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A SILVICULTURA CLONAL
Efeitos da Maturação
Competência Reprodutiva
Alterações Bioquímicas
Expressão Gênica
Rejuvenescimento e Revigoramento
Revigoramento Vegetativo
Segundo Scarassati (1993), o efeito “C” que causa essa alteração nos
clones não pode e não deve ser visto como uma anomalia do desenvolvimento
da planta, e sim como um fator que não pode ser controlado durante o
processo e, ou, que, por falta de conhecimento adequado, não é controlado. De
forma geral, o efeito “C” pode ser agrupado em efeito decorrente das variações
ambientais, das variações do padrão de qualidade das mudas produzidas e dos
aspectos de morfologia e fisiologia dos propágulos vegetativos utilizados na
propagação clonal.
Enxertia
Enxertia é a arte de unir partes de uma planta em outra que lhe sirva de
suporte e de estabelecimento de comunicação com o sistema radicular, de
forma que as duas partes diferentes passem a constituir apenas uma, embora
em nível genótipo cada uma delas mantenha sua individualidade.
Conforme mencionado, a enxertia é constituída por duas partes básicas:
o porta-enxerto (Figura 3.1). O termo porta-enxerto, popularmente conhecido
como cavalo, constitui a parte inferior da planta enxertada, a qual desempenha,
principalmente, funções de absorção de água e de fixação da planta enxertada,
podendo este ser de origem seminal ou de propagação vegetativa. O termo
enxerto, popularmente conhecido cavaleiro, refere-se a um propágulo
vegetativo que, ao se unir ao porta enxerto, constitui a parte superior da planta
enxertada, desempenhando funções do caule e copa (condução, fotossíntese,
florescimento, frutificação, etc.).
Tipos de Porta-enxertos
Os porta-enxertos são basicamente originados da propagação seminal
ou vegetativa, os quais podem influenciar o desenvolvimento e crescimento da
planta enxertada, bem como os objetivos desejados com a técnica.
Incompatibilidade na Enxertia
O termo incompatibilidade pode ser entendido como uma série de falhas
na união resistente do enxerto com o porto-enxerto (Figura 3.3). Garner (1995)
afirma que a indicação mais confiável de incompatibilidade é a quebra do ponto
de união, particularmente quando a combinação sobreviveu durante uma
estação de crescimento e a quebra é total. Segundo esse autor, em algumas
espécies e a combinação de enxerto e porta-enxerto, os sintomas de
incompatibilidade podem ocorrer vários anos após a enxertia, sendo o
momento muito influenciado pelas condições ambientais do local de plantio.
(Figura 3.3) – Incompatibilidade em planta enxertada de Ilex
paraguariensis: crescimento do enxerto superior ao do porta enxerto.
Tipos de enxertia
Por se tratar de uma técnica de propagação vegetativa antiga, inúmeras
metodologias foram desenvolvidas e aprimoradas no decorrer dos anos. A
literatura apresenta os mais variados tipos de enxertia, os quais são
decorrentes da diversidade de respostas das espécies, do tipo de material
vegetativo, bem como da facilidade, custo e operacionalidade. Contudo, a
enxertia é agrupada em três categorias distintas: garfagem, borbulhia e
encostia.
Garfagem
Enxertia natural: caracteriza-se pelo contato radicular e, ou, parte aérea entre
duas plantas. A enxertia natural radicular pode acontecer em viveiro
(propagação de mudas por raízes nuas) ou no campo (compatibilidade e
pressão de crescimento). Segundo Ferreira et al. (1999), o conhecimento da
possibilidade de ocorrência da enxertia natural de raízes é fundamental para a
realização de diagnose e explicação de transmissibilidade de doenças
radiculares e vasculares causadas por fungos, bactérias vírus, fitoplasmas e
protozoários.
Sobre-enxertia: também conhecida por enxertia de copa, a sobre-enxertia, ou
substituição da parte aérea, é a operação que tem por finalidade o
aproveitamento de plantas formadas com alteração da variedade da copa. O
seu emprego é indicado para plantas de idade não muito avançadas e sadias
ou para plantas com problemas na parte aérea. Com a sobre-enxertia se ganha
tempo, pois o porta-enxerto se encontra perfeitamente implantado, e as
produções se tornam mais precoces. Para se proceder à sobre-enxertia,
decepa-se a copa, deixando brotar de quatro a cinco ramos, sobre os quais se
fará a enxertia da variedade desejada. É o processo indicado para Hevea
brasiliensis, quando em plantas adultas a parte aérea encontra-se atacada por
patógenos prejudiciais ao seu desenvolvimento. Pinheiro et al. (1998) e
Embrapa (1989) recomendam o método de enxertia de copa para o
estabelecimento de seringais em áreas de ocorrência de enfermidades, como
no caso da doença denominada ‘mal das folhas”. No caso de Ilex
paraguariensis (erva-mate), a técnica da sobre-enxertia também pode ser
utilizada para troca de material genético da copa por outro de maior interesse
(Figura 3.18A).
Analogia entre as plantas: Deve ser respeitada uma certa semelhança em relação a
fisiologia, anatomia, consistência dos tecidos, porte e vigor, bem como exigências com
relação ao clima e as propriedades do solo. A analogia na anatomia torna-se
necessária para promover uma estreita associação entre os tecidos, de modo a
formarem uma conexão continua para o deslocamento das substancias de
crescimento. Quanto a consistência, plantas com tecidos lenhosos são incompatíveis
com as de tecidos herbáceos. No que ser refere ao vigor, as plantas devem ser, tanto
quanto possível, semelhantes, para melhor harmonizar o desenvolvimento; a diferença
de vigor pode causar má ligação entre enxerto e porta-enxerto e engrossamento
exagerado de uma das partes.
Enraizamento Adventício
Para fins práticos e de generalizações, alguns autores, como Fitt- Neto (1992),
dividem a rizogênese em apenas duas fases: 1- Indução: etapa de processos
moleculares e bioquímicos, sem alterações visíveis ; e 2- Formação: correspondente a
divisões celulares e crescimento das novas raízes.
Na estaquia, a raiz pode ser originada de uma raiz pré-formada, de raiz iniciais
latentes ou induzida de uma parte do caule. Quanto à origem da raiz adventícia, em
estacas caulinares de plantas lenhosas, esta pode ser de células parenquimáticas
vivas ( quando jovens), raio vascular/ medular, câmbio, floema, calos internos e
externos, de canais resiníferos, córtex ou lenticelas ( HARTMANN et al., 2002). Para
Eucalyptus, de acordo com os resultados obtidos por Goulart (2007), a formação
endógena de primórdios radiculares e a proliferação e a formação de uma massa de
células desorganizadas (calos), em miniestacas caulinares apicais herbáceas de
clones Eucalyptus grandis x E. urophylla foram observadas com até 12 dias de idade,
a partir do câmbio vascular.
Tipos de Estaca
Peroxidases
Compostos fenólicos
Tem sido observado também que fenóis do tipo flavonóide poderiam participar
na regulação de transporte polar das auxinas (JACOBS; RUBERY,1988) citados por
TAIZ; ZEIGER, 2004), o que poderia levar à acumulação de AIA na base de
propágulos. Para a aceleração na emergência de raízes com a adição do composto
fenólico floroglucinol ao meio da cultura in vitro, além do empedimento da formação de
calos.
Genótipo
A época do ano pode exercer grande influência no enraizamento das estacas, pelo
fato de as condições fisiológicas da planta matriz serem influenciadas pelas variações
sazonais. Dessa forma, para cada planta e condição ambiental específica, deve-se
determinar qual a melhor época de colheita de estacas, bem como a influência da
época na produção e qualidade das brotações destinadas ao processo de estaquia.
Para Modak et al. (1990), a imersão das estacas e, ou, o pincelamento destas com
solução de sacarose 0,1% e 1% resultaram em maiores índices de enraizamento para
Adhatoda vasica; conforme Rana e Cadha (1989), o percentual de enraizamento de
plantas do gênero Prunus foi positivamente correlacionado com o conteúdo total de
carboidratos.
Evidências indicam que estacas provenientes de plantas bem nutridas, porém com
teores de nitrogênio (N) menores que plantas bem supridas deste nutriente, enraízam
com facilidade (Fachinello, 1986; Menzies, 1992). De acordo com Hartmann et al.
(2002), geralmente o enraizamento é negativamente correlacionado com o conteúdo
de N, o que pode ser confirmado pelos resultados obtidos por Rana e Chadha (1989).
Nessa situação, o maior índice de enraizamento foi atribuído ao maior acúmulo de
carboidratos ou à redução dos níveis de citocininas na estaca (Fachinello, 1986). Alta
relação C/N é outro índice que tem sido correlacionado positivamente com o
percentual de enraizamento.
O cálcio (Ca) é requerido para elongação e divisão celular (Marschenr, 1995), o que
sugere uma grande importância desse elemento na iniciação radicular (Blazich, 1977).
Trabalahando com Eucalyptus, Higashi et al. (2000b) concluíram que, quanto mais
elevado o teor de Ca, maior a taxa de enraizamento entre todos os clones de
Eucalyptus testados. Maiores índices de enraizamento entre os clones foram
observados quando as concentrações de Ca nas brotações encontravam-se acima de
5,5 g/Kg-1. Trabalhando com aplicações de Ca (2000) concluíram que houve diferença
na resposta ao enraizamento e peso seco da parte aérea a radicial em função do
clone; os maiores pesos secos da parte radicial estavam entre as dose de 6 e 7 g/L-1
de cloreto de cálcio e doses acima de 12 g/L-1 causaram queima nas folhas devido a
elevada salinidade.
Substratos
Rizobacterização
Fatores Ambientais
Luminosidade
Temperatura
Umidade
Estruturas de Propagação
Casa de Vegetação
Jardim Clonal
Esta é uma área de grande importância para viveiros com grande volume de
produção de mudas, visto estes terem a finalidade da produção de brotações para o
obtenção das estacas para a propagação vegetativa pela estaquia. Esta área constitui-
se do plantio de clones já selecionados originados da estaquia ou outra técnica de
propagação vegetativa em um local especifico próximo ao viveiro podendo ser
implantado diretamente no campo, em espaçamento variáveis com forme a espécie (
0,5 X 0,5m; 3,0 X 1,0m; 3,0 X 0,5m; 2,0X1,0m; 1,5 X1,5m; 1,0X1,0m ), onde as cepas
são mantidas sobre podas constantes. Alternativamente, com o advento da
miniestaquia, os jardins clonais tem sido implantados em locais protegidos e em
condições envasadas, como em canaletões. Nesses jardins, o manejo das cepas
fornecedoras de estacas constitui-se de tratos silviculturais constantes, como poda de
manutenção de cepas e para a coleta de estacas, adubações, irrigações e controle de
plantas invasoras, pragas e doenças.
No Brasil, o sistema de jardim clonal tem sido substituído pelo minijardim clonal,
em razão de suas vantagens técnicas.
Figura 4.3 – Estaquia de Eucalyptus grandis x E. urophylla. A: jardim clonal com sistema de
fertirrigação; B: estaca pronta para estaqueamento; C: estaqueamento após
aplicação de AIB na base da estaca; D: fase de enraizamento das estacas em
casa de sombra (alternativa 1); E: fase de enraizamento das estacas em casa de
vegetação climatizada (alternativa 2); F: muda de estaca enraizada, com 90 dias
de idade, pronta para plantio.
O manejo do minijardim clonal pode ser realizado por meio de diversos sistemas;
a condução das minicepas pode ser diretamente em tubetes, em tubos PVC, em vasos
diversos, em sistema de hidroponia com leito de areia ou inundação temporária, além
de variações destes. A recomendação geral quanto ao ambiente do minijardim clonal é
de que ele deve ser instalado em canteiros suspensos e sob cobertura com plástico
transparente, com possibilidade de teto retrátil, visando a otimização dos nutrientes
pela chuva, a promoção de maior controle nutricional e fitossanitário, além da proteção
que esse tipo de cobertura pode oferecer contra danos ambientais adversos. Quanto à
suplementação de Liz artificial em jardim clonal, segundo Assis (2001), em regiões
com dias curtos e poucos ensolarados, experiências obtidas com fotoperíodo de
14h/1000 luz indicaram maior predisposição ao enraizamento, minimizando os efeitos
de sazonalidade observados nas regiões subtropicais, como o Sul do Brasil.
Figura 4.4 – Tipos de minijardim clonal d clones de Eucalyptus. A: minijardim clonal em tubete
com sistema de irrigação por aspersão; B: detalhe de uma minicepa em tubete; C:
minijardim clonal em canaletão (em calha de cimento-amianto) com sistema de
fertirrigação por gotejamento e com cobertura retrátil; D: detalhe do caneletão; E:
minijardim clonal em caneletão (em alvenaria) com sistema de fertirrigação por
gotejamento e com cobertura retrátil; F: detalhe do caneletão; G: minijardim clonal
em tubete com subirrigação/inundação intermitente; H: detalhe do sistema de
subirrigação/inundação.
Por outro lado, existem clones com grande facilidade de propagação vegetativa
cojos procedimentos, mais simples e de menor custo, como a estaquia e miniestaquia,
podem ser suficientes para atender ao processo de produção massal de mudas de
Eucalyptus.
Ao longo dos últimos anos, vários trabalhos vêm sendo realizados visando o
desenvolvimento da estaquia para diferetes espécies florestais nativas do Brasil, como
erva-mate (Ilex paraguariensis), pinheiro-brasileiro (Araucária angustifólia), pau-
brasil(Caesalpinia echinata), aroeira( Schinus terebinthifolius), pau-de-leite (Sapium
glandulatum), fícus (Ficus enormis), corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli),
corteceira-do-mato(Erythrina falcata), pau-de-sangue (Croton celtidifolius), araticum-
de-porco (Rollinia rugulosa), cedro-rosa (Cedrela fissilis), mogno (Swietenia
macrophylla), angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa), entre outras. De modo
geral, os estudos têm-se concentrado em matérias juvenis, na definição da
concentração de reguladores de crescimento, do tipo de substrato, da época de ano
resgate das matrizes, alem da avaliação da potencialidade da miniestaquia. No
entanto, os resultados obtidos para enraizamento são bastante variáveis entre as
espécies estudas: algumas apresentam enraizamento acima de 90%,enquanto outras
simplesmente não enraízam.
Meios Nutritivos
MICRONUTRIENTES
Ácido Bórico H3BO3 6,2 3,1 3,0 1,5 1000 6,2
Molibdato de Sódio NaMoO4.2H2O 0,25 0,15 0,25 - 30 0,25
Cloreto de Cobalto CoCl2.6H2O 0,025 0,25 0,025 - - -
Sulfato de Manganês MnSO4.4H2O 22,3 - - 5,3 10000 -
Sulfato de Manganês MnSO4.H2O - 16,9 10,0 - - 22,3
Sulfato de Zinco ZnSO4.7H2O 8,6 4,32 2,0 3,0 1000 8,6
Sulfato de Cobre CuSO4.5H2O 0,025 1,25 0,025 0,010 10 0,25
Sulfato de Ferro II FeSO4.7H2O - 55,6 - - 27800 27,8
Óxido de Molibdênio MoO3 - - - 0,01 - -
Iodeto de Potássio KI 0,83 - 0,75 0,75 - -
Continua...
FÓRMULA CONCENTRAÇÃO (mg. )
COMPOSTO
QUÍMICA MS JADS B5 WHITE QLP WPM
QUELATOS
Sódio EDTA Na2EDTA.2H2O 37,3 74,5 * - 37300 -
Sódio EDTA Na2EDTA - - - - - 37,2
Sulfato de Ferro Fe2(SO4)3 27,8 - * 2,5 - -
Esta etapa inicia-se com a seleção dos explantes mais adequados para a
micropropagação e termina com a obtenção de uma cultura livre de contaminantes e
suficientemente adaptada às condições in vitro. A condição da planta matriz, a
descontaminação e o manejo dos explantes iniciais são os principais aspectos a
serem considerados.
Esta fase é a mais crítica para a maioria das plantas lenhosas, principalmente matrizes
no estádio adulto, onde, além das dificuldades de resposta do propágulo vegetativo à
propagação clonal, normalmente esses explantes apresentam altas taxas de
contaminação.
Seleção do Explante
Multiplicação e Alongamento
Enraizamento e Aclimatização
Fases da Organogênese
No tocante ao tipo de explante a ser utilizado, vale salientar que ele pode
apresentar respostas diferentes em função da parte da planta onde foi coletado, pois
vários tecidos da mesma planta ou tecidos em diferentes estádios de desenvolvimento
podem resultar em diferentes respostas quanto à indução de tecido embriogênico
(VENDRAME, 1994). Entre os vários tecidos utilizados como fonte de explantes para
obtenção de embriões somáticos, têm-se os discos foliares, segmentos internodais,
hipocólitos, cotilédones e tecidos florais. De modo geral, os tecidos derivados de
partes mais juvenis, como aqueles de embriões imaturos, têm apresentado as
melhores respostas à indução de embriogênese.
Genótipo
Fonte do Explante
Condições de incubação
Contaminação
Hiper-hidricidade
Automatização da Micropropagação
Enxertia in vitro
Seleção Clonal
A seleção é um assunto de grande relevância na silvicultura clonal, visto que a
simples propagação vegetativa dos clones não é a garantia de um bom desempenho.
Assim, devem-se empregar critérios técnicos claros e bem estabelecidos em um
programa de seleção, em que a maior ou menor importância de cada critério depende
do estádio de desenvolvimento e local de atuação da empresa, bem como da
disponibilidade e do interesse da pesquisa na área do conhecimento.
Seleção Fenotípica
A seleção fenotípica é usualmente a mais utilizada no melhoramento vegetal
devido a sua plasticidade, baixo custo, rapidez, além de refletir bem a interação
“genótipo x ambiente”, que atua fortemente em espécies florestais, em vista de seu
ciclo longo. Entretanto, deve-se ter cuidado na avaliação de características com
coeficiente de herdabilidade baixo, pois nesses casos os efeitos ambientais
influenciam fortemente os resultados da seleção. Quando indivíduos superiores são
selecionados na época de corte, ou seja, em idades mais avançadas, a escolha
fenotípica é facilitada, mas os efeitos de competição (água, luz, espaço, nutrientes
etc.) estão mais acentuados, podendo provocar sérios erros na seleção fenotípica
(MORI, 1987; HERNANDEZ; ADAMS, 1992).
Seleção Genotípica
O processo seletivo não deve se basear apenas nos dados observados na
avaliação de campo, devido aos vários fatores que podem estar influenciando o
comportamento do genótipo. Aos dados fenotípicos devem ser aplicadas funções
(métodos de seleção) que os transformam em dados genéticos/genotípicos e,
consequentemente, permitem maior precisão de seleção (RESENDE, 2005). No
entanto, esse procedimento requer a instalação de testes genéticos para aplicação
dos diferentes métodos de seleção disponíveis no melhoramento genético.
Critérios de seleção
A seleção das árvores superiores considera, entre outras coisas, os indivíduos
que mais se destacaram em um determinado ambiente. Por isso, é importante verificar
todos os fatores que podem ter afetado o desenvolvimento e as características das
árvores para que o processo de seleção seja o mais eficiente possível. Para
Gonçalves (1990), o crescimento de um povoamento florestal é resultante de
processos fisiológicos, condicionados por um complexo de fatores de fatores
biológicos e ambientais. Nesse sentido, os principais determinantes biológicos da
produtividade florestal são a variabilidade genética, a densidade do povoamento, a
competição entre plantas e a intensidade de pragas e doenças. Assim, devem-se
minimizar os efeitos que possam refletir em um diferencial competitivo a favor de
algumas plantas, evitando selecionar indivíduos na bordadura do plantio, próximo a
clareiras, em depressões no terreno, próximo a curvas de níveis, ou seja, evitar a
seleção em microclimas que não representam as condições gerais do povoamento.
Uma vez obtida a planta pela enxertia, a parte aérea da planta enxertada
constitui-se em fonte brotações para confecção de estacas para enraizamento,
visando obtenção das mudas clonais destinadas ao processo de clonagem daquela
árvore selecionada.
Testes Clonais
Uma vez resgatada e multiplicada vegetativamente a árvore selecionada, a
instalação de testes clonais é recomendada, visando a seleção efetiva dos melhores
clones para o uso comercial. O teste clonal consiste no estabelecimento de
experimentos para confirmação e, ou, comparação de clones de árvores selecionadas
em condições de campo, instalados segundo em delineamento experimental em locais
representativos para indicação do desempenho do futuro plantio com os clones
selecionados.
Desempenho clonal
A silvicultura clonal por meio da propagação vegetativa de genótipos
selecionados tem permitido o estabelecimento de florestas clonais, proporcionando
maior uniformidade, melhor adaptação dos clones aos ambientes de plantio, maior
produção, racionalização das atividades operacionais e redução na idade de corte e
nos custos de colheita e transporte. No entanto, é imprescindível a instalação de
testes clonais para que se possam selecionar efetivamente os melhores clones e obter
informações prévias do desempenho destes, de extrema importância para a previsão
dos benefícios da utilização de um possível plantio clonal (figura 6.3)
Espaçamento de Plantio
Na silvicultura clonal, o espaçamento utilizado em um plantio pode afetar
substancialmente o crescimento, devido à competição entre as árvores vizinhas pelos
mesmos recursos. Além disso, segundo Mora (1986), há tendência de aumentar a
interação dos clones com o espaçamento de acordo com o aumento da idade. Isso se
justifica pelo fato de que o efeito do espaçamento torna-se mais marcante conforme
cresce a competição, o que está diretamente relacionado com a idade.
Como a avaliação precoce é desejável nos testes clonais, Bouvet (1997)
recomenda a utilização de pequenos espaçamentos para o estabelecimento de testes
clonais de Eucalyptus, pois assim há aceleração da maturação do genótipo,
propiciando alta correlação juvenil-adulta e evitando, também, o agravamento da
competição intraclonal. Ademais, testes clonais em espaçamentos reduzidos permitem
a formação de blocos mais densos e melhor controle da matocompetição, devido à
rapidez de fechamento das copas; em uma mesma aérea, há possibilidade de testar
mais clones, aumentando assim a intensidade de seleção e a possibilidade de ganho
genético, além de reduzir os custos de manutenção. Por sua vez a utilização de
diferentes espaçamentos possibilitará a identificação daquele mais adequado para
uma determinada finalidade comercial.
Avaliação Experimental
A avaliação experimental é considerada passo primário na seleção de clones
para a implantação de um programa comercial de reflorestamento. De forma geral, a
estratégia mais recomendada tecnicamente divide o processo em quatro fases: 1)
seleção inicial de grande número de árvores superiores, as quais são propagadas
vegetativamente, constituindo os clones; 2) análise rápida destes clones selecionados
em teste clonal por meio de uma avaliação precoce em relação à idade de rotação
desejada para o uso daquele material clonal; 3) implantação de um teste clonal para
avaliação mais minuciosa do desempenho de um número moderado de clones
selecionados na fase anterior; e 4) avaliação do desempenho comercial (plantio piloto)
de um número reduzido de clones selecionados anteriormente. Na prática, algumas
dessas estapas podem ser eliminadas por questões relacionadas a custo ou tempo
disponível para a seleção de clones para um determinado programa de silvicultura
clonal, bem como é dependente da espécie e dos riscos que a empresa pretende
correr.
Local
A capacidade produtiva do local é um dos principais fatores que influenciam o
comportamento de um clone. Essa influencia ocorre devido às diferenças nas
características físico-químicas do solo, na drenagem, no relevo, no subsolo e nos
tratos culturais em anos anteriores. Assim os fenótipos das árvores estabelecidas em
diferentes locais podem ser influenciados, positiva ou negativamente, pelo ambiente
no qual crescem e competem, gerando interações “genótipo x ambiente” (PATINÕ-
VALERA, 1986). Woods et al. (1995) relatam que apenas a preparação do local e o
controle de plantas daninhas foram suficientes para uma redução efetiva da
variabilidade presente no microambiente nas características do padrão de campo,
permitindo um crescimento mais homogêneo das árvores, que, sem competição
ambiental, expressaram o seu verdadeiro potencial genético mesmo quando avaliadas
em uma idade precoce.
Outros
Além das fontes de variações citadas anteriormente, outras têm sido relatadas,
como a qualidade das mudas, o manejo silvicultural adotado, o comportamento dos
clones e a taxa de mortalidade, os quais podem contribuir para a heterogeneidade das
plantas de um mesmo clone dentro da parcela experimental ou mesmo em um plantio
comercial. Esses fatores devem ser considerados na escolha das técnicas
experimentais e na condução do teste clonal.
Características Avaliadas
O teste clonal permite proceder à caracterização dos genótipos nos seus
aspectos morfológicos, fisiológicos e nutricionais. Desse modo, podem-se analisar,
além dos critérios silviculturais (volume da árvore, tolerância às pragas e doenças,
capacidade de autodesrama, tamanho da ramificação, conteúdo de casca, capacidade
de brotação e de enraizamento etc.), as propriedades da madeira de acordo com os
objetivos do plantio. Isso faz com que as técnicas e métodos de melhoramento
empregados nas empresas de celulose sejam diferentes, por exemplo,daqueles
utilizados nos setores siderúrgico, moveleito, etc. Assim, quando se trata em qualidade
da madeira ou outra característica de alto valor agregado, a atenção deve ser
redobrada no que se refere à idade de avaliação dos materiais genéticos e com o
coeficiente de herdabilidade de certas características.
Os testes clonais também têm sido usados com muita frequência para verificar
a resistência dos clones a determinada doença, principalmente quando se tem
conhecimento de alguma ocorrência importante na região do plantio. Na maioria das
vezes, o delineamento experimental utilizado permite a inoculação do patógeno em
relação ao qual se deseja avaliar o nível de resistência do clone.
Delineamento Experimental
Ao instalar um teste clonal, de acordo com os objetivos a serem alcançados, a
definição do delineamento experimental é de suma importância, uma vez que as
informações obtidas a partir deste devem ter a maior confiabilidade. Assim, a definição
de delineamento experimental, número de repetições, tamanho e forma das parcelas
deve ser considerada de acordo com os objetivos a serem alcançados na
experimentação, de forma a satisfazer um mínimo de confiabilidade nos dados
obtidos.
Fatores Envolvidos na Definição do
Delineamento
Existe certo consenso na área florestal quanto à adoção do delineamento em
blocos ao acaso, tendo em vista as diferenças entre os locais do plantio poderem
serem ajustadas para a seleção, minimizando os efeitos do local. No entanto, um dos
inconvenientes desse delineamento é a ocorrência de uma grande variabilidade de
ambientes a serem testados.
O ambiente onde será instalado o teste clonal também deve ser considerado
na definição do delineamento experimental, visto a interação com o local provocar
influência significativa no desempenho das plantas, principalmente na sobrevivência.
Assim, a precisão experimental é afetada, diante de uma grande mortalidade, pela
redução do número de plantas úteis a serem avaliadas, provocando a
heterogeneidade no plantio e, consequentemente, aumento da variância dentro do
experimento (BERGMANN, 1998).
Parcela Quadrada
Quando se discute o tamanho das parcelas, além do número de plantas
propriamente ditas, há outros aspectos importantes, como o formatos da parcela e a
necessidade de bordadura. Uma possibilidade é o emprego de parcelas quadradas,
utilizando-se uma linha de plantas como bordadura interna no experimento. Com essa
estratégia, pretende-se reduzir a competição intergenotípica, que pode favorecer os
clones que apresentam crescimento inicial rápido, particularmente durante e após o
fechamento das copas, tendendo a perpetuar e ser cada vez mais expressiva, fazendo
com que o erro resultante do efeito de parcelas vizinhas tenha influência sistemática
nos efeitos dos genótipos (FRAMPTON; FOSTER, 1993). No entante, segundo
Andrade et al. (1997), o uso de bordadura interna em experimentos com apenas
clones superiores de Eucalyptus para evitar a competição intergenotípica é
desnecessário.
Andrade (2002) relata que existem inúmeros trabalhos realizados com plantas
anuais que mostram, a partir de um número constante de plantas por parcela, a
vantagem do emprego de mais de uma linha de plantas por parcela. Segundo esse
autor, no caso de trigo, a utilização de parcelas quadradas forneceu dados úteis para
recomendação de cultivares; o desempenho obtido em parcelas experimentais foi igual
ao observado em nível de propriedade rural para os mesmos cultivares. No entanto,
na área florestal há uma desconfiança referente aos resultados encontrados nos
experimentos, mesmo utilizando parcelas quadradas, e não há nenhum relato
cientifico comparando o desempenho de clones de Eucalyptus em experimento e,
posteriormente, em plantios comerciais.
Plantio Piloto
As facilidades resultantes da redução do tamanho da parcela são
inquestionáveis, mas questiona-se se os resultados experimentais obtidos com
parcelas pequenas podem ser extrapolados para as condições de cultivo extensivo.
Especialmente, os profissionais que trabalham na área de manejo levantam dúvidas
sobre essa possibilidade, sendo comum na área florestal o emprego dos denominados
plantios piloto dos clones que estão em fase de recomendação comercial, para
aumentar a confiabilidade dos resultados antes do plantio em grande escala. Essa
estratégia é eficiente para identificação do verdadeiro potencial dos novos clones,
visando plantio comercial.
Os plantios piloto na área florestal têm sido empregados geralmente em uma
fase final da seleção clonal. A partir da avaliação dos clones em parcelas menores e
em idades precoces, seriam selecionados os melhores clones, os quais seriam
novamente avaliados em parcelas maiores e em regiões representativas da área de
produção da empresa. O estabelecimento do plantio piloto aumenta a probabilidade de
obter um clone ideal que se adapte a uma condição específica, bem como fornece
informações com maior segurança a respeito de pragas e doenças. Ademais, as
avaliações realizadas nessas áreas permitem uma estimativa mais precisa da
produtividade esperada com o plantio do clone selecionado e do seu comportamento
em plantio maiores.
Seleção Precoce
Na silvicultura clonal, a demora na etapa de avaliação é um dos entraves à
recomendação de novos clones, devido ao ciclo de vida das espécies florestais. Desse
modo, a seleção precoce pode diminuir o tempo requerido para avaliação e seleção,
maximizando os ganhos genéticos por unidade de tempo, além de proporcionar
vantagens adicionais, como experimentos menos duradouros, maior facilidade para
tomada de dados e maior adaptabilidade às mudanças de objetivos (REZENDE et al.,
1994).
Aquisição de Clones
A maioria das espécies florestais apresenta grande interação “genótipo x
ambiente”, dificultando a utilização de clones nos ambientes nos quais eles não foram
testados. No entanto, nas situações em que há interesse de plantar e não há clones
superiores próprios, a aquisição destes pode ser uma alternativa viável. Essa
estratégia tem sido adotada por empresas que não tem um programa de seleção
clonal consolidado ou quando não existem disponibilidade de clones que atendam
satisfatoriamente aos seus objetivos. A aquisição de clones tem apresentado ganhos
em programas iniciais de silvicultura clonal, porém, em programas mais avançados e
consolidados de silvicultura clonal, os resultados obtidos, na maioria das vezes, não
são muito expressivos.
Identificação Clonal
Na silvicultura clonal, um dos pontos fundamentais no desenvolvimento
confiável do processo de clonagem refere-se à correta identificação dos clones. De
modo geral, a correta identificação é de importância fundamental no manejo dos
clones em relação à documentação pertinente ao registro no banco de germoplasma,
na identificação da planta (clone), na seleção e avaliação do material genético, na
proteção legal de cultivares, bem como na correta identificação e recomendação dos
clones nos programas de silvicultura clonal.