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A Arte ressignificando a vida.

Morgan, G.L.1,2 e SILVESTRI, K. V. T.1,4,6


1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 2
Discente; 3
Profissional;
4
Docente; 5Co-orientador; 6Orientador.

glisboa16@gmail.com, katiavanessa@fho.edu.br

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INTRODUÇÃO

A leitura de O nascimento da tragédia de Friedrich Nietzsche, proporcionada


pelo grupo de estudos Gefil (Grupo de Estudos de Filosofia) sob a coordenação da
professora Dra. Katia Vanessa T. Silvestri, pertencente a linha de pesquisa Filosofia
– Metafísica e antimetafísica e a fenômenos que perpassam a vida do presente
escritor, despertou a indagação ao tema central desta produção, de como a Arte
interfere nas relações indivíduo/sociedade e indivíduo/individuo, sendo a mesma
protagonista de inúmeros conhecimentos e sensações. Tida como um instrumento
imanente que valoriza a vida, as próprias pulsões e vontades dando, ao ser, a
humanização e possibilidades de criar e recriar o seu eu e a sua volta.
Segundo Guattari (1992) a Arte paralelamente à ciência e a filosofia é uma
forma de conhecer através de vivências de base sensível, então, desta forma a
mesma conserva o evento em si, criando um universo estético riquíssimo e
particular.
Na arte [...] a finitude do material sensível torna-se um suporte
de uma produção de afetos e de perceptos que tentará cada
vez mais a se excentrar em relação aos quadros e
coordenadas pré-formadas. Marcel Duchamp declarava: ‘a arte
é um caminho que leva para regiões que o tempo e o espaço
não regem‘. Os diferentes campos do pensamento, da ação, da
sensibilidade posicionam de modo dessemelhante seu
movimento do infinito ao longo do tempo, ou melhor, ao longo
das épocas que, aliás, podem sempre voltar ou cruzar-se entre
si (GUATARRI, 1992, p.129-130).
Em vista disso, a Arte assume um lugar primordial na vida do sujeito,
proporcionando ao mesmo ferramentas para experienciar a existência de outras
perspectivas e significados.
Contudo e para além, Adorno (2001), defende a experimentação artística,
visto que o homem moderno se ocupa em uma sociedade estritamente instrumental,
deixando de lado o que o caracteriza como ser que vive a partir da constituição de
que assume paralelamente um lugar de produtor e produto de relações de cunho
sensível e estético, sendo sua trajetória de evolução marcada desde sempre por
manifestações artísticas e culturais. Além desta forma de compreensão a Arte pode
ser assimilada como porta-voz e possibilidade de expressar o que está silenciado,
oculto e reprimido.

OBJETIVO

O objetivo central concentra-se em identificar exemplos empíricos tendo a


Arte como forma de instrumento ressiginificativo e determinante para a vida da
espécie Homo sapiens, sendo a mesma parte inseparável desde o começo da
humanidade como forma de expressão. Ainda relacionar o referencial bibliográfico
discutido no grupo de estudos (GEFIL) com a realidade contemporânea. Por
conseguinte, demonstrar como é forte a influência da visão positivista cientificista de
conhecimento de si e do mundo que o circunda.

MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA

O Método contempla além de fundamentos teóricos, ou seja, pesquisa


bibliográfica que em harmonia com Silveira e Córdova (2009) citando Fonseca
(2002) contemplam esta forma de conhecer como proporcionadora de uma base
para toda formulação de qualquer produção, pois é de suma importância ter
apropriação do que já fora desenvolvido pelo tema analisado. Ademais foi
desenvolvido um questionário semiestruturado construído e aplicada na plataforma
Google Forms, submetido e aprovada pelo comitê de ética tendo como número do
parecer os dígitos 3.260.239. De pilar quantitativo, efetuado aos indivíduos com as
restrições básicas de estar inserido e ter contato com o mundo estético-artístico, não
possuir nenhuma deficiência auditiva e visual e dispor de acesso à internet.
Antecedente a aplicação do formulário, foi elucidado detalhadamente aos
contribuidores sobre todo o processo e para qual sua finalidade, deixando
esclarecido sua total liberdade durante todo o processo.
Sendo assim a escolha deste instrumento possibilitará respostas subjetivas
entorno ao tema, acumulando informações empíricas sobre tal. As perguntas
fundamentam em:
1. O que é Arte para você? A mesma é um meio de promover/disseminar
conhecimento? Explique quais.
2. Você como indivíduo se considera um artista? O que é ser um artista
na sua concepção?
3. Como era sua vida antes da arte? A arte se expressa para você de
quais formas?
4. Qual o peso, para você dê uma prática que dissemina cultura e arte?
5. Como se dá o processo de criação e de retratação da realidade,
utilizando a arte como instrumento de intervenção?
6. Como lida com as questões referentes ao Belo X Feio por estar
inserida constantemente a este contexto?

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Envolto a esta presente temática, torna-se-ia indissociável introduzir a


argumentação sem conceber ressalva à obra cinematográfica Cisne Negro, dirigido
por Darren Aronofsky como um exemplo clássico de ressignificação da vida pela
Arte, por a trama fazer com que a protagonista tenha uma nova configuração na
forma de como percebe a realidade na qual está submetida, cabendo então,
destaque especial para as cenas que expressam a tomada de dores reais no
processo de transfiguração para tornar-se um cisne, tudo isso ocasionado em prol
pela busca da perfeição.
Doravante a obra audiovisual, Hermann (2005), anuncia a denúncia
nietzschiana do pensamento moral imposto socialmente, salientando então o
fenômeno estético de mundo e de constituição de si como sui generis de
justificação.
Entretanto Nietzsche (1992), apropria de dois termos oriundos da cultura
grega: Dionísio o deus dos prazeres, do vinho e Apolo o deus da harmonia, da
perfeição.
A seus dois deuses da arte, Apolo e Dionísio, vincula-se a
nossa cognição de que no mundo helênico existe uma enorme
contraposição, quanto a origens e objetivos, entre a arte do
figurador plástico [Bildner], a apolínea, e a arte não-figurada
[unbildlichen] da música, a de Dionísio: ambos os impulsos, tão
diversos, caminham lado a lado, na maioria das vezes em
discórdia aberta e incitando-se mutuamente a produções
sempre novas, para perpetuar nelas a luta daquela
contraposição sobre a qual a palavra comum "arte" lançava
apenas aparentemente a ponte; até que, por fim, através de um
miraculoso ato metafísico da "vontade" helênica, apareceram
emparelhados um com o outro, e nesse emparelhamento tanto
a obra de arte dionisíaca quanto a apolínea geraram a tragédia
ática (NIETZSCHE, 1992, p. 27).

Diante desse fragmento, os termos em destaque Dionisíaco e Apolíneo são


compreendidos por Hermann (2005) que, por intermédio do mundo estético, estas
forças são elaboradas e acarretam consigo “uma intensificação da vida e um
consolo metafísico” (HERMANN, 2005 p.78). Em conseguinte, concebe uma crítica
ao cientificismo e ao racionalismo, por os mesmos defenderem a ocultação de uma
vida de paixões e impulsos priorizando somente os valores que transmitem clareza
esta de cunho Apolíneo.
Defronte ao pleiteado acima, por intermédio da indagação efetuada, pode-se
elucidar empiricamente estes fenômenos nas falas do sujeito 1, no qual afirma que
“a Arte é o meio de realização pessoal do ser humano”, e do sujeito 2, que explana
como a Arte e as experiências estéticas, ao longo de sua existência, portou um
caráter evolucionário e transformador, auxiliando o mesmo a debelar questões
envoltas ao luto pela perda de um indivíduo de amplo significado para ele.
Também é de relevância salientar a fala do sujeito 1, na qual o mesmo
verbaliza sua concepção subjetiva do ser artista, sendo caracterizado por um
humano possuidor de um dom divino no qual enxerga o mundo de infinitas faces e
ângulos com uma percepção do sensível diferente dos demais, acrescenta ainda a
noção de liberdade sem a necessidade de uso de alucinógenos para atingir a
mesma.
Outrora e a posteriori à aplicação do questionário é perceptível a sustentação
pelos sujeitos 1 e 2 de argumentos circundados em pautas como Belo X Feio,
alegam que são conceitos criados ao longo da existência humana pelos próprios,
como definição de um certo desiquilíbrio na sua forma de expressar a arte. Para
atingir o reconhecimento destas questões para o sujeito 1, deve-se haver um
autoconhecimento de si, e acrescenta ainda, que quando é feito algo para outrem
deve-se manter o equilíbrio inteligente de elementos para alcançar um “belo
coletivo”. Este que é concernido em Eco (2015) como a ligação criada entre o que se
constitui belo como bom e feio relacionado com ruim e a mau.
O mau gosto padece a mesma sorte que Croce reconhecia
como típica da arte: todos sabem muito bem o que é e não
hesitam em individuá-lo e apregoá-lo, mas atrapalham-se ao
defini-lo. E tão difícil parece a definição, que até para
reconhecê-lo nos fiamos não num paradigma, e sim no juízo
dos spoudaioi, dos peritos, o que vale dizer, das pessoas de
gosto: em cujo comportamento nos baseamos para definir, em
âmbitos de costume precisos, o bom ou o mau gosto. (ECO
1993 p.69).

Isto posto, conclui-se a partir de Eco (2015) que o belo e feio na


contemporaneidade se mostram de uma forma integrada e subjetiva na percepção
do sujeito. Logo é de suma importância ressaltar que as questões belo e feio
interferem diretamente na relação para com a experiência estético-artística,
consequentemente no processo de ressignificação da vida do sujeito a partir da
mesma.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU CONCLUSÃO

À luz dessa discussão, mostra-se que muitas vezes a Arte é banalizada na


sociedade atual brasileira, por o processo de conhecimento estar presos a uma
visão positivista, que conseguintemente bane qualquer prática não comprovada
cientificamente, porém a partir deste compilado de ideias constata-se em exemplos
práticos a Arte como forma de ensinamento e de significação de experiências.
Enfim, em contemplação a esta presente produção, é de suma relevância
apontar que a partir de tal, a vida do autor também assumiu uma nova perspectiva e
significado, sendo então mais uma vez apresentado empiricamente a Arte como
forma ressiginifcadora da vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, W. T. Arte é alegre? In: ZUIN, A. A. S., PUCCI, B. RAMOS, N. O. (Org.)
Teoria crítica, estética e educação. Piracicaba: Editora Autores Associados
(UNIMEP), 2001, p. 1118.

Cisne Negro. Direção de Darren Aronofsky. Estados Unidos da América: Fox Filme,
2011. 1 DVD. (103 min.).

ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 1993.

ECO, Umberto. História da feiura. Rio de janeiro: Editora Record. 4 ed. 2015.

GUATTARI, F. Caosmose - um novo paradigma estético. Rio de Janeiro: Editora 34,


1992.

HERMANN, Nadja. Ética e estética: a relação quase esquecida. Porto Alegre:


EDIPUCRS, 2005.

NIETZSCHE, F. A Gaia Ciência. São Paulo: Editora Escala (Não tem data).

NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia. v. 7. São Paulo: Escala, 2013c.


(Coleção O essencial de Nietzsche).

NIETZSCHE, F. Vida e pensamento. São Paulo: Martin Claret, 1997.

SILVEIRA, D. T. e CÓRDOVA, F. P. Métodos de Pesquisa. Unidade 2- Pesquisa


Científica. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

PALAVRAS-CHAVES: Estética, Ressignificação, Experiência.

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