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1.0 INTRODUÇÃO
Figura 2
Administração de Serviços Gerais dos Estados Unidos – GSA – United States General
Services Administration, descreve BIM como sendo “o desenvolvimento e uso de um
modelo digital de dados, não apenas para documentar o projeto de uma construção,
mas também para simular a construção e operação de uma nova construção ou de
uma instalação já existente que se deseje modernizar. O modelo de informações de
construção resulta de um conjunto de dados referentes aos objetos, que são
representações inteligentes e paramétricas dos componentes da instalação. A partir
desse conjunto de dados, vários usuários podem extrair visões apropriadas para a
realização das suas análises específicas e o embasamento dos seus correspondentes
feebacks que possibilitam a melhoria da concepção do projeto”.
BIM não deve ser considerado uma tecnologia tão nova, embora o termo seja
relativamente novo. Soluções similares ao BIM têm sido utilizadas em diversas
indústrias, onde a complexidade logística (ex. uma montagem em alto-mar - offshore),
ou a repetição de um mesmo projeto (ex. indústria automobilística ou de aviação),
exigiam e permitiam um maior investimento no desenvolvimento dos projetos e
especificações. O que é novo é o acesso da indústria da construção civil a esta
ferramenta, que só se tornou possível pelo aumento da facilidade de aquisição de
hardwares (computadores pessoais com grande capacidade de processamento) e
softwares. No Quadro 1 apresentam-se alguns dos principais aplicativos BIM existentes
no mercado.
Não se trata de facilitar apenas dados como dimensões de paredes e localização de
canos hidráulicos e tubos de gás, mas também informações relacionadas a tipos e
quantidade de insumos e mão de obra utilizados, por exemplo. Isso quer dizer que, ao
se modelar uma parede usando o BIM, é possível especificar parâmetros não apenas
de espessura, comprimento e altura, mas também, por exemplo, o material do qual
será feita a parede, fabricantes de materiais, custos, propriedades térmicas e
acústicas, custos envolvidos, dentre outras possibilidades.
Nos últimos tempos, um dos problemas enfrentados pelas empresas do setor foca-se
na dificuldade em conseguir visualizar corretamente o planejamento da empreitada.
Tradicionalmente, os métodos utilizados para o planeamento da construção não têm a
evolução de configurar espacialmente as atividades a desenvolver em obra, como é
exemplo o diagrama de Gantt. O BIM 4D evolui tecnologicamente, sendo possível aos
vários intervenientes do Projeto visualizarem o faseamento da construção e
consequentemente, entenderem com maior facilidade o cronograma de construção. O
BIM 5D, planejamento dos custos, é uma ferramenta de apoio à decisão para a gestão
dos custos da empreitada, onde o utilizador pode analisar e identificar qual a solução
mais viável economicamente através de diversas simulações virtuais. As ferramentas
BIM que abordam o BIM 5D são verdadeiras mais-valias para a gestão dos custos da
obra.
Alguns softwares já circulam no mercado mascarados como soluções BIM. Por isso, é
importante atentar para alguns pontos que podem ajudar no processo de
discernimento entre o que é BIM e o que não é BIM. Considere as seguintes
informações:
Softwares e soluções 3D que não atuam como gestores de bancos de dados integrados
não são BIM. Nas soluções BIM, o modelo tridimensional de um prédio ou
instalação que se pode visualizar e manusear na tela de um computador, é uma das
formas possíveis de se ‘enxergar’ o conjunto de dados e informações que
constituem este prédio ou instalação. O BIM oferece outras formas de
‘visualização’ destes mesmos dados, como listas, tabelas, planilhas, etc. Além
disso, caso o usuário faça alguma alteração de informação, por exemplo, em uma
tabela, ela será refletida, imediatamente e automaticamente, em todas as outras
formas de visualização. A alteração em uma tabela, por exemplo, da largura de um
determinado tipo de porta, inserido e repetido em diversos ambientes de um
modelo, provocará automaticamente, a correspondente alteração das imagens
tridimensionais destes mesmos ambientes.
Desta forma, a utilização do conceito BIM como sendo um sistema construtivo através
de informações para obtenção de um modelo, é possível garantir os “buracos”
deixados pelo sistema 2D de produção.
Orientados por uma cadeia de informações fornecidas pelo projetista, o sistema BIM
reduz a probabilidade de erros tanto no projeto, quanto na Obra. Isso se dá através de
uma parametrização de componentes que irão compor o objeto arquitetônico a ser
criado. Essa parametrização é capaz de transformar um sistema produtivo de 2D para
3D, 4D, 5D, 6D e 7D a depender do nível de informações que o projetista forneça ao
modelo em produção (Figura acima). Os vários subconjuntos de BIM são comumente
descrita em termos de dimensões - 3D (modelo de objeto), 4D (tempo), 5D (custo), 6D
(operação), 7D (sustentabilidade) e até mesmo 8D (segurança) (SMITH, 2014). Eastman
et al. (2011) e Karmeedan (2010) definem essa capacidade multidimensional do BIM
como modelagem 'nD', pois tem a capacidade de adicionar um quase número infinito
de dimensões no modelo de construção.
2.0 BIM 5D
Esse processo, no entanto, está sujeito a erro humano e tende a propagar imprecisões.
A quantificação é um processo demorado e pode exigir 50% a 80% de uma estimativa
de custo de tempo em um projeto (SABOL, 2008).
Na Figura 13, mostra como o processo do BIM 5D se realiza. Por exemplo, de um pilar
é necessário extrair quantidades para a sua execução, nomeadamente, a armadura, a
cofragem, o betão e o revestimento final. Além da quantificação das áreas de medida é
necessário identificar os recursos que estão envolvidos, os equipamentos, a mão-de-
obra e os materiais. Será toda esta informação obtida que irá originar o custo final da
construção do pilar.
Sacks et al. (2005) afirmam que entre os benefícios da utilização do BIM estão o
aumento no grau de precisão do levantamento de custos, a redução drástica no tempo
de planejamento e de elaboração dos documentos relativos à execução da obra, como
projetos, relatórios e quantitativos, o melhor atendimento ao cliente e o suporte para
a automação na produção.
A maioria das ferramentas BIM inlcuem recursos para extrair a lista de quantidades
dos objetos. Estas ferramentas também incluem recursos para exportar essa
informação para softwares externos (Eastman, Teicholz, Sacks, & Liston, 2011).
Segundo os inquéritos, o Microsoft Excel é a ferramenta de estimativa de custos mais
utilizada (Sawyer & Grogan, 2012). Por exemplo, os profissionais da AEC podem utilizar
o Revit da AUTODESK e com facilidade extrair a lista de materias e quantidades para
uma folha de Excel, e facilmente fazer estimativas orçamentais mais precisas para o
projeto. No entanto, esta abordagem requer configuração e uma adoção de um
processo padrão para a modelação (Jiang, 2011).
O BIM 5D, planeamento dos custos, é uma ferramenta de apoio à decisão para a
gestão dos custos da empreitada, onde o utilizador pode analisar e identificar qual a
solução mais viável economicamente através de diversas simulações virtuais. As
ferramentas BIM que abordam o BIM 5D são verdadeiras mais-valias para a gestão dos
custos da obra. Esta metodologia tem como vantagens o maior controlo de custos da
empreitada (evitar derrapagens de orçamento), apresentação de relatórios ao dono de
obra e projeção de cenários (Azenha, Lino, & Caires, 2014).
De forma geral, o BIM 5D oferece várias vantagens para todo o ciclo de vida do Projeto
de construção, dos quais se destacam:
2.3 SOFTWARES
Ainda há pouco tempo não existia nenhuma ferramenta totalmente viável para o
processo. A opção era exportar quantidades de objetos de construção retiradas do
software de análise ou até do próprio software de desenho para o software de
estimativa de custos como, por exemplo, o MS Excel. Neste momento começam a
aparecer novas ferramentas e outras que já existiam começam a evoluir neste sentido.
Surge então novas tecnologias para BIM, como o Navisworks® e o Vico Software, que
proporcionam o levantamento de quantitativos para a geração de orçamentos e a
atribuição do valor total a cada componente do modelo de forma prática. A
consolidação da quantidade total de materiais, mão de obra e equipamentos extraídos
da tecnologia para BIM torna o processo de orçamentação muito mais preciso, porque
tem como referência o formato exato em que o empreendimento foi projetado e
atualizado. Diferentemente de calcular quantitativos com base em estimativas,
correndo o risco de fazer interpretações e comparações erradas, ter erros de digitação
e deixar algum cálculo importante de lado.
2.3.1 NAVISWORKS
Simula cronogramas e logística de construção em 5D para comunicar e analisar
visualmente as atividades do projeto e minimizar atrasos e problemas de
sequenciamento.
Levantamento de Quantidades
Orçamentação
Planejamento Físico
Relatórios
As causas que impedem a adoção BIM de uma forma mais ampla são diversas,
mas uma das principais tem a ver com a própria questão da mudança que a migração
BIM significa para as empresas e organizações.
Para que uma mudança aconteça de fato numa empresa ou organização, são
necessários cinco componentes críticos: visão, capacitação, incentivos, recursos e o
desenvolvimento de um plano de ação. A falta de um desses componentes conduz à
confusão, à ansiedade, à resistência, à frustração ou a falsos inícios, como ilustra a
figura a seguir:
2. A dificuldade de entendimento e compreensão do que é BIM e dos seus reais
benefícios;
Outro ponto fundamental que ajuda a emperrar a adoção BIM e impede que
ela se dissemine mais largamente está relacionado ao entendimento e à correta
compreensão da tecnologia com os seus reais benefícios.
Então, podemos afirmar que a adoção BIM não acontece mais rapidamente:
• Porque não é muito fácil, tampouco simples, compreender o que é BIM e qual
o seu significado.
• Porque não é fácil entender os potenciais benefícios que a adoção BIM pode
proporcionar e os envolvidos num empreendimento, num primeiro momento, não
conseguem enxergar que eles já pagam uma conta muito alta devido a erros,
retrabalhos, atrasos, demandas e processos.
• Algumas pessoas são céticas e pensam que BIM pode ser um ‘modismo’
passageiro.
Não temos ainda documentos definidores de boas práticas que auxiliem nos
processos de seleção, contratação e gerenciamento do projeto e empreendimento
utilizando BIM. Além disso, não há bibliotecas de componentes BIM que
correspondam aos produtos produzidos e utilizados na indústria brasileira.
Uma questão interessante, que deveria ser melhor investigada, tem a ver com
um possível conflito de gerações. Como se sente um engenheiro com muitos anos de
experiência e uma carreira de sucesso quando outro profissional, geralmente mais
jovem, lhe apresenta uma ‘nova tecnologia’ e mostra que será capaz de fazer melhor
tudo o que ele sempre fez, utilizando a tecnologia CAD? Considere, ainda, que esse
profissional mais experiente certamente estará encarregado de tomar as decisões ou
de minimamente influenciá-las dentro das organizações.
Também se costuma dizer que a utilização do BIM acaba expondo mais
explicitamente os eventuais erros cometidos pelos arquitetos e projetistas, que não
são tão visíveis assim com a utilização da tecnologia 2D.
• É difícil mensurar alguns dos principais benefícios oferecidos pelo BIM, que é
justamente o aumento da precisão dos projetos e do planejamento. O custo de um
erro é mais fácil de ser percebido e avaliado que o valor dos ‘acertos’, porque ‘acertos’
não costumam chamar a atenção das pessoas.
No primeiro estudo de caso, o objeto de estudo será um lote com condições de serem
executadas duas unidades de habitação de interesse social. O lote escolhido se
encontra no município de Fazenda Rio Grande, PR, região metropolitana de Curitiba.
Possuindo 12 metros de frente e 30 metros de profundidade totalizando 360 m². Na
figura abaixo é apresentada a localização do terreno no mapa.
Cada item do relatório de serviços possui um código que representa uma composição
de insumos e suas quantidades para realizar uma quantidade unitária do serviço. A
Figura 13 apresenta a composição do código 5999 – Azulejo 2a 15x15 cm fixado com
argamassa colante, juntas a prumo, rejuntamento com cimento branco.
Associando os dados extraídos do modelo com este banco de dados, obtém-se uma
estimativa de custo na pasta de trabalho utilizada. A Figura 15 apresenta o resultado
da combinação desses dados para o custo do item 5999- Azulejo 2a 15x15 cm fixado
com argamassa colante, juntas a prumo, rejuntamento com cimento branco. Este
procedimento é realizado automaticamente para cada elemento modelado que possui
um código e sua quantidade.
Por fim, foi realizada a simulação 5D (3D + prazo + custo). O software escolhido para
fazer a compilação de todas as informações do modelo e gerar a simulação foi o
Autodesk Navisworks. O início dessa etapa se deu reunindo todos os quantitativos
extraídos do Revit em uma única planilha. A Figura 18 evidência a necessidade dessa
organização das tabelas, a fim de deixar todos os elementos modelados com códigos
na ordem do planejamento.
Tendo em mãos o levantamento de custos elaborado anteriormente pode-se então
inserir esses custos no planejamento de prazo. Assim, tem-se para cada elemento
modelado uma atividade e um custo para sua realização. A Figura 20 mostra exemplos
do custo inserido no planejamento da edificação.
Apesar dessa etapa ser realizada manualmente, esse foi o método encontrado pelos
autores para conseguir adaptar as ferramentas utilizadas e poder executar a simulação
5D. O software Navisworks importa o arquivo criado em Microsoft Project e é a partir
da ligação do modelo 3D com o planejamento que se faz a simulação da construção. É
por esse motivo que os custos são inseridos nesse arquivo. A Figura 21 mostra a
simulação da edificação mostrando que o andamento da construção para uma definida
data e o custo da obra até então.
3.2 ESTUDO DE CASO 2
A casa possui um pavimento e seu piso tem na fundação baldrame a sua estrutura. Ela
é composta por uma área de circulação interna de 6 cômodos, contendo varanda, 2
quartos, sala, banheiro e cozinha. A edificação é circundada por uma proteção de
calçada de 40cm de largura.
A figura 21 a seguir mostra os dois modelos da casa: à esquerda está o modelo 1, feita
com paredes unidas e à direita está o modelo 2, feito com as paredes de múltiplas
camadas.
O objetivo do estudo é aplicar a modelagem 5D BIM na elaboração e
acompanhamento de um orçamento executivo ou operacional. Entretanto, o Revit não
possui o suporte para que se possa modelar com o cronograma e com os custos. Para
isso, foi usado o Navisworks 2015, o software capaz de possibilitar e realizar de
maneira eficaz as análises em cima do modelo em estudo.
Assim, destaca-se na modelagem 5D a proximidade que ele pode ter com o orçamento
executivo, pois trata-se de uma aplicação direta dos conceitos dessa modalidade no
modelo da informação da construção: quando o orçamento executivo tradicional é
elaborado, não há uma imagem da obra como um todo que permita ao Engenheiro
que ele se posicione de maneira mais convicta.
O BIM, com essa forma de modelagem contribui pra uma melhor eficiência na
elaboração do orçamento executivo, assim como uma maior confiança frente às
decisões. O processo descrito não é inteiramente automatizado. A inserção dos
parâmetros relacionados aos elementos construtivos é realizada manualmente
durante o processo de modelagem, porém o processo de levantamento dos
quantitativos, que demanda tempo e recurso, é realizado automaticamente pelo
software. Sendo assim, o uso do BIM permite as partes interessadas focar seus
esforços em outras atividades gerenciais, como o planejamento, estudos e análises
técnicas.
Todo o levantamento de quantidade apresenta ainda certo grau de imprecisão,
embora com a utilização do BIM, onde todo o processo é automatizado e realizado
pelo software o grau de incerteza de todo o processo possa ser diminuído. O nível de
precisão do levantamento quantitativo obtido no modelo depende do grau de
desenvolvimento do projeto. Quanto maior o estágio de desenvolvimento do projeto,
maior a precisão do levantamento de quantitativos.