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BIM 5D

1.0 INTRODUÇÃO

Building Information Modeling - BIM é um conjunto de políticas, processos e


tecnologias que, combinados, geram uma metodologia para gerenciar o processo de
projetar uma edificação ou instalação, e ensaiar seu desempenho, e analisar as
suas informações e dados, utilizando plataformas digitais (baseadas em objetos
virtuais), através de todo seu ciclo de vida.

Um modelo BIM é aplicável a todo o ciclo de vida de um empreendimento, desde a


concepção e a conceituação de uma ideia, para a construção de uma edificação ou
instalação (ou da constatação da necessidade de construir algo), passando pelo
desenvolvimento do projeto e incluindo a construção, e também após a obra pronta,
entregue e ocupada, no início da sua fase de utilização. Neste último caso, os modelos
BIM poderão ser utilizados para a gestão da própria ocupação e para o gerenciamento
da manutenção.

No processo de construção tradicional não se valoriza a gestão da informação entre os


vários intervenientes. Como se pode verificar na Figura 2, no processo de construção
tradicional são vários os canais de comunicação entre eles, proporcionando assim uma
grande desorganização de trabalho, carência de partilha de informação, maior perda
de informação e consequentemente erros do Projeto. Na metodologia BIM, pelo
contrário, existe o que se denomina de Integrated Project Delivey (IPD) onde a
informação é gerida a partir de um modelo central, sendo assim um processo
extremamente colaborativo onde o modelo é construído por todos os intervenientes
durante todo projeto e obra, permitindo assim que a partilha de informação se
encontre sempre atualizada e enriquecida.

Figura 2

Administração de Serviços Gerais dos Estados Unidos – GSA – United States General
Services Administration, descreve BIM como sendo “o desenvolvimento e uso de um
modelo digital de dados, não apenas para documentar o projeto de uma construção,
mas também para simular a construção e operação de uma nova construção ou de
uma instalação já existente que se deseje modernizar. O modelo de informações de
construção resulta de um conjunto de dados referentes aos objetos, que são
representações inteligentes e paramétricas dos componentes da instalação. A partir
desse conjunto de dados, vários usuários podem extrair visões apropriadas para a
realização das suas análises específicas e o embasamento dos seus correspondentes
feebacks que possibilitam a melhoria da concepção do projeto”.

BIM não deve ser considerado uma tecnologia tão nova, embora o termo seja
relativamente novo. Soluções similares ao BIM têm sido utilizadas em diversas
indústrias, onde a complexidade logística (ex. uma montagem em alto-mar - offshore),
ou a repetição de um mesmo projeto (ex. indústria automobilística ou de aviação),
exigiam e permitiam um maior investimento no desenvolvimento dos projetos e
especificações. O que é novo é o acesso da indústria da construção civil a esta
ferramenta, que só se tornou possível pelo aumento da facilidade de aquisição de
hardwares (computadores pessoais com grande capacidade de processamento) e
softwares. No Quadro 1 apresentam-se alguns dos principais aplicativos BIM existentes
no mercado.
Não se trata de facilitar apenas dados como dimensões de paredes e localização de
canos hidráulicos e tubos de gás, mas também informações relacionadas a tipos e
quantidade de insumos e mão de obra utilizados, por exemplo. Isso quer dizer que, ao
se modelar uma parede usando o BIM, é possível especificar parâmetros não apenas
de espessura, comprimento e altura, mas também, por exemplo, o material do qual
será feita a parede, fabricantes de materiais, custos, propriedades térmicas e
acústicas, custos envolvidos, dentre outras possibilidades.

No processo BIM os projetos deixam de ser meras representações gráficas de


elementos através de linhas, textos ou imagens passando a ser formados por um
conjunto de elementos individuais parametrizáveis, com significado e propriedades
associadas, e a interação entre estes. É usual o processo BIM ser confundido com a
representação tridimensional de produtos da construção ou uma nova geração de
ferramentas CAD (Computed-aided design ou em português Desenho Assistido por
Computador) devido à representação gráfica utilizadas por muitos dos aplicativos que
implementam este processo. No entanto essa analogia é muito redutora do conceito
pois para além da informação dimensional necessária à representação gráfica o
modelo BIM pode, e deve, incorporar muitos outros tipos de informação. Esta
informação pode ser virtualmente de qualquer tipo sendo no entanto a mais usual
relativa ao dimensionamento, características físicas dos materiais que compõe os
produtos, ao processo construtivo, à quantificação de trabalhos, prazos, custos e mão-
de-obra, desde a fase inicial de projeto até ao fim do ciclo de vida do edifício.

Nos últimos tempos, um dos problemas enfrentados pelas empresas do setor foca-se
na dificuldade em conseguir visualizar corretamente o planejamento da empreitada.
Tradicionalmente, os métodos utilizados para o planeamento da construção não têm a
evolução de configurar espacialmente as atividades a desenvolver em obra, como é
exemplo o diagrama de Gantt. O BIM 4D evolui tecnologicamente, sendo possível aos
vários intervenientes do Projeto visualizarem o faseamento da construção e
consequentemente, entenderem com maior facilidade o cronograma de construção. O
BIM 5D, planejamento dos custos, é uma ferramenta de apoio à decisão para a gestão
dos custos da empreitada, onde o utilizador pode analisar e identificar qual a solução
mais viável economicamente através de diversas simulações virtuais. As ferramentas
BIM que abordam o BIM 5D são verdadeiras mais-valias para a gestão dos custos da
obra.

1.1 O QUE NÃO É BIM

Alguns softwares já circulam no mercado mascarados como soluções BIM. Por isso, é
importante atentar para alguns pontos que podem ajudar no processo de
discernimento entre o que é BIM e o que não é BIM. Considere as seguintes
informações:

a) Nem tudo que é 3D é BIM, mas se for BIM, será 3D

Soluções que possibilitam apenas a modelagem e visualização gráfica em 3D de uma


edificação ou instalação, que utilizam objetos que não incluem outras informações
além da sua própria geometria, não podem ser consideradas como soluções BIM.

b) Soluções que, utilizando múltiplas referências 2D (desenhos ou


documentos), emulam modelos tridimensionais

Estes tipos de software não permitem a extração automática de quantidades, não


realizam atualizações automáticas, nem tampouco possibilitam a realização de
simulações e análises.

c) Soluções 3D que não são baseadas em objetos paramétricos e inteligentes

Existem algumas soluções que são capazes de desenvolver modelos tridimensionais de


edificações e instalações, mas que não utilizam objetos paramétricos e inteligentes.
Embora estes modelos tenham uma aparência bastante similar aos gerados por
soluções BIM, as alterações e modificações, são muito trabalhosas. E alterações e
revisões são comuns e previsíveis, considerando toda a evolução e maturação natural
de um projeto, ou durante os processos de coordenação entre diferentes disciplinas
(arquitetura x estruturas x instalações, por exemplo) Eles acabam tomando muitas
horas de trabalho e, ainda, como o nível de qualidade depende exclusivamente da
atenção do usuário, se tornam muito mais passivos de erros e inconsistências. Em
outras palavras, quaisquer alterações ou posicionamento de objetos num trabalho em
desenvolvimento, são difíceis, demoradas e não automáticas.

d) Soluções que não realizam atualizações automáticas


Para revisões e alterações realizadas numa determinada ‘vista’, alguns softwares que
não são BIM não provocam automaticamente a atualização das demais vistas e
relatórios de um mesmo projeto ou trabalho em desenvolvimento. Neste caso, o
usuário precisa executar comandos específicos, e, se por um descuido isso não
acontecer, parte do seu trabalho poderá apresentar inconsistências e erros.

Softwares e soluções 3D que não atuam como gestores de bancos de dados integrados
não são BIM. Nas soluções BIM, o modelo tridimensional de um prédio ou
instalação que se pode visualizar e manusear na tela de um computador, é uma das
formas possíveis de se ‘enxergar’ o conjunto de dados e informações que
constituem este prédio ou instalação. O BIM oferece outras formas de
‘visualização’ destes mesmos dados, como listas, tabelas, planilhas, etc. Além
disso, caso o usuário faça alguma alteração de informação, por exemplo, em uma
tabela, ela será refletida, imediatamente e automaticamente, em todas as outras
formas de visualização. A alteração em uma tabela, por exemplo, da largura de um
determinado tipo de porta, inserido e repetido em diversos ambientes de um
modelo, provocará automaticamente, a correspondente alteração das imagens
tridimensionais destes mesmos ambientes.

1.2 MODELAEM “nD”

O desenvolvimento de projetos na construção civil, sempre esteve atrelado a um


sistema de produção 2D, onde o profissional transcreve a obra a ser edificada através
de um processo de planificação da forma desejada que se converte no desenho
técnico. No entanto, este sistema de produção existente desde os primórdios da
arquitetura e construção, apresenta uma série de fatores que o tornam extremamente
suscetíveis ao erro: desde falha que geram compatibilização de projetos até uma má
interpretação da forma arquitetônica desejada. Atualmente o distanciamento entre
projeto e construção só aumentou, à medida que os projetos, demandam cada vez
mais representações complexas para serem enviadas aos canteiros de obras
(EASTMAN et al., 2014).

Desta forma, a utilização do conceito BIM como sendo um sistema construtivo através
de informações para obtenção de um modelo, é possível garantir os “buracos”
deixados pelo sistema 2D de produção.

Orientados por uma cadeia de informações fornecidas pelo projetista, o sistema BIM
reduz a probabilidade de erros tanto no projeto, quanto na Obra. Isso se dá através de
uma parametrização de componentes que irão compor o objeto arquitetônico a ser
criado. Essa parametrização é capaz de transformar um sistema produtivo de 2D para
3D, 4D, 5D, 6D e 7D a depender do nível de informações que o projetista forneça ao
modelo em produção (Figura acima). Os vários subconjuntos de BIM são comumente
descrita em termos de dimensões - 3D (modelo de objeto), 4D (tempo), 5D (custo), 6D
(operação), 7D (sustentabilidade) e até mesmo 8D (segurança) (SMITH, 2014). Eastman
et al. (2011) e Karmeedan (2010) definem essa capacidade multidimensional do BIM
como modelagem 'nD', pois tem a capacidade de adicionar um quase número infinito
de dimensões no modelo de construção.

O chamado sistema CAD (Computer Aided Design), ou Projeto/Desenho Assistido por


Computador, surgiu no início dos anos 1980 auxiliando a representação gráfica 2D e 3D
com dois tipos de CAD: o CAD geométrico e o outro, cujos desenhos eram executados
com base em objetos parametrizados, analogamente chamado CAD paramétrico,
produzindo modelos que incorporavam o conceito BIM, embora a utilização do termo
só tenha registros a partir de 1992 (SANTOS, 2012).

Os avanços na modelagem 3D permitiram que se colocassem informações


referenciadas nos modelos geométricos, permitindo maior compreensão durante o
seu desenvolvimento e das intenções de projeto (FOUQUET, SERRA, 2011). Softwares
com a função de detecção de conflito (clash detection) auxiliam na gestão das diversas
disciplinas de projeto necessárias para construção, além da compatibilização durante a
concepção, evitando a colisão de tubulações, a aparição desnecessária da estrutura, ou
quaisquer outros problemas que possam vir a surgir neste processo. Essa antecipação
de variáveis, permite uma maior identificação de problemas os quais são resolvidos
ainda na fase de projeto, minimizando custo e tempo no canteiro de obras. A utilização
de projetos com dados 3D permite uma melhor visualização gráfica, mas não possuem
suporte para integração de dados e análise de projeto e nem atributos de objetos. Se o
modelo não possui inteligência paramétrica, ele não pode ser chamado modelo BIM
(MOTTER; CAMPELO, 2014)

O BIM 4D introduz atributos de tempo ao modelo, permitindo o uso da tecnologia para


modelagem e planejamento, simulando as etapas de construção antes do início da
mesma e estabelecendo melhores estratégias de planejamento (MOTTER; CAMPELO,
2014). O aumento da previsibilidade e controle dos prazos dos empreendimentos com
BIM 4D utiliza ferramentas técnicas e tecnologias associadas como, por exemplo,
PERT-CPM (Program Evaluation and Review Technique / Critical Path Method), MS-
Project ou Primavera, que através de processos de controle de atividades, prazos,
recursos e informações relevantes permitem o melhor acompanhamento dos avanços
e desvios apresentados pelas equipes de execução dentro do canteiro de obra
(SUZUKI; SANTOS, 2015).

O Modelo 5D permite a geração de imediato dos orçamentos de custos financeiros e


representações gráficas do modelo com cronogramas associado ao tempo. Isso reduz o
tempo necessário da quantificação de elementos e estimativas, de semanas para
minutos, melhora a precisão dessas estimativas, minimiza os incidentes de disputas de
ambiguidades em dados de CAD, e permite que os consultores de custos invistam mais
tempo no processo de redução destes valores (SMITH, 2014).

A sistema 6D permite estender o BIM para a gestão de instalações. O núcleo do


modelo BIM é uma rica descrição dos elementos de construção e serviços de
engenharia que fornece uma descrição integrada para um edifício. Esta característica,
juntamente com sua geometria, promove relações e capacidades de propriedade
sustentável na sua utilização como uma base de dados de gestão de instalações
(SMITH, 2014).

A incorporação de componentes de sustentabilidade ao conceito de BIM gera modelos


7D, que permitem aos projetistas atender elementos específicos do projeto, comparar
conformidade e validar as diferentes opções de estimativas de energia e demais
sistemas (SMITH, 2014).

Com BIM 7D consiste em uma etapa responsável pela análise de consumo da


edificação, fornecendo estimativas de energia mais completadas e precisas no início do
processo de projeto. Este processo, permite a medição e verificação durante a
construção e obtenção de melhor desempenho de sistemas e instalações. É nessa
etapa que se pode agregar sistemas alternativos e sustentáveis como energia eólica,
energia solar, numa linha de concepção de Green Building, apresentando resultados os
quais o viabilize para certificações do tipo Leed, NetZero etc. passando a ser chamado
por alguns autores de GreenBIM (BONENBERG; WEI, 2015)

2.0 BIM 5D

Nos projetos de construção, os custos são um fator importante para as tomadas de


decisão, tanto numa fase conceptual, como numa fase detalhada do projeto, isto é, as
estimativas de custos sendo desenvolvidas em diferentes fases do projeto, apresentam
objetivos e graus de precisão diferentes. No início do projeto deve ser exigido um
elevador rigor nas estimativas com o intuito de justificar o projeto, porém no decorrer
do ciclo de vida de projeto as estimativas de custo são refinadas de modo a justificar
detalhes entretanto adicionados (ver Figura 7).

De acordo com os estudos de Khemlani (2006) a estimativa de custos é mais complexa


do que a simples obtenção de uma lista de materiais e suas dimensões. Envolve
também a análise da edificação, o agrupamento de objetos comuns em conjuntos
apropriados para a construção, montagem e configuração de variáveis de itens e, em
seguida os preços dos objetos.

Estimativas de custos para projetos de construção, tradicionalmente começam com


uma quantificação, processo intensivo de registro dos componentes de conjuntos de
desenhos impressos, ou desenhos CAD (Computer-Aided Design). A partir destas
quantidades, orçamentistas utilizam método de planilhas de custos para produzir uma
estimativa de custos do projeto.

Esse processo, no entanto, está sujeito a erro humano e tende a propagar imprecisões.
A quantificação é um processo demorado e pode exigir 50% a 80% de uma estimativa
de custo de tempo em um projeto (SABOL, 2008).

No decorrer do Projeto, as estimativas de custos são desenvolvidas em diversas fases e


com o objetivos e graus de precisão distintos. No início do Projeto realizam-se
estimativas de alto nível com o intuito de justificar o Projeto. À medida que decorre o
ciclo de vida do Projeto as estimativas de custo serão refinadas de forma a refletir
detalhes adicionais entretanto encontrados (PMI, 2008). A metodologia BIM facilita
muito o desenvolvimento de estimativas de custos provisórias. Durante o início do
Projeto, as únicas quantidades disponíveis para a estimativa são aquelas associadas as
àreas, volumes, perímetro, etc. Portanto, é importante iniciar o modelo inicial do
projeto em software BIM para permitir a extração de quantidades e elaborar uma
estimativa de custos mais aproximada (Eastman, Teicholz, Sacks, & Liston, 2011). O
desenvolvimento do BIM 5D está passa a passo a ganhar força e distinção na gestão de
custos do Projeto. As empresas começam a perceber as várias vantagens competitivas
que a adoção desta abordagem está a proporcionar ao futuro das empresas (Smith,
2014). Segundo (Tarar, 2012), o BIM 5D consiste em integrar o custo do Projeto no
modelo 3D da empreitada, tornando possível prever e controlar os custos em todas as
fases de construção. Com a evolução do modelo, a estimativa de custos é melhorada
consoante o aumento do nível de detalhe do modelo. Esta metodologia proporciona
aos profissionais da construção o estudo das diferentes alternativas de custos para
qualquer fase do Projeto. A análise de custos extraída do modelo 5D também pode ser
utilizado para medir o desempenho financeiro do estado atual de construção.

Na Figura 13, mostra como o processo do BIM 5D se realiza. Por exemplo, de um pilar
é necessário extrair quantidades para a sua execução, nomeadamente, a armadura, a
cofragem, o betão e o revestimento final. Além da quantificação das áreas de medida é
necessário identificar os recursos que estão envolvidos, os equipamentos, a mão-de-
obra e os materiais. Será toda esta informação obtida que irá originar o custo final da
construção do pilar.

No processo tradicional, a extração das quantidades envolve selecionar


individualmente cada elemento nos desenhos CAD e determinar as dimensões, e
manualmente introduzir essas quantidades na lista dos itens e materiais envolvidos no
projeto. Este processo além de requerer um gasto substancial de tempo aos
profissionais, os resultados obtidos estão sujeitos a erros e omissões por se tratarem
de operações manuais (Jiang, 2011).

2.1 EXTRAÇÃO DE QUANTIDADES E ESTIMATIVA DE CUSTOS


O levantamento de quantitativos é a base de qualquer estimativa de custo. Estimar
custos requer o conhecimento de cada propriedade de cada elemento de construção e
como este pode ser quantificado (AZEVEDO, 2009).

De acordo com Alder (2006) esta é a atividade mais importante em um levantamento


de custos e é uma atividade que mais demanda recursos e tempo. Segundo Marchiori
(2009), a falta de padronização no levantamento dos quantitativos em um projeto
pode ser apontada como uma das fontes de imprecisão no custo final do orçamento,
tal como o desconhecimento sobre a relação indispensável entre o coeficiente de
consumo da composição de custo e o respectivo critério de medição.

Sacks et al. (2005) afirmam que entre os benefícios da utilização do BIM estão o
aumento no grau de precisão do levantamento de custos, a redução drástica no tempo
de planejamento e de elaboração dos documentos relativos à execução da obra, como
projetos, relatórios e quantitativos, o melhor atendimento ao cliente e o suporte para
a automação na produção.

Para implementação BIM 5D, extração de quantidades e apoiar o processo de


estimativa de custos, existem três métodos que (Eastman, Teicholz, Sacks, & Liston,
2011) referem como válidos, que são:

1. Exportar a lista de quantidades do modelo para um software externo

A maioria das ferramentas BIM inlcuem recursos para extrair a lista de quantidades
dos objetos. Estas ferramentas também incluem recursos para exportar essa
informação para softwares externos (Eastman, Teicholz, Sacks, & Liston, 2011).
Segundo os inquéritos, o Microsoft Excel é a ferramenta de estimativa de custos mais
utilizada (Sawyer & Grogan, 2012). Por exemplo, os profissionais da AEC podem utilizar
o Revit da AUTODESK e com facilidade extrair a lista de materias e quantidades para
uma folha de Excel, e facilmente fazer estimativas orçamentais mais precisas para o
projeto. No entanto, esta abordagem requer configuração e uma adoção de um
processo padrão para a modelação (Jiang, 2011).

2. Ligar a ferramenta BIM diretamente ao software de estimativa de custos

A segunda alternativa trata-se da utilização de uma ferramenta BIM que é capaz de


ligar diretamente a um software de estimativa de custos, através de um “plug-in” ou
uma ferramenta externa. Muitos dos softwares de estimativa de custos têm “plug-in”
para várias ferramentas BIM. Alguns exemplos de softwares: Sage Timberline via
Innovaya (INNOVAYA); Vico Estimator (VICO), entre outros (Eastman, Teicholz, Sacks, &
Liston, 2011). Os profissionais serão capazes de usar as regras de medição e calcular as
quantidades de cada elemento, sendo estes softwares capazes de associar os objetos
do modelo de construção diretamente com uma base de dados externa de custos
unitários. Como resultado, todas as informações necessárias para desenvolver uma
estimativa de custos ficam disponíveis (Eastman, Teicholz, Sacks, & Liston, 2011). A
grande lacuna encontrada neste tipo de método trata-se da grande variedade de
softwares disponíveis, o que dificulta quando o projetista está a usar um software
diferente do empreiteito. Portanto, é necessário que haja cooperação entre as partes
intervenientes (IPD) para que haja sucesso nesta abordagem.

3. Utilizar uma ferramenta de Quantity Takeoff

A terceira alternativa trata-se da utilização de uma ferramenta especializada em


extração de quantidades que importa dados de várias ferramentas BIM. Este método
permite aos profissionais utilizar especificamente esta ferramenta sem ter que
aprender todas as funcionalidades das ferramentas BIM. Alguns exemplos de
softwares: CostX®Takeoff (EXACTAL); Autodesk QTO (AUTODESK); Innovaya Visual
Quantity Takeoff (INNOVAYA), entre outros.

Estas ferramentas possuem diferentes níveis de extração de quantidades,


automaticamente e manualmente. Por vezes, é necessário a utilização da combinação
de ambos, ferramentas manuais e automáticas, para apoiar a vasta gama de extração.
Algumas ferramentas fornecem um modelo visual de todos os objetos do modelo,
destacando a cores os elementos que foram esquecidos de inserir na quantificação
(Eastman, Teicholz, Sacks, & Liston, 2011).

2.2 BENEFÍCIOS DO BIM 5D

Segundo J. Parreira (2012) a extração automática de quantidades permite de um modo


eficiente ver o impacto de alterações do projeto, o que conduz a um melhor
desempenho económico. Permite também a extração de desenhos para compras e
quantidades em cada especialidade ou tipo de trabalho para facilitar
aprovisionamentos e encomendas.

Azevedo (2009) verifica que a principal vantagem da modelagem 5D (modelagem +


tempo + custos) para os construtores é o aumento da precisão durante a construção,
com menos desperdício de tempo e de materiais, reduzindo também alterações
durante a execução das obras. Podem-se controlar tanto as atividades críticas que se
sobrepõem durante a execução, compreender através de imagem virtual o projeto
final, criando-se uma maior conciliação entre as disciplinas. Segundo Staub-French et
al. (2007), um modelo 5D só pode ser construído a partir de um modelo 4D, visto que o
componente tempo é necessário para que se faça um levantamento correto dos custos
de um empreendimento.

5D-BIM é usado para a composição de orçamento e análise de custo atividades


relacionadas. A quinta dimensão de BIM associado com 3D e 4D (Tempo) permite aos
participantes visualizar o andamento de suas atividades e os custos relacionados com
o tempo. A utilização da tecnologia 5D-BIM pode resultar em uma maior precisão e
previsibilidade de orçamentos, mudanças de escopo do projeto e os materiais,
equipamentos ou mudanças de mão de obra. 5D BIM fornece métodos para extrair e
analisar os custos, avaliação de cenários e impactos das mudanças.

O BIM 5D, planeamento dos custos, é uma ferramenta de apoio à decisão para a
gestão dos custos da empreitada, onde o utilizador pode analisar e identificar qual a
solução mais viável economicamente através de diversas simulações virtuais. As
ferramentas BIM que abordam o BIM 5D são verdadeiras mais-valias para a gestão dos
custos da obra. Esta metodologia tem como vantagens o maior controlo de custos da
empreitada (evitar derrapagens de orçamento), apresentação de relatórios ao dono de
obra e projeção de cenários (Azenha, Lino, & Caires, 2014).

De forma geral, o BIM 5D oferece várias vantagens para todo o ciclo de vida do Projeto
de construção, dos quais se destacam:

a) Rapidez na extração detalhada das quantidades de material diretamente do


modelo de construção, e consequentemente, identificação real das
quantidades nos autos de medição (Silva F. R., 2014);
b) Quando existem alterações no projeto de construção, a estimativa de custos
elaborada a partir do BIM 5D é atualizada automaticamente podendo
rapidamente verificar o impacto das mudanças (Allison, 2010);
c) Existe um maior controle dos custos evitando as derrapagens de orçamento
(Azenha, Lino, & Caires, 2014);
d) Apresentação de relatórios ao DO com maior rigor (Azenha, Lino, & Caires,
2014);
e) Projeção de vários cenários para auxílio de tomada de decisões;
f) O sucesso do Projeto significa uma oportunidade de reputação para a Empresa,
ajudando-a para futuros Projetos (Allison, 2010);

2.3 SOFTWARES

Ainda há pouco tempo não existia nenhuma ferramenta totalmente viável para o
processo. A opção era exportar quantidades de objetos de construção retiradas do
software de análise ou até do próprio software de desenho para o software de
estimativa de custos como, por exemplo, o MS Excel. Neste momento começam a
aparecer novas ferramentas e outras que já existiam começam a evoluir neste sentido.
Surge então novas tecnologias para BIM, como o Navisworks® e o Vico Software, que
proporcionam o levantamento de quantitativos para a geração de orçamentos e a
atribuição do valor total a cada componente do modelo de forma prática. A
consolidação da quantidade total de materiais, mão de obra e equipamentos extraídos
da tecnologia para BIM torna o processo de orçamentação muito mais preciso, porque
tem como referência o formato exato em que o empreendimento foi projetado e
atualizado. Diferentemente de calcular quantitativos com base em estimativas,
correndo o risco de fazer interpretações e comparações erradas, ter erros de digitação
e deixar algum cálculo importante de lado.

2.3.1 NAVISWORKS
Simula cronogramas e logística de construção em 5D para comunicar e analisar
visualmente as atividades do projeto e minimizar atrasos e problemas de
sequenciamento.

a) Verifica a viabilidade de construção ou demolição, desenvolvendo sequências


de construção ou demolição que vinculam a geometria do modelo aos horários
e datas.
b) Importa horários, datas, custos e outros dados de tarefas do software de
gerenciamento de projetos para vincular dinamicamente os cronogramas aos
modelos de projeto.
c) Configura tempos previstos e reais para visualizar os desvios do cronograma do
projeto.
d) Exporta simulações 5D como animações AVI ou imagens sequenciais.
e) Personaliza o comportamento da simulação e o texto sobreposto.
f) Copia e cola datas de planilhas e ferramentas de planejamento especializadas.
g) Usa as ferramentas para associar a geometria e tarefas de forma rápida e fácil.

2.3.2 VICO SOFTWARE

O software VICO integra o modelo BIM com o orçamento e planejamento


simultaneamente. Apresentamos de seguida algumas das suas vantagens:

Levantamento de Quantidades

- Quantidades adaptadas às regras de medição de cada empresa.

- Auditoria às quantidades de forma visual no 3D.

- Levantamento de quantidades por localizações.


- Definição das localizações de um modo visual e intuitivo.

Orçamentação

- Orçamento atualizado automaticamente no caso de ocorrerem alterações ao


modelo/projeto.

- Identificação visual no modelo de quais os elementos que contribuem com


quantidades para um serviço.

- Possibilidade de orçamentação baseada em projetos de referência.

Planejamento Físico

- Tarefas associadas ao orçamento e enriquecidas com os respetivos insumos.

- Planejamento baseado em Linha de Balanço o que facilita a otimização,


estudo de cenários e a análise de risco.

- Alterações ao projeto têm um impacto imediato no orçamento e


planejamento

- Visualização e exportação para Gantt.

Controle e Previsão do Planejamento

- Controle visual do executado em obra.

- O controle tem em conta as suspensões e as horas de trabalho efetiva.

- Previsão baseada em produtividades efetivas provenientes do histórico da


obra.

- Possibilidade de execução de planos de ação para recuperação da obra.

Simulação da sequência construtiva

- Resultado imediato proveniente da integração do modelo com o


planejamento.

- Atualização automática da simulação no caso de ocorrerem alterações ao


modelo e planejamento.

- Comparação da simulação do planejamento vs real/previsão.

Relatórios

- Exportação de toda a informação para excel.


- Informação num formato adaptado para uma mais ágil importação para ERP
(Oracle, SAP, Sienge, Totus, etc).

- Informação base para o desenvolvimento de curvas S, Earned Value


Management, previsão de compras, notas para cliente e subempreiteiros, etc.

2.4 OBSTÁCULOS PARA ADOÇÃO DO BIM

1. A peculiar inércia e a resistência às mudanças por partes das organizações e


pessoas envolvidas;

As causas que impedem a adoção BIM de uma forma mais ampla são diversas,
mas uma das principais tem a ver com a própria questão da mudança que a migração
BIM significa para as empresas e organizações.

Então, evoluindo um tanto mais nas respostas para a pergunta endereçada no


início deste capítulo, diríamos que:

• O ser humano geralmente rejeita o que é desconhecido, e o BIM ainda é


pouco conhecido.

• A maioria das pessoas tem dificuldades com as mudanças, e alguns de fato,


não querem mudar.

Uma mudança ou transformação pressupõe a alteração de um estado, modelo


ou situação anterior para um estado, modelo ou situação futura, por razões
inesperadas e incontroláveis, ou por razões planejadas e premeditadas. Tomar a
decisão de adotar BIM significa decidir realizar uma mudança na maneira como as
atividades e os processos são atualmente executados.

Para que uma mudança aconteça de fato numa empresa ou organização, são
necessários cinco componentes críticos: visão, capacitação, incentivos, recursos e o
desenvolvimento de um plano de ação. A falta de um desses componentes conduz à
confusão, à ansiedade, à resistência, à frustração ou a falsos inícios, como ilustra a
figura a seguir:
2. A dificuldade de entendimento e compreensão do que é BIM e dos seus reais
benefícios;

Outro ponto fundamental que ajuda a emperrar a adoção BIM e impede que
ela se dissemine mais largamente está relacionado ao entendimento e à correta
compreensão da tecnologia com os seus reais benefícios.

Não é fácil, tampouco intuitivo, compreender corretamente o que é BIM e o


que a sua adoção pode significar para a indústria da construção civil.

Então, podemos afirmar que a adoção BIM não acontece mais rapidamente:

• Porque não é muito fácil, tampouco simples, compreender o que é BIM e qual
o seu significado.

• Porque não é fácil entender os potenciais benefícios que a adoção BIM pode
proporcionar e os envolvidos num empreendimento, num primeiro momento, não
conseguem enxergar que eles já pagam uma conta muito alta devido a erros,
retrabalhos, atrasos, demandas e processos.

• Porque os proprietários e investidores brasileiros ainda não se deram conta


de que eles seriam os principais beneficiários da adoção BIM.

• Porque os bancos e demais agentes financiadores e seguradoras ainda não


perceberam que a maior precisão garantida pelos processos BIM possibilita a prática
de taxas mais baixas, em consequência da redução dos riscos dos empreendimentos.

Uma impressão equivocada, mas bastante disseminada é que o BIM seria um


‘substituto do CAD’, quando é, na verdade, uma inovação tecnológica muito mais
profunda, pois altera radicalmente todo o processo de projeto, desde a concepção até
o gerenciamento do empreendimento.
Em alguns países onde o BIM foi adotado como uma iniciativa estratégica
nacional (Reino Unido, Cingapura e mais recentemente no Chile), o papel assumido
pelo governo, como contratante e investidor significativo no mercado da construção,
serve como importante força indutora da mudança.

No Brasil, o BIM e a coordenação modular foram as duas principais iniciativas


estratégicas incluídas no Plano Brasil Maior – PBM para o setor da construção civil.
Algumas ações práticas foram realizadas, outras ainda estão sendo desenvolvidas, mas
os resultados efetivamente alcançados ainda são modestos e incipientes.

3. As questões culturais e particularidades do ambiente e do mercado brasileiro;

Barreiras culturais ou particularidades do ambiente e do mercado brasileiro


também podem ser apontadas como dificultadores.

• Não costumamos valorizar o planejamento nos nossos empreendimentos


construtivos.

• Ainda não temos um número de profissionais suficientemente capacitados


em BIM no nosso mercado.

• Ainda acreditamos e apostamos em soluções ‘rápidas e baratas’.

• O atual modelo de contratação de projetistas utilizado no Brasil. Os maiores


beneficiados pela adoção BIM são os contratantes, que respondem pelo produto final
construído perante os clientes, mas o BIM precisa ser aplicado ainda na fase do
desenvolvimento dos projetos. Sem isso não existe BIM. Para os arquitetos e
projetistas, entretanto, a exigência do BIM acaba representando, além da necessidade
de investimento e capacitação, um aumento substancial de escopo e
responsabilidades, sem que sua remuneração seja adequadamente revista em
conformidade ao novo escopo ampliado.

Nem todos que atuam na indústria da construção civil no Brasil se interessam


verdadeiramente por processos mais eficazes e transparentes. Muitos se valem da
indefinição de projetos para tirar proveito dela.

• As margens de lucro dos empreendimentos da construção civil no Brasil ainda


são relativamente altas (comparadas com mercados mais maduros) e os erros e
desperdícios, mesmo grandes, já estão incorporados aos orçamentos e,
historicamente, acabaram aceitos pela indústria.
• O investimento para viabilizar a implementação BIM é desproporcional aos
atuais valores de remuneração dos projetistas, especialmente na área de instalações
(os projetos de instalações são sub-remunerados).

• Em geral, não há interesse pelo trabalho colaborativo – cada um se preocupa


só com sua parte.

• Não temos incorporada, na cultura da indústria da construção civil, a


utilização da Tecnologia da Informação (TI).

• Algumas pessoas são céticas e pensam que BIM pode ser um ‘modismo’
passageiro.

• Os modelos educacionais da maioria das universidades brasileiras constituem


barreiras à disseminação da tecnologia BIM. As mudanças nas grades curriculares são
difíceis, exigem processos longos, e os professores, de modo geral, não são
estimulados às inovações.

• Há personagens no mercado que denigrem iniciativas inovadoras.

• O risco de perder profissionais após o investimento e o esforço do


treinamento e da capacitação.

Também é preciso considerar que não temos conseguido coordenar


adequadamente nossos esforços para o fomento da adoção BIM e a remoção de
barreiras. São inúmeras as iniciativas que não são complementares, mas sim
concorrentes.

CONFEA, CREA e CAU devem participar mais ativamente das iniciativas


existentes.

Não temos ainda documentos definidores de boas práticas que auxiliem nos
processos de seleção, contratação e gerenciamento do projeto e empreendimento
utilizando BIM. Além disso, não há bibliotecas de componentes BIM que
correspondam aos produtos produzidos e utilizados na indústria brasileira.

Uma questão interessante, que deveria ser melhor investigada, tem a ver com
um possível conflito de gerações. Como se sente um engenheiro com muitos anos de
experiência e uma carreira de sucesso quando outro profissional, geralmente mais
jovem, lhe apresenta uma ‘nova tecnologia’ e mostra que será capaz de fazer melhor
tudo o que ele sempre fez, utilizando a tecnologia CAD? Considere, ainda, que esse
profissional mais experiente certamente estará encarregado de tomar as decisões ou
de minimamente influenciá-las dentro das organizações.
Também se costuma dizer que a utilização do BIM acaba expondo mais
explicitamente os eventuais erros cometidos pelos arquitetos e projetistas, que não
são tão visíveis assim com a utilização da tecnologia 2D.

O momento de crise, estagnação e incertezas na economia brasileira tem


inibido iniciativas de inovação nas empresas, e esse também é um fator que precisa ser
considerado na construção da resposta à pergunta enunciada no início deste capítulo.

4. As especificidades e os aspectos intrínsecos da tecnologia BIM.

Finalmente, existem algumas questões e necessidades intrínsecas à tecnologia


BIM, que também se constituem obstáculos a uma adoção mais ampla:

• A adoção BIM requer esforço, aprendizado e investimento.

• Não é simples nem fácil calcular e comprovar o retorno sobre o investimento


(ROI) no BIM.

• É difícil mensurar alguns dos principais benefícios oferecidos pelo BIM, que é
justamente o aumento da precisão dos projetos e do planejamento. O custo de um
erro é mais fácil de ser percebido e avaliado que o valor dos ‘acertos’, porque ‘acertos’
não costumam chamar a atenção das pessoas.

3.0 ESTUDO DE CASO – VISÃO GERAL

A partir do modelo de informação desenvolvido pelos projetistas de um


empreendimento com base na plataforma Autodesk Revit são acrescentados dois
processos típicos da pré construção: o planejamento de execução e o orçamento de
obra e com o suporte dos recursos de coordenação do Autodesk Navisworks pode-se
avançar para estas atividades após algumas verificações e adaptações deste modelo.
As verificações visam a garantir a qualidade e precisão do modelo para as atividades
subsequentes. As eventuais adaptações incluem a inserção de informações que não
eram do escopo, do interesse ou da competência dos projetistas, mas que são
fundamentais àqueles que irão planejar, orçar e depois executar a obra.
De forma geral, a aplicação de um modelo BIM 5D na elaboração de um orçamento
executivo, analisando a realização de um processo automatizado e preciso da evolução
física da construção associada aos custos calculados de materiais e mão-de-obra da
mesma, pode ser realizado da seguinte forma:

Primeiramente é feita uma apresentação do modelo, com alguns dados básicos da


edificação do estudo de caso.
Em seguida, é apresentado o cronograma da edificação associado ao modelo, ou seja,
a modelagem 4D, com as datas de início e fim das atividades definidas, bem como a
exportação das mesmas para os sets, para ser efetuado o levantamento das
quantidades.

Com o cronograma e sets definidos, é calculado o orçamento da obra, com o cálculo


dos custos de materiais e mão-de-obra e seus respectivos quantitativos. Nesta etapa,
os quantitativos são extraídos diretamente do novo atributo “Quantification” do
software Autodesk Navisworks 2014. Com os quantitativos em mãos, é feita a
exportação dos mesmos para o Excel 2010, para serem efetuados os cálculos dos
custos.
Após o cálculo dos custos, é feita a associação do orçamento executivo com o
cronograma do modelo. Cada atividade representada no cronograma terá o seu custo
associado com a data de início e fim, dando sentido prático à definição da modelagem
5D. Os custos calculados deverão estar devidamente associados ao planejamento e,
consequentemente, à evolução física da obra. Através dessas informações podem ser
feitas as analises finais da eficácia e precisão do modelo 5D na elaboração e
acompanhamento de um orçamento executivo.
3.1 Estudos de caso 1

No primeiro estudo de caso, o objeto de estudo será um lote com condições de serem
executadas duas unidades de habitação de interesse social. O lote escolhido se
encontra no município de Fazenda Rio Grande, PR, região metropolitana de Curitiba.
Possuindo 12 metros de frente e 30 metros de profundidade totalizando 360 m². Na
figura abaixo é apresentada a localização do terreno no mapa.

O projeto arquitetônico utilizado como base para a elaboração do modelo tem as


seguintes características:

 60,45 m² de área construída


 3 dormitórios
 1 cozinha
 1 banheiro
 1 sala

O software utilizado para a modelagem foi o Autodesk® Revit.


Primeiramente ocorreu a interpretação de todas as informações representadas no
projeto em CAD, como, disposição dos cômodos, medidas, cotas, posições de janelas e
portas, entre outras. Os autores verificaram que para a elaboração de um modelo
virtual preciso, teriam que ocorrer diversas definições de projeto. Com isso são
agregadas as informações necessárias para um entendimento pleno da edificação,
como materiais utilizados, espessuras de camadas dos elementos de pisos e paredes,
métodos construtivos, entre outras. Iniciou-se a modelagem pela definição das
propriedades referentes a cada um dos materiais que seriam inseridos nos elementos
construtivos. Isso foi determinado já pensando no método construtivo e nos materiais
aplicados. Cada elemento do projeto apresenta uma composição de materiais
distintos. Estes por sua vez são criados de maneira independente e podem ser
selecionados numa base de dados de materiais, conforme sua necessidade. Podem ser
inseridas informações gráficas, físicas, térmicas, entre outras. Na Figura 8 é
apresentada, como exemplo, a composição de uma parede, a biblioteca de materiais e
o editor do material em questão. Nesse caso foi utilizada a parede nomeada “15cm
Sala-Quarto” e a partir dela definida a estrutura de sua composição e quais materiais
serão utilizados em cada fase dessa estrutura (alvenaria, chapisco, reboco, massa
corrida e tinta). Um dos materiais editados foi o bloco cerâmico, criado a partir dos
materiais disponíveis na biblioteca e personalizado de acordo com a necessidade do
projeto e com o disponível no mercado.
3.1.1 ESTIMATIVA DE CUSTO

O software utilizado para a elaboração do modelo apresenta um recurso que permite a


extração de diversas tabelas, como quantitativos de materiais ou até mesmo tabelas
de diversos elementos (esquadrias, portas). Os quantitativos gerados podem ser
customizados, tanto para definir as unidades ou dimensões dos elementos, quanto
para estabelecer a própria formatação das tabelas. Porém, as informações extraídas
dessa maneira, resultam em tabelas segregadas para cada categoria de elementos. Isso
ocorre por uma limitação da ferramenta utilizada. Para ilustrar o processo de extração
de informações foi gerada uma tabela com o quantitativo dos materiais que compõem
as paredes da edificação. Cada material presente na Figura 12 foi criado ou
customizado no início da modelagem, adaptando suas principais características para a
realidade brasileira. O mesmo procedimento foi repetido para cada elemento
modelado que foi verificada a necessidade de quantificar.

3.1.2 LEVANTAMENTO DE CUSTOS

Devido à indisponibilidade de um software comercial com a finalidade de realizar a


integração do modelo 3D com a dimensão custo, os autores optaram pela utilização de
uma pasta de trabalho, já elaborada, através de programação VBA do software
Microsoft Excel. Mensalmente esta pasta de trabalho é atualizada com informações
oriundas dos Relatórios de Serviços e Insumos do SINAPI (Sistema Nacional de
Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil). Relacionando este banco de dados
com os dados extraídos do modelo, obtém-se uma estimativa de custo.

Cada item do relatório de serviços possui um código que representa uma composição
de insumos e suas quantidades para realizar uma quantidade unitária do serviço. A
Figura 13 apresenta a composição do código 5999 – Azulejo 2a 15x15 cm fixado com
argamassa colante, juntas a prumo, rejuntamento com cimento branco.
Associando os dados extraídos do modelo com este banco de dados, obtém-se uma
estimativa de custo na pasta de trabalho utilizada. A Figura 15 apresenta o resultado
da combinação desses dados para o custo do item 5999- Azulejo 2a 15x15 cm fixado
com argamassa colante, juntas a prumo, rejuntamento com cimento branco. Este
procedimento é realizado automaticamente para cada elemento modelado que possui
um código e sua quantidade.

A solução desenvolvida para possibilitar a simulação 5D do empreendimento foi de


agregar a cada elemento ou material dois novos códigos. Estes, são criados utilizando a
ferramenta de parâmetros compartilhados do software. Com a finalidade de associar o
modelo com o prazo, atribui-se um código da EAP do planejamento para cada
elemento ou material modelado. Já para a associação dos componentes do modelo
com o levantamento de custos foram agregados a aqueles um código da composição,
retirados da planilha do SINAPI. A figura x mostra o elemento estaca com os
respectivos códigos.

Por fim, foi realizada a simulação 5D (3D + prazo + custo). O software escolhido para
fazer a compilação de todas as informações do modelo e gerar a simulação foi o
Autodesk Navisworks. O início dessa etapa se deu reunindo todos os quantitativos
extraídos do Revit em uma única planilha. A Figura 18 evidência a necessidade dessa
organização das tabelas, a fim de deixar todos os elementos modelados com códigos
na ordem do planejamento.
Tendo em mãos o levantamento de custos elaborado anteriormente pode-se então
inserir esses custos no planejamento de prazo. Assim, tem-se para cada elemento
modelado uma atividade e um custo para sua realização. A Figura 20 mostra exemplos
do custo inserido no planejamento da edificação.

Apesar dessa etapa ser realizada manualmente, esse foi o método encontrado pelos
autores para conseguir adaptar as ferramentas utilizadas e poder executar a simulação
5D. O software Navisworks importa o arquivo criado em Microsoft Project e é a partir
da ligação do modelo 3D com o planejamento que se faz a simulação da construção. É
por esse motivo que os custos são inseridos nesse arquivo. A Figura 21 mostra a
simulação da edificação mostrando que o andamento da construção para uma definida
data e o custo da obra até então.
3.2 ESTUDO DE CASO 2

A obra consiste em um projeto padrão de uma unidade habitacional de caráter


popular, obedecendo aos padrões da SINAPI (CAIXA) sendo do tipo CP.1-2Q46.

O SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção) é um


sistema de pesquisa que informa os custos e índices da construção civil. Esse sistema é
fruto de uma parceria entre a CAIXA e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE, essas duas instituições são responsáveis pela divulgação oficial dos resultados,
manutenção, atualização e aperfeiçoamento do cadastro de referências técnicas,
métodos de cálculo e do controle de qualidade dos dados disponibilizados pelo
sistema (CAIXA, 2014).

A casa possui um pavimento e seu piso tem na fundação baldrame a sua estrutura. Ela
é composta por uma área de circulação interna de 6 cômodos, contendo varanda, 2
quartos, sala, banheiro e cozinha. A edificação é circundada por uma proteção de
calçada de 40cm de largura.

A Figura 20 apresenta a planta-baixa da casa, com as dimensões dos cômodos, limites


da calçada, projeção da cobertura, área útil e total da edificação e outras informações
que serão exibidas no modelo a seguir:
A planta baixa foi usada na transposição do modelo 2D para o BIM 3D, para que as
atividades de levantamento de quantidades para elaboração do orçamento, assim
como da construção do cronograma da obra se tornem possíveis.

Foram construídos dois modelos diferentes da mesma edificação em estudo, ambos


feitos no Revit, para serem exportados para o Naviswork, que se diferenciam na
modelagem das suas paredes.

No modelo 1, as paredes receberam a modelagem de múltiplas camadas, ou seja, o


objeto parede foi composto com a alvenaria, o emboço e o acabamento final
separados, não necessitando de explodir o modelo para separar as peças. Já o modelo
2 foi feito com as paredes conjugadas, em outras palavras, a alvenaria, o emboço e a
pintura foram modelados em apenas um objeto.

A figura 21 a seguir mostra os dois modelos da casa: à esquerda está o modelo 1, feita
com paredes unidas e à direita está o modelo 2, feito com as paredes de múltiplas
camadas.
O objetivo do estudo é aplicar a modelagem 5D BIM na elaboração e
acompanhamento de um orçamento executivo ou operacional. Entretanto, o Revit não
possui o suporte para que se possa modelar com o cronograma e com os custos. Para
isso, foi usado o Navisworks 2015, o software capaz de possibilitar e realizar de
maneira eficaz as análises em cima do modelo em estudo.

A exportação foi feita da seguinte maneira:

3.2.1 LEVANTAMENTO DOS CUSTOS

Com o cronograma da obra definido e suas atividades devidamente amarradas, foi


construída a extração de quantitativos, através da ferramenta Quantification,
encontrada no Navisworks 2015, sendo uma novidade no programa, visto que a versão
2013 do software não existia essa característica. A extração dos quantitativos foi feita
da seguinte maneira:
Finalmente, os quantitativos foram exportados para o Excel (Figuras 53 e 54)

Para que o procedimento de modelagem 5D seja completo, foi elaborado o orçamento


da obra com o levantamento das quantidades feita no Navisworks. Os custos diretos
foram retirados da composição de custos fornecida pela SINAPI, órgão integrante da
Caixa. O Quadro 11 a seguir apresenta os custos diretos calculados e o percentual que
cada um representa do total da obra.
CONCLUSÂO

Considerando os estudos de caso analisados anteriormente se pôde concluir que a


modelagem BIM 5D, em cada período da obra, permite a previsão do custo acumulado
total da obra em cada período planejado, assim como o seus percentuais físico-
financeiros, bem como os percentuais individuais de cada atividade indicada no
período. Esses indicativos associados com a imagem da evolução da obra mostram a
forma eficiente de se analisar a construção como um todo, ajudando a melhorar as
tomadas de decisões, a pensar melhor a logística da obra sem que haja o risco de
interferências entre os serviços, não alterando de maneira relevante os custos orçados
da construção, uma vez que o orçamento executivo foi feito apenas em cima das datas
planejadas.

Assim, destaca-se na modelagem 5D a proximidade que ele pode ter com o orçamento
executivo, pois trata-se de uma aplicação direta dos conceitos dessa modalidade no
modelo da informação da construção: quando o orçamento executivo tradicional é
elaborado, não há uma imagem da obra como um todo que permita ao Engenheiro
que ele se posicione de maneira mais convicta.

O BIM, com essa forma de modelagem contribui pra uma melhor eficiência na
elaboração do orçamento executivo, assim como uma maior confiança frente às
decisões. O processo descrito não é inteiramente automatizado. A inserção dos
parâmetros relacionados aos elementos construtivos é realizada manualmente
durante o processo de modelagem, porém o processo de levantamento dos
quantitativos, que demanda tempo e recurso, é realizado automaticamente pelo
software. Sendo assim, o uso do BIM permite as partes interessadas focar seus
esforços em outras atividades gerenciais, como o planejamento, estudos e análises
técnicas.
Todo o levantamento de quantidade apresenta ainda certo grau de imprecisão,
embora com a utilização do BIM, onde todo o processo é automatizado e realizado
pelo software o grau de incerteza de todo o processo possa ser diminuído. O nível de
precisão do levantamento quantitativo obtido no modelo depende do grau de
desenvolvimento do projeto. Quanto maior o estágio de desenvolvimento do projeto,
maior a precisão do levantamento de quantitativos.

Em um ambiente colaborativo onde as partes interessadas trabalham sobre um único


modelo, o processo de quantificação de todos os elementos se torna simples, sendo
possível verificar a evolução dos custos à medida que o modelo é desenvolvido.

A grande vantagem do processo é que este fornece as partes interessadas dados


consistentes desde as fases preliminares do projeto até suas fases finais. Estes dados
são de grande utilidade ao incorporador para a análise de viabilidade econômica do
empreendimento.

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