto, já completamente dilatado.
A paciente tema sensação de necessidade de evacuar, sintoma decorrente da pressão
exercida pela cabeça do feto no períneo e, consequentemente, contra o reto.
As membranas rompem-se e extravasam líquido amniótico.
Embora a “bolsa” possa romper-se a qualquer hora, é mais frequente seu rompimento
no começo do segundo período.
A abertura vaginal começa a abaular-se e o orifício anal a dilatar-se. Esses são sinais
tardios e anunciam que o aparecimento da criança poderá ser observado a qualquer nova
contração.
Episódios de vômito a essa altura são frequentes. Caso haja vômito, cuide para não
ocorrer aspiração e obstrução da via aérea. Coroamento: a abertura vaginal ficará abaulada e o
pólo cefálico da criança poderá ser visto. Isso é o coroamento, o último sinal antes que a cabeça
e o resto da criança nasçam.

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Cuidados de Emergência
O coroamento significa que a criança pode nascer imediatamente. Portanto, adie o
transporte para o hospital e prepare-se para dar assistência ao parto. Na fase que antecede o
coroamento é possível que haja tempo de se chegar a um hospital. Neste caso, inicie o
transporte, mas esteja preparado para estacionar o veículo e completar o parto a caminho caso
o coroamento se consume.
Se o coroamento é observado:
Providencie o material necessário para a assistência ao parto:
- Compressas esterilizadas;
-Máscara para oxigenação;
- Cilindro portátil de oxigênio.
Organize o ambiente para o parto, posicionando a gestante de preferência sobre uma
superfície dura, despida e com membros inferiores semifletidos, com espaço suficiente para
acolher o bebê entre a vulva e a extremidade da superfície. Calce luvas esterilizadas e aguarde
a saída do bebê.
Num parto normal, a cabeça é normalmente liberada com a face voltada para baixo e
roda espontaneamente em direção a uma das pernas da mãe. Espere isto acontecer antes de
segurar a cabeça com uma das suas mãos. Enquanto segura a cabeça, verifique se o cordão
umbilical não está enrolado no pescoço da criança. Se isto estiver acontecendo, corra seus dedos
entre o cordão e o pescoço para afrouxá-lo. Se o cordão estiver muito apertado, provavelmente
estará impedindo a progressão do nascimento.
Depois que nasceu a cabeça, as contrações uterinas continuam até as passagem dos
ombros que pode ser demorada. Não puxe a criança. O ombro superior é normalmente o
primeiro a apresentar-se. Uma leve tração da cabeça na direção do chão facilitará a passagem
do ombro inferior. Continue a segurar a criança e esteja pronto para a sua saída repentina.
Depois dos ombros nascerem, o resto do corpo vem rapidamente em seguida. Segure o cordão
umbilical de forma que não se rompa da placenta. Lembre-se que o bebê é muito escorregadio.
Segure com firmeza e delicadeza.
Deixe o bebê sobre o abdome da mãe, em decúbito lateral, com a cabeça rebaixada, para
drenar fluidos contidos na via aérea.
Limpeza das vias aéreas: limpe a boca por fora, com compressas de gaze; enrole a gaze
no dedo indicador para limpar por dentro da boca do recém-nascido (RN), sempre
delicadamente, tentando retirar corpos estranhos e muco. Para aspirar líquidos, utilizar uma
seringa (sem agulha). Certifique-se de retirar previamente todo o ar da seringa a ser introduzida
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na boca ou no nariz do RN. Observe que o RN respira primeiramente pelo nariz, daí ser sua
desobstrução tão importante quanto a da boca. As manobras de desobstrução da via aérea devem
ser feitas sempre, independentemente de o RN conseguir respirar de imediato ou não.
Estimule a criança, friccionando-a com a mão. Não bata na criança. Pode fazer cócegas
nas plantas dos pés, com o dedo indicador. Manter a criança em decúbito lateral esquerdo para
as manobras de estimulação.
Quando a criança começar a respirar, volte sua atenção para a mãe e o cordão umbilical.
Caso as vias aéreas tenham sido desobstruídas e o RN não tenha começado a respirar, inicie
manobras de ressuscitação.
Faça respiração artificial sem equipamentos: respiração boca-a -boca ou boca-nariz-
boca. Faça uma ou duas ventilações. Caso a criança consiga respirar sozinha, deixe que o faça.
Caso contrário, institua RCP. Continuar até que a criança comece a respirar ou que um médico
ateste o óbito. Transporte a criança a um hospital o quanto antes. Depois que a criança estiver
respirando, concentre sua atenção no cordão umbilical.
Amarre (clampeie) o cordão com cadarço (fio) estéril ou pinça hemostática, a
aproximadamente 15 a 20 cm do abdome do RN. Os cordões para a ligadura devem ser feitos
de algodão. A aproximadamente 2,5 cm do primeiro cordão, amarre o segundo. Use nós de
marinheiro (anti-deslizantes) e ponha no final três nós de segurança.
Corte o cordão umbilical entre os dois clamps, usando material estéril (tesoura ou
bisturi). Envolva a criança em lençol limpo e cobertores e passe-a ao cuidado de um colega. A
criança deve ser mantida em decúbito lateral, com a cabeça levemente mais baixa que o resto
do corpo.

Dequitação Placentária
O terceiro período estende-se desde a hora em que a criança nasce até a eliminação da
placenta, que normalmente acontece em até 30 minutos. Junto com ela vem uma a duas xícaras
de sangue. Não se alarme, porque é normal. Não puxe a placenta: aguarde sua expulsão natural.
Retirada, guardar a placenta numa cuba ou envolta em papel ou compressa, e levá-la ao hospital,
juntamente coma mãe e a criança, para ser examinada quanto à possibilidade de algum pedaço
ter ficado na cavidade uterina. Uma compressa estéril pode ser colocada na abertura vaginal
após a saída da placenta.

Período de Greemberg

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É o quarto período, que ocorre após a dequitação placentária e compreende a interrupção
da hemorragia vaginal. Para isso, palpe o útero pela parede abdominal, se ele estiver muito
frouxo e relaxado e houver sangramento vaginal, massageie suavemente o abdome da
parturiente, comprimindo suavemente o útero. Isto ocasionará a sua contração e retardará a
saída de sangue. Continue a massagear o útero até senti-lo firme, como uma bola de futebol.

• OS RISCOS MAIS COMUNS E QUAIS OS CUIDADOS INICIAIS;


Novas Colisões
• Ao sinalizar adequadamente o local do acidente, seguindo as instruções anteriormente
mencionadas, fica bem reduzida a possibilidade de novas colisões. Porém,
imprevistos acontecem. Por isso, nunca é demais usar simultaneamente mais de um
procedimento, aumentando ainda mais a segurança.

Atropelamentos
• Adotar as mesmas providências empregadas para evitar novas colisões. Mantendo
o fluxo de veículos na pista livre. Orientando para que curiosos não parem na área de
fluxo e que pedestres não fiquem caminhando pela via.
• Isolar o local do acidente e evitar a presença de curiosos. Fazer isso, sempre solicitando
auxílio e distribuindo tarefas entre as pessoas que querem ajudar, mesmo que estas
precisem ser orientadas.

Incêndio
• Sempre existe o risco de incêndio. E ele aumenta bastante quando ocorre vazamento
de combustível. Nesses casos é importante adotar os seguintes procedimentos:
• Afastar os curiosos;
• Se for fácil e seguro, desligar o motor do veículo acidentado;
• Orientar para que não fumem no local;
• Pegar o extintor de seu veículo e deixe-o, pronto para uso, a uma distância segura do
local de risco.

Eletricidade
• Em ocorrências onde envolva eletricidade, cabos elétricos energizados, Jamais tenha
contato com esses cabos, mesmo que ache que eles não estão energizados.

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• Mesmo não havendo esses riscos, não se deve mexer nos cabos, apenas isolar o local e
afastar os curiosos.
• Caso exista qualquer dos riscos citados ou alguém eletrocutado, recomenda- se usar um
cano longo de plástico ou uma madeira seca e, num movimento brusco, afastar o cabo.
Não se pode fazer isso com bambu, metal ou madeira molhada. Nem nunca imaginar
que o cabo já esteja desligado.

Vazamento de produtos perigosos


• Interditar totalmente a pista e evacuar a área, quando veículos que transportam
produtos perigosos estiverem envolvidos no acidente e existir algum vazamento.
Fazer a sinalização como já foi descrito.

Doenças infecto-contagiosas
• É necessário evitar qualquer contato com o sangue ou secreções das vítimas nos
acidentes. Por isso, tenha sempre na viatura um par de luvas de borracha para tais
situações. Podem ser luvas de procedimentos usadas pelos profissionais ou simples
luvas de borracha para uso doméstico.

Como Pedir Socorro


• Solicite um socorro profissional o mais rápido possível, pois quanto mais cedo ele
chegar, melhor para as vítimas do acidente.
• Atualmente, no Brasil contamos com diversos serviços de atendimento às
emergências, na Capital contamos com o CIOPS (Centro Integrado de Operações de
Segurança) e em algumas cidades do interior com o COPOM (Centro de Operações da
polícia Militar). As Unidades de Resgate, pertencentes aos Corpos de Bombeiros (193),
o SAMU (192), os atendimentos das próprias rodovias ou outros tipos de socorro,
recebem chamados por telefone, fazem uma triagem prévia e enviam equipes treinadas
em ambulâncias equipadas. No próprio local, após uma primeira avaliação, os feridos
são atendidos emergencialmente para que, em seguida, possam ser transferidos aos
hospitais.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR EM COMBATE
PROTOCOLO MARC 1

HISTÓTICO DO PROTOCOLO MARC;

Em 1996, foi publicada na revista Military Medicine a primeira versão de diretrizes


do protocolo Tactical Combat Casualty Care – TCCC- (Cuidados Táticos de Causalidades de
Combate), também conhecido como TC3. Esse protocolo dividiu as ações de APH em três
fases, quais sejam:
1- Cuidados Sob Fogo; delineia raciocínio de combate e atitudes táticas de uma
equipe de forma que as ações imediatas diante do confronto armado evitem
novas baixas e foquem na missão de resgate do ferido, prestando-lhe
atendimento e usando equipamento médico limitado para prestar cuidados no
momento da lesão, enquanto o primeiro socorrista e a vítima ainda estão sob
fogo hostil.
2- Cuidados táticos em Campo; fornece diretrizes de assistência às vítimas quando
o primeiro socorrista e o combatente ferido não estão mais sob fogo hostil.
3- Cuidados Táticos de Evacuação; inicia quando a vítima é transferida para uma
aeronave ou veículo de transporte. Durante essa fase, equipes e equipamentos
médicos adicionais podem estar disponíveis para fornecer assistência médica
aumentada.
O TCCC demonstrou ser muito eficaz em salvar vidas no campo de batalha. Por essa
razão, em 2005 o Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos exigiu treinamento do
TC3 para todos os combatentes que se desdobravam em missões e não apenas para o pessoal
médicos e líderes. Os conflitos no Iraque e no Afeganistão permitiram que as Forças Armadas
dos EUA fizessem numerosos avanços no campo de batalha e, hoje, esse protocolo é ensinado
a todos os militares, não apenas aos integrantes de unidades de operações especiais.
Diante disso o Dr. Sergio Fabrico Maniglia, médico e investigador do grupo TIGRE da
Policia Civil do Estado do Paraná, aprimorou seus conhecimentos acerca do TCCC, nos
Estados Unidos, além de outros protocolos como PHTLS, ATLS, TECC, MARCH PAWS
(PJs), e criou o protocolo MARC, que tem o propósito de preparar as equipes policiais para um
atendimento pré-hospitalar em zonas de conflito. Em um ambiente de combate e sob
hostilidade, Dr Maniglia em sua vivência operacional viu a necessidade da substituição dos
protocolos de APH convencional (PHTLS) pelo protocolo MARC1, pois os ferimentos de
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combate são específicos, ressaltando que os operadores de segurança pública quando no
cumprimento de sua função, não devem preocupar-se somente com o ferido, mas precisam estar
atentos a uma série de outros fatores táticos envolvidos, como a segurança da equipe e a retirada
rápida do local hostil, e não raro, o combatente será o primeiro, se não o único, provedor de
ações de primeiros socorros naquele local.
Consoante já dito, antes de qualquer tipo de manobra do protocolo, é necessária a
neutralização das ameaças, primárias e secundárias, e procurar abrigo.
Seguem-se os seguintes passos:

1) PROCURAR ABRIGO E NEUTRALIZAÇÃO DE AMEAÇAS:


A) Procurar abrigo, não ficar exposto no X (área hostil);
B) O operador que identificar a ameaça ativa deverá engajar para neutralizá-la e comunicar
o restante da equipe a localização dessa.

2) FAZER COBERTURA DA ÁREA QUENTE PARA EVENTUAIS AMEAÇAS


SECUNDÁRIAS:
A) Tanto no X como seus arredores devem estar sob cobertura dos operadores;
B) Ajuste de posições e angulações de combate devem ser avaliadas e refeitas para maximizar
o potencial da equipe (360º - geometria de combate);
C) O lider/comandante da equipe deve estabelecer o domínio da equipe e segurança do local
para evoluir para a próxima fase.

3) RESGATE DO POLICIAL FERIDO:


A) Auxilio remoto, caso o ferido tenha condições de se deslocar até a equipe;
B) Geometria de combate da unidade no avanço até o ferido;
C) Neutralizar possíveis ameaças do próprio operador, retirar armas de fogo ou brancas, para
evitar um novo ferido, pois o operador ferido (desnorteado) pode tentar revidar por instinto seus
companheiros.
D) Triagem rápida no X, podendo ser aplicado o TQ durante a triagem, caso haja sangramento
massivo ou o abrigo fique distante. Caso haja abrigo a uma distância que leve de 10-20seg,
recomenda-se a extração para o abrigo e depois começar o protocolo MARC1, (o torniquete
emergencial pode ser aplicado no X) no caso de abrigo mais distante ou se depare com
sangramento massivo nos membros.

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TORNIQUETE

O torniquete que é o protagonista do APH em Combate, é utilizado em caso de


sangramento massivo nas extremidades (braços e pernas). É recomendado que o torniquete deva
possuir a espessura mínima de 4 cm, para não causar danos nas partes nervosas da pele.
Ressalta-se que nunca deve ser aplicado um torniquete nas articulações, pois é ineficiente. Trata
se de uma ferramenta de constrição externa (temporária) que faz a oclusão de veias e artérias
com o objetivo de estancar o sangramento do PM ferido.

APLICAÇAO DO TORNIQUETE
A Aplicação do torniquete em combate será preferencialmente na modalidade
emergencial, ou seja, alto e apertado.
O mais alto que conseguir pois podem existir outros ferimentos naquele membro que o
operador que está realizando o atendimento não tenha percebido, o tempo de aplicação deve ser
entre 60 a 120 segundos, pois uma aplicação rápida e eficaz, minimiza os danos causados pela
lesão, o torniquete deverá ser apertado até parar o sangramento massivo.
Importante ressaltar que o torniquete improvisado ou torniquete falsificado, ao
contrário do que se imagina, não é eficiente, ou seja, não é confiável, devendo ser utilizado
somente equipamentos certificados.

Atendimento ao PM ferido conforme protocolo MARC:


• M– sangramento massivo;
• A – vias aereas;
• R – respiração;
• C – calor;

Com o PM ferido no local abrigado, aplicar o protocolo MARC, iniciando pelo sangramento
Massivo (M), avaliando as extremidades (membros inferiores e superiores) e as areas
juncionais, em busca de sangramento massivo, que se caracteriza por fardamento empapado de
sangue, poça de sangue ao solo ou ferimento “pulsando” sangue, havendo o sangramento,
realizar a aplicação de torniquete nos membros superiores e inferiores, gazes com agente
coagulante nas areas juncionais, a bandagem de combate para fixar a gaze com agente
coagulante e ou proteger pequenos ferimentos.

Garantir a desobstrução das vias Areas (A), realizando a busca tátil e visual de particulas
sólidas no interior da boca, bem como, de fluidos (sangue e vomito), havendo, rotacionar o
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policial ferido lateralmente, realizar a manobra de elevação da mandíbula.

Verificar a respiração (R), devendo expor o toráx do policial ferido, removendo vestes
balisticas frontal e seu fardamento, avaliar visualmente e com as mãos o torax a procura de
perfurações tanto na região anterior como na posterior, havendo, limpar o excesso de sangue e
tampar o ferimento com selo de tórax.

Evitar a perda de calor (C) corporal, retirando peças do fardamento que estejam umidas,
impedir o contato do corpo do PM ferido com o solo, envolve-lo em manta aluminizada, para
que não acelere a perda da temperatura corporal.
Manobra de Burp: Poderá ocorrer no PM ferido, mesmo após o fechamento da perfuração
no torax, dificuldade respiratória (pneumotórax). Caso isso ocorra, deverá ser realizado a
manobra conhecida como “BURP”. Remova o selo de tórax até que o orifício fique exposto,
limpe o orifício, removendo possíveis coágulos, tape a boca e o nariz da vítima e aplique
pressão no lado cujo pneumotórax esteja e recoloque o selo de tórax no lugar.
Manobras e procedimentos do protocolo MARC1 serão aplicadas por Policial Militar
devidamente habilitado em curso APH em Combate, protocolo Mac1, curso este já é uma
realidade na PMMS, onde recebe instruções para diante de um policial ferido tenha capacidade
de em um ambiente hostil (ambiente operacional), nas atividades policiais, com o emprego das
técnicas e procedimentos emergenciais, para serem aplicados nas vítimas ou em si mesmos,
com o objetivo de salvaguardar a vida humana e prover a estabilização para a evacuação até o
suporte médico adequado.
Reavaliação constante do protocolo MARC durante a remoção do PM ferido.

Após a aplicação do protocolo MARC o policial socorrista, deverá reavaliar constantemente


os procedimentos realizados no PM ferido.

Conferir a eficácia das ações tomadas para conter o sangramento massivo.

Atentar para obstrução das vias aereas durante a remoção

Atentar para sinais de pneumotórax, verificar a eficácia do selo de tórax.

Manter o PM ferido aquecido.


Lembrando sempre os três objetivos do APH em combate são:
- Salvar vidas que possam ser salvas;
- Prevenir outras perdas de vidas; e
- Completar a missão de salvamento.

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Referências:
• PRE-HOSPITALAR TRAUMA LIFE SUPPORT. (PHTLS) 8a Edição.
• AMERICAN HEART ASSOACIATION (U.s.a.) (Org.). Protocolo de Reanimação
CardioPulmonar. São Paulo: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2015.
• MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR, Corpo de Bombeiros do Mato
Grosso do Sul, 2014.

Elaborado por Teófilo G. Rafael da Silva. CB PM, Enfermeiro Especialista, Mestrando em


Saúde e Desenvolvimento pela Faculdade de Medicina da UFMS.
Apostila de APH de Combate elaborada pelo 3º Sgt PM Isaías Teixeira de Melo Júnior, Pós
Graduado em APH de Combate.

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