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Circuitos simples em corrente alternada

Resistor, Capacitor e Indutor

1 - Conceitos relacionados que também varia senoidalmente no tempo, com a


forma:
Resistência, corrente, tensão, reatância, fase, diferença
de fase. i = i0 cos ω t (2)

2 – Objetivos Sendo i0 a amplitude da corrente elétrica e i seu o valor


instantâneo no tempo t.
Avaliar a dependência da reatância de dispositivos É útil utilizar uma representação gráfica
simples como resistor, capacitor e indutor em regime denominada diagrama de fasores na análise da tensão e
estacionário de corrente alternada. da corrente elétrica AC. O valor instantâneo da
grandeza é representado pela projeção, sobre o eixo
3 - Método utilizado horizontal, de um vetor cujo comprimento representa a
amplitude da grandeza considerada.
Em um circuito simples composto por um resistor de
teste e um dispositivo de prova, é aplicada uma tensão
alternada. Um osciloscópio é utilizado para medir a
tensão entre os terminais do resistor de teste e o
dispositivo de prova, em um intervalo de freqüência pré
definido para avaliar a reatância do dispositivo.

4 - Equipamentos
1 gerador de funções Figura 1 - Diagrama de fasor representando a corrente
1 amplificador de áudio elétrica AC, com o comprimento do vetor i0 representando a
1 multímetros digital amplitude, e sua projeção no eixo horizontal representando o
1 osciloscópio com duas pontas de prova valor instantâneo da corrente elétrica, sendo i = i 0 cos ω t .
2 resistores (10 Ω e 1 kΩ)
1 capacitor de 10 µF O vetor gira no sentido anti-horário com
1 indutor de 100 mH velocidade angular constante ω. De acordo com essa
1 cabos PB-PB representação fica justificado o motivo de escrevermos
1 cabo RCA-BNC a tensão e a corrente elétrica alternada em função do
1 cabo RCA-PB cosseno e não do seno.
2 cabo PB-BNC
1 cabos Jacaré-fio fino (para medir L e C) 5.1 – Resistor em circuito AC
Na Figura 2 é apresentado um circuito simples
5 - Fundamentos Teóricos
composto por uma fonte de tensão AC e um resistor R.
Uma fonte de tensão AC (Alternating Current) é A tensão fornecida VR pela fonte apresenta uma
qualquer dispositivo que forneça uma tensão (diferença dependência temporal na forma da equação (1) e a
de potencial) cujo valor varia senoidalmente com o corrente que circula no circuito apresenta uma
tempo: dependência na forma da equação (2). A ddp sobre o
resistor é escrita como:
V = V0 cos ω t (1)
VR = R ⋅ i ⇒ VR = R ⋅ i0 cos(ωt ) = V0 cos(ωt ) (3)
Nesta expressão, V é o valor instantâneo da ddp no
instante t, V0 a amplitude, e ω a frequência angular, Sendo VR a tensão instantânea, e V0 amplitude da
sendo ω = 2πf e f é a freqüência em Hertz. tensão. Considerando a equação (3), podemos observar
Um circuito no qual é aplicada uma diferença de que a diferença de potencial entre os terminais a e b
potencial AC será percorrido por uma corrente elétrica

Toginho Filho, D. O.; Laureto, E; Catálogo de Experimentos do Laboratório Integrado de Física Geral
Departamento de Física • Universidade Estadual de Londrina, Março de 2009.
Circuitos simples em corrente alternada
Resistor, Capacitor e Indutor

depende da freqüência da fonte, e está em fase com a i0


corrente elétrica que circula no resistor. VC = senω t = VC senωt (4)
ωC
Fazendo uma analogia da equação (4) com a equação
(3) para o resistor, podemos associar uma grandeza XC
escrita como:
1
XC = (5)
ωC
Esta grandeza denominada reatância capacitiva do
Figura 2 - Circuito simples com um resistor conectado a uma capacitor é descrita em unidades de Ohm. Pela equação
fonte AC. (4) podemos observar que a corrente que circula no
circuito e a tensão entre os terminais do capacitor estão
A corrente e a tensão sobre o resistor podem ser defasadas de 900 com a fase da tensão adiantada de π/2
representadas em um diagrama de fasores, como o em relação à da corrente, pois sen( x) = cos( x − π 2) .
apresentado na figura 3. Estas duas grandezas evoluem Ainda pode ser observado que a tensão VC no capacitor
no tempo em fase. é inversamente proporcional à freqüência da fonte, pois
VC = i 0 ⋅ X C .
A corrente elétrica i no circuito e a tensão VC entre
os terminais do capacitor também podem ser
representadas em um diagrama de fasores. Esta
representação é apresentada na Figura 4.

Figura 3 - Diagrama de fasores para a tensão VR e para a


corrente elétrica i sobre um resistor em um circuito AC,
sendo VR = V0 cos ω t e i = i 0 cos ω t .

5.2 – Capacitor em circuito AC


Consideremos novamente o circuito apresentado
na da Figura 2, porém com um capacitor no lugar do
resistor. A corrente elétrica que circula no circuito
também é escrita na forma i = i 0 cos ωt . A tensão
instantânea entre as placas do capacitor é escrita como: Figura 4 - Diagrama de fasores para a tensão VC e a corrente
q elétrica sobre um capacitor em um circuito AC, sendo
VC =
C VC = V0 cos(ω t − π 2) e i = i0 cos ω t .
Sendo q a carga acumulada nas placas do capacitor de
capacitância C. Como i = dq / dt , a carga acumulada é É importante destacar que a diferença de fase VC e i0
escrita como: fica explícita pela diferença de fase (-900) entre os
fasores.
dq i
q=∫ dt = ∫ i 0 cos ωt ⋅ dt = 0 senωt.
dt ω 5.3 – Indutor em circuito AC
Deste modo, a tensão sobre o capacitor será, Consideremos novamente o circuito apresentado
na da Figura 2, porém com um indutor no lugar do

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Departamento de Física • Universidade Estadual de Londrina, Março de 2009.
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Resistor, Capacitor e Indutor

resistor. Desprezando a resistência elétrica do fio com o


qual foi construído o indutor, se espera que não haja
uma resistência elétrica no circuito devido à presença
do indutor. A diferença de potencial VL aplicada aos
terminais do indutor de indutância L faz circular uma
corrente elétrica com dependência temporal na forma
da equação (2). A presença desta corrente que varia no
tempo dá origem a uma força eletromotriz auto-
induzida ε na forma:
Figura 5 - Diagrama de fasores para a tensão VL e a corrente
di
ε = −L elétrica sobre um indutor num circuito AC, sendo
dt V L = V0 cos(ω t + π 2) e i = i0 cos ω t .
No entanto, VL não é igual a ε. A força
eletromotriz auto-induzida tende a se opor à tensão VL É importante destacar que a diferença de fase entre
aplicada aos terminais do indutor, de acordo com a lei VL e i0 fica explícita pela diferença de fase (+900) entre
de Lenz. Assim, a diferença de potencial instantânea os fasores.
entre os terminais do indutor de indutância L é escrita
como: 6 - Montagem e procedimento experimental
di A montagem experimental para medir a
VL = L .
dt dependência da reatância de dispositivos elétricos em
di d função da freqüência é apresentada na Figura 6. Este
VL = L = L (i 0 cos ωt ) circuito é composto por um resistor R de teste, uma
dt dt
fonte de tensão AC com ajuste de freqüência e um
di
V L = L = −i 0 ωLsenωt (6) dispositivo de prova X.
dt

Fazendo uma analogia da expressão (6) com a


expressão (3) para o resistor, podemos definir uma
grandeza XL escrita como:
X L = ωL (7)
Figura 6 - Circuito para medir a reatância do dispositivo X.
Esta grandeza denominada reatância indutiva do
indutor também se apresenta em unidades de Ohm. Pela A corrente elétrica no circuito é a mesma em todos
equação (6) podemos observar que a corrente i que os elementos, inclusive no resistor R. Assim, o resistor
circula no circuito e a tensão sobre o indutor estão de teste é utilizado para medir a intensidade da
defasadas de 900, com a fase da tensão atrasada de π/2 corrente, através da lei de Ohm. Os valores da tensão
em relação à da corrente, pois sen( x) = cos( x + π 2) . de pico-a pico no resistor de teste e no dispositivo de
Ainda pode ser observado que a tensão VL no indutor é prova, a forma de onda, o atraso entre a corrente e a
diretamente proporcional à freqüência da fonte, pois tensão são obtidos com um osciloscópio.
V L = i0 X L . Prática 1 – Resistor
A corrente elétrica que circula no circuito e a
1. Identificar os componentes fornecidos;
tensão instantânea presente entre os terminais do
2. Medir com o multímetro o valor da resistência do
indutor também podem ser representadas em um
diagrama de fasores, mostrado na figura 5. resistor de teste R (10Ω) e sua incerteza e a

Toginho Filho, D. O.; Laureto, E; Catálogo de Experimentos do Laboratório Integrado de Física Geral
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resistência do resistor de prova (1KΩ) e sua Prática 3 – Indutor


incerteza; 1. Identificar os componentes fornecidos;
3. Montar o circuito para medir a impedância de 2. Medir com o multímetro o valor da resistência do
acordo com o diagrama da Figura 6, utilizando o
resistor de teste R (10Ω) e sua incerteza, a
resistor de 1kW como dispositivo de prova X;
capacitância do capacitor de prova e sua incerteza,
4. Medir com o canal 1 do osciloscópio o valor da
avaliar a resistência do indutor (regime DC) com o
tensão de pico a pico entre os terminais do resistor
multímetro;
R de teste e com o canal 2 o valor da tensão entre
3. Montar o circuito para medir a impedância de
os terminais do resistor de prova, para valores de
acordo com o diagrama da Figura 6, utilizando o
freqüência entre 200 Hz e 2kHz, com intervalos de
indutor como dispositivo de prova X;
200 Hz. Utilizar como referência o ponto de
4. Medir com o canal 1 do osciloscópio o valor da
conexão entre os dois dispositivos, acionando o
tensão de pico a pico entre os terminais do resistor
comando “invert” do canal 2;
R de teste e com o canal 2 o valor da tensão entre
5. Registrar os valores obtidos em uma tabela
os terminais do indutor de prova, para valores de
(TabelaI), com colunas para a freqüência e sua
freqüência entre 200 Hz e 2kHz, com intervalos de
incerteza, a tensão sobre o resistor de teste e sua
200 Hz. Utilizar como referência o ponto de
incerteza, a tensão sobre o resistor de prova e sua
conexão entre os dois dispositivos, acionando o
incerteza, e a diferença no tempo entre a tensão
comando “invert” do canal 2;
sobre o resistor de prova X em relação à tensão
5. Anotar os valores obtidos em uma tabela (Tabela
sobre o resistor R de teste e sua incerteza.
III), com colunas para a freqüência e sua incerteza,
a tensão sobre o resistor de teste e sua incerteza, a
Prática 2 – Capacitor
tensão sobre o indutor de prova e sua incerteza, e a
1. Identificar os componentes fornecidos; diferença no tempo entre a tensão sobre o indutor
2. Medir com o multímetro o valor da resistência do de prova X em relação à tensão sobre o resistor R
resistor de teste R (10Ω) e sua incerteza, a de teste e sua incerteza.
capacitância do capacitor de prova e sua incerteza,
e avaliar a resistência do capacitor (regime DC) 7 – Análise
com o multímetro;
3. Montar o circuito para medir a impedância do 1. Acrescentar mais quatro colunas na Tabela I,
capacitor, de acordo com o diagrama da Figura 6, calculando o valor da corrente elétrica no circuito e
utilizando o capacitor como dispositivo de prova X; sua incerteza, o valor da reatância XR associada ao
4. Medir com o canal 1 do osciloscópio o valor da resistor de prova e sua incerteza, a freqüência
tensão de pico a pico entre os terminais do resistor angular ω (ω=2.π.f) da tensão aplicada ao circuito,
R de teste e com o canal 2 o valor da tensão entre e a diferença de fase da tensão sobre o resistor de
os terminais do capacitor de prova, para valores de prova em relação à corrente no circuito (resistor de
freqüência entre 200 Hz e 2kHz, com intervalos de teste);
200 Hz. Utilizar como referência o ponto de 2. Utilizar a função de análise estatistica do aplicativo
conexão entre os dois dispositivos, acionando o para obter o valor médio da diferença de fase e seu
comando “invert” do canal 2; erro padrão (SE);
5. Anotar os valores obtidos em uma tabela (Tabela 3. A partir da Tabela I, construir um gráfico de XR(ω)
II), com colunas para: a freqüência e sua incerteza, da dependência da reatância do resistor de prova
a tensão sobre o resistor de teste e sua incerteza, a em função da freqüência angular, Gráfico 1;
tensão sobre o capacitor de prova e sua incerteza, e 4. Fazer o ajuste dos pontos experimentais por uma
a diferença no tempo entre a tensão sobre o função apropriada;
capacitor de prova X em relação à tensão sobre o 5. Avaliar o ajuste considerando os valores de R
resistor R de teste e sua incerteza. (coeficiente de correlação) e SD (desvio padrão do
ajuste);

Toginho Filho, D. O.; Laureto, E; Catálogo de Experimentos do Laboratório Integrado de Física Geral
Departamento de Física • Universidade Estadual de Londrina, Março de 2009.
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6. Correlacionar os parâmetros da expressão de ajuste 19. Correlacionar os parâmetros da expressão de ajuste


com a equação (3); com a equação (7);
20. Determinar o valor da indutância a partir dos
7. Acrescentar mais quatro colunas na Tabela 2, parâmetros de ajuste.
calculando o valor da corrente elétrica no circuito e
sua incerteza, o valor da impedância associada ao Referências Bibliográficas
capacitor de prova e sua incerteza, o inverso da 1. Duarte, J.L., Appoloni, C.R., Toginho Filho, D.O.,
freqüência angular ω da tensão aplicada ao circuito, Zapparoli, F.V.D.,Roteiros de Laboratório –
e a diferença de fase da tensão sobre o capacitor de Laboratório de Física Geral II – 1a Parte (Apostila),
prova em relação à corrente no circuito (resistor de Londrina, 2002.
teste); 2. Halliday, D., Resnick, R., Walker, J. –
8. Utilizar a função de análise estatistica do aplicativo “Fundamentos de Física 3” - São Paulo: Livros
para obter o valor médio da diferença de fase e seu Técnicos e Científicos Editora, 4a Edição, 1996.
erro padrão (SE); 3. Vassallo, F. R. ,“Manual de Instrumentos de
9. A partir da Tabela II, construir um gráfico de Medidas Eletrônicas”, São Paulo: Hemus Editora
XC(1/ω) da dependência da tensão sobre resistor de Ltda, 1978.
prova em função do inverso da freqüência angular, 4. Sears e Zemansky, Física III –Eletromagnetismo – São
Gráfico 2; Paulo: Pearson Education, 10ª. Edição, 2005.
10. Fazer o ajuste dos pontos experimentais por uma
função apropriada;
11. Avaliar o ajuste considerando os valores de R
(coeficiente de correlação) e SD (desvio padrão do
ajuste);
12. Correlacionar os parâmetros da expressão de ajuste
com a equação (5);
13. Determinar o valor da capacitância a partir dos
parâmetros de ajuste;

14. Acrescentar mais quatro colunas na Tabela III,


calculando o valor da corrente elétrica no circuito e
sua incerteza, o valor da impedância associada ao
indutor de prova e sua incerteza, a freqüência
angular ω da tensão aplicada ao circuito, e a
diferença de fase da tensão sobre o indutor de
prova em relação à corrente no circuito (resistor de
teste);
15. Utilizar a função de análise estatistica do aplicativo
para obter o valor médio da diferença de fase e seu
erro padrão (SE);
16. A partir da Tabela III, construir um gráfico de
XL(ω)da dependência da tensão sobre indutor de
prova em função da freqüência angular, Gráfico 3;
17. Fazer o ajuste dos pontos experimentais por uma
função apropriada;
18. Avaliar o ajuste analisando os valores de R
(coeficiente de correlação) e SD (desvio padrão do
ajuste);

Toginho Filho, D. O.; Laureto, E; Catálogo de Experimentos do Laboratório Integrado de Física Geral
Departamento de Física • Universidade Estadual de Londrina, Março de 2009.

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