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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ICHS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
EDU209 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO.

Caroline de Oliveira Primo 13.2.3267

RESENHA: PAULO FREIRE A PEDAGOGIA DO OPRIMIDO.


CAP. 1 JUSTIFICAVA A PEDAGOGIA DO OPRIMIDO.

Mariana, 2021.
O livro do Paulo Freire intitulado Pedagogia do Oprimido, em específico o seu
primeiro capítulo, será tema da presente resenha, com o título de Justificativa da Pedagogia
do Oprimido, ele busca aprofundar elementos a partir da problematização da humanização.
De antemão ele traz o reconhecimento da desumanização em um processo de
viabilidade ontológica, em que a realidade histórica apresenta o questionamento sobre a
viabilidade da humanização, ou seja, busca compreender a raiz inconclusa permanentemente
através de um movimento de busca. Segundo Paulo Freire, entende-se por humanização e
desumanização em contexto histórico, as possibilidades dos seres inconclusos e conscientes
de tal processo. Deste modo, há uma luta pelo trabalho livre, desalienação e também,
afirmação dos homens como pessoas, como seres históricos produtores.
O processo da desumanização busca por elencar o fato concreto histórico do
“destino dado”, no qual aplicado em sociedade gera a violência do opressor sobre aqueles
intitulados como “ser menos”.
O conceito de generosidade é apresentado em ênfase de alerta, já que o autor
coloca que os opressores têm a oportunidade de sua realização, o que gera permanência e
injustiça. Há uma ordem social injusta que necessita de ser mantida através de uma fonte
geradora permanente, tal generosidade se nutre da morte, do desalento e da miséria. A partir
de tais elementos ele apresenta aspectos da Pedagogia do Opressor.
Tal Pedagogia busca refletir através do opressor e suas causas a reflexão dos
oprimidos a fim de impulsionar o engajamento necessário e a luta pela liberdade. Ela é um
instrumento de crítica dos oprimidos por si mesmos e também dos opressores. Liga-se à
Pedagogia libertadora em que há um impulso para os descobrimentos que busca a libertação,
através da luta e por ela. Tal estrutura do seu pensamento é condicionada pela contradição
vivida na situação existencial de formação.
A fim de compreender melhor, ele traz o caso da “imersão” em tal realidade que
nos permite compreender tal contradição. O oprimido se acha pertencente da realidade
opressora, através do ato de reconhecer-se em tal nível, há a busca da criação do “homem
novo” este, que através de uma visão individualista adere ao opressor e limita-se a
consciência de si como pessoa e também da classe oprimida, deste modo ele reproduz a
opressão e também, cria um medo da liberdade.
O medo da liberdade é um conceito que aborda o medo de se acabar com uma
estrutura opressora, já que este homem reprodutor de tal sistema vê-se atado na busca e
desejo pelo status de opressor, ocasionando a prescrição, que para Paulo é a imposição de
uma consciência a outra. Tal situação gera uma totalidade desumanizada e desumanizante,
que atinge os opressores e oprimidos. Há uma motivação dos primeiros opressores através do
motivo de tal ato, e os segundos a permanência de estrutura através do “ser menos”, a
condição da busca de ser “mais” que todos.
Há uma dualidade que ocasiona em sua “interioridade” a descoberta da necessidade
da liberdade para a autenticação. Outro elemento é como a descoberta do limite da realidade
opressora lhes impõe um reconhecimento para a ação libertadora. Ao reportar Hegel em seu
texto ele enfatiza tal elemento, aqui há a necessidade de reforçar uma entrega a práxis
libertadora. O gesto da solidariedade é reportado com um caráter individual e piegas, que leva
ao conceito de objetivismo.
O objetivismo entra com crítica ao subjetivismo ou psicologismo. O subjetivismo
nega a ação a realidade objetiva desde esta busca passar a criação de uma consciência. Para
Marx a opressão real é mais opressora ao acrescentar tal consciência, ele estabelece uma
relação dialética subjetiva objetiva. O reconhecimento do caráter objetivo fere aos interesses
individuais pois busca fugir de uma realidade opressora e Paulo coloca em dois casos, o
primeiro a uma inserção crítica de tal realidade e a segunda a inserção contraditória aos
interesses da classe do reconhecedor.
O subjetivismo é identificado através da racionalização, em um pensar dialético, o
mundo, suas ações e vice e versa, estão mutuamente interligados. Lukács é elencado para
enfatizar o processo de ativar conscientemente o desenvolvimento ulterior da experiência, ou
seja, em que o opressor só existe diante de um ato proibitivo do ser mais dos homens. Em
contrapartida a isso há os formados na experiência dos opressores, que buscam através do
direito de oprimir se desvincular de uma opressão intrínseca.
A violência da opressão é instaurada através da instalação de um novo poder, por
base no dinheiro em que o lucro é o seu objetivo principal. Para os opressores ter mais às
custas de quem tem menos, ou quase nada é tido como uma classe, reforçando novamente a
generosidade falsa, ocasionada pelo individualismo e interesse em detrimento de uma
estrutura, um atributo herdado e apenas seu. O ter mais é visto como um direito conquistado
com esforço e coragem.
O controle é criado a partir da submersão da humanização dos oprimidos que logo
personificam em “coisa” tudo que é inanimado. O sadismo é reportado como um elemento da
consciência opressora a partir do ponto de vista necrófilo. A partir daí há necessidade dos
oprimidos em criarem uma condição de mudança e logo comprometer-se com a libertação de
tais condições, do “estar sendo”, para “estavam sendo”.
Por fim, ele reporta à condição introjetada de sombra que os opressores hospedam
dentro dos oprimidos. Isto se aplica a dificuldade de identificação do opressor e a necessidade
de identificação de uma consciência para si, ou seja, de assumir a condição fatalista no qual
se encontram. A atração pelo opressor ocorre através do que Memmi coloca como
consciência colonizada, aqui, há de um lado uma repulsa e de outro a apaixonada atração pelo
opressor.
Os opressores matam a vida, em vez de defendê-las em uma cultura do silêncio
que enfatiza a desconfiança no povo, as deformações do sistema e seus preconceitos. A
autodesvalia entra em contraponto a isso, é ocasionada da introjeção da visão dos opressores
em que a crença difusa na invulnerabilidade do opressor mantém tal sistema. Cria-se então a
necessidade de romper os laços de dependência emocional dos oprimidos pelos opressores.
Deste modo, caráter da dependência e total do oprimidos emocional levam a
manifestações necrófilas. Há a necessidade de ampliar um diálogo que supõe a ação e
libertação através da luta. Política e cultura abraçadas em um alcance permitem reforçar o
sentido pedagógico presente nos líderes revolucionários que afirmam a necessidade da
imersão e do conhecimento, nas massas oprimidas, mesmo que Paulo condena a propaganda
e os seus veículos como instrumentos perigosos de reconstrução há uma educação que
necessita de ser praticada pela liderança intencionalizada.

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