Você está na página 1de 101

MELATONINA

Mais do que um hormônio do sono

TDAH
Como melhorar os
resultados do tratamento

ENZIMAS
DIGESTIVAS
Essenciais para a saúde

GENÉTICA+
NUTRIÇÃO
A INFLUÊNCIA DE NUTRIENTES
SOBRE A EXPRESSÃO DOS GENES
11a EDIÇÃO
ABRIL DIFERENCIAL DE QUALIDADE
2017
TREINO DE MANHÃ:
NOVOS MOTIVOS PARA
SAIR DA CAMA MAIS CEDO.
Os novos sabores combinam o whey protein hidrolisado e isolado obtidos através do
processo patenteado CROSS-FLOW MICROFILTRATION (CFM), o qual purifica e potencializa
as propriedades das proteínas. Além do delicioso sabor, descubra os diferenciais de seus
ingredientes naturais altamente concentrados e com propriedades únicas.

Compre online:
essentialnutrition.com.br

Contém
antioxidantes e
polpas naturais
SUGAR

22g
TRANS FAT
GLUTEN
de proteína FREE

Contém extrato
concentrado Contém extrato
de canela natural de café
Tudo está conectado
Mais uma vez podemos vivenciar a sabedoria que emana do contemplar
e conhecer a essência humana. Durante muito tempo acreditou-se que o
fator hereditário era um fator único e determinante. Este é mais um para-
digma, que nos propomos a discutir como tema principal dessa edição.
A ciência traz evidências que boas escolhas podem silenciar os genes e
colocar você na regência da sua saúde. Com esses novos conhecimentos,
a nutrição torna-se um importante instrumento complementar utilizado
pelos profissionais de saúde.

E não é apenas a nutrição no prato, tantas outras substâncias podero-


sas existem e já tiveram seus benefícios divulgados através de inúmeros
estudos. Por isso, você vai perceber que colocamos uma atenção espe-
cial para destacar os diferenciais da Essentia Pharma. Nossa intenção é
que você entenda que quando um remédio é comprado numa farmácia de
manipulação ele é fabricado em concentrações personalizadas.

Como farmácia de manipulação temos também a grande vantagem de


revistaessentia.com.br trabalhar com a medicina preventiva, promovendo a saúde através de
mecanismos naturais do corpo. Mas nem todas as farmácias de manipula-
ção são iguais. O que diferencia a Essentia Pharma de outras é a qualidade
da matéria-prima utilizada, dos processos e das pessoas envolvidas, algo
realmente único, que precisa ser conhecido e reconhecido. A excelência
essentia.com.br farmacêutica que adquirimos é fruto de firmes princípios e muita vontade.

Dentre estas substâncias poderosas, destacamos nesta edição aquela


que conseguiu mais um reconhecimento, dessa vez no âmbito legal.
A liberação da Melatonina para comercialização em farmácias de manipu-
lação foi uma dessas conquistas muito comemorada por todos nós, que
/essentiapharmacia aplicamos a medicina preventiva diariamente. Até então, o Brasil era um
dos poucos países onde o registro da Melatonina não estava disponível,
limitando o acesso de pacientes aos mais variados tratamentos. Uma vitó-
ria da medicina preventiva e da saúde em geral.
Editor Chefe: A nutrição permanece no centro do dialogo também no artigo sobre Enzi-
Paulo Urban mas Digestivas. Hoje, mais do que a antiga expressão "Você é o que você
come" nos faz mais sentido: “Você é o que digere e consegue absorver”.
Fotografia: Sem uma digestão e absorção correta dos alimentos, os nutrientes não
Shutterstock conseguem atuar em suas mais diversas funções. Na verdade, está tudo
integrado, conectado, como em um personalizado e complexo sistema.
Tiragem:
Entender isso é também tomar as rédeas da situação.
30.000
Essa é uma maneira particular de como enxergamos o mundo e a nossa
essência. Essa conexão e integratividade estão expressas no corpo
humano, na natureza e também nos processos que direcionam o funcio-
namento da Essentia Pharma.

Gostou? A informação está aí e ela é transformadora!

Boa Leitura

Compartilhe Paulo Urban


Diretor
Índice

ENZIMAS 06 ACONTECE
DIGESTIVAS
08 DIFERENCIAL DE QUALIDADE ESSENTIA PHARMA

18 ENZIMAS DIGESTIVAS
18 Essenciais para a saúde

MELATONINA 30 CIÊNCIA ATUAL


Nova meta-análise conclui que EPA e DHA reduzem
o risco da doença arterial coronariana

31 CIÊNCIA ATUAL
Whey protein para o controle do diabetes
32
32 MELATONINA
GENÉTICA + Mais do que um hormônio do sono
NUTRIÇÃO

48 GENÉTICA + NUTRIÇÃO
A influência de nutrientes sobre a expressão dos genes

48 60 RESTAURE O EQUILÍBRIO
Spas terapêuticos
TDAH
66 TDAH
Como melhorar os resultados do tratamento

79 CIÊNCIA ATUAL
66 Primeira meta-análise quantitativa sobre a relação dose-
resposta entre a ingestão de magnésio e o risco de
insuficiência cardíaca e mortalidade por todas as causas
SEMENTES
GERMINADAS
E BROTOS 80 SEMENTES GERMINADAS E BROTOS
Extratos da natureza para sua saúde

88 MOTIVAÇÃO
80

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 5
ACONTECE

06 I Jornada Mineira de Nutrologia


Local: Mercure/Lourdes, Belo Horizonte, MG | Site: abran.org.br

MAIO No dia 06 de maio acontece a I Jornada Mineira de Nutrologia em Belo Horizonte. O Evento
realizado pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) visa levar fora do eixo São Paulo/
Rio de janeiro, simpósios especializados, informando e desenvolvendo um número cada vez
maior de profissionais.

11-13 II Congresso Norte e Nordeste de Nutrição


Clínica e Esportiva Funcional | Fortaleza CE
Local: Fortaleza, CE | Site: vponline.com.br
MAIO
O Congresso Norte e Nordeste de Nutrição Clínica e Esportiva Funcional realizará sua
2° edição de 11 a 13 de maio em Fortaleza. Segundo os organizadores, o evento tem como objetivo
disseminar a nutrição funcional pelo Brasil através de profissionais renomados com conteúdo de
qualidade. No ano passado, a primeira edição reuniu mais de mil pessoas nos três dias de evento.
Os palestrantes confirmados já foram divulgados, confira no site.

19-20 4º Meeting Brasileiro de Nutrição Estética


Local: Fecomercio, SP | Site: nutricaoesteticabrasil.com.br

MAIO Beleza e longevidade são os temas principais do congresso que reúne profissionais de nutri-
ção durante 2 dias em São Paulo. A 4° edição do Meeting de Nutrição e Estética está maior
e o conteúdo combina atualização científica e prática clínica.

20-21 V Congresso Internacional de Tratamento


Integral do Autismo e TDAH: Tratamento
Integrativo e Terapêutico
MAIO Local: UNIP Campus Paraíso, SP | Site: congressodeautismo.com.br

O congresso de Autismo e TDAH é um convite a todos os profissionais, pais e amigos de


autistas, dedicados a discutir o tema, compartilhar experiências e conhecer novas opções em
prol de um tratamento integrado. O evento acontece durante o final de semana no campus da
UNIP, em São Paulo, e contará com a presença dos maiores nomes de especialistas na área.

02-03 Jornada Norte/Nordeste Nutrologia


Local: Mar Hotel, Recife, PE | Site: abran.org.br

JUNHO Dias 02 e 03 de junho acontece a Jornada Norte e Nordeste de Nutrologia em Recife.


O Evento é mais um dos realizados pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), está
na sua 2° edição e reforça o potencial dessa região na área.

09-11 XXX Congresso de Prática Ortomolecular


Local: Centro de eventos Frei Caneca, SP | Site: congressoortomolecular.com.br

JUNHO Tradicional e muito respeitado, este ano o Congresso de Prática Ortomolecular completa
30 anos e está preparando uma programação especial com nomes nacionais e interna-
cionais que contribuíram para o desenvolvimento desta medicina, além dos estudos mais
recentes em uma ampla abordagem de saúde.

6 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
09-11 Meeting Nutrição Eficiente
Local: Expo Dom Pedro, Campinas, SP | Site: meetingnutricaoeficiente.com.br

JUNHO O Meeting de Nutrição Eficiente reúne estudiosos na área de nutrição do país e grandes
marcas do segmento em uma área de exposição. No programa, um conteúdo selecionado
abordará genética e epigenética, inflamação e estratégias para o ganho de massa muscular.
Durante o pré-congresso na sexta-feira, ocorrerá um workshop de 4 horas sobre prescrição
nutricional, ministrado pelo Dr. Luciano Bruno.

07-10 Naturaltech
Local: Parque do Ibirapuera, SP | Site: naturaltech.com.br/2017

JULHO A Naturaltech é uma feira voltada a produtos naturais, probióticos, integrais, fitoterápicos
e tratamentos complementares. Uma ótima oportunidade para conhecer as novidades do
setor e interagir um pouco mais com os fabricantes. Anualmente a Naturaltech atrai um
grande número de lojas de produtos naturais, restaurantes, supermercados, farmácias, etc.,
todos em busca de alternativas saudáveis e fomentar o desenvolvimento deste mercado.
O visitante participa também de palestras, seminários, workshops e oficinas de gastronomia.

14-15 Gluten Free


Local: Frei Caneca, SP | Site: glutenfreebrasil.com

JULHO As opções sem glúten ocupam cada vez mais espaço nas prateleiras dos supermercados.
Enquanto os celíacos comemoram, os nutricionistas debatem a questão. O fato é que o
assunto é tema comum e já existe uma feira exclusiva para apresentar os últimos lançamen-
tos em produtos Gluten Free. Além do glúten, as marcas aproveitam esta vitrine para lançar e
promover produtos sem lactose, orgânicos, funcionais e nutracêuticos.

14-16 XIII Congresso Internacional de Nutrição


Funcional
Local: Bela Vista, SP | Site: vponline.com.br
SETEMBRO
É conhecido por trazer temas atuais em termos de estudos e pesquisas, e por ter à frente de
suas palestras grandes nomes da nutrição. Para saber mais sobre o tema que o evento trará
este ano fique atento no site do evento ou em suas redes sociais.

28-30 XXI Congresso Brasileiro de Nutrologia


XXI Simpósio de Obesidade e Síndrome Metabólica
XV Annual Meeting International Colleges
SETEMBRO of Advancements of Nutrology
XIV Fórum de Direito Humano à Alimentação
Adequada
Local: Centro de Convenções Frei Caneca, | Site: abran.org.br

O Congresso Brasileiro de Nutrologia é um dos maiores eventos do ano na área. Em três


dias são realizadas mais de 120 palestras que transitam entre mais de 60 temas voltados
para saúde e nutrição. Durante o evento serão premiados 3 trabalhos e todos os aprovados
serão publicados no International Journal of Nutrology. As inscrições dos trabalhos científicos
começam a partir de 08 de maio.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 7
ARTIGO

Essentia Pharma

8 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Q
uando você vai a um consultório médico,
e ele prescreve um medicamento pronto,
industrializado, este já tem estabelecida a
concentração dos princípios ativos, a forma farma-
cêutica, o excipiente e a quantidade. Termos técni-
cos, mas que significam que é um produto acabado
e imutável produzido por uma indústria distante.
As drogarias convencionais são pontos de venda
das mais diversas indústrias farmacêuticas. O fato
de comprar o medicamento no estabelecimento A
ou B não é um fator que determina a qualidade do
produto, pois a drogaria não modifica em nada o
que é produzido na indústria, apenas o vende.

Quando um prescritor receita um medicamento


manipulado (ou magistral), este produto pode
ser uma composição de vários princípios ativos,
ou um ativo isolado, dificilmente comercializado
pela indústria farmacêutica. A produção deste
medicamento é personalizada e única para as
necessidades individuais do paciente. A fórmula e
forma farmacêutica, dose e particularidades, como
isenção de corantes ou glúten, são especificadas
pelo profissional prescritor. Esse medicamento
será produzido em uma farmácia magistral que
funciona como uma pequena indústria farmacêu-
tica. Diferentemente da drogaria convencional,
pode existir muita diferença entre as farmácias de
manipulação, desde que cada uma funciona como
unidade produtiva individual e não exclusivamente
como ponto de venda. A variação de preço entre
uma farmácia de manipulação e outra depende,
entre outros fatores, da qualidade das matérias-
-primas utilizadas, do controle de qualidade do
processo produtivo, da capacidade profissional dos
funcionários, da qualidade de suas instalações, da
tecnologia aplicada aos processos, do atendimento
ao cliente, da entrega de soluções. Ao contrário do
medicamento industrializado, existem muitos fato-
res e detalhes entre essas “pequenas indústrias”
que podem interferir diretamente na eficácia e
qualidade do tratamento proposto.

Nessa matéria, você irá conhecer em detalhes


como a qualidade Essentia é singular e construída
com estratégias específicas na busca de excelên-
cia em todos os processos da fabricação magistral.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 9
ARTIGO

Desde a sua criação em 2005, a Essentia Pharma tem COMO SE CONSTRÓI


como objetivo trazer o que há de melhor em maté- A QUALIDADE PARA
rias-primas, priorizando assim a entrega de quali- A EXCELÊNCIA
dade, confiança e credibilidade aos seus clientes e
NA MANIPULAÇÃO
parceiros, na busca incansável da excelência. Dentro
deste conceito – e para melhor expressar suas carac- A Essentia Pharma destaca-se de forma primorosa no
terísticas intangíveis – passou a se chamar de Centro mercado magistral e farmacêutico nacional, uma vez
Técnico Farmacêutico Essentia Pharma, tendo a que considera que o papel da farmácia vai além da
fundação científica aliada à exigência máxima de entrega de um medicamento. A filosofia de trabalho
qualidade e cuidados para atender a vários desafios prioriza a saúde e o bem-estar dos pacientes e busca
da área médica. Em especial, o desafio de acom- ser um serviço de excelência farmacêutica com aper-
panhar a ciência mais atualizada para desenvolver feiçoamento contínuo da qualidade. Para alcançar
fórmulas que possam prevenir ou curar doenças, tais metas, nossa atenção está nos detalhes que
melhorando a qualidade de vida do paciente. Cole- farão uma grande diferença no final do tratamento.
tivamente e diariamente esta conquista é vivida A seguir, ressaltam-se alguns deles que resultam em
através do feedback e compartilhamentos de profis- superior qualidade.
sionais de saúde e pacientes, fato este que nos gera
muito orgulho e confiança em nossos ideais.

CONHEÇA OS PASSOS 1. ATENDIMENTO


ATÉ O MEDICAMENTO Oferecer às pessoas mais qualidade no aten-
CHEGAR AO PACIENTE dimento é uma maneira simples de contribuir
para o bem-estar desde o início do tratamento
e promover a saúde.

8. CLIENTE
Saúde é um processo contínuo, mesmo
após a entrega do medicamento acom-
panhamos o tratamento, avisando
quando está na hora de um novo pedido,
ou de remarcar a consulta médica.

DO P R
DA O
RA
D
I

UT
RET

7. EXPEDIÇÃO
Produtos são conferidos com o
pedido e embalados cuidadosa-
mente para envio ao paciente.

6. CONFERÊNCIA
FARMACÊUTICA DE SAÍDA
Após toda a produção concluída uma nova conferência
farmacêutica acontece onde o produto manipulado, ordem
de produção e receita são novamente conferidos.

10 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Diferencial de Qualidade Essentia Pharma

FLUXOGRAMA DE FUNCIONAMENTO:
INÚMERAS CONFERÊNCIAS
Quando uma prescrição chega até nós, tem um fluxo dúvida do teor da receita, de dose ou forma farma-
a ser percorrido. Começa pelo contato do cliente com cêutica, entra-se em contato com o prescritor para os
nosso serviço de Teleatendimento: uma funcionária devidos esclarecimentos. Após esta etapa, a receita
qualificada com a supervisão de uma farmacêutica será enviada para o Laboratório produzir o medica-
fará o orçamento, prestará todos os esclarecimen- mento específico através de um processo criterioso
tos e, caso o cliente decida, fará o fechamento da e rigoroso com a supervisão da farmacêutica respon-
compra do que está prescrito na receita (nada além sável. Após a sua produção, este passa pela etapa
do que está na receita é fornecido). Esta receita será de Reconferência Farmacêutica com a finalidade de
avaliada por uma profissional no Setor de Inclusão aferir todo o processo produtivo e certificar que o
(nesta etapa a receita do paciente é transcrita para o produto foi preparado exatamente conforme solici-
sistema operacional da farmácia). Esta receita será tado pelo prescritor. Esta sequência de conferências
reavaliada mais uma vez por uma segunda farma- é executada por profissionais diferentes e altamente
cêutica no setor de Conferência Farmacêutica de treinados. São muitos os filtros que fazem a checa-
Entrada, para ter certeza que nenhum erro humano foi gem da mesma receita, assim, reduzindo ao máximo
cometido nesta primeira etapa. Se houver qualquer possíveis erros.

2. INCLUSÃO
Nesta etapa, a receita
torna-se uma ordem 3. CONFERÊNCIA
de produção. FARMACÊUTICA DE ENTRADA
A receita e a ordem de produção
passam por uma conferência farma-
cêutica e qualquer dúvida é resol-
vida diretamente com o prescritor.

4. PRODUÇÃO
ALIDADE E ESTAT
OLE
QU SS TR
Í ST
Os mais modernos equipamentos
E N
IC
D

trazem precisão à manipulação, em


CO
EN

O
O

T IA
SEL

laboratórios específicos para cada


grupo de medicamento.

MATÉRIA-PRIMA
Paralelo ao processo
de produção está o
E DE QUA controle de qualidade
OL LI
TR das matérias-primas
D
N

com um laboratório
AD
CO

equipado, onde os
ativos são analisa-
5. CONTROLE ESTATÍSTICO E FINALIZAÇÃO dos e aprovados.
Para a aferição e perfeição do medicamento, um
equipamento especial pesa cada cápsula indivi-
dualmente, garantindo a exatidão da dosagem.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 11
ARTIGO

No Setor de Expedição, os medicamentos são devi- Outras análises também são realizadas durante
damente embalados com muito carinho e cuidado e o processo produtivo diário das formulações, por
encaminhados de forma ágil, via Sedex, para o ende- exemplo, a análise do peso médio das cápsulas das
reço do cliente, em todo o Brasil. Um e-mail é encami- formulações manipuladas diariamente e o registro
nhado para o paciente com o código de rastreamento das características organolépticas, incluindo pH
do Sedex para que o mesmo possa acompanhar a e fluidez, de formulações líquidas, tais como as
entrega de seu pedido. Qualquer dúvida quanto ao soluções orais e dermocosméticos.
envio do medicamento, a forma farmacêutica, como
usar a medicação, o cliente pode entrar em contato ATENÇÃO ÀS CÁPSULAS
com a equipe de atendimento Essentia Pharma para E EXCIPIENTES
esclarecer as suas questões diretamente com uma
Como excipientes, ou substâncias inativas usadas
farmacêutica.
como veículo para a preparação ou estabilidade do
QUALIFICAÇÃO DE princípio ativo, utiliza-se exclusivamente cápsulas
FORNECEDORES E DAS brancas ou vegetais para se evitar qualquer corante
artificial agregado na produção. Existem cápsulas
MATÉRIAS-PRIMAS
vegetais para veganos e cápsulas gastrorresistentes
A Essentia Pharma vai além de cumprir os padrões para clientes que apresentem desconforto gástrico
impostos pela legislação vigente no setor magistral. com o uso de medicamentos. Pode-se adequar o
Os fornecedores de matérias-primas devem atender tamanho da cápsula à capacidade de deglutição do
a vários critérios de qualidade, desde a apresenta- paciente, assim como usar outra forma farmacêu-
ção das documentações até a análise de estrutura tica como uma solução oral no lugar de cápsulas. As
física, tecnologia, boas práticas de fabricação, entre soluções orais são isentas de açúcares e edulcoran-
outros requisitos. Cada fornecedor recebe uma tes artificiais, como aspartame, sucralose, ciclamato,
nota trimestral e, caso não atinja a nota desejada, é sacarina, acessulfame, e possuem bases hipoalergê-
desqualificado. Assim que as matérias-primas são nicas adaptadas ao paladar do cliente. Os excipien-
recebidas, todas as informações são registradas no tes são selecionados conforme a necessidade do
sistema operacional próprio, para assim, partir para fármaco, através de uma gama de excipientes para
a inspeção de qualidade. Diversos ensaios são reali- inúmeras situações que otimizem a biodisponibili-
zados pela equipe do Departamento de Controle de dade do produto. Um medicamento pode ter um exci-
Qualidade, o qual recebe o produto com a documen- piente diferente do outro conforme sua composição.
tação e faz as avaliações conforme a Farmacopeia Por exemplo, excipientes que promovem a liberação
Brasileira e compêndios internacionais de referência. lenta do princípio ativo (slow release), até cápsulas
Somente após aprovação pelo controle de qualidade, com excipientes oleosos para substâncias lipofílicas,
a matéria-prima é liberada para utilização, sendo excipiente especial para os hormônios. O objetivo
alojada em laboratório específico para sua armaze- deste grande detalhe farmacotécnico é para que o
nagem. Nesse laboratório, padrões de temperatura excipiente realmente atue como substância segura-
e umidade inerentes são controlados duas vezes ao mente inativa ou atue como fator contribuinte tanto no
dia – um controle devidamente assinado e documen- processo farmacológico quanto na saúde do paciente.
tado. Além das análises de controle de qualidade das
matérias-primas recebidas, a Essentia Pharma realiza
análises de água potável e água purificada, e unifor-
midade de doses por cápsula de fórmulas escolhidas
aleatoriamente em laboratórios terceirizados para se
certificar e garantir a integridade, qualidade e pureza
de seus produtos.

12 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Diferencial de Qualidade Essentia Pharma

FATOR DE CORREÇÃO: da matéria-prima, o paciente estará utilizando aproxi-


CONFIANÇA NA DOSE madamente 50 vezes menos quantidade de astaxan-
tina que deveria estar ingerindo. Esta questão implica
Por questões farmacotécnicas, algumas matérias- diretamente na eficácia do tratamento e, consequen-
primas são disponibilizadas na forma diluída pelo temente, no valor final do produto. Assim, grandes
fornecedor. Assim, a Essentia Pharma aplica sempre diferenças de preço podem acontecer se uma farmá-
o chamado Fator de Correção de Diluição, obtido por cia não aplicar o fator de correção.
meio de cálculos baseando-se nas informações conti-
das no laudo de cada lote dos fármacos disponibili- FATOR DE CORREÇÃO
zado pelo fornecedor. Dessa forma, se compensa a DE UMIDADE
diferença que possa ter e se realiza o ajuste do teor
Ao analisar os certificados de análise dos insumos
das substâncias ativas das matérias-primas a ser
farmoquímicos, constata-se que a maioria possui
considerado no momento da manipulação das formu-
água, que pode ser de duas maneiras: livre ou crista-
lações prescritas. A aplicação do fator de correção
lina. Já que a água livre não faz parte da molécula – é
para determinadas matérias-primas é imprescindível
uma característica física do insumo trazer água após
para se obter a dosagem correta prescrita. Por este
a sua síntese –, esta muitas vezes vem impregnada na
motivo, prezamos pela correta aplicação desses
molécula e, naturalmente, necessita ser corrigida, pois
fatores, revisados a cada novo lote adquirido. Para
uma parte da massa do insumo não é de moléculas do
melhor compreensão, exemplificaremos a seguir o
ativo, mas sim da água. Um caso típico é o ácido fólico
caso do ativo astaxantina – matéria-prima que se faz
que pode possuir até 8,5% de água em sua massa.
necessária a aplicação do fator de correção. Quando
Logicamente, um lote de ácido fólico que apresente
o prescritor indica o uso da astaxantina na dosagem
um teor de água de 7,85% em 100mg de ácido fólico,
de 4mg, o mesmo deseja que o paciente utilize 4mg
ter-se-á 7,85mg de água e 92,15mg de ácido fólico,
da substância ativa chamada astaxantina presente
ou seja, para obter-se 100mg de ácido fólico é neces-
na alga Haematococcus pluvialis numa concentração
sário pesar mais do que 100mg do ativo. A Essentia
de 2,08%, e não apenas 4mg do extrato da alga que a
Pharma aplica fator de correção de umidade em 100%
contenha. Seguindo as informações em laudo dispo-
das matérias-primas – fator este de extrema impor-
nibilizadas pelo fornecedor, o fator de correção que
tância, pois faz diferença na eficácia do tratamento e
deve ser aplicado à astaxantina é de 48,16. Caso este
na dosagem prescrita pelo profissional.
fator não seja considerado no momento da pesagem

FATOR DE CORREÇÃO

FATOR DE DOSE COM VALOR SEM VALOR COM


MATÉRIA-PRIMA DOSE SEM FATOR
CORREÇÃO A SER FATOR DE FATOR FATOR
DOSE SUGERIDA DE CORREÇÃO
APLICADO CORREÇÃO DE CORREÇÃO DE CORREÇÃO

ASTAXANTINA 48,16 0,249mg


12mg R$ x 1 R$ x 10
12mg (0,249mg x 48,16=12mg) (de 12mg)

VITAMINA K2 92,95 1,29mcg


120mcg R$ x 1 R$ x 7
120mcg (1,29mcg x 92,95=120mcg) (de 120mcg)

FOSFATIDILCOLINA 3,65 82,19mg


300mg R$ x 1 R$ x 2
300mg (82,19mg x 3,65=300mg) (de 300mg)

MINERAIS QUELADOS 8,97 33,44mg


300mg R$ x 1 R$ x 6
300mg (33,44mg x 8,97=300mg) (de 300mg)

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 13
ARTIGO

PADRONIZAÇÃO
DE FITOTERÁPICOS
O conhecimento sobre o poder terapêutico das plantas Extratos secos padronizados
e seu uso como medicamento têm sido amplamente
Os extratos secos padronizados, além de possuí-
pesquisados e, cada vez mais, incorporados à medi-
rem uma composição química constante e definida,
cina moderna. No entanto, no Brasil, ainda não foi
sofrem um processo de padronização através de
estabelecida a padronização das substâncias ativas
análises complexas, como as que utilizam o equipa-
dos fitoterápicos. A padronização é de extrema rele-
mento de CLAE (Cromatografia Líquida de Alta Efici-
vância e imprescindível para a garantia da eficácia e
ência), que quantificam os chamados marcadores ou
do resultado final do tratamento proposto. Em sua
substâncias ativas presentes na planta, cuja ação
busca por qualidade, a Essentia Pharma disponibi-
farmacológica é conhecida e responsável por seus
liza fitoterápicos altamente qualificados e padroni-
efeitos terapêuticos.
zados em teores de substâncias ativas, desejando
desta maneira contribuir para o estabelecimento de Extratos secos padronizados
uma fitoterapia mais científica. O primeiro passo é
e concentrados
compreender a diferença entre as opções de fitoterá-
picos disponíveis no mercado. Temos hoje disponíveis Nesses extratos secos, além da padronização
matérias-primas para manipulação na forma de pós, das substâncias ativas com ação farmacológica
extratos secos, extratos secos padronizados e extra- conhecida, há uma concentração para se ter uma
tos secos padronizados e concentrados. Essa escolha quantidade maior do ativo da planta. Esse grau de
reflete diretamente no preço e na qualidade do produto purificação é quantificado através de análises de
e, consequentemente, na eficácia e segurança das doseamento por CLAE e permite o isolamento da
formulações que serão administradas aos pacientes. substância ativa a partir do fitoterápico (extratos
com até 99% do marcador ativo).
Pós
Segue, ao lado, um exemplo de fitoterápico disponi-
O fitoterápico na forma de “pó” é simplesmente a bilizado no mercado magistral sob diferentes apre-
planta seca submetida ao processo de moagem. sentações, e cuja escolha refletirá diretamente no
Dessa forma, a composição química do fitoterápico protocolo de tratamento do paciente, assim como no
dependerá de vários fatores, como parte da planta resultado terapêutico:
presente, idade, época e local que foi coletada, condi-
ções climáticas, entre outros. Apresentam as seguin-
tes limitações e desvantagens: identificação botânica
equivocada; composição química sem uniformidade;
possível presença de contaminantes; embalagem
inadequada; indicações inadequadas; posologia
empírica; ausência de comprovações farmacológi-
cas, toxicológicas e clínicas.

Extratos secos
Os extratos secos são preparações sólidas com
um mínimo de 95% de resíduo seco da planta que
as originou. São obtidos a partir de plantas frescas
ou secas. Nesse caso, possuem uma composição
química definida e constante, com teores de substân-
cias ativas superiores aos extratos na forma de “pós”.

14 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Diferencial de Qualidade Essentia Pharma

COMPARATIVO DE QUALIDADE DOS DIFERENTES TIPOS DE CURCUMINA

CURCUMIN C3 CURCUMIN C3 EXTRATO DE CÚRCUMA


DIFERENCIAIS
REDUCT COMPLEX CÚRCUMA ZEDOARIA EM PÓ

FONTE Cúrcuma longa Cúrcuma longa Cúrcuma longa Cúrcuma zedoaria

EXTRATO PADRONIZADO Sim Sim Sim Não

95% tetrahidrocur- 95%


TEOR DE CURCUMINOIDES Não definido Não definido
cuminoides curcuminoides

BIODISPONIBILIDADE AUMENTADA Sim Sim Não Não

GRAU GRAS
Sim Sim Não Não
(Generally Recognized As Safe)

CERTIFICAÇÕES NSF/ISO/GMP Sim Sim Não Não

PROCESSO DE OBTENÇÃO
Sim Sim Não Não
PATENTEADO

EFEITO TERAPÊUTICO
Sim Sim Sim Não
COMPROVADO

CERTIFICAÇÕES HALAL/KOSHER Sim Sim Não Não

DOSE DIÁRIA NECESSÁRIA


400mg 1.500mg 6.000mg 6.000mg
(suplementação)

PREÇO 30 DOSES 10x R$ 6x R$ 2x R$ 1x R$

PRODUTOS
DE EXCELÊNCIA
Buscamos o que há de mais moderno em ativos
desenvolvidos no Brasil e no exterior. Encontrar
e disponibilizar as melhores matérias-primas do
mundo é nossa prioridade, e conseguimos atingir
esse objetivo por meio de nossa presença global e
alianças internacionais. Atualmente, contamos com
um rol diversificado de matérias-primas que, junto
ao lançamento de novos produtos, novos processos
e tecnologias de produção, somam-se a diversas
inovações anuais.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 15
ARTIGO

MINERAIS QUELADOS
DE QUALIDADE
Os minerais disponíveis em farmácias magistrais Outra vantagem é a ausência de efeitos colate-
abrangem uma variedade de tipos e qualidades que rais no trato gastrointestinal. Essas características
afetam diretamente na sua capacidade de absorção. conferem aos minerais quelados com aminoácidos
Além da biodisponibilidade (percentual de aprovei- Albion® uma altíssima e superior biodisponibilidade.
tamento pelo organismo de uma substância), outro
fator influenciador é o preço, já que existem mine- ÔMEGA-3
rais na forma de óxidos (mais baratos e de baixa
Outro exemplo importante de diferença de qualidade
biodisponibilidade), na forma quelada e na forma
e eficácia são as fontes de ômega-3. Existem diferen-
quelada Albion® (maior qualidade e alta biodisponibi-
tes fontes de ômega-3: fontes sem qualidade certifi-
lidade). A tecnologia de quelar minerais, que significa
cada, de baixo custo, baixa concentração de ácidos
abraçar em grego, foi desenvolvida pela Albion®
graxos EPA (ácido eicosapentaenoico) e DHA (ácido
Minerals em 1956 – marca reconhecida internacio-
docosahexaenoico), baixa absorção e que apresen-
nalmente como fabricante de produtos quelados de
tam níveis elevados de contaminantes (como os
altíssima qualidade. Os minerais quelados com amino-
metais pesados) e as fontes de qualidade certificada,
ácidos Albion® são nutricionalmente funcionais, uma
altamente concentradas em EPA e DHA, de alta absor-
vez que possuem carga elétrica neutra, constante de
ção e livres de contaminantes. Através do exemplo do
estabilidade alta o suficiente para manter o composto
ômega-3 da Essential Nutrition, com rigoroso padrão
estável no trato gastrointestinal, e peso molecu-
de qualidade, observe abaixo alguns diferenciais
lar dentro do limite necessário para que o quelado
muitas vezes não percebidos pelo consumidor.
não necessite ser hidrolisado para ser absorvido.

DIFERENCIAL ENTRE OS ÔMEGAS-3

SUPER ÔMEGA 3 TG
DIFERENCIAIS ÔMEGA-3 NACIONAL
ESSENTIAL

QUANTIDADE DE ÔMEGA-3 EPA 330mg 180mg

QUANTIDADE DE ÔMEGA-3 DHA 220mg 120mg

PROCESSO DE PURIFICAÇÃO
Sim Não
POR DESTILAÇÃO MOLECULAR

CERTIFICADO INTERNACIONAL - IFOS Sim Não

CONTROLE RIGOROSO METAIS PESADOS


Sim Não
(CRN/OMS)

CONTROLE DE DIOXINAS E OUTROS


Sim Não
CONTAMINANTES (CRN/OMS)

FORMA BIODISPONÍVEL
EM TRIGLICERÍDEOS
Sim Não

QUANTIDADE DE CÁPSULAS QUE CONTEMPLA


2 4
A DOSE DIÁRIA RECOMENDADA DE EPA E DHA

16 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Diferencial de Qualidade Essentia Pharma

EXPERTISE FARMACÊUTICA
proposto. Detalhamos alguns dos diferenciais de
HORMONAL
excelência da Essentia Pharma e esperamos que
Para manipular hormônios com qualidade, precisa-se estes possam ajudar as pessoas em suas decisões
de uma série de processos que dependem de um alto conscientes.
investimento em máquinas de micronização (reduzir
Entendemos que quando o assunto é a saúde não
o tamanho da partícula para ser melhor absorvida
existem atalhos. Pelo contrário, optamos pelo
através da pele) e homogeneização (tornar uniforme
percurso mais cuidadoso e eficiente, o qual proverá
a quantidade de hormônio por quantidade de creme
mais segurança e resultados positivos. Este dire-
aplicado). Só assim pode-se garantir uma estabili-
cionamento é passado aos nossos profissionais e
dade do produto que dê segurança ao médico de sua
construído diariamente na incessante conferência
eficácia. A Essentia Pharma fez o investimento neces-
dos processos. Um Amor e Atenção que lapidou a
sário para ter os hormônios transdérmicos da melhor
credibilidade que acompanha o nome da Essentia
qualidade, desenvolvendo bases especiais e proces-
Pharma. Hoje, muito mais do que um laboratório de
sos que garantam a eficácia do tratamento proposto.
manipulação, a Essentia Pharma é um centro técnico
CRITÉRIOS DE farmacêutico que busca soluções inovadoras para
COMPARAÇÃO DE facilitar a adesão dos pacientes ao tratamento e
QUALIDADE gerar um melhor resultado à prática clínica. Compre-
endemos que o conceito de atender está em todas as
Na área magistral é preciso ter-se em mente que os partes do processo, desde a cordialidade e eficiência
estabelecimentos não são “todos iguais”. São diver- do atendimento até a atenção farmacêutica precisa e
sos processos, detalhes, particularidades, qualidade, sua confiabilidade técnica. Nossa intenção é que seu
ideologia, busca pelas melhores matérias-primas organismo responda de maneira brilhante ao trata-
que fazem o diferencial e a eficácia do tratamento mento proposto e que você passe a viver melhor.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 17
ARTIGO

18 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
ENZIMAS
DIGESTIVAS:
essenciais
para a saúde

U
ma nova versão da expressão “Você é o que
você come” está sendo cada vez mais propa-
gada por especialistas da saúde e nutrição:
“Você é o que digere e consegue absorver”.

No centro deste conceito está a saúde do sistema


digestivo, sendo as enzimas digestivas extrema-
mente importantes para este complexo processo.
Sem uma quantidade adequada de enzimas digesti-
vas, até mesmo as dietas consideradas como extre-
mamente saudáveis podem perder seu valor. Sem
uma digestão e absorção correta dos alimentos, os
nutrientes não conseguem atuar em suas mais diver-
sas funções. Além disso, com uma quantidade menor
destas enzimas, a digestão se prolonga causando a
tão conhecida “sensação de peso no estômago”, e
com ela uma variedade de problemas de saúde.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 19
ARTIGO

Ao nascer, somos dotados de maior DIGESTÃO = ENZIMAS


potencial para a produção de enzimas,
disponibilizando até de certa “reserva”,25,26 A dieta adotada por grande parte da população, prin-
e, com o passar dos anos, o corpo não cipalmente a ocidental, consiste basicamente de
mais produz quantidades suficientes de alimentos ultra processados ou cozidos. As enzimas
enzimas – consequência do desgaste dos contidas nos alimentos são naturalmente destruídas
órgãos produtores – provocando assim já que não são termoestáveis, ou seja, o calor e a
alguns sintomas como indigestão, apare- industrialização as degrada.
cimento de alergias e gases.
Quando o fornecimento de enzimas digestivas atra-
Segundo as últimas pesquisas, se vés da dieta é pobre, a produção endógena precisa
engana quem pensa que somente os ser maior ainda para atender o processo de diges-
idosos sofrem com a diminuição da tão dos alimentos. Mas, além da dieta moderna não
produção de enzimas: já após os 20 priorizar os alimentos crus, não mastigamos os
anos de idade, começa a ocorrer uma alimentos adequadamente (a mastigação adequada
queda na produção enzimática, cerca de funciona como uma “pré-digestão”) e cultivamos o
10% por década.12-20 Assim, no momento hábito bastante comum e prejudicial de ingerir líqui-
em que se completa 50 anos, um terço dos durante as refeições. Tal ingestão dilui o suco
das enzimas digestivas e suas respecti- gástrico, reduzindo a acidez estomacal e, consequen-
vas funções se foram, trazendo aquela temente, o estímulo ácido que o pâncreas precisa
sensação de que “quando mais jovem, eu para produzir as enzimas, posteriormente disponibili-
podia comer de tudo e me sentia bem”. zando no intestino delgado.

A necessidade do uso de auxiliares Também, um grande causador de problemas diges-


digestivos enzimáticos vem crescendo, tivos é o estresse. O efeito da adrenalina (hormônio
estando eles classificados como o vigé- do estresse) no estômago reduz a produção de ácido
simo suplemento nutricional dentre o clorídrico e, consequentemente, das enzimas diges-
ranking dos cem mais vendidos, e consti- tivas. O estresse é a reação de luta ou fuga, ativação
tuindo cerca de 4% do mercado de suple- do sistema nervoso simpático, que é uma atividade
mentos nutricionais nos Estados Unidos, oposta à ativação do sistema nervoso parassimpá-
segundo o relatório da Enzyme Technical tico, o qual relaxa. O estresse crônico acaba causando
Association (ETA).¹ problemas crônicos digestivos. Para exemplificar, é
conhecida a experiência de durante as férias poder-se
Há muito tempo que os efeitos positivos fazer excessos alimentares e nenhuma dificuldade
do uso de enzimas digestivas são consta- digestiva ocorrer, mas, durante o estresse do dia a dia,
tados na prática popular e clínica, e aqui uma pequena transgressão na dieta já pode significar
trazemos esclarecimentos da razão para desconfortos e dificuldades digestivas.
o seu sucesso.

20 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Enzimas Digestivas

O QUE SÃO ENZIMAS DIGESTIVAS?

Enzimas digestivas são proteínas especialmente No geral, o papel das enzimas é o de acelerar
adaptadas para quebrar os alimentos em nutrien- as mais diversas reações químicas que ocor-
tes que seu corpo pode então prontamente absor- rem a todo o momento em todos os órgãos do
ver. O corpo humano produz cerca de 22 enzimas organismo, desempenhando papel fundamental
digestivas diferentes. Outras são encontradas em em seu pleno funcionamento. Em se tratando de
frutas, legumes, carnes, grãos e outros alimentos. enzimas digestivas, a digestão é um dos proces-
sos químicos que se destaca, e o pâncreas é o
Uma série de enzimas digestivas – tanto de origem principal órgão do corpo humano responsável
vegetal ou fermentativa quanto de origem animal pela sua produção, juntamente com o estômago,
– também são vendidas como suplementos. os intestinos e as glândulas salivares.

DA SABEDORIA POPULAR
PARA A CIÊNCIA
Os alimentos modificados por enzimas têm sido Na década de 1920, enquanto trabalhava ao lado do
consumidos pelo homem durante milênios. Todas médico alemão Henry Lindlahr, o Dr. Edward Howell
as culturas tradicionais têm alimentos fermentados observou a eficácia da terapia de jejum e dieta crua
(iogurte, legumes em conserva, etc.), onde, durante o promovida por seu colega com significativo efeito
processo de fermentação, as bactérias liberam enzi- curativo e promotor de saúde. Acreditava-se que,
mas que pré-digerem esses alimentos. Outro exemplo quando se adotava tal dieta e estilo de vida, a diminui-
das primeiras aplicações enzimáticas é a produção de ção da demanda de enzimas digestivas produzidas
queijos e pães, maturação a seco da carne bovina e pelo corpo favorecia a ação das enzimas metabólicas
uma variedade de fermentações, incluindo a produção do sistema imune para aumentar sua atividade desin-
de cervejas, vinhos e vinagre.¹ toxicante. Originário da Europa no início do século XX,
o movimento “Nature Cure” lançou as bases para a
A indústria de enzimas que conhecemos nos dias de naturopatia que conhecemos atualmente.³
hoje iniciou no final do século XIX quando foi conce-
dida ao Dr. Jokichi Takamine a patente “Processo de Baseando-se na prática clínica do Dr. Lindlahr e em
produção de enzima diastásica”, a qual detalha a extra- suas pesquisas sobre a ação das enzimas presen-
ção da enzima amilase (antes chamada de diastase2). tes nos alimentos crus na redução da carga diges-
A amilase era produzida através do fungo Aspergillus tiva do corpo, Dr. Howell fundou a empresa National
oryzae, o mesmo usado para a produção de koji – Enzyme Company, em 1932, com o intuito de desen-
base para diversas fermentações alimentares (missô, volver suplementos de enzimas nutricionais destina-
molho de soja, saquê) na culinária japonesa, chinesa e das a substituir as enzimas perdidas no cozimento
do leste asiático. Utilizando-se de tal processo, Taka- e processamento dos alimentos. De acordo com
mine comercializou seu produto Taka-Diastase como pesquisas conduzidas pelo próprio Dr. Howell4, as
um auxiliar digestivo em todo o mundo.¹ enzimas suplementares podem digerir cerca de 75%
dos alimentos ingeridos. Seu suplemento enzimático
é amplamente utilizado com sua fórmula original até
os dias de hoje, tendo como ingredientes a protease,
amilase, lipase e celulase.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 21
ARTIGO

“Enzimas são substâncias


que tornam a vida
possível, a chave para
desbloquear a boa saúde e
vitalidade. Sem enzimas,
o corpo não seria capaz
de extrair os nutrientes
dos alimentos. Elas são
artesãs que constroem
o corpo com proteínas,
carboidratos e gorduras.”

Dr. Edward Howell46

22 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Enzimas Digestivas

Cada tipo de enzima atua em PÂNCREAS:


determinado macronutriente:
FÁBRICA DE ENZIMAS
AMILASE (ALÉM DE INSULINA)
enzima que auxilia na quebra do amido, trans- O pâncreas, considerado parte vital do sistema
formando-o em maltose e glicose digestivo, tem como principal função produzir enzi-
mas digestivas que serão utilizadas no intestino
ALFA-GALACTOSIDASE delgado e liberar na corrente sanguínea os hormô-
enzima que auxilia na quebra de carboidra- nios que controlam a glicemia (insulina e glucagon).9
tos simples e complexos (oligossacarídeos e A função exócrina do pâncreas (produzir enzimas
polissacarídeos) presentes no brócolis, ervi- como lipase, amilase e protease) pode ser reduzida
lha, feijão, dentre outros alimentos, ajudando a pela idade, pelos abusos alimentares crônicos, pelo
evitar gases, dores e inchaço abdominal estresse, etc. As enzimas digestivas suplementares
trabalham juntamente com as enzimas digestivas
XILANASE, CELULASE,
produzidas pelo pâncreas, melhorando o processo
PECTINASE, HEMICELULASE
digestivo e, consequentemente, reduzindo a ocorrên-
enzimas que auxiliam na quebra dos principais cia de desconfortos digestivos. Uma analogia para
componentes da parede celular dos vegetais melhor compreensão dessa parceria entre as enzi-
(celulose, hemicelulose e pectina) mas endógenas e as provenientes de suplementos
LACTASE
ou alimentos é a seguinte: digamos que você decide
comprar uma bicicleta para ter um meio de trans-
enzima que auxilia na quebra da lactose porte alternativo, comprometendo-se a usá-la três
(açúcar do leite), transformando-a em glicose vezes por semana. Sua escolha de usar a bicicleta
e galactose não significa que prejudicará o funcionamento de seu
MALTASE carro, apenas que você irá abastecê-lo com menor
frequência. Se você resolver parar de usar a bicicleta,
enzima que auxilia na quebra da maltose irá precisar abastecer o carro com maior frequência
(açúcar dos cereais), transformando-a novamente. O mesmo ocorre com o pâncreas que
em glicose
funciona através de um mecanismo de feedback.
LIPASE Ou seja, se houver quantidade suficiente de enzi-
mas presente no intestino delgado, ele irá diminuir a
enzima que atua sobre os lipídeos, secreção de enzimas digestivas e redirecionará sua
transformando-os em ácidos graxos e glicerol
energia para a produção de outras enzimas meta-
INVERTASE bólicas. Esse sistema de feedback é o mesmo que
ocorre em pessoas que adotam uma dieta rica em
enzima que auxilia na quebra da sacarose alimentos crus e, por esse motivo, não há efeito de
(açúcar refinado), transformando-a em frutose
inibição permanente sobre a capacidade do pâncreas
e glicose
produzir enzimas.10,11
PROTEASE, PEPSINA,
BROMELINA, PAPAÍNA
Quando a quantidade de enzimas produzidas pelo
corpo somada à quantidade de enzimas ingeridas
enzimas que auxiliam na quebra das proteínas não é suficiente, a maior parte da digestão que
DIPEPTIDASE
ocorre no intestino delgado será falha e ocorrerá
um aumento de alimentos ainda não digeridos que
enzima que quebra os dipeptídeos a nível entrarão no cólon. Essa digestão incompleta serve de
intestinal, sendo importantes para a digestão alimento para as bactérias do cólon que irão produzir
de glúten e caseína

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 23
ARTIGO

gases e toxinas, gerando desconfortos digestivos e


até mesmo alergias e doenças autoimunes.

Um estudo clínico realizado em idosos acamados


de uma casa de repouso avaliou a eficácia do uso de
suplemento enzimático contendo lipase, amilase,
bromelina, celulase e lactase, administrado por via
enteral na melhora do estado nutricional desses
pacientes. Obteve-se como resultado um aumento
significativo na concentração total de proteína plas-
mática e concluiu-se que a digestão e a absorção,
muitas vezes comprometidas em idosos, podem
ser melhoradas através da incorporação de suple-
mentos de enzimas digestivas. Desde que a desnu-
trição está associada ao aumento da morbidade e
da mortalidade, o suporte nutricional pode diminuir
a incidência de complicações e também o tempo
de permanência hospitalar.12

CONDIÇÕES CLÍNICAS
QUE REQUEREM
SUPLEMENTAÇÃO
ENZIMÁTICA
A suplementação enzimática é um método de trata-
mento estabelecido para uma série de condições
digestivas, sendo a principal delas a Insuficiência
Exócrina do Pâncreas (IEP), que tem como sinto-
mas dor abdominal, má digestão, esteatorreia
(gordura nas fezes) e perda de peso associada à
absorção deficiente de nutrientes. Uma das causas
mais comuns de IEP é a pancreatite crônica que
pode prejudicar a capacidade do pâncreas em
produzir enzimas digestivas, especialmente a
lipase.

Intolerância à lactose
Outra condição em que a suplementação enzimá-
tica é indicada é intolerância à lactose – uma disfun-
ção que ocorre no intestino delgado pela ausência
ou quantidade insuficiente da enzima lactase na
superfície das células intestinais. Estima-se que
75% da população mundial apresenta hipolactasia
ou alguma diminuição da atividade da lactase, espe-
cialmente durante a idade adulta. Os sintomas típi-
cos associados à intolerância à lactose são diarreia,
distensão abdominal e aumento dos gases.26,29-32

24 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Enzimas Digestivas

Refluxo Gastroesofágico ENZIMAS AO INVÉS


As enzimas digestivas também exercem influ- DE ANTIÁCIDOS
ência na Doença do Refluxo Gastroesofágico
Dentre os medicamentos mais vendidos
(DRGE). Mais conhecida apenas como refluxo,
e usados sem orientação médica no
a DRGE ocorre quando o esfíncter inferior do
mundo para aliviar a má digestão, azia e
esôfago (válvula entre o esôfago e estômago)
refluxo estão os antiácidos, que neutrali-
não se fecha adequadamente e o conteúdo
zam o pH estomacal, e os bloqueadores
do estômago volta para o esôfago causando
da bomba de prótons e seus derivados,
irritação, sensação de queimação e azia.
como o omeprazol, que inibem a produ-
Estima-se que cerca de 45% da população
ção de ácido no estômago. Seus sinto-
ocidental relate a ocorrência de ao menos um
mas geralmente resultam de intolerâncias
episódio de refluxo por mês e que até 10%
alimentares, excessos ocasionais ou
dessas pessoas apresentem os sintomas
estresse transitório e não têm patologia
diariamente.37
subjacente. Tais medicamentos reduzem
Uma baixa produção de ácido clorídrico no a acidez estomacal, mas esta acidez é
estômago, a hipocloridria, contribui com o crucial para que ocorra a digestão, pois o
crescimento bacteriano em excesso. Este cres- pâncreas secreta suas enzimas pelo estí-
cimento bacteriano onde não deveria existir mulo ácido do bolo estomacal. Portanto,
(estômago e intestino delgado proximal) pode além de somente aliviarem os sintomas
levar estas bactérias a produzir ácidos orgâ- ao invés de atacar a causa, podem criar
nicos que serão responsáveis pela gastrite e outros problemas:
esofagite. Pode ser tão intenso o crescimento »» suprimir a capacidade de produção de
bacteriano levando à consequente produção ácido do corpo, causando problemas
de gases e aumento da pressão intra-abdo- com a digestão de proteínas.43
minal, patologia conhecida como SIBO (sigla »» seu uso continuado pode alterar a
em inglês para Small Intestinal Bacterial Over- função gastrointestinal, interferindo
growth, ou Crescimento Excessivo de Bactérias na absorção de muitos nutrientes,
no Intestino Delgado).38 Dentre os manejos como o cálcio e outros minerais.35,44
mais efetivos para a diminuição do refluxo e »» reduzir a absorção de vitamina
da SIBO estão a redução da ingestão de carboi- B12 e ferro, o que, por fim, afeta a
dratos, uso de suplementos que aumentem a capacidade de produzir glóbulos
vermelhos (anemia).
acidez estomacal (ex., cloridrato de betaína),
e suplementação enzimática para auxiliar o »» contraindicado para pessoas com
processo digestivo e potencializar a absorção afecções cardíacas, hipertensão,
insuficiência renal, doenças ósseas
dos nutrientes.23,39-42 e Alzheimer.
No cotidiano, as enzimas digestivas são cada O uso de enzimas digestivas aliado a probi-
vez mais utilizadas após os excessos alimenta- óticos, chás ou extratos de ervas pode ser
res, quando se come (e bebe) uma quantidade mais efetivo que a utilização de medica-
maior que nossa capacidade digestiva durante mentos que diminuem a acidez estomacal
a refeição. Nestas situações de excesso, o para tratar distúrbios digestivos.
corpo agradece a ajuda externa e os sinto-
mas de dificuldade digestiva (distensão, azia,
dores abdominais) são reduzidos com o uso
de doses adequadas destas enzimas.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 25
ARTIGO

VOCÊ SABE COMO


FUNCIONA A DIGESTÃO?
Na boca, o alimento encontra pela primeira vez com
a enzima amilase salivar secretada pelas glândulas
BOCA
salivares, transformando carboidrato ou amido em Amilase
açúcares. No estômago, ocorre a liberação do pepsi-
nogênio que, ativado quando em contato com o ácido ESÔFAGO
clorídrico, transforma-se em pepsina – enzima que
digere a proteína.34,36

À medida que o alimento sai do estômago, ele se


mistura com os sucos digestivos biliares e pancreáti-
cos, fazendo com que grandes moléculas de alimen-
FÍGADO
tos se dividam em moléculas menores. O corpo, em Ácidos biliares
seguida, absorve essas moléculas menores através
das paredes do intestino delgado na corrente sanguí- ESTÔMAGO
Ácido clorídrico
nea, que os distribui para o resto do corpo. Resíduos PÂNCREAS Pepsina
de digestão passam através do intestino grosso e Amilase
Lipase
são excretados. Protease INTESTINO
DELGADO
Processo digestivo22 Dipeptidase
Disacaridase

MACRONUTRIENTES
ÓRGÃO ATIVIDADE ENZIMAS
DIGERIDOS

Boca Mastigação Amilase Carboidratos

Esôfago Ingestão - -

Estômago Digestão Pepsina Proteínas Carboidratos são quebrados em açúcares por enzimas
como amilase, maltase, lactase e sucrase-isomaltase

Fornecimento Amilase Carboidratos


Pâncreas de enzimas Lipase Gordura
digestivas Protease Proteínas
Proteínas são quebradas em aminoácidos por enzimas
como pepsina, tripsina e peptidase

Intestino Digestão e absor- Dipeptidases


Carboidratos Proteínas
Delgado ção dos alimentos Disacaridases

Fornecimento
Fígado Ácidos biliares Gorduras Gorduras são quebradas em ácidos graxos pela enzima lipase
de bile

26 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Enzimas Digestivas

E OS VEGETAIS, COMO SÃO


DIGERIDOS?
Outro ponto importante para a completa digestão tipos de bagaços de uva da produção vinícola brasi-
e melhor aproveitamento nutricional é o acesso leira. Como resultado da pesquisa, o uso de tanase
aos nutrientes e outras substâncias benéficas, tais foi o que apresentou maior potência no aumento de
como antioxidantes, anti-inflamatórios, vitaminas e polifenóis totais, liberando os compostos bioativos
minerais provenientes dos vegetais, já que o corpo de importante ação antioxidante: ácido gálico, ácido
humano não é capaz de produzir as enzimas respon- cafeico, quercetina e trans-resveratrol. A combina-
sáveis pela quebra da parede celular vegetal. ção de pectinase + celulase aumentou o conteúdo de
catequinas (fitonutriente de forte ação antioxidante)
Um estudo brasileiro conduzido pelo laboratório e a mistura de todas elas aumentou a procianidina
de bioprocessos da Universidade de Campinas e (flavonoide também de alto poder antioxidante).45
publicado em 2016 pelo periódico Food Research Anteriormente a este estudo, pesquisadores da
International avaliou a ação de enzimas que atuam Espanha e da Itália também avaliaram a eficácia das
na parede celular dos vegetais digerindo as fibras enzimas na atividade antioxidante do bagaço da uva
celulose e pectina na liberação dos compostos bioa- obtendo resultados muito semelhantes.6,7,8
tivos, chamados polifenóis (presentes em grande
concentração no bagaço da uva). Boa parte dos poli- Outro estudo também conduzido na Universidade
fenóis apresenta-se fortemente ligada às matrizes de Campinas avaliou o uso de enzimas nos padrões
de celulose da planta e, por esse motivo, sua ação das substâncias antioxidantes ácido clorogênico e
antioxidante é limitada. Com o intuito de melhorar a epigalocatequina galato (EGCG) do chá verde e da
bioacessibilidade e biodisponibilidade dos compos- erva mate. Como resultado, o poder antioxidante
tos polifenólicos após o consumo, bem como facilitar após tratamento enzimático aumentou em 55% e
sua absorção no trato gastrointestinal, os pesquisa- 43%, respectivamente, em comparação aos chás não
dores examinaram o impacto do uso das enzimas tratados.5 Estes trabalhos comprovam o benefício
tanase, pectinase + celulase e a mistura de todas elas do uso de enzimas digestivas múltiplas para melhor
sobre a hidrólise dos polifenóis, sua maior liberação absorver nutrientes de vegetais, e não só para melho-
e decorrente atividade antioxidante em diferentes rar a digestão de alimentos “pesados”.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 27
ARTIGO

MÉTODOS NATURAIS PARA


UMA MELHOR DIGESTÃO
1. SENTE-SE, RELAXE E COMA 4. SABORES AMARGOS (DIGESTIVOS)
O cérebro também faz parte do processo diges- O consumo de uma quantidade adequada de
tivo. Os sentidos visão e olfato, e até mesmo o alimentos amargos é importante para o equi-
pensamento desencadeiam reflexos no cérebro líbrio digestivo e está relacionado a diversos
que resultam em aumento da secreção ácida no benefícios à saúde. Digestive Bitters ou fitote-
estômago. A pressa ao comer e a falta de foco rápicos digestivos são preparos líquidos à base
sobre o que se está comendo não permite a de tinturas de plantas que contêm compostos
ativação adequada do sistema parassimpático amargos como os iridoides, sesquiterpenos,
(responsável pela maioria das funções restaura- lactonas e alcaloides. Quando uma substân-
doras no corpo), resultando em menor liberação cia amarga é reconhecida pelos receptores da
de ácido no estômago. Se estiver estressado no língua, uma cadeia de eventos neurais e endó-
momento, permaneça alguns minutos em silên- crinos se inicia – o chamado “reflexo amargo”.
cio e concentre-se na sua respiração. Mediada pela liberação do hormônio gastrina,
esse reflexo resulta em estimulação de todo o
2. MASTIGUE MELHOR OS ALIMENTOS
sistema digestivo, incluindo estômago, fígado e
Quando mastigamos os alimentos de forma
pâncreas. Além dos bitters, uma ótima maneira
adequada, o processo digestivo é facilitado pela
de incorporar sabores amargos à sua dieta se
“pré-digestão” realizada pela enzima amilase
dá através do consumo de vegetais amargos
salivar, a qual já inicia a digestão dos carboidra-
como rúcula, chicória, dente-de-leão, almeirão e
tos. A mastigação ideal seria de 20 a 30 masti-
escarola.
gadas. Comer mais rapidamente e mastigar
menos podem estar associados à obesidade.33 5. SUPLEMENTAÇÃO ENZIMÁTICA
O uso de suplemento de enzimas poucos
3. ÁGUA COM LIMÃO
minutos antes ou logo após as refeições inicia
Antes das refeições, o uso de um limão espre-
a pré-digestão dos alimentos e um melhor
mido em mais ou menos 100ml de água estimula
aproveitamento dos nutrientes. Por isso seu
a secreção biliar e pancreática por aumentar
consumo vai além dos dias de exagero alimen-
temporariamente a acidez do estômago em
tar, onde se come mais que nossa capacidade
razão da semelhança de pH entre o limão e o
digestiva. Um ponto importante é a origem
suco gástrico, contribuindo assim para uma
das enzimas digestivas. As enzimas de origem
digestão mais eficaz. O uso de ácidos como
vegetal, fúngica ou bacteriana são mais está-
vinagre durante a refeição também ajuda.27
veis às variações de pH que ocorrem durante
a digestão, o que potencializa sua atividade,
possibilita o uso de dosagens mais baixas e,
no caso de cápsulas, não requer revestimento
entérico, além de abranger o público vegano e
vegetariano.24,28 

28 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Enzimas Digestivas

Referências
1. Enzyme Technical Association. Orally Administered 16. Laugier R, et al. Changes in pancreatic exocrine Gastroenterology, 1984. DOI: 10.1016/S0016-
Enzyme Food Supplement Safety Overview, 2012 secretion with age: pancreatic exocrine secretion does 5085(84)80067-0
decrease in the elderly. Digestion, 1991. DOI: 10.5625/
2. Windelspecht M. Groundbreaking Scientific Experiments, lar.2013.29.1.19 31. Medow MS, et al. Beta-galactosidase tablets in the
Inventions and Discoveries of the 19TH Century. Greenwood treatment of lactose intolerance in pediatrics. Am J Dis
Press, 2003 17. Zheng-er Jiang, et al. Age-associated changes in Child, 1990
pancreatic exocrine secretion of the isolated perfused
3. Lindlahr H. Nature Cure. Create Space Independent rat pancreas. Lab Anim Res, 2013. DOI: 10.5625/ 32. Montalto M, et al. Management and treatment of lactose
Publishing Platform, 2010 lar.2013.29.1.19 malabsorption. World Journal of Gastroenterology, 2006.
DOI: 10.3748/wjg.v12.i2.187
4. Howell E. The Status of Food Enzymes in Digestion and 18. Vellas B, et al. Exocrine pancreatic secretion in the
Metabolism. National Enzyme Company, 1946 elderly. Int J Pancreatol, 1988. DOI: 10.1007/BF02788208 33. Li J, et al. Improvement in chewing activity reduces
energy intake in one meal and modulates plasma gut
5. Macedo JA, et al. Increasing the antioxidant power of 19. Mössner J, et al. Exocrine pancreas function - does it hormone concentrations in obese and lean young Chinese
tea extracts by biotransformation of polyphenols. Food change with age?. Aktuelle Gerontol, 1982 men. Am J Clin Nutr, 2011. DOI: 10.3945/ajcn.111.015164
Chemistry, 2011. DOI: 10.1016/j.foodchem.2010.11.026
20. Rothenbacher D, et al. Prevalence and determinants 34. “Digestive Enzymes”, disponível em experiencelife.com/
6. Chamorro S, et al. Changes in polyphenol and of exocrine pancreatic insufficiency among older adults: article/digestive-enzymes Acessado em 04/01/17
polysaccharide content of grape seed extract and grape results of a population-based study. Scand J Gastroenterol,
pomace after enzymatic treatment. Food Chemistry, 2012. 2005. DOI: 10.1080/00365520510023116 35. Mowat C, et al. Omeprazole and Dietary Nitrate
DOI: 10.1016/j.foodchem.2012.01.031 Independently Affect Levels of Vitamin C and Nitrite in
21. “Digestive Diseases Statistics for the United States” Gastric Juice. Gastroenterology, 1999. DOI: 10.1016/S0016-
7. Ferri M, et al. Recovery of polyphenols from red Disponível em: niddk.nih.gov/health-information/health- 5085(99)70064-8
grape pomace and assessment of their antioxidant and statistics/Pages/digestive-diseases-statistics-for-the-
anticholesterol activities. New Biotechnology, 2016. DOI: united-states.aspx Acessado em 12/02/17 36. The Digestive System and How It Works. NIH
10.1016/j.nbt.2015.12.004 Publication, 2013
22. “The digestive process” Disponível em: niddk.nih.gov/
8. Río Segade S, et al. Impact of maceration enzymes health-information/health-topics/Anatomy/your-digestive- 37. “Doença do refluxo gastroesofágico – DRGE”, disponível
on skin softening and relationship with anthocyanin system/Pages/anatomy.aspx Acessado em 12/02/17 em fbg.org.br Acessado em 04/01/17
extraction in wine grapes with different anthocyanin
profiles. Food Research International, 2015. DOI: 10.1016/j. 23. Oben J, et al. An open label study to determine the 38. “The hidden causes of heartburn and GERD”, disponível
foodres.2015.02.012 effects of an oral proteolytic enzyme system on whey em chriskresser.com/the-hidden-causes-of-heartburn-and-
protein concentrate metabolism in healthy males. Journal of gerd/ Acessado em 04/01/17
9. “How does the pancreas work?” Disponível em ncbi. the International Society of Sports Nutrition, 2008
nlm.nih.gov/pubmedhealth/PMH0072490 Acessado em 39. Yancy WS, et al. improvement of gastroesophageal
27/12/16 24. Griffin SM, et al. Acid resistant lipase as replacement reflux disease after initiation of a low-carbohydrate diet: five
therapy in chronic pancreatic exocrine insufficiency: a study brief case reports. alternative therapies, 2001
10. “Enzyme Education Institute”, disponível em: in dogs. Gut, 1989
enzymeeducationinstitute.com Acessado em: 27/12/16 40. Austin GL, et al. A Very Low-Carbohydrate Diet Improves
25. Troelsen JT. Adult-type hypolactasia and regulation of Gastroesophageal Reflux and Its Symptoms. Dig Dis Sci,
11. Walkowiak J, et al. Inhibition of endogenous pancreatic lactase expression. Biochimica et Biophysica Acta, 2005. 2006. DOI: 10.1007/s10620-005-9027-7
enzyme secretion by oral pancreatic enzyme treatment. Eur DOI: 10.1016/j.bbagen.2005.02.003
J Clin Invest, 2003. DOI: 10.1046/j.1365-2362.2003.01077.x 41. Yago MR, et al. The Use of Betaine HCl to Enhance
26. Mattar R, et al. Lactose intolerance: diagnosis, Dasatinib Absorption in Healthy Volunteers with
12. Glade MJ, et al. Improvement in Protein Utilization in genetic, and clinical factors. Clinical and Experimental Rabeprazole-Induced Hypochlorhydria, 2014. DOI: 10.1208/
Nursing-Home Patients on Tube Feeding Supplemented Gastroenterology, 2012. DOI: 10.2147/CEG.S32368 s12248-014-9673-9
With an Enzyme Product Derived From Aspergillus niger and
Bromelain. Nutrition, 2001. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/ 27. “The Benefits of Lemon Water: Detox Your Body & 42. Bruno G. Using Betaine Hydrochloride & Digestive
S0899-9007(01)00528-7 Skin”, disponível em: draxe.com/benefits-of-lemon-water Enzymes for Indigestion. Huntington College of Health
Acessado em 12/01/17 Sciences, 2014
13. Ishibashi T, et al. Aging and exocrine pancreatic function
evaluated by the recently standardized secretin test. Nihon 28. Schneider UM, et al. Pancreatic enzyme replacement 43. Saltzman JR, et al. Effect of hypochlorhydria due to
Ronen Igakkai Zasshi, 1991. DOI: 10.3143/geriatrics.28.599 therapy: comparative effects of conventional and omeprazole treatment or atrophic gastritis on protein-bound
enteric-coated microspheric pancreatin and acid-stable vitamin B12 absorption. Journal of the American College of
14. Feldman M, et al. Effects of aging and gastritis on fungal enzyme preparations on steatorrhoea in chronic Nutrition, 1994. DOI: 10.1080/07315724.1994.10718452
gastric acid and pepsin secretion in humans: a prospective pancreatitis. Hepatogastroenterology, 1985
study. Gastroenterology, 1996. DOI: 10.1053/gast.1996. 44. Shindo K, et al. Omeprazole induces altered bile acid
v110.pm8612992 29. Barillas C, Solomons NW. Effective reduction of lactose metabolism. Gut, 1998. DOI: 10.1136/gut.42.2.266
maldigestion in preschool children by direct addition of
15. Herzig KH, et al. Fecal pancreatic elastase-1 levels in beta-galactosidases to milk at mealtime. Pediatrics, 1987 45. Martins IM, et al. Enzymatic biotransformation of
older individuals without known gastrointestinal diseases or polyphenolics increases antioxidant activity of red and white
diabetes mellitus. BMC Geriatr, 2011. DOI: 10.1186/1471- 30. Rosado JL, et al. Enzyme replacement therapy for grape pomace. Food Research International, 2016. DOI:
2318-11-4 primary adult lactase deficiency. Effective reduction of 10.1016/j.foodres.2016.09.009
lactose malabsorption and milk intolerance by direct
addition of beta-galactosidase to milk at mealtime. 46. Disponível em: nationalenzyme.com/company/history/
Acessado em: 30/03/2017.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 29
CIÊNCIA
ATUAL

Nova meta-análise conclui que EPA


e DHA reduzem o risco da doença
arterial coronariana
De acordo com os resultados de uma nova meta- poli-insaturadas para adquirir a especial proteção,
-análise e abrangente editorial publicado em Mayo sendo necessária a sua suplementação.
Clinic Proceedings, o aumento do consumo de ácidos
graxos ômega-3 (EPA e DHA) reduz o risco da doença
arterial coronariana (DAC) – a mais comum e a que NOTA DO EDITOR:
mais causa mortalidade entre as doenças cardiovas- A quantidade de trabalhos científicos que
culares. existem sobre os benefícios do consumo
de ácidos graxos ômega-3 para a saúde é
Os 18 ensaios clínicos randomizados e 16 estudos
impressionante. Assim, já se pode fazer meta-
prospectivos de coorte analisados por Alexander et análises desses trabalhos, onde se integram
al., com aproximadamente 93.000 e 732.000 pacien- os resultados de estudos independentes
tes, respectivamente, mostraram que o consumo de sobre uma mesma questão de pesquisa e
EPA e DHA causou uma redução estatisticamente se forma uma maior base de dados para
significativa para o risco de DAC em populações de se chegar a uma conclusão mais sólida. O
maior risco, incluindo: benefício preventivo do uso de ômega-3 para
doenças cardíacas já foi bem pesquisado,
- 16% naquelas com triglicerídeos séricos elevados, ou sendo esta meta-análise apenas mais
seja, > 150 mg/dL (HR, 0,84; IC 95%, 0,72 a 0,98) uma confirmação. E é por esta razão que a
Associação Americana de Cardiologia, uma
- 14% naquelas com colesterol LDL elevado, ou seja, > instituição que raramente indica suplementos
130 mg/dL (HR, 0,86; IC 95%, 0,76 a 0,98) nutricionais, recomenda a ingestão ou
suplementação de forma rotineira – 1 grama
A análise dos estudos prospectivos de coorte de ômega-3 ao dia.
mostrou redução do risco de DAC em 18% (HR, 0,82;
IC 95%, 0,74 a 0,92).

Em resumo, a meta-análise parece trazer uma avalia-


ção quantitativa mais compreensível até a data,
sugerindo que a ingestão de ácidos graxos ômega-3
pode reduzir o risco de eventos adversos de DAC,
especialmente entre pacientes com níveis elevados
de triglicerídeos, ou colesterol de lipoproteína de
baixa densidade (LDL). A Associação Americana de
Cardiologia já recomenda "ácidos graxos ômega-3
provenientes de peixe ou cápsulas de óleo de peixe (1
g/d) para a redução do risco de doenças cardiovas-
culares". Entretanto, a maioria das populações não
consome quantidades suficientes destas gorduras

Fonte: Alexander DD, et al. A meta-analysis of randomized trials and prospective cohort studies of eicosapentaenoic and docosahexaenoic
long chain omega-3 fatty acids and coronary heart disease risk. Mayo Clin Proc. 2017. DOI: 10.1016/j.mayocp.2016.10.018

30 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
CIÊNCIA
ATUAL

Whey protein para o controle


do diabetes
Estudos executados anteriormente evidenciam que a efeito de saciedade, ajudando o grupo a refrear o seu
proteína do soro de leite (whey protein) induz efeitos desejo de comer algo antes do almoço.
insulinotrópicos, enquanto estimula as células β e
redução da glicose via peptídeos bioativos gerados Quanto ao diabetes tipo 1, Paterson et al. acabam de
durante sua digestão. Estes peptídeos estimulam a publicar em Diabetic Medicine os resultados de seu
liberação de GLP-1 (peptídeo semelhante ao gluca- estudo em 27 participantes sob terapia insulínica,
gon cuja função principal é estimular a secreção onde concluem que o aumento da proteína numa
de insulina), servem como inibidores endógenos de refeição com carboidratos (baixo teor de gordura)
DPP-4 (que degradam o GLP-1) e inibem a atividade resultou em mudanças glicêmicas de maneira
da α-glucosidase – mecanismos que explicam a ação dose-dependente.3
do whey protein como agente antidiabético.
NOTA DO EDITOR:
Dentre outros trabalhos de pesquisa sobre como o
O whey protein é uma proteína de alta
whey protein pode ajudar no controle do diabetes,
biodisponibilidade que, além de fornecer
em 2016, estudo de Jakubowicz et al. reportou que
todos os aminoácidos essenciais e possuir
indivíduos com sobrepeso ou obesidade e diabetes importante efeito anabolizante, apresenta
tipo 2 que ingeriram durante 12 semanas um shake outras funções biológicas que vêm sendo
proteico durante o café da manhã apresentaram comprovadas pela ciência. O uso do whey
menos fome, menos picos de glicose após as refei- por pacientes diabéticos e/ou obesos, com
ções e uma maior redução na hemoglobina A1c – um sua ação benéfica sobre o metabolismo
fator preditor de diabetes –, em comparação com os dos carboidratos, abre ainda mais seu
outros grupos.1 espectro de benefícios já conhecidos.

Recentemente, durante a conferência anual de profis-


sionais de diabetes no Reino Unido, mais dois estu-
dos2, provenientes da Universidade de Newcastle,
endossam as pesquisas anteriores sobre a ingestão
de whey protein para ajudar a prevenir ou controlar o
diabetes tipo 2. O primeiro analisou como 20 gramas
da proteína fornecidas a 12 homens obesos, antes
de uma caminhada leve de 30 minutos e do café da
manhã rico em carboidratos, ajudou a controlar o
açúcar no sangue.

No segundo estudo, 11 homens com diabetes tipo


2 receberam 15 gramas da proteína antes do café
da manhã e, novamente, seus níveis de açúcar no
sangue permaneceram estáveis. Neste, também
encontraram que o whey protein apresentou um

1. Jakubowicz D, et al. OR12-3: Whey protein induces greater reduction of postprandial glycemia and HbA1c, weight loss and satiety compared to other protein
sources in type 2 diabetes. Endocrine Reviews, 2016 | 2. Ambos os estudos foram apresentados em Diabetes UK Professional Conference 2017 | 3. Paterson MA,
et al. Increasing the protein quantity in a meal results in dose-dependent effects on postprandial glucose levels in individuals with Type 1 diabetes mellitus. Diabetic
Medicine, 2017. Doi: 10.1111/dme.13347

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 31
ARTIGO

MELATONINA
mais do que um hormônio do sono

32 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 33
ARTIGO

A
té pouco tempo, a melatonina era sinônimo passado a melatonina tornou-se disponível para a
apenas de boas noites de sono – por funda- compra com prescrição médica em farmácias de
mentalmente controlar o nosso ciclo circa- manipulação no Brasil. O dedicado trabalho de uma
diano e ser produzida em maior quantidade quando importadora brasileira de insumos farmacêuticos, o
dormimos. Atualmente, ela é relacionada a inúme- qual através de um processo mostrou a importância
ros processos endógenos do corpo, prevenindo e da melatonina para a saúde, fez com que uma juíza
tratando diversos tipos de doenças, mas sua produ- da 3a Vara Federal do Distrito Federal autorizasse a
ção também pode ser influenciada pelas doenças. É sua importação e comercialização para farmácias de
realmente impressionante o número de patologias manipulação – anteriormente proibido pela Anvisa
onde é observada uma alteração na concentração (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Até então,
sérica de melatonina. O desafio atual dos pesquisa- o Brasil era um dos poucos países onde o paciente
dores é decifrar o dilema: se uma modificação na precisava importar a substância para fins terapêuti-
secreção de melatonina pode levar a desequilíbrios cos, o que dificultava ao médico sua prescrição para
ou se o desenvolvimento da doença em si gera em os mais variados tratamentos.
segundo plano um distúrbio dos níveis de melatonina.
Enquanto a Anvisa analisa o registro do hormônio
Sem o intuito de apontar ou decifrar o que acontece naturalmente produzido pelo organismo, a juíza
primeiro, desde que níveis reduzidos de melatonina deferiu parcialmente a tutela antecipada em favor
ocorrem no organismo em certas doenças, aqui revi- da Empresa, determinando que a Agência a auto-
samos importantes avanços do seu entendimento rize a importar e a comercializar a melatonina para
até a data, resultando em um achado intrigante: sua posterior utilização em farmácias de manipula-
seus efeitos antioxidantes oferecem benefícios que ção. Essa conquista possibilitou a essas farmácias
se estendem desde a proteção neuronal até a luta atenderem individualmente as prescrições médicas,
contra o câncer. E, felizmente, a partir de novembro trazendo para os pacientes uma opção de tratamento
mais seguro e com menos efeitos adversos.

DIA

1 4 Glândula Pineal

2 Retina 3 Núcleo
supraquismático
A presença de luz solar
ou artificial (1) é captada 5 Melatonina
pela retina (2), enviando
sinais para o núcleo
supraquismático (3) e,
posteriormente, para a
glândula pineal (4) cessar
a produção de melatonina

34 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Melatonina

MAS, O QUE É A
MELATONINA?
Foi em 1958 que o dermatologista Aaron Lerner partes do corpo. A mais conhecida e documentada
isolou a melatonina pela primeira vez dentro da é a glândula pineal e nessa área sua produção só
glândula pineal, no centro do cérebro. Aaron acredi- acontece durante a fase de escuridão. A retina
tava que havia descoberto uma possível cura para o registra os sinais luminosos mesmo
tratamento de vitiligo – doença de pele resultante da quando estamos com as pálpebras
falta da pigmentação melanina –, e por isso batizou
fechadas, e esses sinais são envia-
a substância encontrada de melatonina. Após um
tempo, foi-se possível constatar que essa substân-
dos para o núcleo supraquismático
cia é um hormônio que controla o ciclo circadiano (grupo de neurônios localizados no
e sua produção é tanto responsável quanto depen- centro do cérebro), que por sua vez
dente de boas noites de sono. Só depois de muitos manda o recado para a glândula
anos foi-se possível verificar que outras áreas do pineal, interrompendo a produ-
corpo também produzem este hormônio, como o ção de melatonina. É por isso que
trato gastrointestinal e órgãos reprodutivos.12,30 para termos uma boa produção de
De maneira geral, a melatonina é uma indolamina melatonina, ao dormirmos é indis-
(grupo de neurotransmissores), quimicamente pensável manter o ambiente o mais
conhecida por N-acetil-5-metoxitriptamina e é sinte- escuro possível.1,2,6,12,16
tizada a partir do aminoácido triptofano em diversas

Na ausência de luz, o
NOITE núcleo supraquismático
(1) envia recado para a
glândula pineal (2) iniciar
o processo de produção
de melatonina (3) a partir
3 do aminoácido triptofano

2 Glândula Pineal
Triptofano

1 Núcleo 5-hidroxitriptofano
supraquismático
Serotonina

N-acetilserotonina

Melatonina

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 35
ARTIGO

A MELATONINA COMO
HORMÔNIO DO SONO
Até pouco tempo não sabíamos ao certo porque os sem dificuldades, pois nessa fase a produção de
animais precisam dormir. E realmente é surpreen- melatonina encontra o ápice e começa a declinar
dente quando pensamos que nós humanos passa- gradativamente, atingindo níveis bem baixos após os
mos 1/3 de nossas vidas sobre um colchão, sem 50 anos – justamente a faixa etária mais acometida
exercer uma atividade consciente. Muito longe de ser com distúrbios do sono.12,14,16
um luxo ou uma perda de tempo, com o avanço das
pesquisas científicas, sabe-se que dormir é primor-
dial principalmente para a manutenção do cérebro, Quantidade de melatonina
do corpo e consolidação da memória, e, portanto, produzida conforme idade
prevenir e combater doenças. e horário
A privação do sono em um ser humano causa altera-
ções psicológicas a partir do terceiro dia e alterações 180
séricas de glóbulos brancos (relacionados à imuni- 160

Fonte: Reiter RJ; Robinson J.14


dade) a partir do segundo dia. Portanto, não é difícil
140
imaginar as consequências que o somatório de diver-
sas noites mal dormidas pode causar à saúde de um
Melatonina [pg/ml]

120
indivíduo. A falta de sono está intimamente ligada a
100
diversos tipos de manifestações fisiológicas como
alteração do humor, depressão, aumento da sensi- 80
bilidade à dor, comprometimento da memória, dores 60
de cabeça, doenças cardíacas, dislipidemias, diabe-
40
tes e Alzheimer. Por um lado, a sequência de noites
mal dormidas aumenta o risco dessas doenças e, 20
por outro, a presença de uma ou mais dessas doen-
ças é associada à sintomatologia de insônia. Para 08 10 12 14 16 18 20 22 24 02 04 06 08
se ter uma melhor noção dessa íntima relação, um horário
paciente com insônia grave tem 6 vezes mais chance
de desenvolver uma doença psíquica, e cerca de 60% 05-10 anos 50-60 anos
a 80% dos pacientes com depressão possuem algum
distúrbio do sono.21
15-35 anos 60-70 anos
Alguns cientistas observam que a
qualidade pode ser mais importante 35-50 anos acima de 70 anos
que a quantidade, devendo o indiví-
duo usufruir de maneira saudável Para aqueles indivíduos que viajam de um continente
de todos os estágios do sono.12,21 Para para o outro e sofrem com a mudança repentina de
um indivíduo que tem início do sono em torno das fuso horário e do ritmo circadiano (efeito jet lag), a
22 horas, o pico máximo de sua produção de mela- melatonina também é o tratamento de escolha. Com
tonina é por volta das 2 horas da manhã. Mas, a sua administração, o viajante é capaz de regular o
tendência é reduzirmos a capacidade de produção ritmo do sono durante suas viagens intercontinen-
desse hormônio conforme envelhecemos. Por isso tais, auxiliando em uma das principais queixas de
é muito comum um adolescente dormir horas a fio distúrbio de sono e fadiga desse tipo de viagem.23,40

36 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Melatonina

MELATONINA VERSUS cido como estresse oxidativo, relacionado a diversos


ANSIOLÍTICOS tipos de doenças como câncer, doenças cardíacas e
neurodegenerativas.
O uso seguro da melatonina para iniciar o
sono mais rapidamente já é bem documen- Para os pesquisadores, a melatonina se diferencia
tado pela comunidade científica. Uma grande entre os outros antioxidantes devido à sua caracterís-
e importante diferença entre a melatonina e os tica anfipática, ou seja, é capaz de exercer atividade
benzodiazepínicos comumente prescritos para antioxidante tanto em meio aquoso quanto em meio
o tratamento de insônia é em relação aos seus lipídico. Ao contrário, por exemplo, da glutationa e
efeitos sobre a arquitetura do sono, ou seja, os vitamina C que atuam apenas em meio aquoso, ou a
ciclos dos estágios do sono de um indivíduo. vitamina E que exerce ação apenas em meio lipídico.
Além de apresentarem efeitos adversos como Esse fato torna-se bastante relevante, pois significa
sedação, ressaca e dependência, os benzodia-
que a melatonina pode estar presente em diversas
zepínicos não são capazes de atingir as fases
áreas de uma célula, consequentemente podendo
de sono mais profundas, mantendo o sono em
geral apenas nos dois primeiros estágios. Isto estar no local exato de formação do radical livre.
porque reduzem a atividade de ondas lentas Além disso, ao contrário de outros antioxidantes, a
(delta e teta) da fase 3 e incrementam as de alta melatonina atravessa facilmente a barreira hema-
frequência (beta) o que pode refletir em uma toencefálica atingindo o cérebro e podendo inclu-
melhor qualidade de sono. Você até consegue sive ser um trunfo para tratamento e prevenção de
uma noite inteira de sono, mas esse sono não é doenças neurodegenerativas. E, tendo em vista que
restaurador. Ao contrário, a melatonina é capaz parte do nosso processo de envelhecimento está
de atingir todos os estágios, inclusive o sono relacionado à formação de radicais livres, não é de se
REM, proporcionando ao indivíduo um sono de surpreender que alguns estudos em animais consta-
qualidade. E tanto quanto importante, a melato- taram que o uso de melatonina foi capaz de reduzir
nina também não causa dependência, tolerân-
o estresse oxidativo causado pelo envelhecimento,
cia ou sintomas de retirada quando o seu uso é
retardando sua progressão.6,8,30
cessado de forma aguda como os medicamen-
tos da família dos benzodiazepínicos.23,43-45 Seu diferencial perante outros antioxidantes não para
por aí. Além de a melatonina e seus derivados meta-
bólicos apresentarem a função de eliminar espé-
cies reativas de oxigênio (ROS), ou seja, moléculas
A MELATONINA COMO UM instáveis altamente reativas, eles também eliminam
PODEROSO ANTIOXIDANTE as espécies reativas de nitrogênio (RNS), tornando
seu efeito mais pronunciado. E, devido sua condição
Além do sono, um novo conhecimento através de mais anfipática, a melatonina é capaz de exercer atividade
de 6.000 estudos aponta a melatonina como a mais dentro da mitocôndria – maior local produtor de ROS
eficiente eliminadora de radicais livres do organismo, e RNS, e onde pouquíssimos antioxidantes conse-
com uma capacidade impressionante de controlar o guem chegar. Como se não bastasse, a melatonina
dano oxidativo através de suas propriedades antioxi- também atua como um antioxidante indireto, esti-
dantes, anti-inflamatórias e imunes.41,42 Por isto, nos mulando a síntese de uma série de outras enzimas
últimos 10 anos, a melatonina vem ganhando desta- antioxidantes.
que nas mais diversas áreas médicas. Nosso corpo
naturalmente sofre processo de oxidação formando Acredita-se também que por se tratar de um hormô-
radicais livres e, embora essas reações sejam funda- nio que dita o ritmo circadiano no corpo, ela possa
mentais para nossa vida, elas podem também ser estar secundariamente envolvida na liberação de
prejudiciais quando em demasia. Um baixo índice de outros hormônios e ativação de outras vias no cére-
antioxidantes leva o nosso corpo a um estado conhe- bro. É como se sua presença ou ausência enviasse

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 37
ARTIGO

mensagens ao cérebro para ativar diversas vias trato gastrointestinal (TGI) haja 400
metabólicas. Todas essas características tornam vezes mais melatonina do que na glân-
a melatonina um dos mais potentes antioxidantes dula pineal, 100 vezes mais do que as
administrados por via oral encontrados hoje na medi- concentrações sanguíneas, e, acredita-
cina.8,16,37 -se que toda essa síntese seja influen-
ciada pela alimentação através das
A seguir listamos as doenças cuja associação com células enterocromafins, as quais ocor-
a melatonina ganharam destaque nos últimos anos: rem no epitélio que reveste o lúmen dos
tratos digestivo e respiratório.1,3,30 Essa
CÂNCER
alta fração de melatonina no TGI atua
Foi a partir de 1994 que os estudos começaram a como um potente protetor local:
avaliar o potencial da melatonina no câncer, desde
»» evitando ulcerações
que níveis fisiológicos maiores de melatonina normal- gastrointestinais na mucosa
mente restringem o crescimento tumoral se admi- devido sua ação antioxidante
nistrada na fase mais inicial da doença. Os efeitos
»» diminuindo secreção de ácido
são mais pronunciados quando sua administração é clorídrico
feita concomitantemente com a quimioterapia, pois
»» estimulando o sistema imune
a melatonina além de poder atuar na redução do
crescimento do tumor aumentando a expectativa de »» promovendo regeneração
vida do paciente, também aumenta sua qualidade de epitelial devido ao aumento da
microcirculação
vida reduzindo a toxicidade dos agentes quimioterápi-
cos.6,17 Especificamente falando do câncer de mama, »» envolvendo-se no transporte de
a proliferação de células tumorosas são mais intensas elétrons e íons nas microvilosidades
durante o período diurno, justamente o período com »» participando da motilidade do TGI
menores níveis de melatonina endógena. Além da »» influenciando no aumento
redução do crescimento do tumor, a melatonina reduz de água nas fezes
os níveis de estrogênio, um dos principais hormô-
Essas ações fazem com que a melato-
nios responsáveis pelo desenvolvimento de câncer
nina seja objeto de estudo para doenças
de mama, seja por interagir com o próprio receptor
do TGI como câncer colorretal, colite
estrogênico, ou por inibir a atividade da aromatase
ulcerativa, ulceras gástricas, doença
(enzima que converte androgênios em estrogênios no
do refluxo gastroesofágico, síndrome
tecido mamário afetado).13,16,17,22 Por este motivo, para
do intestino irritável e cólica infantil.30
o tratamento oncológico é sugerida a administração
A melatonina pode até mesmo explicar
de uma grande concentração de melatonina, cerca de
porque sentimos sonolência após as
10 a 40mg distribuídos ao longo do dia.17
refeições. Em humanos, as dosagens
TRATO de melatonina no TGI são aumentadas
GASTROINTESTINAL após almoço e jantar. Além de produzir-
mos a partir do triptofano dos alimen-
Por volta da década de 70, foi observado que outros tos, alguns alimentos também contêm
órgãos, como pele, placenta, intestino e o sistema melatonina de forma natural, porém
imune, são capazes de produzir melatonina também em concentrações ínfimas, sem ações
a partir do triptofano, mas, nesse caso, sem haver metabólicas conhecidas. Dentre eles,
qualquer influência do ambiente claro ou escuro para destacam-se as frutas cítricas, a uva, o
sua síntese. É uma área nova e com muitas questões vinho e o azeite de oliva.4,6,30
a serem elucidadas. Estima-se, por exemplo, que no

38 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Melatonina

ANTI-INFLAMATÓRIO
E ANALGÉSICO
Como efeito anti-inflamatório, o uso de melatonina se
compara ao ibuprofeno, sendo capaz de inibir a enzima
COX-2, mas com a vantagem de não inibir a COX-1
(enzima que quando inibida leva a complicações gástri-
cas). Quando associada a outro anti-inflamatório pode
inclusive aumentar seu efeito. Seu efeito anti-inflamató-
rio pode também estar atribuído à limitação na produ-
ção de mediadores inflamatórios como óxido nítrico,
prostanoides, leucotrienos e citoquinas.1,31 Os estudos
mostram também que a melatonina é capaz de produ-
zir um efeito analgésico em dor crônica (fibromialgia,
síndrome do intestino irritável e enxaqueca), reduzindo
a ansiedade e a dor. Mais de 10 trabalhos realizados
em animais mostraram redução no tempo de dor. Em
humanos, os resultados foram semelhantes: pacien-
tes com fibromialgia receberam o fármaco 30 minu-
tos antes de dormir e obtiveram melhora na qualidade
do sono e redução dos pontos de gatilhos dolorosos.
Já em pacientes com enxaqueca, a administração do
hormônio foi capaz de produzir redução na frequência,
intensidade e duração da condição.3,7

FERTILIDADE
Na área de ginecologia, a melatonina tem ganhado
importante destaque. Para mulheres com problemas
de fertilidade, a má qualidade dos ovócitos (célula
sexual produzida pelo ovário) é um problema incontro-
lável que leva a uma gravidez mal sucedida. A matu-
ração dos folículos e ovócitos está associada a um
aumento de espécies tóxicas de oxigênio que podem
causar danos aos próprios ovócitos. Por ser um potente
antioxidante, a melatonina funciona protegendo essas
células sexuais dos danos oxidativos, promovendo
sua maturação e desenvolvimento embrionário e, com
isso, sendo sua suplementação benéfica no tratamento
da infertilidade feminina. Por exemplo, um estudo em
mulheres inférteis submetidas à fertilização in vitro
que receberam 3mg/dia de melatonina a partir do
5º dia da menstruação até o momento da recuperação
do ovócito obtiveram maior porcentagem de embriões
classificados como bons quando comparado às pacien-
tes que não receberam o hormônio.8-10,16

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 39
ARTIGO

SISTEMA IMUNE CORAÇÃO


A melatonina por ser um potente antioxidante, é um Estima-se que uma pessoa que dorme mal tem cerca
agente imunomodulador, aumentando, portanto, a de 63% mais chance de desenvolver uma doença
defesa imunológica do paciente. Os linfócitos T auxi- cardiovascular e cerca de 79% mais risco de uma
liares, responsáveis pelo controle da resposta imune, doença coronariana quando comparada a indivíduos
desempenham um papel importante na proteção com sono normal.
contra patologias, e a melatonina demonstrou aumen-
tar a resposta dessas células através da liberação de Em animais, a administração de melatonina por
interleucina-2, interleucina-10 e interferon-gama. Isso, 5 semanas foi capaz de reduzir em 25% a pressão
por exemplo, explica sua íntima relação na supres- arterial. Estudo semelhante em humanos também
são do crescimento neoplásico em uma variedade mostrou redução da pressão arterial e melhora do
de tumores.6,18,31 Além disso, a melatonina estimula sono. Dessa forma, supõe-se que a melatonina possa
a síntese de células exterminadoras naturais (células ser um coadjuvante no tratamento de cardiopatias
natural killer), monócitos e macrófagos, e tem sido devido sua ação na redução da pressão arterial
encontrada para facilitar a comunicação saudável e também na diminuição da agregação plaquetá-
entre as células, o que melhora a resposta adequada ria.21,23,37,38
do sistema imunológico do corpo aos invasores estra- Ensaios clínicos foram realizados em humanos
nhos.46,47 acometidos com casos específicos de hipertensão,
como a hipertensão noturna e a hipertensão resis-
CÉREBRO
tente, já que ambas apresentam uma resposta mais
Alterações no padrão secretor de melatonina foram difícil ao tratamento convencional. Até mesmo para
encontradas em uma série de doenças psiquiátri- esses casos, com o uso da melatonina foi possí-
cas e neurológicas como distúrbio bipolar, depres- vel observar uma redução da pressão arterial com
são, bulimia, anorexia, esquizofrenia, transtorno de melhora do sono nos pacientes.38,39
pânico, transtorno obsessivo compulsivo, epilepsia,
Alzheimer e Parkinson. Os pesquisadores avaliam AUTISMO
essa relação para saber se a deficiência na produção Crianças com autismo apresentam níveis mais
de melatonina pode acarretar esses distúrbios, ou baixos de melatonina do que crianças saudáveis,
se essas patologias levam a um comprometimento possivelmente por uma deficiência causada em
secundário da liberação do hormônio.29 uma ou em ambas as enzimas responsáveis pela
Uma das características marcantes de alteração conversão de N-acetil-serotonina em melatonina.
cerebral na doença de Alzheimer é a presença de Uma importante meta-análise, publicada na revista
placas beta-amiloides, formada pelo agrupamento Developmental Medicine & Child Neurology, em
de proteínas e bloqueando a sinalização e processo 2011, concluiu que a suplementação de melatonina
de sinapse cerebral. A má qualidade do sono é capaz em crianças com espectro autista mostra-se capaz
de aumentar a proliferação dessas placas nas áreas de melhorar a quantidade e qualidade do sono
cerebrais, comprometendo cada vez mais a capa- dessas crianças, com consequente melhora do
cidade cerebral. A melatonina inibe a formação e comportamento durante o dia.19
agregação das placas beta amiloides e previne os
danos oxidativos devido ao seu papel antioxidante.21
Mas é importante notar que os benefícios acima cita-
dos para o Alzheimer ocorrem somente até os seus
estágios iniciais. Portanto, de maneira preventiva ou
desacelerando a doença.

40 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Melatonina

EFEITO TÓPICO
Outro órgão capaz de produzir e metabolizar a mela- tação.32 Um recente trabalho realizado em 8 homens
tonina é a pele, onde ela age como um importante e 15 mulheres avaliou o efeito protetivo de cremes
protetor das agressões externas.32,35 Uma avaliação contendo 3 doses distintas de melatonina e concluiu
dos efeitos da melatonina na pele foi realizada em que uma concentração de 12,5% foi capaz de reduzir
ratos pinealectomizados (sem glândula pineal), o eritema induzido pela radiação solar natural. Inclu-
mostrando que a ausência da glândula está asso- sive, uma revisão bibliográfica realizada por pesqui-
ciada à redução da espessura da pele e demons- sadores da Universidade Varanasi, na Índia, levantam
trando atrofia da epiderme, derme e folículo piloso. a questão de que o uso de melatonina pode ter a
Nos mesmos animais, a melatonina foi administrada função de antídoto para os malefícios da radiação
topicamente, mostrando um aumento da produção ultravioleta e deveria ser mais explorada para exer-
de colágeno com melhora da estrutura cutânea. cer tal função.32-34 A melatonina também está rela-
Portanto, sugerindo-se seu uso para a cicatrização cionada com a atividade cíclica do crescimento dos
de feridas e nos casos de úlcera de pressão, por pelos e cabelos. Os folículos capilares, além de serem
exemplo.32 imunorreativos à melatonina, também são capazes
de sintetizar e secretar o hormônio. Um estudo reali-
Remontando a ideia inicial proposta pelo dermatolo- zado em homens e mulheres mostrou uma redução
gista Aaron Lerner, responsável pelo descobrimento significativa no grau de alopecia e aumento da densi-
do hormônio, a melatonina parece sim estar envol- dade capilar, em média, com 3 meses de tratamento.
vida também na pigmentação cutânea com meca- Com isso, a aplicação tópica nos cabelos tem se
nismos ainda discutidos. Uma aplicação local pode mostrado promissora para a maior causa de calvície,
agir inibindo a síntese de melanina e seu uso vem a alopecia androgenética.32,36
sendo avaliado para casos de vitiligo e hiperpigmen-

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 41
ARTIGO

LONGEVIDADE
SAUDÁVEL
Além das doenças relacionadas anterior-
mente, muitas pesquisas sobre a melatonina,
inclusive, sugerem que a suplementação
desse hormônio pode estender a vida. Em
camundongos, a melatonina proporcionou
uma longevidade maior enquanto reduzia o
peso e a incidência espontânea de tumores
dos mesmos.63,64 Em seres humanos, a mela-
tonina se mostra tão intrinsicamente envol-
vida nos processos de regulação celular que
sua participação na prevenção ou melhora de
doenças e mecanismos que levam ao enve-
lhecimento precoce continua crescendo de
forma significativa nos achados científicos.
Assim, pode-se afirmar que a melatonina
contribui para o aumento da longevidade de
forma indireta, pois também:

1. Regula a pressão arterial


(É indicada a forma slow-
release – liberação gradativa
– para os casos de pressão
arterial noturna alta)48-52,65

2. Ajuda no combate da
obesidade ou sobrepeso53-59

3. Reduz complicações
associadas ao diabetes
por seu efeito antioxidante,
desde glicose sanguínea elevada
até retinopatia, nefropatia e
doença cardiovascular60-62

42 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Melatonina

SEGURANÇA
DE USO
Por mais de 50 anos a melatonina vem sendo usada é muito individualizada, podendo variar até 20mg.
principalmente para distúrbios do sono. Uma das Há a possibilidade do desenvolvimento de uma
grandes vantagens quando comparada aos medi- certa tolerância, e então, o aumento da dose. Em
camentos convencionais para dormir é que seu uso outras situações, usa-se a melatonina por um perí-
apresenta uma alta margem de segurança. Segundo odo limitado, como acontece com crianças autistas,
estudos, a ingestão de até 1g ao dia de melatonina, as quais com a melhora da alimentação e recebi-
ou seja, mais de 200 vezes a dose usual, não foi mento de vitaminas, sua produção é retomada. Nos
capaz de provocar qualquer toxicidade ou mutage- casos onde o indivíduo apresenta uma constante
nicidade ao organismo, sendo que o efeito adverso interrupção do sono, a associação de melatonina
mais comumente relatado foi a sonolência. Estudos com veículos que a liberem gradativamente – “slow
utilizando doses ainda maiores (6g/dia) por cerca release oral” ou pela via transdérmica – proporcio-
de 30 dias também não mostraram alterações em nam um fornecimento controlado do composto e
testes bioquímicos.2,20,21,23-27,30 uma noite completa de sono.5,15,23

Para se tratar algumas patologias específicas Faz-se necessário conhecer os sintomas de excesso
como o câncer, utiliza-se doses altas, de 10 a de melatonina, e nesses casos sugere-se a redu-
40mg, e muitas vezes dividida em 2 a 3 tomadas, ção da dose até adaptar-se à concentração ideal,
não somente antes de dormir. Para o tratamento de pois esses sintomas tendem a desaparecer com a
distúrbio de sono, aconselha-se o uso de 0,3 a 5mg redução da dose, troca da forma farmacêutica ou
cerca de 30 minutos antes de dormir, mas esta dose suspensão do uso2,5,28

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 43
ARTIGO

Referências
SINAIS DE ALERTA 1. Mauriz JL, et al. A review of the
QUE A DOSE DA molecular aspects of melatonin’s anti-
inflammatory actions: recent insights
MELATONINA and new perspectives. Journal of pineal
research, 2013. DOI: 10.1111/j.1600-
ESTÁ EXCESSIVA 079x.2012.01014.x

2. Chung CH, et al. An upsurge in melatonin


1. Sono profundo por 3 a 4 horas, overdose: a case reports. Hong kong journal
of emergency medicine, 2001
seguido de despertar ansioso
3. Wilhelmsen M, et al. Analgesic effects
ou profundamente descansado of melatonin: a review of current evidence
from experimental and clinical studies.
e com dificuldade de voltar Journal of pineal research, 2011. DOI:
a dormir. Isto indica excesso 10.1111/j.1600-079x.2011.00895.x

de melatonina de ação rápida 4. Garcia-parrilla MC, et al. Analysis


of melatonin in foods. Journal of food
podendo ser indicado trocar a composition and analysis, 2009. DOI:
forma farmacêutica ou reduzir 10.1016/j.jfca.2008.09.009

a dose 5. Harpsoe NG, et al. Clinical


pharmacokinetics of melatonin: a
systematic review. Eur j clin pharmacol,
2. Cefaleia ou cabeça pesada 2015. DOI: 10.1007/s00228-015-1873-4

pela manhã que melhoram 6. Fernández-mar ML, et al. Bioactive


com a exposição solar compounds in wine: resveratrol,
hydroxytyrosol and melatonin: a review.
Food chemistry, 2012. DOI: 10.1016/j.
foodchem.2011.08.023
3. Hipotensão e fadiga matinal
(deficiência de cortisol 7. Peres MF, et al. Melatonin, 3 mg,
is effective for migraine prevention.
pode piorar com o uso de Neurology. 2004

melatonina) 8. Reiter RJ, et al. Clinical relevance


of melatonin in ovarian and placental
physiology: a review. Gynecol endocrinol,
4. Sonhos muito vívidos, 2014. DOI: 10.3109/09513590.2013.849238
experimentados como reais 9. Tamura H, et al. Melatonin and pregnancy
in the human. Reprod toxicol, 2008
5. Sonolência excessiva pela 10. Tamura H, et al. Oxidative stress
manhã, com dificuldade de impairs oocyte quality and melatonin
protects oocytes from free radical
despertar damage and improves fertilization rate.
J penial res, 2008. DOI:10.1111/j.1600-
079x.2007.00524.x

11. Disponível em: super.abril.com.br/


saude/o-que-acontece-enquanto-voce-
dorme/ Acessado em: 29/01/2017

ONDE ENCONTRAR? 12. Disponível em: super.abril.com.br/


saude/melatonina-a-agenda-do-corpo/
Acessado em 29/01/2017
Em países da Europa e nos EUA, a melato-
13. Disponível em: articles.mercola.
nina é comercialmente tratada como um com/sites/articles/archive/2013/03/19/
melatonin-benefits.aspx Acessado em:
suplemento de venda livre, sem necessi- 29/01/2017
dade de prescrição médica. No Brasil, ela
14. Reiter RJ; Robinson J. Melatonin:
está acessível como medicamento exclusi- breakthrough discoveries that can help you
combat aging, boost your immune system,
vamente manipulado, sendo vendido apenas reduce your risk of cancer and heart
sob prescrição médica em farmácias magis- disease, get a better night’s sleep, 1995

trais de ponta. 15. Lemoine P, et al. Prolonged-release


melatonin improves sleep quality and
morning alertness in insomnia patients
aged 55 years and older and has no

44 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Melatonina

withdrawal effects. J. Sleeps res., 2007. 31. Hardeland R, et al. Molecules in focus: 45. Andersen LP, et al. The Safety of 57. Rasmussen DD, et al. Daily melatonin
DOI: 10.1111/j.1365-2869.2007.00613.x melatonin. The international journal Melatonin in Humans. Clin. Drug Investig, administration at middle age suppresses
of biochemistry & cell biology, 2006. 2016. DOI: 10.1007/s40261-015-0368-5 male rat visceral fat, plasma leptin,
16. Yonei Y, et al. Effects of melatonin: DOI:10.1016/j.biocel.2005.08.020 and plasma insulin to youthful levels.
basics studies and clinical applications. 46. Cerea G, et al. Biomodulation of cancer Endocrinology, 2002
Anti-aging medicine, 2010 32. Slominsk A, et al. Melatonin in the skin: chemotherapy for metastatic colorectal
synthesis, metabolim and functions. Trends cancer: a randomized study of weekly 58. Puig-Domingo M, et al. Thyroxine
17. Alibek K, et al. Anticancer effects and in endocrinology and metabolism, 2007. low-dose irinotecan alone versus irinotecan 5'-deiodination in brown adipose tissue and
uses of melatonin: a review. Austin journal DOI: 10.1016/j.tem.2007.10.007 plus the oncostatic pineal hormone pineal gland: implications for thermogenic
of cancer and clinical research, 2015. melatonin in metastatic colorectal cancer regulation and role of melatonin.
33. Goswami S; Haldar C. Melatonin patients progressing on 5-fluorouracil- Endocrinology, 1988
18. Srinivasan V, et al. Melatonin, immune as a possible antidote to uv radiation containing combinations. Anticancer
function and cancer. Recent Pat Endocr induced cutaneous damages and Res, 2003 59. Agil A, et al. Beneficial effects of
Metab Immune Drug Discov, 2011 immune-suppression: an overview. melatonin on obesity and lipid profile in
Journal of photochemistry & photobiology, 47. Berk L, et al. Randomized phase II young Zucker diabetic fatty rats. Journal of
19. Rossignol D; Frye R. Melatonin in autism b: biology, 2015. DOI: 10.1016/j. trial of high-dose melatonin and radiation Pineal Research, 2011. DOI: 10.1111/j.1600-
spectrum disorders: a systematic review jphotobiol.2015.10.006 1011-1344 therapy for RPA class 2 patients with brain 079X.2010.00830.x
and meta-analysis. Developmental medicine metastases (RTOG 0119). Int J Radiat Oncol
& child neurology, 2011 34. Scheuer, et al. Dose dependent sun Biol Phys. 2007 60. Cavallo A, et al. Blood pressure-lowering
protective effect of topical melatonin: a effect of melatonin in type 1 diabetes. J
20. Mcgrane IR, et al. Melatonin randomized, placebo-controlled, double- 48. Leibowitz A, et al. Melatonin prevents Pineal Res, 2004. DOI: 10.1111/j.1600-
therapy for rem sleep behavior disorder. blind study. Journal of dermatological kidney injury in a high salt diet-induced 079X.2004.00126.x
Sleep medicine, 2015. DOI: 10.1016/j. science, 2016. DOI: 10.1016/j. hypertension model by decreasing oxidative
sleep.2014.09.011 jdermsci.2016.08.007 0923-1811 stress. J Pineal Res, 2016. DOI: 10.1111/ 61. Korkmaz A, et al. Glucose: a vital
jpi.12287. toxin and potential utility of melatonin in
21. Laudon M, Frydman-marom A. 35. Flo A, et al. Melatonin pharmacokinetics protecting against the diabetic state. Mol
Therapeutic effects of melatonin receptor after transdermal administration changes 49. Chun-Mei Xia, et al. Effects of Cell Endocrinol, 2012. DOI: 10.1016/j.
agonists on sleep. Int. J. Mol. Sci. 2014. according to the time of the day. European melatonin on blood pressure in stress- mce.2011.10.013
DOI:10.3390/ijms150915924 journal of pharmaceutical sciences, 2016. induced hypertension in rats. Clinical
DOI: 10.1016/j.ejps.2016.09.020 0928-0987 and Experimental Pharmcacology and 62. Gumustekin M, et al. Short-term
Physiology, 2008. DOI: 10.1111/j.1440- melatonin treatment improved diabetic
22. Schernhammer, E, et al. Rotating night
36. Fisher TW, et al. Topical melatonin 1681.2008.05000.x nephropathy but did not affect
shifts and risk of breast câncer in women
participating in the nurses’ health study. for treatment of androgenetic alopecia. hemorheological changes in diabetic rats.
Journal of the national cancer institute, Int j trichology, 2012. DOI: 10.4103/0974­ 50. Cicero AF; Colletti A. Nutraceuticals Pharmazie, 2007
2001 7753.111199 and Blood Pressure Control: Results from
Clinical Trials and Meta-Analyses. High 63. Anisimov VN, et al. Dose-dependent
37. Scheer FAJL, et al. Daily nighttime Blood Press Cardiovasc Prev, 2015. DOI: effect of melatonin on life span and
23. Sajith SG; Clarke D. Melatonin and
melatonin reduces blood pressure in male 10.1007/s40292-015-0081-8 spontaneous tumor incidence in female
sleep disorders associated with intellectual
disability: a clinical review. Journal of patients with essential hypertension. SHR mice. Experimental Gerontology, 2002
intellectual disability research, 2007. DOI: Hypertension. 2004. DOI: 10.1161/01. 51. Grossman E, et al. Effect of melatonin
10.1111/j.1365-2788.2006.00893.x hyp.0000113293.15186.3b on nocturnal blood pressure: meta-analysis 64. Rodríguez MI, et al. Improved
of randomized controlled trials. Vasc Health mitochondrial function and increased life
38. Grossman E, et al. Melatonin reduces Risk Manag, 2011. DOI: 10.2147/VHRM. span after chronic melatonin treatment in
24. Jahnke G, et al. Maternal e
night blood pressure in patients with S24603. senescent prone mice. Exp Gerontol. 2008.
developmental toxicity evaluation of
melatonin administered orally to pregnant nocturnal hypertension. The american doi: 10.1016/j.exger.2008.04.003
sprague-dawley rats. Toxicological journal of medicine, 2006. DOI:10.1016/j. 52. Altun A, Ugur-Altun B. Melatonin:
sciences, 1999 amjmed.2006.02.002 therapeutic and clinical utilization. Int J 65. Cheng C, et al. Abstract P308: Pilot
Clin Pract, 2007. DOI: 10.1111/j.1742- Study: 24 Hour and Daytime Blood Pressure
39. Disponível em: articles.mercola. 1241.2006.01191.x Lowering Effect of Melatonin in Younger
25. Dacosta F, Spector S. Acute
pharmacology of melatonin. Nature, 1967 com/sites/articles/archive/2013/03/02/ and Older Non-hypertensive Adults.
poor-sleep-quality.aspx Acessado em 53. Goel N, et al. Circadian rhythm profiles Hypertension, 2016
29/01/2017 in women with night eating syndrome. J Biol
26. Nordlund JJ; Lerner AB. The effects
Rhythms, 2009
of oral melatonin on skin color and on
the release of pituitary hormones. J clin 40. Neto JAN, Freire BF. Melatonina,
endocrinol metab. 1977 ritmos biológicos e sono – uma revisão da 54. Rastmanesh R; de Bruin PF. Potential of
literatura. Rev bras neurol, 2008. melatonin for the treatment or prevention of
obesity: An urgent need to include weight
27. Disponível em: www.medscape.com/
41. Reiter RJ, et al. Melatonin as an reduction as a secondary outcome in
viewarticle/472385_8 Acessado em
antioxidant: bichemical mechanisms and clinical trials of melatonin in obese patients
29/01/2017
pathophysiological implications in humans. with sleep disorders. Contemp Clin Trials,
Acta Biochim Pol, 2003. DOI: 0350041129 2012. DOI: 10.1016/j.cct.2012.03.018
28. Vural EMS; Van Munster BC. Optimal
dosages for melatonin supplementation
42. Bonnefont-Rousselot D; Collin F. 55. Wolden-Hanson T, et al. Daily melatonin
therapy in older adults: a systematic review
Melatonin: action as antioxidant and administration to middle-aged male rats
of current literature. Drugs aging, 2014. DOI:
potential applications in human disease and suppresses body weight, intraabdominal
10.1007/s40266-014-0178-0
aging. Toxicology, 2010. DOI: 10.1016/j. adiposity, and plasma leptin and insulin
tox.2010.04.008 independent of food intake and total body
29. Pacchierotti C, et al. Melatonin in fat. Endocrinology, 2000. DOI: 10.1210/
psychiatric disordes: a review on the endo.141.2.7311
melatonin. Frontiers in neuroendocrinology, 43. Perlis ML, et al. Psychophysiological
2001 insomnia: the behavioural model and a
neurocognitive perspective. J. Sleep Res, 56. Prunet-Marcassus B, et al. Melatonin
1997 reduces body weight gain in Sprague
30. Bubenik GA. Gastrointestinal melatonin: Dawley rats with diet-induced obesity.
localization, function and clinical relevance. Endocrinology, 2003
Digestive diseases and science, 2002 44. Bastien CH, et al. Sleep EEG Power
Spectra, Insomnia and Chronic Use of
Benzodiazepines. Sleep, 2003.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 45
PALATINOSE • MAGNESIUM TAURATE • GINGER POWDER • CAPSIATE • INOSITOL • ELECTROLYTE
Rico em fitonutrientes como polifenóis EGCg • Beba Gelado
46 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
ACREDITE
EM CAUSA E EFEITO
Terminar as atividades ainda com energia, não significa que você não deu o seu melhor, mas
que está preparado para ir além. Todo ingrediente inteligente tem um efeito semelhante.
Pre-Action Essential é um fresh energy drink. Sua formulação trabalha em sinergia para
você superar seus objetivos com uma sensação de poder e bem-estar do início ao fim.

Compre online:
essentialnutrition.com.br
R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 47
ARTIGO

48 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
A influência de nutrientes
sobre a expressão dos genes

V
ocê já se questionou por que
uma dieta pode funcionar
tão bem para uma pessoa,
enquanto outra se frustra com os
resultados alcançados? Ou, por
que em estudos científicos quanto
à suplementação de cafeína, por
exemplo, a maioria de um certo
grupo de indivíduos, apresenta resul-
tados excelentes, enquanto alguns
indivíduos do mesmo grupo podem
apresentar resultados negativos? O
que faz um nutriente ser relevante
para a saúde de uma pessoa, mas
não para todas as pessoas? Por que
mesmo tendo um fator de risco de
uma doença expresso nos genes,
uma pessoa pode não manifestá-la?

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 49
ARTIGO

Os avanços da genética estão esclarecendo estes da verdade. A outra parte é que também podemos
mistérios através de muita pesquisa e do conheci- influenciar os genes, reduzindo sua expressão
mento de novas áreas, entre elas: ou manifestação clínica com o uso de nutrientes,
trazendo para nós mesmos a possibilidade do
a Nutrigenética – ciência que controle de nossa saúde – o conceito de medicina e
analisa como a estrutura gené- nutrição personalizada.
tica determina a metabolização
de nutrientes – e a Nutrigenômica EVOLUÇÃO DO
– ciência que analisa a forma com CONHECIMENTO GENÉTICO
que os nutrientes interagem com o Foram vários os cientistas cujos trabalhos ajudaram
material genético, interferindo na na pavimentação do conhecimento genético atual.
expressão dos genes. Estudos moleculares não só redefiniram os “padrões
de ouro” para o diagnóstico, mas também influencia-
Para pessoas que lutam contra doenças, desequilí-
ram as abordagens de manejo, aumentando nossa
brios internos ou para pessoas que praticam hábitos
compreensão dos mecanismos fundamentais causa-
para uma vida longeva saudável, estes novos conhe-
dores de doenças e identificando alvos potenciais
cimentos podem funcionar como um importante
para uma intervenção terapêutica.
instrumento complementar utilizado pelos profis-
sionais da saúde. Mas, enquanto os cientistas já Citando o trabalho de alguns cientistas, Linus
começaram a aprimorar o entendimento da relação Pauling, no início da década de 1950, demonstrou
entre os genes e o alimento, e muitos profissionais de que a origem da doença era influenciada por radicais
saúde já se encontram emocionados com as desco- livres e que existia uma dose adequada de nutrientes
bertas e suas inovadoras possibilidades, é impor- para cada pessoa e não uma dose padrão para todos.
tante nos situarmos: esta nova ferramenta ainda está Com esta noção da individualização da nutrição,
engatinhando. Pauling trouxe à tona a “medicina ortomolecular”. Em
sua publicação na revista Science, relatou a primeira
Não obstante, o avanço tecnológico está permi-
prova da relação entre uma doença humana e uma
tindo aos cientistas produzirem evidências práticas
alteração numa proteína específica.¹
em uma velocidade assombrosa para a ciência e,
portanto, apresentamos aqui uma breve visão geral Em 1953, Watson e Crick propuseram o modelo de
desta medicina revolucionária juntamente com sua dupla hélice para a estrutura do DNA em um artigo de
atual relevância clínica. Contrariando o ditado “está duas páginas na revista Nature, o que provocou outro
nos genes” – antes utilizado para dizer que nossa grande impacto sobre o estudo das doenças. Já em
saúde era herdada da família, predeterminada pela 1956, o Dr. Roger Williams introduziu o princípio da
genética –, hoje sabemos que isso é apenas parte “individualidade bioquímica”, anunciando uma nova

Glossário

ALELO: os genes que ocupam o mesmo EXPRESSÃO GENÉTICA: quando a in- GENES: são segmentos de cadeias de DNA,
lugar em dois cromossomos iguais. formação contida em um gene (sequ- compostos por uma sequência de bases
ências de nucleotídeos do DNA), é nucleótidicas (adenina, timina, guanina,
EPIGENÉTICA: modificações do genoma, processada e transformada em um e citosina) que se encaixam envolvendo
que não envolvem mudança na sequência produto gênico, tal como uma proteína. apenas uma regra: adenina somente é pare-
do DNA, e que são responsáveis pela ada com timina, e citosina só forma par com
ativação (expressão) ou silenciamento FENÓTIPO: características físicas, bio- guanina. Portanto, cada degrau na escada
(não expressão) do gene. Herdável químicas e fisiológicas apresentadas do DNA é um par de nucleotídeos. Os genes
durante a divisão celular. pelo indivíduo e determinadas pelo contêm a codificação das informações para
genótipo e ambiente. a construção e manutenção do nosso corpo.

50 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Genética + Nutrição

era na nossa compreensão da etiologia da doença sos bioquímicos que sustentam o desenvolvimento
e o papel dos nutrientes como ferramentas de inter- de doenças, especialmente as crônicas. Sob esta
venção. Notavelmente, o Dr. Williams reconheceu consciência, nasceram as disciplinas complemen-
que o estado nutricional pode influenciar a expressão tares de Nutrigenética e Nutrigenômica, uma fusão
de características genéticas, embora na época não de elementos das ciências da bioquímica, nutrição e
houvessem ferramentas disponíveis para determi- genética. O desenvolvimento da combinação destas
nar a individualidade bioquímica e genética. Assim, disciplinas para a competência clínica mostra-se não
o conceito de “medicina individualizada” começou a ser uma tarefa fácil. Embora cada um de nós possua
ser introduzido e marcou o pioneirismo dos campos potencialmente centenas de variantes genéticas "de
da Nutrigenômica e Nutrigenética.²,7 risco", o desafio reside em saber como interpretar o
padrão dos chamados SNPs, que o genoma possui
A conclusão do Projeto Genoma Humano em 2003, milhões deles, e que um relatório de genotipagem ou
o qual identificou aproximadamente 3 bilhões de genético pode apresentá-los. Na maioria dos casos,
pares de bases que compõem o genoma humano (o os SNPs indicam meramente uma predisposição
chamado Livro da Vida), despertou a esperança de para um processo de doença particular, não o diag-
que doenças incuráveis pudessem ser curadas, como nóstico de uma doença. Se esse potencial genético
o câncer e Alzheimer, e definiu o que seria a estru- eventualmente se manifestará como uma doença,
tura básica do genoma humano para conseguirmos isso dependerá de uma interação complexa entre o
identificar as diferenças individuais. O que custou genoma humano, fatores ambientais, alimentares e
milhões de dólares para ser desenvolvido, hoje já tem
comportamentais.³
um preço acessível. A partir de um desenvolvimento
vertiginoso na tecnologia e suas técnicas de sequen- Sendo assim, os efeitos biológicos de nutrientes e de
ciamento e identificação genética, atualmente já é bioativos alimentares são induzidos por processos
possível, com apenas um pouco de saliva, realizar fisiológicos interdependentes, incluindo:
um mapeamento genético de muitos Polimorfismos
de Nucleotídeo Único (SNPs), definir nossa heredita- »» absorção, transporte
riedade, de quais raças originamos, nossas tendên- »» biotransformação
cias a doenças, características farmacogenéticas
»» captação, ligação,
(tendências do corpo a não responder ou a responder armazenamento Estes processos
excessivamente a certos medicamentos), e obter a podem ser afetados por
»» excreção variantes genéticas que
base informativa para a interpretação nutrigenética.
»» mecanismos celulares exercem efeitos funcio-
Uma visão mais eclética revela o enorme valor de de ação, tais como nais ou afetando o nível
sermos capazes de determinar a estrutura genética metabolismo energético, de expressão gênica.
de um paciente em relação aos principais proces- ligação a receptores
nucleares ou regulando
fatores de transcrição

GENÉTICA: é a ciência que estuda os genes. HOMOZIGOTO: alelos iguais para determi- SNPs OU POLIMORFISMO DE
nada característica. NUCLEOTÍDEO ÚNICO: é uma va-
GENOMA: é o conjunto de genes de um riação na sequência de DNA que afeta
indivíduo. NUTRIGENÉTICA: a ciência do efeito da somente uma base [adenina (A), timina
variação genética na resposta ao alimento. (T), citosina (C) ou guanina (G)] na sequ-
GENÓTIPO: refere-se à constituição genética
ência do genoma.
do indivíduo, ou seja, aos genes que ele possui. NUTRIGENÔMICA: o papel de nutrientes e
compostos bioativos na expressão gênica.
HETEROZIGOTO: alelos diferentes para
determinada característica.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 51
ARTIGO

ENTENDENDO A VARIAÇÃO GENÉTICA


Através da informação do sequenciamento do DNA nitrogenadas presas às cadeias de ribose no DNA:
humano sabemos que o seu genoma possui entre 30 adenina, timina, guanina e citosina, caracterizadas
e 40 mil genes.4,5 Nosso conjunto de genes apresenta por sua letra inicial: A, T, G e C. Estas letras devem
99,9% de similaridade e nossas inúmeras diferenças ter uma sequência específica para formar uma
perfazem apenas 0,1%. Essa ínfima diferença se dá palavra correta que será uma informação de como
através de alterações discretas na sequência das o organismo deve funcionar. Assim, a sequência de
bases do DNA, isto é, os chamados SNPs [sigla bases poderia ser TTCTGA que formaria a palavra
em inglês, Single Nucleotide Polimorfisms, ou seja, "correta", no entanto, algumas pessoas podem ter
polimorfismos / mudanças da forma de nucleotídeo alterações desta sequência, e assim um mesmo
único (unidade básica dos genes com apenas uma gene pode mudar sua característica, mudando uma
unidade alterada)]. E estes SNPs impactam não ou duas letras (TGCTGA ou AGCTGA).
somente nas características físicas, como cor de pele,
cabelo, olhos e altura, mas também influenciam no Neste exemplo, a diferença pode significar que os
risco de doenças crônicas, necessidades nutricionais portadores deste polimorfismo (alteração da forma)
e resposta aos alimentos. Para melhor entendimento não podem fabricar as quantidades necessárias de
a respeito dos SNPs, os genes são como “palavras” uma determinada enzima ou proteína.
escritas com 4 “letras”, e estas letras são as 4 bases
SNP
G T
C G T
A A C A G A

G T
C G T
A G C A G A

G T
C G T
A T C A G A

GENE

Caso essa enzima seja responsável por quebrar níveis mudar mecanismos envolvidos na replicação e repa-
tóxicos de dado composto, isto significa que este ração do DNA, acarretando na progressão de uma
indivíduo é extremamente intolerante ao composto doença.6 As doenças genéticas são devidas a alte-
ou o predispõe a uma doença relacionada, enquanto rações mais complexas da estrutura dos cromosso-
outros indivíduos não. Uma vez que chegamos a mas, como a Síndrome de Down que apresenta um
uma época onde a predisposição genética substi- cromossoma extra, ou deleções ou duplicações de
tui o determinismo genético mendeliano, esse fato partes de material cromossômico, ou uma repetição
pode ser evitado ou amenizado. excessiva ou falta de um gene, que provocam altera-
ções complexas na construção do corpo. Ao contrário
Portanto, alguns SNPs estão envolvidos na suscep- dessas, as alterações dos SNPs são sutis no funcio-
tibilidade a doenças, pois podem modificar a biodis- namento das enzimas e proteínas, que vão determinar
ponibilidade, o metabolismo, a afinidade e atividade alterações do funcionamento saudável do corpo.
de vários constituintes dietéticos, podendo inclusive

52 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Genética + Nutrição

NUTRIGENÉTICA homozigótica, haverá a produção de apenas 30%


a 40% da quantidade necessária da enzima para o
Especificamente, a nutrigenética estuda como as corpo. Assim, a pessoa que tiver esta alteração apre-
diferenças individuais nos genes influenciam a sentará uma deficiência funcional de ácido fólico
resposta do corpo à dieta ou nutrição. Por exemplo, ativo (metilfolato), gerando consequências para seu
as pessoas com uma deficiência enzimática causada funcionamento corporal como o aumento do risco de
por mutações na enzima fenilalanina hidroxilase incidência de problemas cardíacos ou psiquiátricos.
não podem metabolizar alimentos que contenham
o aminoácido fenilalanina e devem modificar suas NUTRIGENÔMICA
dietas para minimizar o seu consumo, pois caso não
A nutrigenômica permite uma melhor compreensão
o façam, desenvolverão uma grave doença que se
de como a nutrição afeta as vias metabólicas e o
chama fenilcetonúria (déficit cognitivo e psicomo-
controle das funções do corpo.8 Esta área pretende
tor, convulsões, hiperatividade, tremor, microcefalia).
esclarecer como os componentes da alimentação –
Esta doença é identificada no bebê com o teste do
macronutrientes (ex.: ácidos graxos e proteínas),
pezinho, cujo objetivo é o diagnóstico precoce dessas
micronutrientes (ex.: vitaminas) e compostos bioativos
alterações nutrigenéticas para que o tratamento mini-
naturais (flavonoides, carotenoides, cumarinas, fitoes-
mize os efeitos no desenvolvimento das crianças.
teróis) – regulam a expressão genética em maneiras
Também faz parte as alterações de SNPs que redu- diversas. Muitos deles estão diretamente envolvidos
zem o funcionamento de enzimas específicas (que em reações metabólicas que determinam todo nosso
ajudam as reações químicas do corpo). Por exemplo, funcionamento, desde energia e crescimento, equilí-
pode-se ver nos estudos genéticos que a pessoa brios hormonais e sistema imunológico até processos
terá falta de enzimas para digerir laticínios, glúten de desintoxicação e prevenção de doenças.
ou cafeína. Facilmente notamos que os benefícios
Para compreender isto, precisamos entender o
e malefícios da ingestão de determinado alimento
mais novo e interessante campo da genética: a
não são iguais para todo mundo. Ou seja, a
Epigenética. Descobriu-se que tão ou mais impor-
influência dos alimentos na saúde tante que o código genético é a possibilidade de
depende da constituição genética do transmissão de informação por mudanças químicas
indivíduo, pois esta determinará sua do DNA e do material que o envolve, como as histo-
capacidade de digerir ou não uma nas, sem ter relação com a sequência das bases
substância por falta de enzimas.³ (Adenina, Guanina, Citosina e Timina). As alterações
bioquímicas podem alterar a expressão gênica. Atra-
Além dos SNPs mostrarem a individualidade na capa- vés do estudo dos traços hereditários (ou fenótipos),
cidade digestiva da pessoa, eles também mostram a epigenética explica por que somos tão diferentes
alterações na capacidade de lidar com nutrientes mesmo tendo 99,9% dos genes em comum. Essas
específicos. Por exemplo, algumas pessoas podem diferenças acontecem pela diferente expressão
ter uma alteração genética que resulta na produção gênica: epi, do grego antigo, “o que está acima de”.
insuficiente da enzima Metileno Tetra Hidro Folato
Redutase (MTHFR). Esta enzima tem uma função Um exemplo de quão forte pode ser a influência
específica de transformar o ácido fólico ingerido epigenética vem das abelhas. A abelha-rainha e as
através da alimentação em metilfolato, sua forma operárias em uma colmeia são todas derivadas do
ativa. Se houver alteração de uma letra apenas deste mesmo antepassado, com o mesmo código gené-
SNP, chamada de alteração heterozigótica, ocorrerá tico. No entanto, a abelha-rainha é maior, fértil, mais
a produção de apenas 70% da quantidade necessá- resistente em relação ao estresse ambiental e tem
ria desta enzima para o corpo. Se houver alteração um processo de envelhecimento mais lento em
em duas letras deste SNP, chamada de alteração comparação com as abelhas-operárias.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 53
ARTIGO

Consequentemente, a abelha-rainha pode viver até dos, quer seja pelo “downregulating” ou “upregulating”
dez vezes mais do que suas parentes operárias. (infra regulação e supra regulação dos genes) ou até
Apesar de sua aparência, fisiologia e comporta- mesmo ativando ou silenciando certas regiões do
mento ser diferente, as rainhas e operárias compar- genoma. Isso leva a um perfil de produção alterado
tilham o mesmo genoma. Suas diferenças não são de proteínas que, por sua vez, influencia o estado
determinadas pela genética. Elas diferem apenas da célula e, a um nível macroscópico, a aparência e
em quais genes são ativados e, portanto, quais comportamento de todo o organismo.10,11
proteínas são produzidas para atuar em funções
específicas – um efeito puramente epigenético. A compreensão estendida da nutrigenômica veio
A razão para isso reside na dieta das abelhas: a abelha- com o aprofundamento dos estudos da interação
-rainha é alimentada exclusivamente com geleia entre o genoma do alimento, microbioma intestinal
real, rica em proteína royalactina, o que leva a essas e hospedeiro humano, muito publicado na literatura
mudanças epigenéticas e a conseguinte expressão atual. Uma ilustração recente do potencial de uso
do conjunto de informações (o seu fenótipo).12,13 da nutrigenômica foi publicado na revista Molecular
Cell em 2016. A equipe de pesquisadores compro-
A dieta e o genoma podem influenciar a saúde atra- vou que embora a composição do DNA seja relativa-
vés de uma variedade de intermediários interligados, mente fixa, os genes respondem de forma diferente
os quais podem ser avaliados através de tecnologias a diferentes dietas. Para este estudo, camundongos
genômicas, incluindo expressão do RNA (transcrip- foram criados em duas dietas: rica em vegetais, ou
toma), modificações epigenéticas (epigenoma), rica em açúcares simples e gorduras. Como resul-
metabolitos (metaboloma) e proteínas (proteoma). tado, no grupo da dieta rica em vegetais, descobri-
Em última análise, na nutrigenômica, muitos dos ram que alguns dos ácidos graxos de cadeia curta,
efeitos da dieta e do estado nutricional sobre a produzidos a partir do metabolismo de bactérias
expressão e a regulação dos genes são mediados intestinais, ao fermentar os nutrientes dos vegetais
principalmente por mecanismos epigenéticos.9 se comunicavam com as células dos animais. A
Modificações epigenéticas do nosso DNA mantêm interação alimento-genoma, que não altera o gene e
o nosso código genético intacto, mas influenciam a sim sua expressão, acarretou em alterações epige-
forma como os nossos genes são lidos e interpreta- néticas no DNA. Esses processos são importantes

A INFLUÊNCIA DE NUTRIENTES SOBRE


A EXPRESSÃO DE GENES17-21,29,30

Ômega-3 Vegetais Berberina


Os principais genes afetados pelo 200g de vegetais por dia pode trazer A berberina é capaz de regular
ômega-3 estão relacionados aos benefícios mediados por mudanças na genes responsáveis pela captação de
processos de inflamação, metabolismo expressão de genes responsáveis pelo glicose e oxidação / catabolismo
lipídico e estresse oxidativo. metabolismo energético e processos lipídico com melhora da sensibi-
inflamatórios. lidade à insulina.

54 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Genética + Nutrição

no combate a doenças inflamatórias pela diminuição As dietas suplementadas com tirosina e restritas
da expressão de genes inflamatórios. Os pesquisa- de fenilalanina são um meio para tratar nutricional-
dores concluíram que essas descobertas ajudam na mente esta doença monogênica.
compreensão das complexas interações entre dieta,
microbiota intestinal e regulação epigenética, as Em contraste, as doenças cardiovasculares, obesi-
quais podem determinar a susceptibilidade do orga- dade, câncer e diabetes são doenças poligênicas,
nismo a doenças.14,15 isto é, resultam da disfunção de uma cascata de
genes e não da mutação de um único gene. A inter-
NUTRIGENÉTICA + venção dietética para prevenir o aparecimento de
NUTRIGENÔMICA = tais condições patológicas é um objetivo complexo e
GENÔMICA NUTRICIONAL ambicioso. Dito isto, os relatórios indicam que foram
alcançados progressos significativos na utilização
A genômica nutricional faz a interação entre genes, prática da informação genética para adaptar reco-
dieta e doenças, tanto com o intuito preventivo mendações nutricionais para a prevenção e combate
quanto combativo, mas muitas vezes é simples- destas doenças.6,9,16,31-40,47-53 Por exemplo, nas ques-
mente também conhecida como nutrigenômica, sem tões cardiovasculares, dietas contendo nutrientes
diferenciação. Noventa e sete por cento dos genes bioativos – a antocianina malvidina, o resveratrol e
conhecidos por estarem associados a doenças flavonoides – mostraram possuir enorme habilidade
humanas resultam em doenças monogênicas, isto de impactar processos bioquímicos do corpo, como
é, uma mutação num gene é suficiente para causar pressão arterial, peso, colesterol sérico, coleste-
a doença. A modificação da ingestão dietética pode rol LDL, colesterol HDL e triglicerídeos, através da
prevenir algumas doenças monogênicas ou parar de expressão de diferentes genes.22,26-28,41-46
“provocá-las”. Voltamos ao exemplo da fenilcetonú-
ria, doença genética caracterizada pela deficiência da A genômica nutricional nos mostra que não existe
enzima de fenilalanina hidroxilase. Normalmente, ela dieta pronta, nem fórmula mágica, mais sim um plane-
é responsável pelo metabolismo da fenilalanina em jamento alimentar que para ser efetivo tem que respei-
tirosina. Com o seu déficit, isto resulta na acumula- tar não somente as preferências pessoais, como
ção de fenilalanina e seus produtos de degradação também sua individualidade bioquímica aliada aos
no sangue e na diminuição da tirosina, o que aumenta diversos benefícios nutrigenômicos dos alimentos.
o risco de danos neurológicos e retardo mental.

Antocianinas Frutas e Folato Polifenóis


300mg de antocianinas isoladas O baixo consumo de frutas e folato Os polifenóis presentes no chá verde
de mirtilos ou de cassis são capazes apresentam, respectivamente, 3,7 e 3,6 são capazes de regular a expressão de
de regular genes de mediadores vezes mais chance de mudança epigenética genes associados à síntese de ácidos
inflamatórios, podendo ter um papel negativa e, assim, alteração genômica e risco graxos e estimulação do gasto energético
na prevenção ou tratamento de câncer. O alto consumo de frutas resulta nas mitocôndrias. Beber chá verde está
de doenças inflamatórias em mudanças epigenéticas que podem significativamente associado com
crônicas. melhorar a tolerância à glicose. menor risco de mortalidade em
idades avançadas.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 55
ARTIGO

Com base na informação


genética resultante do
exame de genotipagem,
uma pessoa pode sentir
uma maior motivação para
seguir o conselho dietético,
consequentemente, uma maior
adesão ao plano de ação.

56 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Genética + Nutrição

EXAME DE GENOTIPAGEM 2 Farmacogenômica

O conhecimento adquirido ao incorporar a variação Muito útil saber sobre a influência da variação gené-
genética em um plano nutricional não só fornecerá tica na resposta a fármacos, ou mesmo sua eficácia
uma base mais racional para dar conselhos médi- ou toxidade, ocorrendo então a otimização das tera-
cos e nutricionais personalizados, mas também pias medicamentosas, garantindo o mínimo de efeitos
melhorará a qualidade da evidência usada para fazer adversos e, consequentemente, a economia de tempo
recomendações dietéticas em busca da longevidade e dinheiro, além da minimização do estresse e possí-
saudável. vel frustração.

Utilizando uma pequena amostra de material gené- 3 Nutrição genômica


tico (sangue ou saliva), o exame identifica os seus
genes e avalia as porções do código genético que Um exame de genotipagem completo também é
variam de pessoa para pessoa. Essas informações capaz de identificar respostas a certos alimentos
são obtidas através da detecção dos polimorfismos ou substâncias como a cafeína, comprovadamente
(SNP) comentados anteriormente, as quais revelam positiva para muitos aspectos fisiológicos, mas, não
ao profissional de saúde as necessidades nutricio- para todas as pessoas. Existe polimorfismo no gene
nais individuais e a pré-disposição em desenvolver responsável pelo receptor alvo da ação da cafeína no
doenças do paciente pesquisado. sistema nervoso central, podendo determinar dife-
rentes respostas comportamentais referentes ao seu
Com base na informação genética resultante do consumo. Pesquisadores do departamento de ciên-
exame de genotipagem, é importante ressaltar que cias nutricionais de Harvard e do departamento de
uma pessoa com um maior risco de certa doença nutrição da Universidade de Toronto evidenciaram que
sente maior motivação para seguir o conselho dieté- a cafeína provoca efeitos prazerosos e estimulantes
tico, consequentemente, uma maior adesão ao plano em algumas pessoas, mas em outras pode provocar
de ação, do que quando é dado um conselho geral.²² ansiedade, taquicardia, nervosismo ou outros efeitos
adversos.23-25
CONSIDERAÇÕES SOBRE
POSSÍVEIS RESULTADOS 4 Teste de portador ou compatibilidade
DE UM EXAME DE genética
GENOTIPAGEM Pode ser relevante no momento do planejamento
1 Risco de doença gestacional para auxiliar no pré-natal.

A informação pode ser mais reconfortante do que 5 Ancestralidade


alarmante, levando, se necessário, a alguma mudança Este teste pode ser interessante para pessoas que
de estilo de vida com mais facilidade. A genética é só queiram ligar sua história familiar conhecida à história
mais um fator de risco. Elevado ou não, o fator não genética. Através da análise do DNA, pode-se saber,
deve ser considerado um diagnóstico, mas um moti- por exemplo, de quais regiões do planeta vieram seus
vador para tomar decisões saudáveis que, de outra antepassados.
maneira, poderiam ser mais sacrificantes ou mesmo
desconsideradas.

Dessa forma, é possível ter-se como estratégia um


plano de prevenção e modulação através da nutrição
(dieta e suplementos, se necessário) e estilo de vida,
ou seja, ações personalizadas de tratamento dietote-
rápico e suplementar efetivo.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 57
ARTIGO

NUTRIÇÃO
PERSONALIZADA
E SEUS DESAFIOS
A nutrigenômica traz um desafio para a sociedade: Enquanto os estudos da
a noção do "tamanho único" ou a generalização de nutrigenômica avançam, uma
que uma determinada dieta ou fórmula seja a melhor, grande lição é a importância da
precisa ser revista. Num breve futuro, as recomen- conscientização de como sentimos
dações nutricionais para a população em geral
após as refeições. A observação
necessitarão de maior diferenciação para subgrupos
das respostas corporais e mesmo
específicos.
emocionais ao alimento que
Atualmente, mesmo com o uso da nutrigenômica ingerimos.
ainda não temos como prever com acuidade a melhor
dieta para um indivíduo. Pacientes com doenças crôni- Se, após algumas refeições você
cas ou com um histórico familiar de doença crônica, se sentir inchado, observe qual o
pessoas preocupadas com doenças relacionadas à nutriente ou alimento que estava
idade e empenhadas em manter a boa saúde podem presente repetidamente. Escute
se beneficiar da evidência acumulada sobre a impor- as respostas nutrigenômicas que
tância da qualidade do sono, exercícios, consumo seu corpo consegue sinalizar. Alie
de alimentos saudáveis (integrais, vegetais, frutas),
as informações a seu favor. As
redução do consumo de açúcar e alimentos alta-
mente processados, a manutenção da saúde da flora
ferramentas da medicina estão
intestinal (com o auxílio de probióticos e prebióticos, evoluindo e se integrando, e,
por exemplo), redução da carga tóxica, manejo do cada vez mais, nos apontando
estresse, suplementos específicos e, agora com mais que podemos influenciar o nosso
uma ferramenta, o conhecimento da sua genotipagem. destino genético e conquistar uma
longevidade saudável.

58 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Genética + Nutrição

Referências
1. Pauling L, et al. Sickle Cell Anemia, a Molecular Disease. 21. Agodi A, et al. Low fruit consumption and folate 38. Konstantinidou V, et al. Time Course of Changes in the
Science, 1949. doi:10.1126/science.110.2865.543 deficiency are associated with LINE-1 hypomethylation Expression of Insulin Sensitivity-Related Genes after an
in women of a cancer-free population. Genes Nutr. 2015. Acute Load of Virgin Olive Oil. Omi A J Integr Biol. 2009.
2. Davis DR, et al. Roger J. williams 1893-1988, A doi:10.1007/s12263-015-0480-4 doi:10.1089/omi.2008.0085
Biographical Memoir. National Academy of Sciences, 2008
22. Joost H-G, et al. Personalised nutrition: status 39. Kallio P, et al. Dietary carbohydrate modification induces
3. Sales NMR, et al. Nutrigenomics: Definitions and and perspectives. Br J Nutr. 2007. doi:10.1017/ marked alterations in gene expression of white adipose
Advances of This New Science. J Nutr Metab, 2014. S0007114507685195 tissue in persons with metabolic syndrome –the FUNGENUT
doi:10.1155/2014/202759 Study. Am J Clin Nutr. 2007
23. Cornelis MC, et al. Genetic polymorphism of the
4. Lander ES, et al. Initial sequencing and analysis of the adenosine A2A receptor is associated with habitual caffeine 40. Crujeiras AB, et al. Differential Expression of Oxidative
human genome. Nature, 2001. doi:10.1038/35057062 consumption. Am J ClinNutr. 2007 Stress and Inflammation Related Genes in Peripheral
Blood Mononuclear Cells in Response to a Low-Calorie
5. Venter JC, et al. The Sequence of the Human Genome. 24. Alsene K, et al. Association between A2a receptor Diet: A Nutrigenomics Study. Omi A J Integr Biol. 2008.
Science, 2001. doi:10.1126/science.1058040 gene polymorphisms and caffeine-induced anxiety. doi:10.1089/omi.2008.0001
Neuropsychopharmacology. 2003. doi:10.1038/
6. Emburgh BOV, et al. Polymorphisms in CYP1B1, GSTM1, sj.npp.1300232 41. Huang W-Y, et al. Inhibitory effect of Malvidin on TNF-α-
GSTT1 and GSTP1, and susceptibility to breast cancer. induced inflammatory response in endothelial cells. Eur J
Oncol Rep, 2008 25. Nunes RA, et al. The association between caffeine Pharmacol. 2014. doi:10.1016/j.ejphar.2013.11.041
consumption and objective sleep variables is dependent
7. Watson JD; Crick FHC. Molecular Structure of Nucleic on ADORA2A c.1083T>C genotypes. Sleep Med. 2017. 42. Nwachukwu JC, et al. Resveratrol modulates the
Acids. Nature, 1953 DOI:10.1016/j.sleep.2016.06.038 inflammatory response via an estrogen receptor-signal
integration network. Elife. 2014. doi:10.7554/eLife.02057
8. Müller M; Kersten S. Nutrigenomics : goals and 26. Rimbach G; Minihane AM. Nutrigenetics and
strategies. Nature Reviews Genetics, 2003. doi:10.1038/ personalised nutrition: how far have we progressed and are 43. Xia N, et al. Antioxidant effects of resveratrol in the
nrg1047 we likely to get there? Proc Nutr Soc. 2009. doi:10.1017/ cardiovascular system. Br J Pharmacol. 2016. doi:10.1111/
S0029665109001116 bph.13492
9. Singh S, et al. Relative imbalances in the expression
of estrogen-metabolizing enzymes in the breast tissue of 27. Krga I, et al. An update on the role of nutrigenomic 44. Ordovas JM, et al. Polyunsaturated fatty acids
women with breast carcinoma. Oncol Rep, 2005. modulations in mediating the cardiovascular protective modulate the effects of the APOA1 G-A polymorphism on
effect of fruit polyphenols. Food Funct. 2016. doi:10.1039/ HDL-cholesterol concentrations in a sex-specific manner:
10. Ronteltap A, et al. Nutrigenomics-based personalised C6FO00596A The Framingham study. Am J Clin Nutr. 2002
nutritional advice: in search of a business model? Genes
Nutr. 2013. doi:10.1007/s12263-012-0308-4 28. Mauray A, et al. Nutrigenomic analysis of the protective 45. Claude S, et al. Flavanol metabolites reduce monocyte
effects of bilberry anthocyanin-rich extract in apo E-deficient adhesion to endothelial cells through modulation of
11. Ragunathan K, et al. Epigenetic inheritance uncoupled mice. Genes Nutr. 2010. doi:10.1007/s12263-010-0171-0 expression of genes via p38-MAPK and p65-Nf-kB
from sequence-specific recruitment. Science, 2015. pathways. Mol Nutr Food Res. 2014. doi:10.1002/
doi:10.1126/science.1258699 29. Pasman WJ, et al. Nutrigenomics approach elucidates mnfr.201300658
health-promoting effects of high vegetable intake in lean
12. Detienne G, et al. Royalactin extends lifespan of and obese men. Genes Nutr. 2013. doi:10.1007/s12263- 46. Yamamoto M, et al. Effects of continuous ingestion
Caenorhabditis elegans through epidermal growth 013-0343-9 of hesperidin and glucosyl hesperidin on vascular gene
factor signaling. Exp Gerontol. 2014. doi:10.1016/j. expression in spontaneously hypertensive rats. J Nutr Sci
exger.2014.09.021 30. Lin J-K; Lin-Shiau S-Y. Mechanisms of hypolipidemic and Vitaminol (Tokyo). 2013. doi:10.3177/jnsv.59.470
anti-obesity effects of tea and tea polyphenols. Mol Nutr
13. Kamakura M. Royalactin induces queen differentiation Food Res. 2006. doi:10.1002/mnfr.200500138 47. Chung S, et al. Nutrigenomic Functions of PPARs
in honeybees. Seikagaku. 2012. doi:10.1038/nature10093 in Obesogenic Environments. PPAR Res. 2016.
31. Patrick C, et al. Promotion of Autoimmune Diabetes doi:10.1155/2016/4794576
14. Barnes PJ. Histone acetylation and deacetylation: by Cereal Diet in the Presence or Absence of Microbes
importance in inflammatory lung diseases. Eur Respir J. Associated With Gut Immune Activation, Regulatory 48. Loos RJF; Bouchard C. Obesity - is it a genetic disorder?
2005. doi:10.1183/09031936.05.00117504 Imbalance, and Altered Cathelicidin Antimicrobial Peptide. J Intern Med. 2003. doi:1242 [pii]
Diabetes. 2013. doi:10.2337/db12-1243
15. Krautkramer KA, et al. Diet-Microbiota Interactions 49. Masuo K, et al. Rebound Weight Gain as Associated
Mediate Global Epigenetic Programming in Multiple Host 32. Ng S-F, et al. Chronic high-fat diet in fathers programs With High Plasma Norepinephrine Levels That Are Mediated
Tissues. Mol Cell. 2016. doi:10.1016/j.molcel.2016.10.025 β-cell dysfunction in female rat offspring. Nature. 2010. Through Polymorphisms in the β2-Adrenoceptor. Am J
doi:10.1038/nature09491 Hypertens. 2005. doi:10.1016/j.amjhyper.2005.05.006
16. Jasmina-Ziva C, et al. Combined effect of CYP1B1,
COMT, GSTP1, and MnSOD genotypes and risk of 33. Fernandez-Valverde SL, et al. MicroRNAs in β-Cell 50. Wu GD, et al. Linking Long-Term Dietary Patterns with
postmenopausal breast cancer. J Gynecol Oncol, 2011. Biology, Insulin Resistance, Diabetes and Its Complications. Gut Microbial Enterotypes. Science. 2011. doi:10.1126/
doi:10.3802/jgo.2011.22.2.110 Diabetes. 2011. doi:10.2337/db11-0171 science.1208344

17. Zhao H-L, et al. Sustained Antidiabetic Effects of a 34. Ortsäter H, et al. Diet supplementation with green tea 51. Navarro E, et al. Prenatal nutrition and the risk of
Berberine-Containing Chinese Herbal Medicine Through extract epigallocatechin gallate prevents progression to adult obesity: Long-term effects of nutrition on epigenetic
Regulation of Hepatic Gene Expression. Diabetes. 2012. glucose intolerance in db/db mice. Nutr Metab (Lond). mechanisms regulating gene expression. J Nutr Biochem.
doi:10.2337/db11-1164 2012. doi:10.1186/1743-7075-9-11 2017. doi:10.1016/j.jnutbio.2016.03.012

18. Zeng Y, et al. Interaction Between the FOXO1A-209 35. Zhang Z, et al. Epigallocatechin-3-gallate protects 52. Lee M, et al. The Gender Association of the SIRT1
Genotype and Tea Drinking Is Significantly Associated with pro-inflammatory cytokine induced injuries in insulin- rs7895833 Polymorphism with Pediatric Obesity: A
Reduced Mortality at Advanced Ages. Rejuvenation Res. producing cells through the mitochondrial pathway. Eur J 3-Year Panel Study. J Nutrigenet Nutrigenomics. 2016.
2016. doi:10.1089/rej.2015.1737 Pharmacol. 2011. doi:10.1016/j.ejphar.2011.08.033 doi:10.1159/000454713

19. Carraro JCC, et al. Higher Fruit Intake Is Related to 36. Dong H, et al. Berberine in the Treatment of Type 53. Ibars M, et al. Proanthocyanidins potentiate
TNF-α Hypomethylation and Better Glucose Tolerance 2 Diabetes Mellitus: A Systemic Review and Meta- hypothalamic leptin/STAT3 signalling and Pomc gene
in Healthy Subjects. J Nutrigenet Nutrigenomics. 2016. Analysis. Evidence-Based Complement Altern Med. 2012. expression in rats with diet-induced obesity. Int J Obes.
doi:10.1159/000448101 doi:10.1155/2012/591654 2017. doi:10.1038/ijo.2016.169

20. Karlsen A, et al. Anthocyanins inhibit nuclear factor- 37. Zhao H-L, et al. Sustained Antidiabetic Effects of a
kappaB activation in monocytes and reduce plasma Berberine-Containing Chinese Herbal Medicine Through
concentrations of pro-inflammatory mediators in healthy Regulation of Hepatic Gene Expression. Diabetes. 2012.
adults. J Nutr. 2007 doi:10.2337/db11-1164

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 59
DESTINOS

RESTAURE
O EQUILÍBRIO
Spas terapêuticos

60 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
A
origem do Spa é antiga. Está atrelada às águas
termais e seus benefícios à saúde. A história
nos conta que os efeitos benéficos das águas
termais eram buscados para o alívio de dores e doen-
ças. Os gregos tinham os banhos públicos como
parte da vida social e criaram estruturas em torno das
nascentes termais.

Quando os romanos conquistaram a Europa, descobri-


ram também os efeitos positivos dos banhos termais
e desenvolveram essa prática construindo estrutu-
ras ainda mais suntuosas. Uma das maiores fontes
termais que o império romano já teve foi edificada
pelo Imperador Diocleciano, uma gigantesca obra de
arquitetura que tinha capacidade para até seis mil
pessoas. Suas ruínas ainda fazem parte da paisagem
de Roma e demonstram uma filosofia avançada de
mente sã e corpo são, estes espaços não se limita-
vam apenas ao banho, tinham também terapias que
envolviam saunas, rituais de esfoliação e massagens.

Era o início do conceito e da evolução dos spas como


conhecemos hoje. As estâncias hidrominerais foram
propagadas mundo a fora. Recebiam pessoas com o
intuito de descansar e curar pela influência da natu-
reza. Logo passaram a associar outros tratamentos
naturais e dietas, virando centros de naturologia, ou
spas terapêuticos e resurgem dentro de um movi-
mento que se denomina Medicina do Estilo de Vida
(Life Style Medicine).

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 61
DESTINOS

Nosso corpo tem uma sabedo- ATENÇÃO AO CORPO


ria nata, mas na correria do dia
a dia fica mais difícil conseguir Unir mente, corpo e espírito. Entender o momento
escutá-lo. Muitas vezes as viagens atual do paciente, conhecer seus hábitos, seu estilo de
facilitam essa conexão, seja para vida. Essa é a relação de cuidado presente na raiz da
um destino distante ou para luga- medicina. A medicina convencional é extremamente
res preparados para resgatar o efetiva em se tratando de doença, mas para alcançar
equilíbrio e a homeostase do orga- um estado de saúde é preciso ter a consciência que
nismo em um tempo curto. saúde não se caracteriza como ausência de doença.

Tivemos grandes avanços na medi- Até o próprio estresse, da maneira que ele foi difun-
cina, mas continuamos perdendo dido e propagado, de alguém extremamente irritado,
qualidade de vida e reagindo aos cansado ou até deprimido não é toda a definição de
sintomas ao invés de preveni-los. estresse descrita por Hans Selye em 1959. O estresse é
Os Spas Terapêuticos, buscam uma reação normal que pode ser compreendida e moti-
resgatar essa visão do todo. Suas vada por uma adaptação a algo novo. Um estado que
diretrizes estão na medicina inte- se manifesta através da Síndrome Geral de Adaptação
grativa oferecendo um tratamento (SGA). Entender isso é aprender a lidar com o estresse,
completo ou complementar aos e não deixar que chegue até a fase final de exaustão,
métodos convencionais. quando pode se dar um colapso no organismo.

A medicina integrativa é uma Muitos programas concebidos nos spas terapêuticos


abordagem médica, baseada em têm como propósito restaurar o equilíbrio do corpo
evidências científicas, que valo- em um tempo curto, incentivando as pessoas a reto-
riza as conquistas da medicina marem o controle da saúde, quebrando o ciclo de
moderna e respeita a longa histó- estresse e melhorando a resposta imunológica. Como
ria da medicina. Nela, o paciente boa parte do nosso sistema imunológico está na
está no centro do tratamento e região do aparelho digestivo, um dos primeiros está-
não mais a doença, tendo partici- gios incluem os programas “detox”, para que órgãos
pação ativa no processo de cura. como estômago, fígado e intestino voltem a funcionar
bem. Diante disso, dar atenção à alimentação como
Uma mudança que parece simples, ponto de partida, complementada com terapias, suple-
mas é muito significativa. A partir mentação, exercício físico, análise da qualidade do
do momento que percebemos que sono e claro, manejo do estresse é o início da busca
as escolhas do cotidiano são tão do corpo são e a mente sã.
importantes quantos medicamen-
tos ou técnicas de última gera- ONDE BUSCAR O
ção desenvolvidas pela medicina, REEQUILÍBRIO
passamos a escolher melhor o que
colocamos no prato, a maneira Um tempo afastado da rotina, cercado de cuidados,
como lidamos com o estresse, a é na maior parte das vezes motivado por um descon-
atenção que colocamos no nosso forto, estresse ou desequilíbrio. Muitas pessoas têm
sono ou a frequência que nos exer- o hábito de se hospedarem em spas terapêuticos de
citamos. maneira sistemática (semestralmente ou anualmente,
por exemplo) como forma de manter o equilíbrio da
saúde geral. Outros, procuram ou são encaminhados
a estes espaços porque se encontram diante de uma
insatisfação perante um diagnóstico ou anseiam por
uma mudança em seu estar.

62 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Restaure o equilíbrio

Diferentemente dos spas urbanos, ou programas para


emagrecer, relaxar ou fazer tratamentos estéticos,
existem lugares que buscam devolver ao paciente esta
autonomia do seu estado físico, procurando imple-
mentar a mudança do estilo de vida.

Apenas como exemplos de spas no Brasil, vamos citar


dois que se destacam. O Rituaali localizado na tran-
quila cidade de Penedo, aos pés da Serra da Manti-
queira, na divisa entre o Rio de Janeiro e São Paulo,
foi criado a partir das premissas da Medicina de Estilo
de Vida, grupo liderado pelo médico Edward Philips. A
ideia é incentivar os hóspedes a adquirirem hábitos
mais saudáveis não só durante a estada, mas, princi-
palmente, na volta para a rotina.

“Acreditamos que o hábito faz a idade. Apesar da impor-


tância da genética, aquilo que fazemos ou deixamos de
fazer no dia a dia tem grande impacto em nossa saúde
e qualidade de vida”, revela o diretor clínico do Ritua-
ali, Luiz Fernando Sella: “Nós existimos para apoiar as
pessoas em seu processo de mudança. Nossa proposta
é ser uma ferramenta nas mãos de nossos hóspedes
para ajudá-los a colocar em prática aquilo que eles
precisam para viver mais e melhor”.

O corpo clínico do Rituaali, liderado por Sella e por


Daniela Kanno, também especialista em Medicina de
Estilo de Vida, desenvolveu programas específicos para
estimular os hóspedes a transformar desejos e expec-
tativas em ações concretas. Cada um deles, dentro da
sua necessidade, incorpora uma rotina de banhos de
imersão, contrastes térmicos e geoterapia durante a
estadia do paciente. As opções ao ar livre e em contato
com a natureza são priorizadas, pois fazem bem ao
corpo e à mente, e as práticas incluem deep running,
corrida realizada dentro da água, e a nordic walking,
além das atividades mais tradicionais, como spinning,
corrida, musculação ou aulas de alongamento.

Na parte de nutrição, alimentos livres de qualquer


origem animal, cultivados na horta orgânica, e pães
preparados na padaria artesanal. Todo cardápio
acompanhado por uma nutricionista, de acordo com
a necessidade especial de cada paciente. Em sua
prática, o Rituaali defende que uma mudança efetiva
requer tempo e repetição, e determina como período
mínimo recomendado 7 dias consecutivos de estada
para que esses hábitos sejam incorporados à rotina.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 63
DESTINOS

Nessa atmosfera de paz e tranquilidade está também pias extremamente relaxantes. “Estamos certos de
o spa Kurotel, uma excelente opção para quem busca que a abordagem transdisciplinar é força importante
saúde e reequilíbrio. Localizado em meio às belas para aumentar o sucesso do tratamento”, garante
paisagens da serra gaúcha, em Gramado, o lugar é Mariela de Oliveira Silveira, médica diretora do Kurotel.
um convite a repensar o estilo de vida.
O cirurgião-dentista pode identificar, por exemplo, a
Segundo o psicólogo Michael Zanchet, que integra fragilidade capilar em uma gengivite e passar esta
a equipe do Kurotel, quando estamos distantes da informação para o cardiologista. Este especialista
realidade, a chance de vislumbrar outras percepções passa a monitorar os marcadores inflamatórios de
do nosso momento de vida é maior. Mas não são risco cardiovascular e toma estratégias na tentativa
apenas as belas paisagens que estes destinos têm de reduzir as chances de problemas cardíacos.
em comum. O algo a mais está na essência da sua
criação, na busca de uma existência harmônica entre Tudo é muito individualizado e as atividades ocupam
mente, corpo e espírito. Ao perceber como nosso toda a parte do dia. O ar é puro e o cardápio uma
corpo é poderoso, entramos em contato com ele e atração à parte. A gastronomia leve e sofisticada
nos aproximamos do equilíbrio e da cura. é mais um dos carinhos ao hóspede, além de uma
demonstração de criatividade e bom gosto. Inevitá-
A filosofia Kur valoriza as conquistas da medicina vel a sensação de bem-estar, percebe-se então que,
moderna e resgata o cuidado médico personalizado. por mais que tentemos desenvolver essa consciência
Prova disso é que o Kurotel possui um avançado maior das escolhas do cotidiano, precisa-se driblar
centro de diagnósticos, no qual se pode fazer um os estresses do trabalho, crises familiares, mudan-
check up completo, trabalhando a individualidade de ças e redescobrir novas formas de viver.
cada pessoa. São modernos equipamentos de diag-
nóstico médico, que proporcionam exames médicos Entender e recuperar o funcionamento do seu orga-
detalhados e são combinados a uma rotina de tera- nismo é conquistar a capacidade de organizar sua
própria saúde e um bom caminho para recomeçar.
Viver experiências que nos mudam para sempre é
também os objetivos das viagens. Quando o assunto
é aproximar-se de você mesmo, respire fundo e
deixe-se buscar a sua melhor versão. Com certeza,
você voltará melhor do que foi.

SAIBA MAIS
KUROTEL
Gramado, RS - Brasil
kurotel.com.br

RITUAALI
Itatiaia, RJ - Brasil
rituaali.com.br

LAPINHA
Lapa, PR - Brasil
lapinha.com.br

SHA WELLNESS CLINIC


Alicante - Espanha
shawellnessclinic.com

64 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
LEVE na bolsa
no sabor
na consciência
Xylitol Essential é 100% natural,
como todo adoçante deve ser.
Adoça na mesma proporção
do açúcar, sem deixar sabor
residual. O melhor de tudo é que
Xylitol ganhou uma versão em
sachê, para você ter sempre à
mão menos calorias e mais sabor.

Compre online:
essentialnutrition.com.br
INFÂNCIA

66 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Como melhorar os
resultados do tratamento

A
ndré, de 8 anos, apresenta um comporta-
mento diferente de seus coleguinhas de
classe ou outras crianças da mesma idade.
Às vezes ele se sente excitado, com muita energia,
o que lhe dificulta ficar sentado por muito tempo.
Dizem que ele é impulsivo, pois não é raro agir
antes de pensar, respondendo antes da pergunta
ser concluída, interrompendo seus coleguinhas ou
professores, não esperando a sua vez nos jogos ou
brincadeiras, e mesmo podendo fazer travessuras
ou atravessar a rua sem olhar antes... É comum
que ele esqueça de fazer o que lhe é pedido,
perca facilmente objetos e tenha dificuldade de
se concentrar para fazer os deveres de casa. Os
professores afirmam que seus trabalhos escolares
são geralmente incompletos ou com erros.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 67
INFÂNCIA

André, um nome fictício, foi diagnosticado com ambiental (explicado a seguir). Alguns ou muitos dos
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade sintomas diminuem ou desaparecem com o avançar
(TDAH) – uma das desordens neuropsiquiátricas da idade, e na vida adulta o transtorno pode reduzir
mais comuns na infância, ocorrendo em 3 a 10% expressivamente em aproximadamente 70% a 90%
das crianças, mais em meninos (em até 12%) do que dos pacientes. Entretanto pode retornar em caso de
em meninas (em até 6%). Algumas crianças podem privação do sono, uso de drogas, ou outros fatores
ter apenas o transtorno de déficit de atenção (mais ambientais.1
comum em meninas, chamado assim de TDA), outras,
um transtorno de hiperatividade chamado de TDH, e No caso do “André”, seus pais já haviam observado
ainda outro grupo (tendo os meninos na sua grande que, quando bebê, ele não dormia muito, se acordava
maioria), o TDAH, ou seja, a soma dos dois grupos de às 5 horas e, mostrando uma hiperatividade, destruía
sintomas. O TDAH aparece na infância e se caracte- brinquedos e pouco parava diante da televisão. Mas,
riza basicamente por sintomas de desatenção, inquie- muitos bebês que mostram agitação ou hiperatividade
tude e impulsividade (em mais de um ambiente). Os nos primeiros anos de vida, com o tempo, acabam se
portadores deste transtorno do neurodesenvolvi- equiparando às outras crianças, desde que seu cére-
mento parecem ter alterações na região pré-frontal e bro ainda está em desenvolvimento e cada área do
nos neurotransmissores (principalmente dopamina e cérebro se desenvolve num ritmo diferenciado.
noradrenalina). A região pré-frontal é responsável pelo Em se tratando de crianças ou não, o diagnóstico do
autocontrole do comportamento social, pela capaci- TDAH é individual e complexo, pois, dependendo do
dade de prestar atenção, memória executiva, organi- indivíduo, seus sintomas ou comportamentos podem
zação e planejamento. se sobrepor a outras desordens ou mesmo carên-
cias. Duas pessoas diagnosticadas podem ter sinto-
Acredita-se que o transtorno possa ter causas gené-
mas diferentes e por esta razão é dito que não existe
ticas (filhos de pais com TDAH têm maior chance),
apenas um tipo de TDAH. Portanto, o diagnóstico é
congênitas (exposição ao álcool, cigarro ou medica-
de extrema importância para a compreensão da situ-
ções durante a gestação aumentam a incidência) ou
ação, indicando o primeiro passo para o tratamento.

REGIÃO DA ATENÇÃO
ATENÇÃO E RESPOSTAS
CONTROLE DOS EMOCIONAIS
IMPULSOS NO
CÉREBRO

REGIÃO DO CÓRTEX
PRÉ-FRONTAL

COMPORTAMENTO
E JULGAMENTO

68 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
TDAH

SINTOMAS CLÍNICOS EM CRIANÇAS (6 A 12 ANOS)


QUE FAZEM INDICAR INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA
• Facilmente é distraída, fixa atenção poucos segundos em cada objeto
• Trabalhos escolares pouco organizados, com erros e incompletos
• Perturba a classe respondendo antes do seu tempo, não fica
sentada em seu lugar
• Não espera a sua vez nos jogos e brincadeiras
• Demora muito tempo para fazer suas tarefas
• Meninos: hiperatividade e impulsividade
• Meninas: déficit de atenção

DO DIAGNÓSTICO SINTOMAS CLÍNICO EM ADOLESCENTES (13 A 17 ANOS)


PARA A
• Apresenta inquietação interna e externa
COMPREENSÃO
E TRATAMENTO • Trabalhos escolares desorganizados, dificuldade de
acompanhar a escola
Como parte do processo de diag- • Dificuldade para trabalhar de forma independente
nóstico, o desafio para o profis-
• Dificuldade de relacionamento com seus colegas
sional de saúde é descobrir se
um sintoma pertence ao TDAH,
a um distúrbio diferente ou a
SINTOMAS CLÍNICOS EM ADULTOS
ambos ao mesmo tempo. Para
algumas crianças, a sobreposição • Dificuldade crônica de concentração e desatenção
de sintomas entre possíveis diver- • Desorganizado, não consegue executar planos
sos distúrbios torna necessária a
• Dificuldade de iniciar e completar os projetos ou tarefas
realização de múltiplos diagnósti-
cos. Por esta razão, são frequen- • Muda atividades prematuramente e impulsividade excessiva
temente usados entrevistas e/ • Avaliação inadequada do tempo necessário, sempre atrasado
ou questionários do paciente, • Esquecido, perde coisas
família e professores para obter-
• Tem dificuldade de trabalhar com concentração e foco
-se melhores informações. Os
sintomas devem estar presentes • Problemas de interação social ou permanecer em relações
em mais de um ambiente, e não
apenas na escola.
LEMBRAR QUE ESTES PACIENTES APRESENTAM
ASPECTOS POSITIVOS
• Expansivo, criativo, independente
• Rapidez e agilidade mental
• Criatividade, jovialidade
• Interatividade social

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 69
INFÂNCIA

1
MEDIDAS
COMPLEMENTARES
PARA MELHORAR O PRIMEIRA MEDIDA:
TRATAMENTO DO TDAH MELHORAR O SONO
Baseados na revisão da literatura, aqui tomamos Muitos dos pais de crianças com o transtorno rela-
a liberdade de abordar o tema TDAH com foco no tam que seus filhos apresentam dificuldades com o
reconhecimento dos tratamentos complementares sono, especialmente em adormecer e permanecer
que vêm mostrando eficácia no médio e longo prazo dormindo, mas também apneia do sono, sono diurno,
de maneira mais natural e como opção complemen- agitação durante o sono e sonambulismo. Este sono
tar ao tratamento convencional para a obtenção inadequado pode afetar negativamente a forma
de melhores resultados. A medicina convencional como elas pensam, funcionam e se comportam e,
baseia-se na prescrição de potentes drogas estimu- por conseguinte, os próprios sintomas do TDAH. Os
lantes, como lisdexanfetamina e metilfenidato, para distúrbios do sono podem ser devidos a transtornos
tratar sintomas de TDAH. Mesmo apresentando certa no metabolismo da melatonina, fazendo com que
eficiência, no longo prazo sua abordagem medica- essas crianças tenham falta da produção de seroto-
mentosa como única opção de tratamento pode não nina. A criança que dormiu pouco terá irritabilidade,
ser ideal por apresentar vários efeitos colaterais, desatenção e agitação motora, agravando a questão

2
como distúrbios do sono, alterações da pressão arte- sono.6,7 Outros distúrbios do sono, como síndrome
rial e frequência cardíaca, e inapetência.3-5 de pernas inquietas, ou transtornos psiquiátricos
que levam a distúrbios do sono, como ansiedade e
depressão, devem ser excluídos.
SEGUNDA MEDIDA:
ATIVIDADE FÍSICA

A criança necessita se movimentar para se desen- Então, como o exercício favorece o cérebro de uma
volver e o exercício físico exerce efeitos poderosos criança hiperativa e/ou com déficit de atenção?
na estrutura e função cerebral, melhorando o foco Uma possível explicação é que quando uma criança
mental, memória e flexibilidade cognitiva, sendo faz atividade física, ela aumenta o metabolismo
que estes benefícios servem como um medica- cerebral com a maior irrigação sanguínea. Com isso,
mento para crianças com TDAH. Os efeitos do exer- os níveis dos neurotransmissores dopamina, nore-
cício aeróbico estão associados com reduções de pinefrina e serotonina (escassos no cérebro dessas
comportamentos negativos, impulsividades e falta crianças) aumentam. O número de prescrições medi-
de atenção em crianças com tais problemas. Dentre camentosas cresceram vertiginosamente nos últi-
vários estudos que indicam estas conclusões, Hoza mos anos em parte porque as crianças estão cada
e colegas descobriram em 2015 que (somente) vez mais sedentárias e morando em apartamentos
12 semanas de exercícios provocaram melhoras e casas com menos áreas disponíveis para o livre
dos escores de testes de matemática e leitura em mover-se. Assim, é necessário ampliar a abordagem
todas as crianças participantes, mas especialmente do exercício físico nas escolas e comunidades para
naquelas com TDAH. E um estudo piloto publicado que ele complemente as estratégias existentes no
em Journal of Attention Disorders descobriu que 26 tratamento do TDAH, diminuindo inclusive a dose ou
minutos de atividade física contínua (moderada à a necessidade da medicação. Aos pais, uma mensa-
vigorosa) diária durante 8 semanas atenuou signifi- gem importante: as crianças aprendem melhor
cativamente os sintomas do transtorno em crianças através do exemplo. Adote também uma rotina de
de escola primária.8-11 atividades físicas e isto refletirá tanto na qualidade
de sua saúde quanto na imagem do papel do exer-
cício e saúde que seu filho levará para a sua vida
presente e futura.12

70 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a e
ed.
d.
TDAH

MANEIRAS DE MELHORAR O SONO EM CRIANÇAS COM TDAH

• Manter um horário regular da hora de dormir e algumas pessoas se excitam com atividade física.
do acordar, mesmo nos finais de semana. Essas
crianças se beneficiam com técnicas comporta- • Não comer muito antes de dormir, dando prefe-
mentais para ajudá-las a permanecer na cama e rência a carboidratos complexos ricos em tripto-
o costume do horário estabelecido lhes fornece fano. Mas, como algumas crianças com TDAH se
uma estrutura auxiliar. alimentam pouco durante o dia, um lanche antes
de dormir pode ajudar nutricionalmente e evitar a
• Evitar alimentos que contenham cafeína – café, fome noturna.
chocolate, chá, refrigerantes – a partir do meio da
tarde. • Crianças precisam de rotinas, e uma rotina rela-
xante no final do dia ajuda a sinalizar o organismo
• Evitar assistir televisão ou vídeos antes de da transição ativa para o descanso noturno.
dormir, visto que a luz azul inibe a produção de
melatonina. • Consultar o médico responsável sobre medica-
mentos ou suplementos naturais que ajudem o
• Manter o quarto escuro, quieto, fresco e livre de sono. Por exemplo, a suplementação de ferro no
eletrônicos. Uma ventilação ou uma fonte que caso de pernas inquietas e, para ajudar um sono
produza um “ruído branco”, ou seja, constante e mais relaxante, a suplementação de melatonina
em volume baixo, pode acalmar. que pode ser usada em crianças com bons resul-
tados (vide nesta edição, Melatonina, mais do
• Se exercitar bastante durante o dia, mas pelo que um hormônio do sono).
menos 3 horas distante da hora de dormir, pois

Segundo estudos, nada


melhora mais o cérebro
que a atividade física.

20 A 40 MINUTOS
DE EXERCÍCIO
MODERADO 3 A 5 VEZES
POR SEMANA:13
» Aumenta a produção de neurotransmissores
» Aumenta a conectividade cerebral
» Diminui a ansiedade e depressão
» Melhora a memória, cognição e hiperatividade

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 71
3
INFÂNCIA

TERCEIRA MEDIDA: na escola.14,15 Mas, se a alteração comportamental


MELHORIA DA DIETA E se faz visível após uso de alimentos doces de forma
aguda, é necessário reduzir em grande parte o seu
REDUÇÃO DA TOXIDADE
uso crônico, diário, pois o açúcar age como um silen-
AMBIENTAL cioso pro-inflamatório, tornando crônico o problema
Muitos estudos evidenciam a dieta e a toxidade pelo estímulo da neuroinflamação subclínica que
ambiental como cofatores do TDAH. Já uma dieta impedirá a maturação cerebral.
equilibrada sempre é muito importante para o desen-
DIETA DE ELIMINAÇÃO
volvimento das funções corporais, habilidades cogni-
tivas e, como a ciência vem evidenciando, para uma Muitas vezes, um simples alimento ou grupo alimen-
boa saúde mental geral. No caso do TDAH, essas tar pode perturbar o sistema imune e esta reação
crianças seriam especialmente sensíveis à interfe- alérgica se manifestar como sintomas de TDAH. Atra-
rência cerebral que alguns alimentos e toxinas podem vés de uma dieta de eliminação (retirada de alimentos
causar. Outro aspecto, é que alguns nutrientes apre- que possam provocar sintomas cerebrais) pode-se
sentam-se em níveis inferiores, quando comparados encontrar alimentos que exercem esse efeito aler-
com crianças neurotípicas, como o ômega-3, zinco, gênico – entre os mais comuns, leite, glúten, ovos,
ferro, magnésio, vitaminas B6 e D3. A suplementa- chocolate, oleaginosas ou frutas cítricas – e reduzir
ção destes e a correção da dieta auxiliam de maneira queixas físicas como dor de cabeça e problemas
prática e segura o tratamento. de sono.14,16 Dentre os alimentos a serem retirados,
os que contêm corantes e aditivos químicos são os
EXCESSO DE AÇÚCAR REFINADO
campeões. De acordo com uma meta-análise, 8% de
O açúcar é encontrado em muitos alimentos e crianças com TDAH podem ter seus sintomas relacio-
produtos, visivelmente ou não, intencionalmente nados com corantes sintéticos em alimentos. Parece
ou não. Para muitas crianças (como para adultos), que quanto menores as crianças, mais sensíveis são
o açúcar (simples ou na forma de carboidratos), ou aos aditivos alimentares,16,17 e as crianças com TDAH
seu excesso, pode causar ou piorar quadros infla- e atopia (rinite/asma/eczema) são as que apresen-
matórios e dificuldades comportamentais. Pais de tam melhores resultados com a dieta de eliminação.
crianças com TDAH frequentemente observam uma
SAÚDE INTESTINAL
piora do comportamento hiperativo após ingestão de
doces. Uma explicação para isto é que estas crianças Evidência crescente através de estudos clínicos e
apresentam uma maior sensibilidade para a hipogli- epidemiológicos indica que a microbiota do intestino,
cemia (baixa do açúcar no sangue). além de regular especificamente o funcionamento
Geralmente, quando se come açúcar se tem uma intestinal, pode influenciar os sistemas imunológico
hiperglicemia (sobe o açúcar no sangue) seguido e nervoso e vice-versa. A relação bidirecional entre
de uma hipoglicemia. As crianças neurotípicas a microbiota intestinal e o cérebro contribui para a
apresentam sintomas de hipoglicemia (fraqueza, patogênese de certas doenças que podem envol-
piora da atenção, transpiração, por exemplo) ver a inflamação cerebral, como no caso do TDAH.
quando os níveis séricos atingem níveis menores de Crianças e adultos com TDAH e que tenham alergias
54mg/dl, e as crianças com TDAH apresentam sinto- alimentares, eczema ou asma apresentam melhora
mas de hipoglicemia com níveis séricos menores de do TDAH se melhorarem a microbiota intestinal e
75mg/dl. Isto significa que elas são mais sensíveis reduzir a permeabilidade intestinal: o que mantém a
às flutuações do açúcar no sangue, apresentando neuroinflamação. Medidas preventivas apropriadas
sintomas mais facilmente. Por este motivo, dar um ou corretivas, como a suplementação de psicobió-
achocolatado com pão no café da manhã (café da ticos (probióticos), uso controlado de antibióticos,
manhã riquíssimo em açúcar) pode gerar uma hipo- açúcares e adoçantes artificiais, parecem reduzir o
glicemia no meio da manhã, com grande desatenção risco das desordens ou atenuar seus sintomas.18,19

72 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
TDAH

PESTICIDAS

Infelizmente, o Brasil não possui uma política efetiva cador de exposição a piretroides) mostraram signi-
de fiscalização, controle, acompanhamento e acon- ficante probabilidade de apresentar TDAH. Dessa
selhamento técnico adequado sobre a utilização de forma, orienta-se uma alimentação mais orgânica
agrotóxicos responsáveis por intoxicações e mortes. possível.20-22
Usamos como se fossem inofensivos à saúde inseti-
METAIS PESADOS
cidas na forma de spray ou em aparelhos elétricos,
aplicamos na grama substâncias tóxicas como o Existe uma relação direta entre a exposição ao
glifosato para não crescer ervas daninhas, sendo chumbo e sintomas de TDAH, da mesma forma
que as crianças brincam neste mesmo gramado, como já está provado a relação entre a exposição ao
por exemplo. De uso comum no controle de pragas chumbo e QI reduzido e problemas comportamentais.
residenciais e na agricultura não orgânica, os pesti- Já está provado por inúmeros trabalhos os efeitos
cidas piretroides causam anormalidades no sistema nocivos do chumbo e do mercúrio para o neurode-
da dopamina e produzem um fenótipo de TDAH em senvolvimento e deve-se pesquisar a presença de
modelos animais. Este efeito também foi observado metais pesados no cabelo ou no sangue para inves-

4
em estudo de amostras de urina (pesquisa NHANES) tigar uma possível contaminação que possa estar
sobre 687 crianças entre as idades de 8 e 15. Os causando o quadro.23,24
meninos detectados com 3-PBA na urina (biomar-

QUARTA MEDIDA:
USO DE SUPLEMENTOS
Alguns suplementos ajudam o cérebro a funcionar MINERAIS E VITAMINAS
melhor, e assim reduzir os sintomas do TDAH. Esses
nutrientes suprem carências nutricionais ou funcio- O zinco é cofator de inúmeras enzimas, prostaglan-
nam como medicamentos funcionais: dinas, melatonina, ômega-3 e, indiretamente, afeta
o metabolismo da dopamina e ácidos graxos, todos
ÔMEGA-3 fatores do TDAH. A deficiência dos níveis séricos de
zinco pode dificultar a resposta à terapia medica-
Crianças com TDAH geralmente apresentam sinto-
mentosa. Por exemplo, já existe estudo que afirma
mas que sugerem uma deficiência de ômega-3.
um maior efeito do medicamento metilfenidato se
Alguns estudos apontam que essas crianças
usado associado à suplementação de zinco. O ferro
possuem uma reduzida concentração plasmática de
é cofator para a síntese de dopamina. Ao melhorar
ômega-3 docosahexaenoico (DHA) e eicosapenta-
os níveis de ferritina, observa-se melhora dos sinto-
enoico (EPA) – ácidos essenciais que estão direta-
mas. A suplementação de magnésio, um regulador
mente relacionados com a saúde cerebral. O cérebro
do metabolismo do açúcar e do ômega-3, melhora a
é rico em lipídios e requer estes ácidos para o seu
hiperatividade. A vitamina B6, envolvida na produção
desenvolvimento, intercomunicação e função. O DHA
de serotonina e dopamina, possui efeito sinérgico
desempenha um papel crucial no desenvolvimento
com o magnésio, minimizando a hiperatividade e
do cérebro, enquanto o EPA é importante principal-
melhorando a atenção. A associação entre a deficiên-
mente para o seu funcionamento. Inúmeros trabalhos
cia de vitamina D3 tanto da mãe durante a gestação
mostram melhora dos sintomas de TDAH com o uso
quanto da criança a escores mais altos dos sintomas
de doses adequtadas de ômega-3. É impressionante
de TDAH vem sendo confirmada através de estu-
os resultados desses estudos, e, infelizmente, ainda
dos.32-36,50-53
quão pouco conhecidos pela classe médica.25-31

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 73
5
INFÂNCIA

QUINTA MEDIDA:
USO DE AMINOÁCIDOS
E FITOTERÁPICOS
Alguns aminoácidos e fitoterápicos podem ser
usados com medicamentos para casos leves e
moderados. Além de seus benefícios relacionados,
eles podem ajudar na redução da dose do medica-
mento utilizado. Os neurotransmissores são forma-
dos no corpo a partir de aminoácidos precursores,
como a L-tirosina e 5-hidroxitriptofano, os quais se
transformam em dopamina e serotonina. Portanto,
se aumentarmos a oferta destes aminoácidos, esta-
remos ajudando o corpo a aumentar a produção
dos neurotransmissores, auxiliando para um efeito
farmacológico desejado.37

Entre os fitoterápicos estudados, o extrato do pinheiro


marítimo francês, Pinus pinaster, é frequentemente
utilizado para o TDAH pelas suas propriedades antio-
xidantes e vasodilatadoras.38,39 A erva perene Bacopa
monnieri é usada pela medicina Ayurveda há milhares
de anos para desordens neurológicas e comportamen-
tais, e a conclusão de uma meta-análise de 9 estudos
(2014) evidenciou seus benefícios cognitivos.40

A combinação de Panax ginseng e Gingko biloba


melhora vários sintomas, desde problemas sociais à
impulsividade, apresentando menos efeitos colaterais
quando comparado ao metilfenidato.41-44 O café é o
fitoterápico mais utilizado no mundo para melhorar a
atenção e a concentração, sendo que muitos adultos
tratam seu déficit de atenção com doses generosas
de café ao longo do dia. Algumas crianças tomam
café junto ao seu dejejum antes de ir para a escola
de manhã, o que parece ajudar a “acordar” o aprendi-
zado. A cafeína regula a densidade do transportador
de dopamina no sistema cerebral estriado e córtex
pré-frontal, e, no caso de TDAH, uma xícara de café
preto forte (com aproximadamente 100mg de cafe-
ína) equivale a 5mg do medicamento metilfenidato.
No entanto, a cafeína pode apresentar efeitos colate-
rais e ter um efeito fugaz, sendo mais recomendado
o seu uso na forma de liberação lenta e prolongada
(slow release). Como é um psicoestimulante, é
importante não utilizá-la a partir do meio da tarde
para não interferir com o sono.45-49

74 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
6
TDAH

SEXTA MEDIDA:
TREINAMENTO
PSICOFUNCIONAL
Juntamente às abordagens não medicamentosas e
complementares aqui descritas, é muito positivo no
processo do tratamento a participação de um psico-
terapeuta habilitado que possa ensinar ao paciente e
aos familiares estratégias que lhes permitam melho-
rar seu desenvolvimento e socialização. Além disto, é
muito necessário o envolvimento familiar constante
para ajudar a criança ou adolescente a lidar com
suas dificuldades. A escola precisa desenvolver um
processo especial de inclusão escolar, por exemplo,
fazendo provas em salas separadas, reposicionando
estas crianças na sala, etc. Uma revisão sistemática
da literatura, publicada em Plos One, em 2015, anali-
sou o resultado das diversas abordagens de trata-
mento e comparou o tratamento farmacológico com
o psicoterápico. Sua conclusão foi que o tratamento
psicoterápico muitas vezes pode ter resultados
semelhantes ao farmacológico, mas que os melho-
res resultados foram encontrados quando se associa
os dois tratamentos.2

7
SÉTIMA MEDIDA:
ATIVIDADES
ESTIMULADORAS DA
ATENÇÃO VOLUNTÁRIA
A atenção depende da intenção, por isto é chamada
de atenção voluntária: precisa-se decidir colocar
atenção. O TDAH é um atraso ou distúrbio no desen-
volvimento que ocorre também na área da atenção
voluntária. Exercitar atividades que estimulem esta
área vem mostrando benefícios. Com este objetivo,
nos EUA têm-se incluído no currículo escolar aulas
de meditação (tipo mindfulness, ou atenção plena,
ioga e tai chi). Melhoras comportamentais e maiores
ganhos escolares têm sido relatados nas crianças
que praticam estas técnicas, se comparadas com
grupos controle.54-56

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 75
INFÂNCIA

TRATANDO MAIS EFICAZMENTE O TDAH


Para aumentar a chance de um início do artigo, na realidade, essas
futuro bem-sucedido e desencora- pessoas são infinitamente curio-
jar comportamentos antissociais sas e, quando adultas, entre outras
em crianças com TDAH, o diag- qualidades, muitas vezes são
nóstico e o tratamento integrativo dispostas a assumir riscos inteli-
– complementar ao tratamento gentes e se mostram excepcional-
convencional, não necessaria- mente resilientes. No caminho da
mente substitutivo – são extrema- cura ou aprendizado de como lidar
mente importantes. É essencial com o TDAH, a sua compreensão
que os pais forneçam uma estru- é fundamental para um melhor
tura que reforce o comportamento tratamento individualizado, ou
adequado, desde que o transtorno seja, combinando as especificida-
de déficit de atenção e hiperativi- des manifestadas do transtorno às
dade requer um gerenciamento características individuais.
consistente do comportamento
em casa. Mas este gerencia- Com as recomendações
atualizadas aqui
mento também precisa ser feito
descritas, as quais,
na escola e demais ambientes e,
pensando no médio ou
portanto, é importante discutir os longo prazo, procuram
sintomas com o pediatra, médico integrar à medicina
e/ou psicólogo para um plano de convencional abordagens
gestão de comportamento posi- mais naturais – através
tivo e estratégias eficazes que do uso de nutracêuticos
pensem no médio ou longo prazo. voltados para o cérebro,
dieta, exercício, mudança
Conjuntamente, os pais devem de estilo de vida,
entrar em contato com o profissional estratégias psicológicas e
responsável da escola de seu filho educacionais –, a maioria
para discutir possíveis ações para dos pacientes com
melhorar o comportamento escolar. TDAH têm uma melhora
O entendimento de todas as partes mais significativa de
sobre a questão pode fornecer seus sintomas do que
quando submetidos
melhor suporte ao(s) professor(es)
exclusivamente
na sala de aula, muitas vezes resul-
ao tratamento
tando em mudanças comportamen- medicamentoso. Esta
tais significativas – até mesmo em melhora pode tornar o
outros ambientes – e aumentando a uso da medicação não
incidência de sucesso. tão comum, e quando
necessária, será usada
Embora o estereótipo de uma em dosagens menores,
criança que apresenta TDAH é fornecendo então menos
alguém que não consegue ficar efeitos colaterais e mais
parado, como parte das carac- qualidade de vida.
terísticas do “André”, citado no

76 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
TDAH

Referências
1. Russell D. White, et al. Attention 16. Pelsser LM, et al. Effects of a restricted on central nervous system polyunsaturated 43. Salehi B, et al. Ginkgo biloba for attention-
Deficit Hyperactivity Disorder and elimination diet on the behaviour of children fatty acid composition. Prostaglandins Leukot deficit/hyperactivity disorder in children and
Athletes. Sports Health. 2014. DOI: with attention-deficit hyperactivity disorder Essent Fatty Acids. 2007 adolescents: a double blind, randomized
10.1177/1941738113484679 (INCA study): a randomised controlled trial. controlled trial. Prog Neuropsychopharmacol
The Lancet, 2011. DOI: 10.1016/S0140- 30. McNamara RK; Carlson SE. Role of omega-3 Biol Psychiatry, 2010. DOI:10.1016/j.
2. Arnold LE, et al. Effect of treatment modality 6736(10)62227-1 fatty acids in brain development and function: pnpbp.2009.09.026
on long-term outcomes in attention-deficit/ Potential implications for the pathogenesis and
hyperactivity disorder: a systematic review. 17. Nigg JT, et al. Meta-analysis of attention- prevention of psychopathology. Prostaglandins 44. Lyon MR, et al. Effect of the herbal extract
PLoS One., 2015. DOI: 10.1371/journal. deficit/hyperactivity disorder or attention- Leukot Essent Fatty Acids. 2006 combination Panax quinquefolium and Ginkgo
pone.0116407 deficit/hyperactivity disorder symptoms, biloba on attention-deficit hyperactivity
restriction diet, and synthetic food color 31. Champeil-Potokar G, et al. disorder: a pilot study. J Psychiatry Neurosci,
3. Comim CM, et al. Methylphenidate treatment additives. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry, Docosahexaenoic acid (22:6n-3) enrichment 2001
affects mitogen-activated protein kinase 2012. DOI: 10.1016/j.jaac.2011.10.015 of membrane phospholipids increases
activation in the striatum of young rats. Acta gap junction coupling capacity in cultured 45. Heatherley SV, et al. Psychostimulant and
Neuropsychiatr, 2013. DOI: 10.1111/acn.12015 18. Petra AI, et al. Gut-Microbiota-Brain astrocytes. Eur J Neurosci., 2006 other effects of caffeine in 9- to 11-year-old
Axis and Its Effect on Neuropsychiatric children. J Child Psychol Psychiatry. 2006
4. Urban KR; Gao WJ. Methylphenidate and Disorders With Suspected Immune 32. Huss M, et al. Supplementation of
the juvenile brain: enhancement of attention Dysregulation. Clin Ther, 2015. DOI: 10.1016/j. polyunsaturated fatty acids, magnesium and 46. Bernstein GA, et al. Caffeine effects on
at the expense of cortical plasticity? clinthera.2015.04.002 zinc in children seeking medical advice for learning, performance, and anxiety in normal
Med Hypotheses. 2013. DOI: 10.1016/j. attention-deficit/hyperactivity problems - an school-age children. J Am Acad Child Adolesc
mehy.2013.09.009 19. Pärtty A, et al. A possible link between observational cohort study. Lipids Health Dis., Psychiatry.1994
early probiotic intervention and the risk of 2010. DOI: 10.1186/1476-511X-9-105
5. Hailpern SM, et al. Blood Pressure, Heart neuropsychiatric disorders later in childhood: 47. Elkins RN, et al. Acute effects of caffeine
Rate, and CNS Stimulant Medication Use in a randomized trial. Pediatr Res, 2015. DOI: 33. Mousain-Bosc M, et al. Improvement in normal prepubertal boys. Am J Psychiatry,
Children with and without ADHD: Analysis of 10.1038/pr.2015.51 of neurobehavioral disorders in children 1981
NHANES. Front Pediatr, 2014. DOI: 10.3389/ supplemented with magnesium-vitamin B6.
fped.2014.00100 20. Polańska K, et al. Review of current I. Attention deficit hyperactivity disorders. 48. Pandolfo P, et al. Caffeine regulates
evidence on the impact of pesticides, Magnes Res. 2006 frontocorticostriatal dopamine transporter
6. Maheswaran M; Kushida CA. Restless Legs polychlorinated biphenyls and selected metals density and improves attention and
Syndrome in Children. MedGenMed, 2006. on attention deficit / hyperactivity disorder in 34. A Bener, et al. Higher Prevalence of Iron cognitive deficits in an animal model of
children. Int J Occup Med Environ Health, 2013. Deficiency as Strong Predictor of Attention attention deficit hyperactivity disorder. Eur
7. Weiss MD, et al. New Research on the DOI: 10.2478/s13382-013-0073-7 Deficit Hyperactivity Disorder in Children. Ann Neuropsychopharmacol, 2013. DOI: 10.1016/j.
Complex Interaction of Sleep and ADHD. Curr Med Health Sci Res. 2014. DOI: 10.4103/2141- euroneuro.2012.04.011
Sleep Medicine Rep, 2015. DOI: 10.1007/ 21. Wagner-Schuman M, et al. Association of 9248.141974
s40675-015-0018-8 pyrethroid pesticide exposure with attention- 49. Ioannidis K, et al. Ostracising caffeine
deficit/hyperactivity disorder in a nationally 35. Arnold LE, et al. Zinc for attention-deficit/ from the pharmacological arsenal for
8. Hillman CH, et al. Effects of the FITKids representative sample of U.S. children. Environ hyperactivity disorder: placebo-controlled attention-deficit hyperactivity disorder--
Randomized Controlled Trial on Executive Health, 2015. doi: 10.1186/s12940-015-0030-y double-blind pilot trial alone and combined was this a correct decision? A literature
Control and Brain Function. Pediatrics, 2014 with amphetamine. J Child Adolesc review. J Psychopharmacol, 2014.
22. “Agrotóxicos – efeitos sobre a saúde” Psychopharmacol, 2011. DOI: 10.1089/ DOI:10.1177/0269881114541014
9. Hoza B, et al. A Randomized Trial Examining Disponível em: portaleducacao.com.br/ cap.2010.0073
the Effects of Aerobic Physical Activity on farmacia/artigos/1724/agrotoxicos-efeitos- 50. Goksugur SB, et al. Vitamin D status in
Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder sobre-a-saude Acessado em 06/02/2017 36. Kamal M, et al. Is high prevalence of children with attention-deficit–hyperactivity
Symptoms in Young Children. Journal of vitamin D deficiency a correlate for attention disorder. Pediatrics International, 2014. DOI:
Abnormal Child Psychology, 2015. DOI: 23. Goodlad JK, et al. Lead and Attention- deficit hyperactivity disorder? ADHD Atten Def 10.1111/ped.12286
10.1007/s10802-014-9929-y Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD) Hyp Disorders, 2014
symptoms: a meta-analysis. Clin Psychol Rev, 51. Patrick RP; Ames BN. Vitamin D and
10. Berwid OG, et al. Emerging Support 2013. DOI:10.1016/j.cpr.2013.01.009 37. Hinz M, et al. Treatment of attention deficit the omega-3 fatty acids control serotonin
for a Role of Exercise in Attention-Deficit/ hyperactivity disorder with monoamine amino synthesis and action, part 2: relevance for
Hyperactivity Disorder Intervention Planning. 24. Dong-Won S, et al. The Relationship acid precursors and organic cation transporter ADHD, bipolar disorder, schizophrenia, and
Curr Psychiatry Rep, 2012. DOI: 10.1007/ between Hair Zinc and Lead Levels and assay interpretation. Neuropsychiatr Dis Treat, impulsive behavior. The FASEB Journal, 2015.
s11920-012-0297-4 Clinical Features of Attention-Deficit 2011. DOI:10.2147/NDT.S16270 DOI:10.1096/fj.14-268342
Hyperactivity Disorder. J Korean Acad Child
11. Smith AL, et al. Pilot physical activity Adolesc Psychiatry, 2014. DOI: 10.5765/ 38. Trebatická J, et al. Treatment of ADHD with 52. Morales E, et al. Vitamin D in Pregnancy
intervention reduces severity of ADHD jkacap.2014.25.1.28 French maritime pine bark extract, Pycnogenol. and Attention Deficit Hyperactivity Disorder-like
symptoms in young children. J Atten Disord., Eur Child Adolesc Psychiatry, 2006 Symptoms in Childhood. Epidemiology, 2015.
2013. DOI: 10.1177/1087054711417395 25. Bélanger SA, et al. Omega-3 fatty acid DOI: 10.1097/EDE.0000000000000292
treatment of children with attention-deficit 39. Dvoráková M, et al. The effect of
12. “Physical activity may be good for focus. hyperactivity disorder: A randomized, double- polyphenolic extract from pine bark, 53. M. H. Mossin, et al. Inverse associations
Plus, it’s an inexpensive, self-prescribed, and blind, placebo-controlled study. Paediatr Child Pycnogenol on the level of glutathione in between cord vitamin D and attention
accessible alternative ADHD treatment for both Health, 2009 children suffering from attention deficit deficit hyperactivity disorder symptoms:
adults and children.” Disponível em: http:// hyperactivity disorder (ADHD). Redox Rep, 2006 A child cohort study. Australian & New
www.additudemag.com/adhd/article/3142. 26. Song C, et al. Omega-3 fatty acid ethyl- Zealand Journal of Psychiatry, 2016. DOI:
html Acessado em: 06/02/2017 eicosapentaenoate attenuates IL-1beta- 40. Kongkeaw C, et al. Meta-analysis of 10.1177/0004867416670013
induced changes in dopamine and metabolites randomized controlled trials on cognitive
13. Gapin JI, et al. The effects of physical in the shell of the nucleus accumbens: effects of Bacopa monnieri extract. J 54. Crescentini C, et al. Mindfulness-Oriented
activity on attention deficit hyperactivity Involved with PLA2 activity and corticosterone Ethnopharmacol, 2014. DOI: 10.1016/j. Meditation for Primary School Children:
disorder symptoms: the evidence. Prev Med, secretion. Neuropsychopharmacology, 2007 jep.2013.11.008 Effects on Attention and Psychological
2011. DOI: 10.1016/j.ypmed.2011.01.022 Well-BeingFront. Psychol, 2016. DOI:10.3389/
27. Song C; Horrobin D. Omega-3 fatty acid 41. Ko HJ, et al. Effects of Korean red ginseng fpsyg.2016.00805
14. Millichap JG; Yee MM. The Diet Factor ethyl-eicosapentaenoate, but not soybean oil, extract on behavior in children with symptoms
in Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder. attenuates memory impairment induced by of inattention and hyperactivity/impulsivity: a 55. Black DS, et al. Sitting-Meditation
Pediatrics, 2012 central IL-1beta administration. J Lipid Res, 2004 double-blind randomized placebo-controlled Interventions Among Youth: A Review
trial. J Child Adolesc Psychopharmacol, 2014. of Treatment Efficacy. Pediatrics. 2009.
15. Yujeong K; Hyeja C. Correlation between 28. Frasure-Smith N, et al. Major depression DOI: 10.1089/cap.2014.0013 DOI:10.1542/peds.2008-3434
attention deficit hyperactivity disorder and is associated with lower omega-3 fatty acid
sugar consumption, quality of diet, and dietary levels in patients with recent acute coronary 42. Uebel-von Sandersleben H, et al. Ginkgo 56. Britton WB, et al. A Randomized Controlled
behavior in school children. Nutr Res Pract, syndromes. Biol Psychiatry, 2004 biloba extract EGb 761® in children with ADHD. Pilot Trial of Classroom-Based Mindfulness
2011. DOI:10.4162/nrp.2011.5.3.236 Z Kinder Jugendpsychiatr Psychother, 2014. Meditation Compared to an Active Control
29. Brenna JT; Diau GY. The influence of dietary DOI: 10.1024/1422-4917/a000309 Condition in 6th Grade Children. Pediatrics.
docosahexaenoic acid and arachidonic acid 2014. DOI:10.1016/j.jsp.2014.03.002

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 77
ENERGIA
SEM LIMITES
Carbolift em stick é a sua mais nova fonte
renováveldeenergia.Compostopor100%
palatinose, tem baixo índice glicêmico
(32 IG) e um formato Easy Go, fornecendo
ao organismo energia equilibrada e
duradoura para você ultrapassar limites.

Compre online:
essentialnutrition.com.br
CIÊNCIA
ATUAL

Primeira meta-análise
quantitativa sobre a relação
dose-resposta entre a ingestão
de magnésio e o risco de
insuficiência cardíaca e
mortalidade por todas as causas
Baseada em 40 estudos prospectivos de coorte, com sistematicamente todos os ensaios clínicos publi-
mais de 1 milhão de participantes em nove países, cados e encontraram efeitos benéficos do uso de
uma meta-análise recentemente publicada em BMC suplementos orais de magnésio para distúrbios no
Medicine fornece atualizada evidência epidemioló- metabolismo da glicose durante 4 meses ou mais.4
gica que suporta achados anteriores sobre o efeito
protetor da ingestão de magnésio para a insuficiên- O magnésio é essencial para todos os organismos
cia cardíaca, diabetes e mortalidade por todas as vivos, pois controla a função de muitas enzimas
causas.1 A análise dose-resposta (com acompanha- cruciais, incluindo aquelas que utilizam ou sinteti-
mento de 4 a 30 anos) revelou que um aumento de zam o ATP. A dose diária recomendada de magnésio
100 mg/dia na ingestão de magnésio está significati- é de 300 a 350 mg/dia para um adulto médio, com
vamente associada a uma diminuição de: um adicional de 150 mg/dia durante a gravidez e a
lactação. No entanto, apesar destas recomendações
- 7% no risco de acidente vascular cerebral, claramente estabelecidas, a deficiência do mineral
(RR: 0,93; IC 95%, 0,89-0,97)
continua a ser um problema de saúde pública global.
- 22% no risco de insuficiência cardíaca, Por exemplo, na Europa e nos Estados Unidos, a
(RR: 0,78; IC 95%, 0,69-0,89) ingestão diária de magnésio é geralmente inferior
aos valores recomendados.
- 19% no risco de diabetes tipo 2,
(RR: 0,81; IC 95%, 0,77-0,86)
NOTA DO EDITOR:
- 10% no risco de mortalidade por todas as causas, Esta meta-análise é muito importante por
(RR: 0,90; IC 95%, 0,81-0,99) sua dimensão e por comprovar de forma
indubitável a importância do magnésio
- 8% no risco de doença arterial coronariana,
para a saúde. Uma causa importante da sua
(RR: 0,92; IC 95%, 0,85-1,01)
deficiência pode ser atribuída a uma dieta
A evidência apontando que a deficiência de magné- inadequadamente equilibrada e/ou absorção
intestinal prejudicada. Além disso, mesmo
sio está associada ao diabetes já havia sido relatada
que alimentos como vegetais de folhas
recentemente por duas outras revisões sistemáti-
verdes, nozes, feijão, cacau e grãos integrais
cas da literatura. Tomando seus resultados positi-
contenham níveis relativamente elevados
vos conjuntamente, a suplementação de magnésio de magnésio, a exigência diária do mineral
para pessoas com diabetes, com risco de diabetes não é de fácil alcance através de uma única
ou público em geral, forneceu efeitos significante- dose de qualquer item alimentar. Portanto,
mente melhores na redução da resistência à insu- a importância da possibilidade de sua
lina e níveis de concentração da glicose em jejum.2,3 suplementação, pois sua ingesta total trará
Adicionalmente, Simental-Mendia et al. revisaram efeitos preventivos para saúde.

Fonte: 1. Fang X, et al. Dietary magnesium intake and the risk of cardiovascular disease, type 2 diabetes, and all-cause mortality: a dose–response meta-analysis
of prospective cohort studies. BMC Medicine, 2016. DOI:10.1186/s12916-016-0742-z | 2. Veronese N, et al. Effect of magnesium supplementation on glucose
metabolism in people with or at risk of diabetes: a systematic review and meta-analysis of double-blind randomized controlled trials. European Journal of Clinical
Nutrition, 2016. DOI:10.1038/ejcn.2016.154 | 3. Moraes JBS, et al. Effect of Magnesium Supplementation on Insulin Resistance in Humans: a Systematic Review.
Nutrition, 2017. DOI: 10.1016/j.nut.2017.01.009 | 4. Simental-Mendia, et al. A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials on the effects of
magnesium supplementation on insulin sensitivity and glucose control. Pharmacological Research, 2016. DOI: 10.1016/j.phrs.2016.06.019

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 79
ARTIGO

Sementes
germinadas
e brotos:
extratos da natureza
para sua saúde
A
s hortas estão na nossa história há milênios. Antes
associadas apenas ao trabalho braçal e rural,
ganham cada vez mais um ar bucólico, trazendo
um significado maior de aproximação com a nossa essên-
cia. Cuidar de uma horta, seja no campo, no quintal ou na
varanda de um apartamento, nos conecta com a natureza,
nos ensina a sermos mais pacientes e vivenciarmos os
acontecimentos do clima e de cada estação.

Percebemos um movimento de despertar do interesse das


pessoas em ter sua própria horta, buscando alternativas
fáceis e simples para as pequenas necessidades do dia a
dia. Atitudes assim estimulam nosso gosto pela culinária e
pela natureza e acaba desencadeando hábitos mais saudá-
veis. Passamos a evitar os alimentos demasiadamente
processados e damos mais atenção à carga tóxica que foi
colocada ou não no alimento. Um modelo que passa atra-
vés das gerações e aproxima as crianças da “comida de
verdade” e do prazer simples de plantar um pé de alface.

Como seres que buscam uma vida longeva com qualidade,


seria enriquecedor se incluíssemos mais alimentos frescos
e vivos em nossa dieta. E é aqui que a cultura de sementes
germinadas e/ou brotos pode se encaixar na vida moderna
nos beneficiando mais do que poderíamos imaginar.

80 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 81
ARTIGO

SEMENTE, O EMBRIÃO DA PLANTA


Uma semente é um organismo que se encontra num do grupo B, e diminuição da matéria seca, amido
período de dormência, com sua atividade metabólica e antinutrientes. A digestibilidade das proteínas e
reduzida e gasto energético mínimo, conservando amidos para armazenamento é melhorada devido à
assim sua vida enquanto espera por condições hidrólise parcial durante sua germinação.1,2
ambientais propícias para a sua evolução – o embrião
da planta. Tanto a cultura das sementes germinadas BENEFÍCIOS DOS
quanto a dos brotos partem do mesmo primeiro GERMINADOS E BROTOS
passo: reunir alguns elementos naturais que desper-
tam a dormência da semente – essencialmente, a Brotos e germinados, além de toda facilidade
água e temperatura propícia do ambiente. e prazer para se produzir, oferecem muitos
benefícios.3-27,35-39
DISTINÇÃO ENTRE SEMENTE GERMINADA E BROTO
• Aumento das enzimas de fase 2 de desinto-
» Uma semente germinada é a primeira xicação hepática, por exemplo, glutationa
manifestação de uma semente ou grão transferases, epóxido hidrolases, quinona
após a quebra de sua dormência. Aquele redutases e glucuronosiltransferase – com
momento que a semente se abre pela atividade estimulante de 10 a 100 vezes
primeira vez, lançando um pequeno ‘nariz’ maior que em vegetais maduros
ou radícula em busca de crescimento.
• Ácidos graxos essenciais, minerais, vitami-
» Um broto é o estágio seguinte da germi- nas, oligoelementos, aminoácidos, fibras,
nação, quando ocorre sua progressão em isotiocianatos – apresentando altíssimo
forma de ‘braço’ ou haste, atingindo alguns conteúdo nos primeiros dias de germinação
poucos centímetros e apresentando folhas
definidas. Neste estágio já pode-se obser- • Baixo índice glicêmico e propriedades anti-
var a formação de pequenas raízes. inflamatórias naturais

O consumo de sementes comestíveis germinadas • Redução de problemas gástricos


ou seus brotos – chamados de biogênicos, pois são
• Aumento da energia (celular), gerando alívio da
alimentos vivos e capazes de gerar vida – está se
fibromialgia, dores articulares e fadiga crônica
tornando popular em várias partes do mundo, pois cada
vez mais se reconhece seus benefícios. Esta prática já • Qualidade proteica: contém proteínas que
existe há décadas, e Ann Wigmore (1909 – 1994), Lituâ- participam da produção de células imunes
nia/EUA, foi pioneira na popularização do consumo do (ILCs, células linfoides inatas), as quais
alimento cru e do wheatgrass (grama de trigo, ou está- protegem a saúde intestinal de infecções
gio inicial do crescimento da planta do trigo) para a
desintoxicação, sendo considerada por muitos como a • Proteção do DNA (ação antioxidante e anti-
mãe dos brotos e do chamado alimento vivo. mutagênica) e, consequentemente, proteção
anticâncer e quimioprevenção
A germinação de grãos por um período limitado
provoca atividades aumentadas de enzimas hidro-
líticas (digestivas), melhora do conteúdo de certos
aminoácidos essenciais, açúcares totais e vitaminas

82 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Sementes germinadas e brotos

ALIMENTOS BIOGÊNICOS E A CIÊNCIA


Atualmente, com o crescimento do número de pesqui- potencial para o uso de menores doses de fármacos.
sas dos alimentos biogênicos, a evidência se faz sólida Outros estudos também o indicam para o câncer de
quanto à sua maior concentração e biodisponibilidade mama, bem como prevenir o câncer de estômago ou
de nutrientes e indutores de enzimas, protegendo mais problemas gástricos por combater a infecção devido
eficazmente contra o câncer e outras doenças, quando o H Pylori.16-18
comparados com o vegetal já maduro.
O broto de trigo (wheatgrass), considerado pela
Para exemplificar sobre sua concentração e qualidade ciência como antioxidante e antimutagênico (ação
de nutrientes, tomemos os vegetais crucíferos, os de proteção do DNA), é rico em flavonoides. Seus
quais pertencem à família Cruciferae, contendo na sua benefícios provavelmente estão relacionados com a
maioria o gênero Brassica – brócolis, couve-flor, agrião, presença de suas enzimas antioxidantes – incluindo
espinafre, couve, couve-de-bruxelas, repolho, raba- superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase e
nete, rúcula, rábano, entre outros. Em geral, os vege- catalase –, as quais podem melhorar os sintomas de
tais crucíferos apresentam flores com quatro pétalas, fibromialgia e dor nas articulações, prevenir ou ajudar
assemelhando-se a uma cruz. Esses vegetais são no tratamento de câncer, atenuar os efeitos secundá-
ricos em isotiocianato de fenetilo (ex., sulforafano) e rios da quimioterapia e aliviar os sintomas de fadiga
indols (DIM e indol-3-carbinol), ativos estes evidencia- crônica.19-24 Ainda sobre as propriedades antimutagê-
dos como anticancerígenos e que aumentam a sensi- nicas dos brotos de trigo, pesquisa afirma que mesmo
bilidade a quimioterápicos, sendo também largamente o aquecimento a 100o C por 10 minutos não anulou
estudados para um envelhecimento saudável.32,36-38 seus efeitos inibitórios.25,26
De acordo com pesquisadores da Universidade John
Hopkins, pequenas quantidades de seus brotos podem
proteger tanto quanto grandes quantidades dos vege- O HÁBITO DE SUA VÓ:
tais quando maduros. Por exemplo, você precisaria DEIXAR O FEIJÃO DE MOLHO
comer por volta de 900g de brócolis por semana para
reduzir o risco de câncer de colón em 50%. No entanto, Entre as várias técnicas de germinação de sementes,
uma muito usada é a que segue um antigo hábito de
é possível que apenas 30g do seu broto (por volta de
“deixar de molho” muitas sementes antes de seu cozi-
3 dias de idade!) contenha glucorafanina em quantida- mento, assim facilitando o seu uso culinário, como no
des iguais a 900g do vegetal maduro. A glucorafanina é caso de leguminosas (lentilhas, grão de bico, feijões) e
precursora de sulforafano, o qual reforça enzimas celu- do arroz integral. Mas, não somente torna o cozimento
lares que protegem contra o dano molecular causado mais rápido, como se pensava, como também ocorrem
pelo câncer e contra carcinogêneos ambientais.14 mudanças na composição química da semente de
maneira otimizadora. No arroz integral, por exemplo,
Um estudo de Julie Bauman e colegas, publicado em ocorre a modificação de seu perfil de amido por suas
enzimas, o deixando mais encorpado, macio e adoci-
Cancer Prevention Research, usou como tratamento
cado. Sua germinação melhora a biodisponibilidade
em laboratório doses de sulforafano e doses controle de nutrientes que se encontram em maiores níveis,
(placebo) em células humanas de câncer de cabeça quando comparado ao arroz integral não germinado.
e pescoço para comparar com as células normais e Uma revisão de estudos de 2011 resume seus poten-
saudáveis que cobrem a boca e a garganta. O sulfora- ciais benefícios: prevenir dores de cabeça, aliviar a
constipação, melhorar a digestão, prevenir o câncer de
fano induziu ambos os tipos de células para aumentar
cólon e doenças cardíacas, regular o nível de açúcar no
seus níveis de uma proteína que ativa genes que promo- sangue, melhorar a saúde mental.27
vem a desintoxicação de substâncias cancerígenas,
como as encontradas em cigarros, assim ampliando Mas, no caso dos feijões ou outras leguminosas, se a
sua proteção.15 Pesquisadores de um estudo publicado pessoa tem sensibilidade ou intolerância a compostos
antinutricionais (fitatos, taninos, oxalatos), o reco-
em Plos One mostram que mesmo pequenas quanti- mendado é jogar a água do molho fora antes de seu
dades de sulforafano podem ajudar no tratamento do consumo. É nessa água que, juntamente com uma
câncer de cólon, dependendo da situação, indicando um parcela de proteínas solúveis e minerais, encontram-se
os compostos causadores de flatulência.28,33,34

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 83
ARTIGO

APROXIMANDO AS CRIANÇAS DO HÁBITO INSTRUÇÕES GERAIS PARA SEMENTES


SAUDÁVEL DE COMER VEGETAIS GERMINADAS NO AR

Quem não se lembra do projeto escolar onde fazia-se 1. Coloque as sementes no recipiente de vidro e
germinar e crescer uma semente de feijão em algo- cubra-as com água. Deixe-as de molho por uma
noite (8 a 12 horas).
dão úmido ou mesmo de uma fruta? Uma experiência
que ensina sobre o poder de vida que uma semente 2. Prenda o filó com o elástico na boca do recipiente,
contém e os elementos necessários para o seu escorra a água.
desenvolvimento. Com a produção caseira de semen- 3. Enxague bem as sementes e escorra a água.
tes germinadas ou brotos e sua consequente utiliza- 4. Agite o vidro para espalhar as sementes de maneira
ção na dieta diária familiar pode-se estar gerando um que respirem livremente. Repouse o recipiente
caminho lúdico para uma educação alimentar mais virado para baixo em ângulo (45o).
saudável, em especial para as crianças. 5. Diariamente, lave-as bem, no mínimo 2 x ao dia (pela
manhã e noite) para mantê-las hidratadas, sempre
O nutricionista, autor de livros e estudioso da medi- escorrendo e retornando à posição de 45o.
cina funcional, Tom Malterre, em uma palestra sobre
6. Os grãos iniciam sua germinação em períodos
os benefícios dos vegetais crucíferos na dieta, variáveis, mas, em geral, dentro de 1 a 2 dias, essas
fornece uma dica para a inclusão dos brotos ou sementes já terão desencadeado seu potencial de
mesmo vegetais já maduros na dieta das crianças de germinação e estarão prontas para o consumo.
maneira gradual através de sucos: ao fazer suco de
frutas, vá incluindo no liquidificador (ou juicer) algu- GERMINAÇÃO NA ÁGUA
mas folhas verdes, e, gradualmente, adicione mais.
Para esconder o sabor do sulforafano dos vegetais » Algumas sementes germinam submersas na
crucíferos, adicione algum cítrico (laranja ou limão).29 água. Para isso, basta colocar as sementes em
um recipiente de vidro fechando a abertura com
um pedaço de filó e elástico. Lavá-las pelo menos
umas 5 vezes e deixá-las de molho, trocando
COMO GERMINAR? de água de 12 em 12 horas. Se as sementes de
molho começarem a produzir bolhinhas, é sinal
Cada tipo de semente pode apresentar uma neces- que o processo chegou ao seu ponto máximo.
sidade específica para despertá-la de sua dormên- Não querendo utilizá-las de imediato, guarde-as na
cia – como dizemos para as crianças, “acordar a geladeira.
semente” –, e técnicas diferentes para tal podem ser
utilizadas. Mas, como regra do polegar verde ou regra EXEMPLOS DE SEMENTES QUE GERMINAM
prática geral, aqui descrevemos um passo a passo DE MOLHO EM ÁGUA30
introdutório a esta rica cultura: Coco 15 dias
MATERIAL PARA PREPARO CASEIRO DE Avelã 24 a 48 horas
SEMENTES GERMINADAS NO AR E NA ÁGUA
Castanhas cruas 24 a 48 horas
Amêndoas cruas 24 a 48 horas
Nozes cruas 24 a 48 horas
Munguba ou castanha do maranhão 24 horas
Recipiente de vidro Filó ou tule dobrado um Elástico de
de boca larga pouco maior que a boca borracha Cacau 24 horas
do recipiente
Aveia em grão sem casca 12 a 36 horas
Cevadinha 24 a 48 horas
Girassol sem casca 8 a 24 horas
De 1 a 3 colheres de sopa
de sementes comestíveis, Lentilha rosa partida 12 horas
cultivadas biologicamente Água filtrada
Trigo sarraceno partido 24 horas

84 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Sementes germinadas e brotos

GERMINAÇÃO
COMO FONTE DE FIBRAS
Podemos usar a linhaça, a chia e o alpiste para germi-
nar e produzir fibras para melhorar o trânsito intestinal.
Se coloca de molho (1 medida de sementes para 5
de água) e não se troca a água, deixando formar a
mucilagem, uma substância gelatinosa/viscosa rica
em fibras hidrossolúveis, com benefícios nutritivos.

COMO FAZER BROTAR?


Sendo os brotos um estágio avançado da germinação
da semente, eles requerem alguns dias a mais para o
seu desenvolvimento e podem ser cultivados com ou
Kefir Overnight Chia
sem a necessidade de terra, podendo ser chamados de
broto de terra e broto de ar, respectivamente. 1 porção

INSTRUÇÕES PARA O CULTIVO


DE BROTOS EM AR Média nutricional:
330 kcal - 10g prot. - 12g gordura
» Existem diferentes maneiras de se cultivar brotos em ar, 35g carb. - 9g fibra - 71mg sódio
inclusive algumas pessoas cultivam no mesmo recipiente
de vidro da germinação e seguindo a mesma técnica
por mais dias: enxaguando 2 vezes ao dia e deixando o Ingredientes:
recipiente sempre em ângulo de 45o, ou em peneira, como
explicado anteriormente. » 150 ml de leite de kefir**

INSTRUÇÕES PARA O CULTIVO DE BROTOS » 1 c. sopa cheia de sementes de chia


EM TERRA31 » 1 sachê de SWEETLIFT
» 1 scoop de CARBOLIFT
1. Colocar de 2 a 4 dedos de terra de quintal ou húmus
de minhoca em bandeja, vaso ou outro recipiente » 1 c. café de matcha green tea
com furo embaixo. Após germinadas (vide instrução
» ½ c. café de extrato de baunilha
anterior), colocar as sementes no recipiente escolhido,
espalhando-as numa única camada. Umedecer bem. Cobrir » ½ xíc. de mirtilos frescos
com plástico escuro ou uma tampa durante 3 a 4 dias.
» 1 xíc. de morangos frescos
Se necessário, umedecer a terra durante este período.
** Kefir com repouso de 24 horas
2. Descobrir os brotos e expor à luz indireta, regando
delicadamente para que a terra permaneça úmida.
Cortar os brotos e usar. Preparo:
3. Os brotos de brócolis podem ser produzidos na terra » Colocar em um recipiente todos os
ou no ar. Três a cinco dias após sua germinação,
ingredientes exceto o morango e
enxague-os para remover as cascas antes de seu
consumo. O melhor é consumir os brotos de brócolis mirtilo. Misturar muito bem com
após sua colheita, mas podem ser armazenados em auxílio de um garfo por uns 2 minutos.
recipiente fechado em geladeira por alguns dias. Para Tampar e levar à geladeira por cerca
isso, enxague-os e deixe-os secar sobre papel toalha por de 12 horas. Retirar da geladeira, mexer
algumas horas antes de armazená-los. novamente e colocar em recipiente
para consumo. Lavar as frutas, cortar
VENDA DE SEMENTES ORGÂNICAS E AFINS ONLINE
NO BRASIL:
em 4 partes os morangos e colocar
sementeorganica.com/sementes • sementerara.com.br sobre o creme de chia e kefir.
planetasementes.com.br • greenpowercultivo.net.br • Consumir em até 24 horas.
bioeorganicos.com.br

Obs.: dê preferência aos ingredientes orgânicos.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 85
ARTIGO

SPROUTED MILK
1 porção

Média nutricional:
340 kcal - 7g prot. - 16g gordura
44g carb. - 3g fibra - 30mg sódio

Ingredientes:
» 200ml de leite de arroz germinado
» 2 c. sopa de aveia em grão germinada
» 1 c. sopa cheia de óleo de coco
extra virgem
» 1 c. café de cúrcuma em pó
» 1 c. sopa cheia de mel puro
AVOCADO BOOST SALAD
» 4 cubos de gelo
2 porções

Preparo:
» Colocar os ingredientes em um Média nutricional (1 porção):
liquidificador. Bater até homogeneizar 335 kcal - 9g prot. - 22g gordura

muito bem. Consumir em seguida. 30g carb. - 10g fibra - 69mg sódio

Ingredientes para o topping:


» 2 c. sopa de quinoa branca germinada
» 1 ½ und de avocado, em cubos médios
» 1 und de tomate italiano grande,
em cubos médios
» 1 c. sopa de cebola roxa,
em cubinhos pequenos
» 2 c. sopa cheias de folhas de coentro,
picadas finamente
» suco de 1 limão-taiti pequeno
» 2 c. sopa cheias de azeite de oliva
extra virgem
» 2 c. sopa cheias de brotos de brócolis

Preparo:
» Misturar todos os ingredientes em um bowl
exceto os brotos de brócolis. Levar gelar.

86 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Sementes germinadas e brotos

Referências
1. Chavan JK; Kadam SS. Nutritional 13. Egner PA, et al. Rapid and Sustainable 10.1016/0165-1218(88)90164-4
improvement of cereals by sprouting. Crit Detoxication of Airborne Pollutants by
Rev Food Sci Nutr, 1989. Fahey JW, et al. Broccoli Sprout Beverage: Results of 27. Patil SB; Khan K. Germinated brown
Broccoli sprouts: An exceptionally rich a Randomized Clinical Trial in China. rice as a value added rice product: A
source of inducers of enzymes that protect Cancer Prevention Research, 2014. DOI: review. J Food Sci Technol. 2011. doi:
against chemical carcinogens. Proc Natl 10.1158/1940-6207.CAPR-14-0103 10.1007/s13197-011-0232-4
Ingredientes Acad Sci U S A, 1997
14. Patricia A. Egner, et al. Bioavailability 28. Chaves MO; Bassinello PZ. “O Feijão
para a base: 2. Lucia P, et al. Nutritional and health-
related compounds in sprouts and seeds
of sulforaphane from two broccoli sprout
beverages: Results of a short term, cross-
na Alimentação Humana”. Disponível
em: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/
» ¼ und. de couve-flor média, of soybean (Glycine max), wheat (Triticum
aestivum.L) and alfalfa (Medicago sativa)
over clinical trial in Qidong, China. Cancer
Prev Res (Phila), 2011. DOI: 10.1158/1940-
digital/bitstream/item/123450/1/p15.pdf
Acessado em: 26/1/2017
processada treated by a new drying method. European 6207.CAPR-10-0296
Food Research and Technology, 2003. DOI: 29. “Broccoli – The DNA whisperer:
» 1 und de ovo pequeno 10.1007/s00217-002-0640-9 15. Bauman JE, et al. Prevention of Tom Malterre at TEDxBellingham”
Carcinogen-Induced Oral Cancer by Disponível em: www.youtube.com/
» 1 c. café de curry em pó 3. Fahey JW, et al. Broccoli sprouts:
An exceptionally rich source of
Sulforaphane. Cancer Prevention
Research, 2016. DOI:10.1158/1940-6207.
watch?v=hmFnzc3oZ04 Acessado em:
26/01/17
inducers of enzymes that protect CAPR-15-0290
» Sal rosa do Himalaia e against chemical carcinogens. Proc Natl 30. Disponível em: panelasdecapim.
pimenta a gosto Acad Sci U S A. 1997 16. Yanaka A, et al. Dietary sulforaphane- blogspot.com.br/2013/09/quais-sao-
rich broccoli sprouts reduce colonization as-sementes-que-germinam-nas.html#.
» Manteiga ghee para untar a 4. Yanaka A, et al. Dietary sulforaphane-
rich broccoli sprouts reduce colonization
and attenuate gastritis in Helicobacter WFgRB6OZNEI Acessado em: 26/01/2017
pylori-infected mice and humans. Cancer
frigideira and attenuate gastritis in Helicobacter Prev Res (Phila), 2009. DOI: 10.1158/1940- 31. Soleil Dr. “Você sabe se alimentar?” Ed
pylori-infected mice and humans. Cancer 6207.CAPR-08-0192. Paulus, 1992
Prev Res (Phila), 2009. DOI: 10.1158/1940-
6207.CAPR-08-0192. 17. Erzinger MM, et al. Sulforaphane 32. Clarke JD, et al. Multi-targeted
Preparo: Preconditioning Sensitizes Human Colon prevention of cancer by sulforaphane.
5. Rankin LC, et al. The transcription factor Cancer Cells towards the Bioreductive Cancer Lett. 2008. DOI: 10.1016/j.
T-bet is essential for the development Anticancer Prodrug PR-104A. PLOS ONE, canlet.2008.04.018
» Em um bowl temperar of NKp46+ innate lymphocytes via the 2016. DOI:10.1371/journal.pone.0150219
o ovo com o curry, sal e Notch pathway. Nat Immunol, 2013. DOI: 33. Bau HM, et al. Effect of Germination
10.1038/ni.2545 18. Li Y, et al. Sulforaphane, a dietary on Chemical Composition, Biochemical
pimenta. Bater rapidamente component of broccoli/broccoli sprouts, Constituents and Antinutritional
6. Kim DK, et al. Total polyphenols, inhibits breast cancer stem cells. Clin Factors of Soya Bean (Glycine
apenas para homogeneizar antioxidant and antiproliferative activities Cancer Res. 2010 doi: 10.1158/1078-0432. max) Seeds. Science of Food and
of different extracts in mungbean seeds CCR-09-2937 Agriculture, 1997. DOI: 10.1002/
os temperos. Acrescentar and sprouts. Plant Foods Hum Nutr, 2012. (SICI)1097-0010(199701)73:1<1::AID-
a couve-flor processada e DOI: 10.1007/s11130-011-0273-x 19. Bae SC, et al. Inadequate antioxidant JSFA694>3.0.CO;2-B
nutrient intake and altered plasma
misturar bem. Aquecer uma 7. Egner PA, et al. Bioavailability of antioxidant status of rheumatoid arthritis 34. Vidal-Valverde, et al. New functional
sulforaphane from two broccoli sprout patients. J Am Coll Nutr. 2003 legume foods by germination: effect
frigideira grande (mínimo beverages: Results of a short term, cross- on the nutritive value of beans, lentils

30cm de diâmetro), untar over clinical trial in Qidong, China. Cancer


Prev Res (Phila), 2011. DOI: 10.1158/1940-
20. Maier CM, Chan PH. Role of
superoxide dismutases in oxidative
and peas. European Food Research and
Technology, 2002. DOI: 10.1007/s00217-
com a ghee e baixar o 6207.CAPR-10-0296 damage and neurodegenerative disorders. 002-0602-2
Neuroscientist. 2002
fogo. Com auxílio de uma 8. Yanaka A, et al. Dietary sulforaphane- 35. Angeloni C, et al. Modulation of phase
rich broccoli sprouts reduce colonization 21. Fattman CL, et al. Extracellular II enzymes by sulforaphane: implications
colher grande dividir em and attenuate gastritis in Helicobacter superoxide dismutase in biology and for its cardioprotective potential. J Agric

duas porções organizadas pylori-infected mice and humans. Cancer


Prev Res (Phila), 2009. DOI: 10.1158/1940-
medicine.Free Radic Biol Med. 2003.
Chung, J. M. The role of reactive oxygen
Food Chem, 2009. DOI: 10.1021/jf900549c

na frigideira em forma 6207.CAPR-08-0192 species (ROS) in persistent pain. Molecular 36. Banerjee S, et al. 3,3'-Diindolylmethane
Interventions, 2004. DOI: 10.1124/mi.4.5.3 enhances chemosensitivity of
de discos mais altos, 9. Jed W. Fahey, et al. Broccoli multiple chemotherapeutic agents in
sprouts: An exceptionally rich source 22. Bar-Sela G, et al. The Medical Use of pancreatic cancer. 3,3'-Diindolylmethane
aumentar o fogo para médio of inducers of enzymes that protect Wheatgrass: Review of the Gap Between enhances chemosensitivity of multiple
(não utilizar o suco que against chemical carcinogens. PNAS, 1997 Basic and Clinical Applications. Mini Rev
Med Chem, 2015
chemotherapeutic agents in pancreatic
cancer, 2009. DOI: 10.1158/0008-5472.
resta no fundo do bowl). 10. Bauman JE, et al. Prevention of CAN-09-0838
Carcinogen-Induced Oral Cancer by 23. Marsili V, et al. Nutritional relevance
Tampar por 1 minuto, Sulforaphane. Cancer Prevention of wheat sprouts containing high levels 37. Bhattacharya A, et al. Inhibition of
Research, 2016. DOI:10.1158/1940-6207. of organic phosphates and antioxidant bladder cancer development by allyl
virar cuidadosamente com CAPR-15-0290 compounds. J Clin Gastroenterol. 2004. isothiocyanate. Carcinogenesis, 2010. DOI:
uma espátula e tampar 10.1093/carcin/bgp303
11. Erzinger MM, et al. Sulforaphane 24- Calzuola I, et al. Synthesis of
novamente até que a base Preconditioning Sensitizes Human Colon antioxidants in wheat sprouts. J Agric 38. Bryant CS, et al. Sulforaphane induces
Cancer Cells towards the Bioreductive Food Chem. 2004 cell cycle arrest by protecting RB-E2F-1
fique firme. E então, desligar Anticancer Prodrug PR-104A. PLOS ONE, complex in epithelial ovarian cancer
2016. DOI:10.1371/journal.pone.0150219 25. Peryt B, et al. Mechanism of cells. Molecular Cancer, 2010. DOI:
o fogo. antimutagenicity of wheat sprout extracts. 10.1186/1476-4598-9-47
12. Rajendran P, et al. Nrf2 status Mutat Res.1992 DOI:10.1016/0027-
affects tumor growth, HDAC3 gene 5107(92)90201-C 39. Cornelis MC, et al. GSTT1 genotype
promoter associations, and the response modifies the association between
Finalização: to sulforaphane in the colon. Clinical 26. Peryt B, et al. Antimutagenic effects of cruciferous vegetable intake and the
Epigenetics, 2015. DOI:10.1186/s13148- several subfractions of extract from wheat risk of myocardial infarction. Am J Clin
» Dispor as bases nos pratos. 015-0132-y sprout toward benzo[a]pyrene-induced Nutr, 2007
mutagenicity in strain TA98 of Salmonella
Dividir o topping sobre as typhimurium. Mutat Res.1988. DOI:

bases, acrescentar os brotos


de brócolis e regar com Mais informações
azeite de oliva extra virgem. Associação Terrapia >> terrapia.com.br/sobre-nos • Culinária Viva >> culinariaviva.com
“Re-ciclando a terra” >> panelasdecapim.blogspot.com.br • “Agora, vamos “brotar” pra quebrar!!!” >> panelasdecapim.blogspot.com.br

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 87
ARTIGO

MOTIVAÇÃO
Uma das habilidades mais valiosas que pode- Um antigo provérbio Persa diz:
mos desenvolver, a partir de uma profunda auto-
observação para sabermos o que realmente quere- PROCURANDO E ENCONTRANDO
mos, é a habilidade de dirigir nossa Atenção Volun- “Finalmente o buscador se
tária para este objetivo, sem nos distrairmos com o transformará naquele que encontra.”
que “não queremos”, sem nos distrairmos com os
“Encontrarás o que estás buscando
que vão ao nosso lado perseguindo seus próprios
sonhos: Ser um “expert” em perceber claramente o se continuas buscando. Existe
nosso querer mais profundo nas circunstâncias que apenas um pequeno requisito: deves
nos vão sendo apresentadas na vida, e então, dirigir saber o que você procura, saber onde
nossa Atenção a isto, alinhando nossas forças físi- está, e saber como encontrá-lo."
cas, mentais emocionais e espirituais nessa direção;
isto é o que chamamos de “Intenção Inteligente”.
Antes de qualquer meditação sobre o tema “moti-
Um ditado antigo propõe que: “Nossa tarefa é saber vação”, deve-se poder compreender a necessidade
o que realmente queremos e atender a isto transfor- imperativa de conhecer-se profudamente o sufi-
mando-a em uma intenção, e então, o Cosmos se ciente para poder perceber o que realmente quere-
ocupará que chegue até nós...” mos... Este “Perceber-se” de acordo com a maioria

88 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Motivação

dos sistemas que promovem o desenvolvimento da atenção, termina por ser a base metodológica para o
consciência, depende de uma metodologia precisa, sucesso final... Ou seja, a meta que ansiamos, torna-
a qual deve ser ensinada e praticada com a exatidão -se espontaneamente presente em nossa Consciên-
que o ser humano merece. Após este Conhecimento cia-Atenção, sendo fácil recordá-la amiúdo e assim
preciso de si, em especial de nosso Eu Quero mais dedicar-nos a ela... Também se converte em algo fácil
Essencial, poderemos contar com algo muito potente a virtude da paciência... Descrevemos a paciência
que emerge a partir do nosso próprio ser interno... como: A capacidade de mantermo-nos na direção da
meta concebida, apesar das frustrações imediatas...
Essa potência surge graças à ação de uma das “leis A partir do Poder da Paciência, é natural que emerja
básicas da evolução”, a qual determina que: “A neces- a capacidade da tenacidade e perseverança... São
sidade real evoca o potencial latente para preencher poderes interiores latentes em todos os seres huma-
tal necessidade”... A primeira Característica central nos, os quais surgem espontaneamente e não como
de uma necessidade real é que ela provém da mesma um esforço terrível que substitui a real vontade... Este
interioridade do ser humano, transcendendo seus esforço e tensão no necessário são comuns, mas
condicionamentos e doutrinação, dogmas que ditam apenas ao fazermos as coisas que não queremos
as falsas necessidades... Em realidade, a necessi- desde a Essência... A Vontade Real é algo que surge
dade real é uma necessidade Essencial, um "impulso naturalmente como a "disciplina de um amante"...
sagrado" que flui através de todo nosso sistema, que
provoca e libera o potencial latente já existente em Quando integramos em nossa Consciência esta
nosso âmago. É o Impulso que se acaso pudésse- Vontade profunda, conhecemos e entendemos o
mos nos render a ele, existiríamos de acordo com o querer mais real... E um querer livre do que nos foi
chamado mais profundo da nossa Essência... inculcado pela cultura como o que "deveríamos
querer ou não querer", livre da hipocrisia que se dá
Não falamos apenas de metas muito espirituais ou com o fazer de conta que não queremos o que, sim
elevadas, mas também de metas como a saúde, o queremos... É através desta integração que esta
bem-estar, a harmonia, a paz, a abundância, anseio Força torna-se alinhada em nós e assim todo o nosso
de servir aos demais e ter poder para isto. Estas sistema responde a ela, caminha em direção a ela...
metas por si só são também essenciais, elas emer-
gem na Consciência atenta, como uma vontade Isto corresponde a um “Querer algo com todo o nosso
real e profunda em nós. O Poder interior, evocado e ser”, um querer sem contrações e conflitos internos,
acordado por estas Necessidades reais permanece- sem contrastes, sem dualidades ou dúvidas... Isto faz
ria passivo se não fosse por este potente Impulso com que todas as esferas do humano, em especial do
Sagrado fluindo em nosso existir e alcançando a sistema nervoso e o cérebro ativem-se em unidade,
Consciência mais livre e clarificada. em apenas uma direção. Esta unidade interna é muito
poderosa e é criadora de uma grande força interior
A segunda característica desta necessidade Essen- que nos leva adiante, uma grande motivação...
cial quando é captada e percebida pela Consciência
de um real “buscador de si”, é que se torna difícil de Esta motivação é algo que facilmente moveria o
abandoná-la, ou seja, desatendê-la e não dedicarmos humano em direção a tudo que ele anseia, é um
a ela, já que uma vez que a conhecemos, nossos poder que está sempre latente em nós, mas nossa
órgãos de percepção interior a contemplam com feli- educação não nos ajudou muito para desenvolvê-la e
cidade e facilidade... Este ato de contemplação inte- ativá-la. Nossa educação foi cheia de manipulações
rior pode parecer com o sonhar acordado, mas, longe nas quais outros, nossos mentores tentaram impor
de que isto seja uma ilusão decepcionante, esta enge- sua vontade em nós, inibindo e não provocando o
nharia da imaginação, esta concepção construtiva de emergir do poder da vontade verdadeira... Fomos
si conseguindo aquilo que se anseia, assim como o educados, ou melhor, “mal educados” através de um
ato de manter esta concepção suficiente tempo sob sistema motivacional que corresponde à educação

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 89
ARTIGO

animal, onde se usa a expectativa do prêmio e do de fantasias automáticas do futuro. Este sistema
castigo para fazer com que o animal obedeça. Este educacional denominado “chicote e cenoura” obvia-
mecanismo “motivacional” tão primitivo, quase sufo- mente evoca em nós as reações de culpa e da ambi-
cou as chances da ativação e de desenvolvimento do ção desmedida.
mecanismo propriamente Humano de estimulação,
ou seja, o sistema da Vontade que está baseado na A possibilidade do autodesenvolvimento também
Consciência e no livre arbítrio, justamente os Atribu- poderia ter sido completamente anulada por ter-se
tos que nos tornam humanos. aprendido incorretamente, por exemplo, que os dese-
jos mais essenciais são maus e não devem existir, ou
Por outro lado, este método animal de motivação qualquer outro tipo distorcido de aprendizagem sobre
estimulou de forma desequilibrada a atividade de nós mesmos, que nos leve a reprimir nossa Vontade
circuitos neurais que são causadores de um tipo profunda, ou que crie culpa e vergonha sobre nossa
de reação nervosa, responsáveis por uma visão Vontade mais essencial.
do futuro automática onde se colocam cenários
mentais catastróficos quando cremos merecermos Se alcançarmos este autoconhecimento baseado na
castigos. Estes cenários geram todos os tipos de Consciência dos desejos mais profundos, e assim
reações nervosas, emocionais, instintivas, uma vez alcançarmos uma unidade interna sem contradições
que a mente primitiva não diferencia a imaginação da e dúvidas acerca tanto do poder querer livremente
realidade, assim que, a todo o momento, o sistema como do poder conseguir o que queremos, podere-
nervoso e o cérebro estão reagindo a esses tipos mos mentalmente Conceber criativamente e constru-
tivamente este anseio, gerando assim uma potente
Intenção... A Intenção como as pessoas a vivem está
relacionada com o querer forçar os outros, as situa-

90 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Motivação

ções e a si próprio a seguir caminhos que pretendem Compara também nossas emoções com os cavalos
ser os que “devem ser”, ou seja, crenças aprendidas que movem e motivam o todo, em direção a estas
segundo o doutrinamento do qual são fruto. A Inten- metas do Amo. Se eles seguem o destino essencial,
ção da qual falamos é outra coisa muito diferente... esses cavalos podem evolucionar a tal grado nas
A Intenção aqui a qual nos referimos é a Capacidade mãos do amo que chegam a ter azas, ou seja, se
proveniente da integração do impulso profundo da transformam em algo divino. Este cavalo alado se
Vontade, unificado a uma clara percepção e reconhe- chama Borak nas tradições do oriente. Se são mal
cimento pela Consciência desperta e a possibilidade nutridos ou estão desnutridos e nas mãos de um
de Conceber este Objetivo ou Meta almejada como se cocheiro inepto, terminam implorando amor a qual-
ela já estivesse ocorrendo. A prova de que estamos quer que se lhes acerque. O nome, Destino Essencial,
funcionando a partir desta integração descrita ante- é para diferenciar do “destino acidental”, ou seja, o
riormente é que esta Concepção pode provocar em que ocorre com aqueles regidos por seus condicio-
nós o sentir dos estados mais emocionais, incluindo namentos adquiridos, hábitos, padrões automáticos
a gratidão que teríamos quando o que ansiamos já dominantes, o destino de quem vive na inércia, satis-
estivesse acontecendo. Sentimos “como se” o que feitos excessivamente em seus estados primitivos de
queremos, já esteja realizado. desenvolvimento.

Isso por séculos foi chamado de Fé, Confiança, Neste tipo de humano é onde o “Amo”, nosso Ser
Certeza, Esperança, pela simples razão de que é uma Verdadeiro e Essencial não tem lugar, nem voz de
“Visão” sem dualidade, sem dúvidas, sem contrastes; comando. É um estado de consciência muito primi-
como já ouviram falar, a Fé move montanhas... Por tivo, é chamado de eu secundário adquirido habitual
que então não nos moveria em direção para o que e dominante.... Este é o estado no qual a maioria dos
sim ansiamos? seres humanos existem. Em um estado de consciên-
cia, ou melhor, de inconsciência do Ser Verdadeiro, no
Uma alegoria antiga, nos mostra qual as pessoas que existem nele são “vítimas”, não
uma “Concepção Construtiva - apenas do mundo, mas de seus estados emocionais,
Criativa” sobre o ser humano acreditando que suas reações emocionais e sofri-
como um todo compreensível e mentos são o resultado do que o mundo é, os efeitos
funcional. Ela compara o corpo internos do que passa externamente.
humano a uma carruagem. Não percebem que seu sofrimento é causado pelo
A mente e o cérebro seriam o funcionamento de sua percepção... O nível de desen-
cocheiro que conduz os cavalos, volvimento da consciência que segue a este estado
as rédeas seriam o método de tão primário é chamado de Eu Observador... Aqui é
comunicação especial entre o quando o indivíduo está mais desperto e se dá conta
cocheiro e os cavalos – o Amo e de seus mecanismos mentais, suas crenças e para-
Senhor deste Veículo tão complexo digmas, se dá conta de suas reações mecânicas e
interpretações, se dá conta de suas fantasias, expec-
representando nosso Eu Real e
tativas, frustrações, percebe com mais claridade seu
Superior que usa o Veículo para
diálogo interno incessante, descrevendo erronea-
chegar a seu Destino Específico, mente ou limitadamente o que está acontecendo no
no caso, um destino evolutivo ou mundo e a si mesmo... É o estado de Consciência em
como foi chamado desde sempre que se pode perceber todo este mecanismo mental
e com muitos nomes diferentes, condicionado e automático e como este mecanismo
“destino essencial”. reativo gera a experiência emocional e física na qual
vive. O Ser humano que alcançou este estado de

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 91
ARTIGO

consciência do “eu Observador” já não é mais uma sendo um pacote de dados genéticos e um ego resul-
vítima. De agora em diante, a partir de sua Consciên- tante e baseado na aquisição de experiências e influ-
cia mais desperta, torna-se mais e mais livre, e a partir ências provenientes do mundo externo.
desta liberdade pode começar a gerar sua experiên-
cia interna, física, mental e emocional de forma mais No núcleo desta “psicologia profunda e essencial”
intencional... Mas, mesmo que muito positiva, esta residem conceitos que mostram que o ser humano
etapa de Consciência é apenas a segunda de muitas pode funcionar em muitos níveis diferentes de Ser
outras etapas mais sutis e profundas... A seguinte e de Consciência, e muito além do que o paradigma
fase a chamamos de Eu Inspirado... É um passo atual sobre o humano pretende que ser possível... O
muito mais essencial e útil já que é quando a Essên- dano causado pelo apego aos paradigmas reducio-
cia mais Alta, nosso Ser verdadeiro, começa a mani- nistas é gigante, já que ao tomarmos essas crenças
festar-se na Consciência.... Quando o domínio antes limitantes como verdade absoluta sobre nós, nos
possuído pelo eu adquirido e habitual é passado para tornamos cegos para nossa verdadeira natureza e
as mãos do Eu Essencial... E quando esta Identidade nossas verdadeiras possibilidades, caindo em uma
sublime, nosso Ser real, nosso Amo real, começa a grande impotência e negatividade tanto acerca de si
tomar o controle do sistema humano, dirigindo-o até mesmo como da humanidade como um todo...
sua meta mais Alta... Um dos aspectos mais importantes para o êxito
Nesta etapa, somos regidos por dois claros estados do ser humano em suas empresas, tanto internas
e pela sensação que nos dirigem com sabedoria... A e evolutivas como externas, é o liberar-se destas
primeira é a sensação interna de entusiasmo que nos negatividades e limitações baseadas em suas falsas
indica que seguir por onde concebemos é correto, crenças e paradigmas limitantes, liberar-se da dúvida
saudável, harmônico com nosso Ser... A segunda que estas crenças geram acerca do “poder interno”
sensação e estado guia é a de uma depressão bios- que todos somos... Ou seja, da dúvida de si que gera
sistêmica que nos guia a deter-nos se algo não se todo tipo de preocupações desnecessárias, medo do
ajusta às intenções do Amo. Ou seja, vamos em futuro, estados negativos muito comuns nas pessoas
direção ao que nos dá entusiasmo, sendo esta uma que vivem como verdade absoluta as ilusões tanto de
grande e natural motivação, e nos desviamos do que carência quanto de impotência.
nos dá esta depressão sistêmica. Na primeira etapa, Entender e trabalhar nestes apectos humanos nos
a do eu habitual dominante, ao invés de sermos regi- permite desenvolver e usar um tipo de auto alinha-
dos pela Essência, somos dominados e comandados mento que chamamos de “unidade interna”, ou
por um punhado de padrões e hábitos adquiridos com seja, que o “Amo, cocheiro, cavalos e carruagem”
o qual nos identificamos erroneamente, já que nosso trabalhem em unissonância, alinhados entre si em
verdadeiro idêntico/identidade é o Eu Essencial... Na harmonia, em direção às metas que o Amo inspira
etapa do Eu Inspirado, inicia-se sobre o nosso ser o ao Cocheiro.
domínio da Essência mais alta, o verdadeiro Ser. É
obvio que esta etapa de evolução está aberta a todos Por séculos, este tem sido o segredo do Poder
o seres humanos sem distinção, mas é algo que deve interno de muitos... Talvez isto seja o mais parecido
ser buscado, algo pelo qual temos que Trabalhar. com a Fé, Certeza verdadeira que muitos tentaram
expressar...
Esta metáfora tão antiga contém muitos níveis de
compreensão e foi um mapa para o Trabalho de Este estado de Ser e de Consciência é superior ao da
evolução da Consciência realizado por aqueles que esperança. Se pudermos colocar a mente e o sentir,
praticavam uma psicologia profunda, essencial, espi- a sensação sentida, tudo unificado e em uma dire-
ritual que considera o Humano como um ser que vai ção previamente concebida, mesmo que seja por
muito além da estreita, e até pessimista, definição de segundos, podemos conseguir algo muito grande...
“animal racional”, ou dos conceitos do Humano como Os milagres não acontecem para nós, mas sim são

92 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Motivação

produzidos por nós, pelo Amor, a Vontade Essencial Dessa maneira, o mais importante para começar a
unificada que provoca e gera a ativação e manifesta- usar estas capacidades latentes do ser humano é
ção dos poderes da Essência. integrar na Consciência o sentir do impulso do Eu
Quero e então permitir que a Consciência identifique
Isso faria que, como o ímã faz com as limalhas, tudo e decodifique o real Querer, Saber de forma direta e
se organize ao redor de nossa intenção Unificada... intuitiva este Eu Quero.
Tornar-nos-íamos como “supercondutores” da Essên-
cia, sem nada que se contraponha ao seu poder em Isso é feito atendendo ao sentir do querer, ignorando
nosso interior. ao mesmo tempo as interpretações habituais, sem
interpretar com as associações habituais, ignorando
Desde os bruxos da Amazônia aos grandes xamãs as associações comuns... Perguntando a partir do
chineses, hindus, africanos, todos os estudos indi- estado de Consciência do “saber que não se sabe” o
cam que a unificação de todos os "centros nervo- que é isso que sentimos?... Logo em seguida, simples-
sos" do sistema humano assim como a unificação mente sentir e atender ao impulso da vontade, espe-
de diversas áreas cerebrais são os denominadores rando a revelação, a inspiração proveniente de nosso
comuns na ativação e uso de seus poderes... Usam Ser essencial.
uma grande quantidade de rituais para poder atender
concentradamente e unificar todas essas partes inte- Estando no estado de Consciência onde "sabemos
riores em uma só direção... que não sabemos", podemos estar em silêncio inte-
rior, ignorando o diálogo interno habitual, atendendo
Muita gente se preocupa com a motivação em si o que surge diretamente desde a Essência... Claro
mesma, ou seja, segundo a metáfora que vimos, a que tudo isso é uma experiência e uma metodologia
força com que puxam os “cavalos”. Muitos se esque- precisa, mas perfeitamente possível para todos que a
cem que sem o saber concreto do que se quer, por anseiam... Uma vez entendida e praticada, a integra-
mais força que os cavalos tenham, não chegaremos ção continuará de forma natural e espontânea.
a nenhum lugar... Isto é, a direção onde queremos ir, e
a meta que o “cocheiro”/mente deve conceber, visua- O Cocheiro deve estar preparado e aberto para perce-
lizar com claridade e que flui desde o Amo. Devemos ber e organizar os desejos e mensagens do Amo.
recordar que este objetivo deve ser inspirado pelo Como dissemos, esta Unificação Interna é percebida
Amo, sendo este a parte mais profunda e essencial pelos sábios de antigamente e também pelos cientis-
de nós... Sem que estes elementos antes menciona- tas de hoje como a razão básica do êxito definitivo na
dos sejam postos juntos e em proporção, tal como realização de qualquer empreendimento que quiser-
se faz um bolo bem feito, esta força dos cavalos sem mos. Logo que o Cocheiro sinta e entenda o Eu Quero
a própria direção pode nos levar a muitos caminhos do Amo, em seguida, deve transmitir a direção aos
negativos para o sistema humano como um todo... "cavalos".
Rumi, um poeta Su-fi nos disse: "O desejo é como
o fogo, se está fora de controle e direção, consome O Intelecto deve usar símbolos que são concebidos
tudo, queima tudo. Se está contido e em proporção é pela faculdade da imaginação voluntária e criativa...
como uma brasa que se pode usar, aquecermos-nos Nunca é uma ação mental proveniente da imaginação
com ela, também cozinhar e ferver água". mecânica e automática... As rédeas que comunicam
o cocheiro com os cavalos os conduzem sabiamente,
A Fé, se é positiva se chama de Concepção Cons- graças à comunicação das ordens que o cocheiro
trutiva, se é negativa a chamamos de “concepção recebe do Amo...
destrutiva”. O método para que possamos discernir
entre elas nos mostra a verdadeira necessidade de Estas "rédeas" então são equivalentes a certas habi-
uma auto-observação profunda e de um conheci- lidades do nosso cérebro, responsáveis por muitos
mento do nosso sistema, mental, físico, emocional efeitos positivos sobre nossas vidas, tais como o
como um todo Interativo...

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 93
ARTIGO

efeito placebo. Igualmente, se o “cocheiro” sábio Muitas pessoas acreditam que há um grande valor
não toma em suas mãos estas "rédeas" é possível em fazer uma dieta ou exercício com base no que
que se produzam efeitos nocivos, tal como o efeito chamam de "força de vontade", enfrentando proble-
"nocebo"... Tudo depende de como a mente "confi- mas muitas vezes gerados pela própria mente
gura", concebe o êxito final, o “futuro”, seja a curto, a como se fossem heróis. Desafiando o sofrer gerado
médio e a longo prazo. pela imaginação, vão em frente apesar de que seu
sistema esteja evitando a todo custo este "futuro
Isto é fundamental que se compreenda. Se deseja- sofrido imaginado”.
mos, por exemplo, fazer uma dieta, nos exercitar-
mos, mudar de estilo de vida, existir de uma forma Isto é contraproducente, é pura tensão desnecessá-
mais saudável e digna, a primeira coisa a conseguir é ria, já que com uma auto-observação honesta, com
um entendimento preciso de nosso sistema interno, um sincero desejo de conhecer-se de verdade pode-
nosso "maquinário", por assim dizer. Sem esse riam começar a entender como funciona seu sistema
“conhecer-se” tudo ficaria ao acaso. motivacional e começar a funcionar em harmonia
com os “cavalos”, que puxariam a carruagem em
Um exemplo específico poderia ser quando fazemos direção aonde “sim” queremos chegar desde nosso
uma dieta... Se este “querer” for um impulso mais ser mas profundo... É pela razão antes explicada, ou
profundo, associado à consciência de nossas neces- seja, pelo fato de construir cenários e expectativas
sidades na área da saúde e harmonia, tanto corporal de sofrimento na mente que ativamos no sistema
quanto mental, simultaneamente, o nosso "cocheiro" nervoso o instinto de hesitação, justamente o
pode conceber ou imaginar um futuro específico ou impulso que contradiz o rumo que ansiamos.
formar expectativas negativas onde imagina cená-
rios em que estejamos sofrendo... Imagina que esta- Também é por este motivo que apenas algumas
mos cheios de emoções negativas causadas pelas pessoas parecem ter a "força de vontade" suficiente
frustrações que as restrições impostas pela dieta para fazer certas coisas e chegar ao final desejado...
nos causa. Mas, se soubéssemos como usar nossa Atenção de
forma voluntária, e assim poder usar nossa mente
Também pode ser que um dos cenários negativos e emoções na direção que ansiamos desde a Cons-
seja de que falhemos na tentativa de levar a cabo ciência do nosso Ser mais profundo, então, todo o
a dieta, esta fantasia de fracasso de antemão nos processo em direção ao logro final do que almeja-
engendrará grande raiva e depressão. Obviamente, mos seria muito diferente.. Muito mais livre de falsos
com todas essas expectativas negativas de sofri- problemas e fácil.
mento, o que vamos sentir no presente é uma grande
hesitação/aversão ao que cremos que seja a fonte de Muitas pessoas até se orgulham deste sofrer pelo
todo esse sofrimento, no caso, a dieta. esforço, apesar de ser infrutífero, cheio de tensão,
estresse, fracasso... Este tipo de orgulho parece um
Isso acontece pelo simples fato de que este tipo “prêmio de consolação” com o que se contentam em
de imaginação de sofrimento irá ativar e disparar o vez de buscar com inteligência a causa real para a
sistema instintivo do “evitar da dor”, ou seja, vai exci- falta de êxito...
tar instintivamente e automaticamente emoções, tais
como as de medo, raiva, ansiedade. Muitos de nós fizemos esforços sem a sabedoria
necessária para alcançar a meta arquejada; mas
Os cavalos da nossa metáfora sairão disparados, muitos seguem crendo que o que importa é o esforço
exatamente em direção oposta da meta que se anseia a partir da força bruta e não a partir de uma sabedo-
alcançar... Seria complicadíssimo decidir “fazer uma ria mais refinada, com a qual o ser humano merece
dieta” com esta emoção e motivação de hesitação desenvolver-se...
ativada. Assim se geram os conflitos internos.

94 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Motivação

Muitas dessas crenças falsas e limitantes, ideias para comer justamente quando não queremos, obvia-
ignorantes e falsos paradigmas tornam a vida das mente esta área instintiva do sistema humano de
pessoas muito difícil... Estes erros de percepção é o supervivência nada sabe de nosso propósito de fazer
que torna quase impossível para muitos que consi- dieta... Por não saber como comunicarmos interna-
gam o que querem sem importar o quanto lutem para mente com nós mesmos e como levar a cabo esta
isto. Quando fracassam, os culpam e culpam a si intenção, unificando nossas áreas internas em uma
mesmos, incrementando assim suas crenças negati- mesma direção e sem demasiados conflitos, chega-
vas sobre si, as dúvidas sobre suas possibilidades e mos a acreditar que há algo em nós, como um inimigo
capacidades, o medo do futuro, a raiva por ser quem interno que não quer que consigamos o que anela-
creem em sua pouca consciência de si, de como são. mos, que nos sabota e com o qual temos que brigar
eternamente. Mas não é assim... Simplesmente não
Se soubessem que o errado é o que está em suas sabemos como usar o nosso incrível "computador"
crenças, ideias aprendidas de terceiros e não neles interno, é até medíocre comparar com um computa-
como seres, tudo seria muito diferente. A maioria dor um sistema infinitamente mais sofisticado como
termina por acreditar que não tem a força de vontade é o nosso sistema nervoso, nosso "coração" e nosso
necessária, o comprometimento, o poder neces- cérebro.
sário para levar a cabo uma disciplina. Não sabem
que o que realmente falta é o Saber mais sobre si Se soubéssemos como nos conhecer e logo nos diri-
mesmos e sobre como manejar suas capacidades na gir para onde queremos, este sistema grandioso que
direção almejada. Se apegam a slogans supérfluos somos, se nós usássemos a atenção, vontade e livre
do estilo “querer é poder” e assim, mais se complica arbítrio para decidir atender o que “sim” queremos,
a vida. Muita gente tem fracassado em seus inten- por exemplo, o que sim queremos comer em nossa
tos por alcançar quase qualquer coisa, somente por dieta, atender a visão/concepção de nós mesmos
estas distorções perceptivas, caindo no cinismo em havendo chegado ao que SIM queremos, chegando a
relação ao que querem... Desistem do que querem, sentir com a sensação e emoção como se já houvés-
fingindo não querer, só porque acham que não se semos alcançado nossa meta querida, então tudo
pode, conseguindo assim que a profecia negativa em nossas vidas seria muito mais fácil, já que além
feita por eles mesmos se autorrealize. da unidade interna conseguida com este “Saber”, o
macro e o micro cosmos estariam também unidos,
Podemos ver o efeito da ignorância de como funcio- ressoariam um com o outro, estando nesse estado de
namos e da ignorância de como levamos a cabo um ressonância a maneira como se dá a sincronicidade.
esforço inteligentemente no fato de querer fazer
uma dieta, com as melhores intenções, mas crer ao É nesse estado de unidade interno, de intenção, aten-
mesmo tempo que a chave é estar obcecado, por ção e concepção criativa e construtiva, onde ocorre
exemplo, com o que "não devemos comer”. Quando o despertar de nossas capacidades e poderes dispo-
funcionamos assim fica muito difícil deixar de pensar níveis e latentes no Ser Humano... Outro exemplo é
na comida “proibida”. quando queremos nos liberar de algum tipo de vício,
de adições, hábitos...
Aqui a questão é que o "Não" não é possível conceber,
não podemos imaginar o "não plantar uma árvore", Se quiséssemos, por exemplo, deixar de fumar, auto-
imaginamos justamente isto que não queremos, ou maticamente começaremos a conceber e imaginar em
seja, plantar uma árvore... Quando concebemos o nosso futuro uma série de cenários que contenham
que “não queremos fazer”, terminamos justamente em si todo tipo de informação e sugestão acerca da
atraídos, impulsionados ao que imaginamos. enorme quantidade de dificuldades e sofrimentos que
vamos experimentar por causa desta decisão, a qual,
Imaginar "não comer" é na realidade, imaginar sem dúvida foi tomada com algo de consciência e
"comer", então ocorre o disparo de uma série de desejo de bem para com nós mesmos e nossa saúde.
reações instintivas em nosso corpo que se prepara

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 95
ARTIGO

Podemos, por exemplo, imaginar um futuro onde ção em direção às metas que queremos, uma vez que
estamos em uma festa muito frustrados, "loucos de as fantasias e expectativas de sofrimento despertam
desejo de fumar", tensos e incapazes de desfrutar e as reações instintivas de evitar de sofrer, reações de
conviver, ou simplesmente sem poder nos controlar aversão... Ansiaremos sair correndo deste futuro que
para logo fracassar e cair novamente no vício com o imaginamos.
consequente sentimento de culpa e vergonha. Obvia-
mente estes tipos de fantasias do futuro somente Se queremos algo verdadeiramente, havemos que
podem ativar em nós o instinto, o medo... Querere- querer unificar na mesma direção todo o sistema
mos sair correndo de tudo isso. humano, isto é, mente/visão/concepção, a imagina-
ção, as emoções e as sensações, as ações, sentindo
Com estas expectativas na mente é provável que tal como se já tivéssemos alcançado essa aspiração,
sintamos no presente todos os estados físicos, esta é a Fé útil e Real.
mentais e emocionais como se estes cenários já
estivessem ocorrendo, ou seja, estas expectativas Pode haver ideias e crenças que vão a direções opos-
e profecias negativas criadas na mente de forma tas, elas são o que chamamos de “contrastes”. O
automática estarão se autorrealizando em termos ponto é que temos que descobri-las, trazê-las à luz da
de estados negativos e todo o nosso sistema estaria Consciência e deixá-las ir, sabendo que são apenas
reagindo negativamente, nos levando para um cami- crenças e não a verdade ou realidade, ou seja, não
nho oposto ao que queremos. tem nenhum valor... Como já foi explicado antes,
muitos tentam conseguir disciplina e conseguir levar
Graças ao crer cegamente que não poderemos a cabo certas coisas na vida a partir do sistema condi-
enfrentar tais sofrimentos imaginados e crer que cionado animal, ou seja, usando o ardil do "chicote/
deixar de fumar é impossível ou muito difícil, é que cenoura", ou seja, castigo/ameaça e prêmio/ambi-
esta profecia se autorrealiza em nossa experiência, ção/esperança vã, mas assim, e com este sistema
confirmando assim as expectativas formadas na retrógrado, só se autoestimulam de forma negativa
mente. Esta é a fé negativa. Mas, o oposto também todo tipo de sistemas/circuitos neurais no cérebro
é uma realidade possível de se experimentar. Se e no sistema nervoso, a homeostase do sistema
aplicarmos o conhecimento e a sabedoria de como nervoso e do todo humano se perdem já que circuitos
manejar os mecanismos emocionais e mentais em que deveriam estar calmos e em equilíbrio, em home-
direção à realização de nossas intenções mais queri- ostase estão em desequilíbrio, extrema excitação,
das, nossas possibilidades de lograr o que almejamos mantendo assim o estado de estresse e tensão de
seria muito diferente, seria usando a Fé Essencial. todo o sistema humano, de forma crônica e perma-
nente, produzindo assim todo tipo de enfermidades
Teríamos que começar desapegados às crenças físicas e mentais...
de “normalidade” com que nos foram inculcando
e doutrinando e que pretendem que a “norma” seja Com este sistema de condicionamento e motivação
que todo este assunto de sermos livres de alguma estas redes neurais que comandam a resposta ao
adicção é muito difícil e só será realizada por alguns estresse saem fora de lugar e proporção, produzindo
privilegiados com um tipo de força de vontade férrea. muitas consequências negativas em nossas vidas e
que dificilmente voltam ao estado original que é o de
A palavra “motivação” se refere no caso às nossas harmonia e homeostase.
atitudes, mas também ao movimento que ocorre em
nosso sistema químico, elétrico, muscular, nervoso, Por outro lado, uma pessoa integrada, de consciên-
ou seja, ao movimento de todo o sistema humano em cia mais desperta, que é sensível e percebe o ser
uma direção específica. Essencial sabe que não adianta em nada impormos
ameaças e promessas vazias para tentar unificar-nos
O importante de entender é que com estas profecias e na direção da meta almejada.
cenários tão sofridos não há nenhum tipo de motiva-

96 R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed.
Motivação

A diferença entre a "disciplina baseada em ameaças


e promessas", comumente conhecida como "prêmio/
castigo" (ambição e medo), a base do condiciona-
mento animal, é a disciplina Amante – aquela que "Um Xerpa, carregando
se dá quando estamos mais despertos, mais claros uma grande e pesada carga,
sobre o quão grandiosos realmente somos como em um dia muito frio,
Humanos... Esta é a disciplina motivada pela Vontade encontra-se com uma garota
mais profunda, a Vontade de Bem, seja para com os com não mais de 10 anos de
outros ou para si mesmo, é o Amor no sentido mais
idade, que também estava
sutil que nos leva a metas e objetivos mais altos e
carregando seu irmãozinho
sublimes.
em seus ombros. O Xerpa
Esta Vontade de Bem pode cuidar da carruagem/ diz: Menina, que valente que
corpo dos cavalos/emoções, pode cuidar do você é! Sou um profissional
cocheiro/mente, pode cuidar dos planos do próprio e está me custando muito
Mestre... Pode arrumar/dar rumo a todos nós... Sem
carregar estes pacotes neste
dúvida de que esta "Boa Vontade” possa ser esten-
dia tão frio... Como você pode
dida aos outros humanos, e que se dá em um tipo
profundo de empatia, onde "empatamos" com os
carregar o seu irmãozinho
outros, nos igualamos aos demais como humanos de forma tão feliz por estas
que somos, podendo ansiar para eles o mesmo que montanhas tão frias? Não
ansiamos para nós, isso por si só representa uma estás cansada?
evolução importante da Consciência e um uso signi-
A menina responde com
ficativo de partes novas do cérebro humano...
um semblante cheio de
É a Compaixão no sentido mais profundo. Esta felicidade, “É que você
Compaixão deve ser aplicada para com nós mesmos carrega seus pacotes
primeiramente, logo será fácil distribuí-la. motivado pela obrigação
Quando estamos mais livres dos estados e emoções e para ganhar dinheiro,
mais primitivos, nosso sistema de percepção está eu carrego o meu irmão
mais suscetível à entrada de informações mais motivada por amor e desejo
sutis provenientes da nossa realidade mais interna. de bem, para que ele seja
Funcionamos então a partir de uma intuição mais mais feliz".
profunda e motivados através dos impulsos essen-
ciais que nos movem em direção à harmonia, saúde
abundância e evolução. Usamos o conceito de "disci-
plina do amante", como uma disciplina motivada pelo
amor, pelo anseio do gozo e que deve ser concebido
por uma mente clarificada... Também para mostrar Desejamos que todos nossos amigos,
um tipo de motivação e experiência completamente colaboradores e clientes possam ser
diferente do modelo da "disciplina" motivada pela tomados pelo Amor que vive em
adrenalina do medo e violência, da ambição fora de nosso interior de forma permanente,
lugar e proporção. e assim a desenvolverem-se nessa
disciplina sutil e digna do humano, já
Um conto sobre os Xerpas, um povo que vive no
que ele é o microcosmos e o amado
Himalaia, diz assim:
do Criador de todas as coisas.

R E V I S TA E S S E N T I A | 11 a ed. 97
Chocolift Be Complete foi concebida a partir do nosso desejo
de que todos percebam seus próprios atributos, traduzindo
o que desejamos a todo o ser humano: Be Alive possui
pedacinhos de berries e açaí, Be Brilliant leva um toque de
castanha-do-Pará, Be Powerful o sabor marcante dos nibs de
SUGAR cacau. Cada um foi criado único, a partir da combinação do
LACTOSE Be Unique, delicioso chocolate gourmet belga que traz em
GLUTEN sua composição whey protein, óleo de coco, puro cacau
TRANS FAT e fibras. Uma edição especial que desperta diferentes Edição especial | 8 Chocolifts
FREE sensações com os 4 sabores de Chocolift. 2 unidades de cada sabor
ESTAMOS
FAZENDO HISTÓRIA.
VOCÊ TAMBÉM
FAZ PARTE DELA.

Nosso crescimento é do tamanho do nosso


propósito. Desenvolvimento e inovação nos faz
crescer, mas o que nos tornou a maior farmácia de
manipulação da América Latina foi a consistência
em nossos propósitos. Com a inauguração da nova
sede Essentia Pharma, são mais de 6.000m² que
reúnem a mais alta tecnologia e seres humanos de
talento, que cativam clientes e repercutem a
confiabilidade do nosso trabalho.

Essentia Pharma | 0800 724 9099 | essentia@essentia.com.br


essentia.com.br
Gostou?
Compartilhe

Você também pode gostar