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Aula 20/03

Georg Friedrich Meier, Versuch eines neuen Lehrgebäudes von den Seelen der Thieren. Halle: Hemmerde,
1749.
Hermann Samuel Reimarus, Allgemeine Betrachtungen über die Triebe der Thiere. Hamburgo, Bohn, 2ª
ed., 1762.
Johann August Unzer, Erste Gründe einer Physiologie der eigentlichen thierischen Natur thierischer Körper.
Weidmanns Erben und Reich, Leipzig 1771. Abreviação: EG; Tradução: PP.

1) H. S. Reimarus, p. 138.

Se os homens continuarem a ocupar a terra, em alguns séculos a história dos castores


atuais será considerada uma ficção.

Wenn also die Menschen fortführen, die Erde zu besetzen, so würde man in einigen
Jahrhunderten die Geschichte der jetzigen Biber für eine Erdichtung halten.

2) J. A. Unzer, EG, § 438, p. 443; PP, p. 235.

Só nos despertam admiração aquelas ações mediadas dos nervos [mittelbare Nervernwirkungen],
das quais estamos acostumados a sempre considerá-las, por sua natureza, como efeitos da
alma. Comove-nos pouco ver o músculo se contrair num animal decapitado, quando é tocado,
porque sentimos com frequência esse contato sem sentir [empfinden] simultaneamente ou
perceber essa contração. Quando vemos, ao contrário, que um animal se ergue e salta em
virtude de um contato violento, nós nos admiramos porque antes uma tal sensação sempre
estava conectada com a decisão sensível de fugir, tomada voluntariamente, de que sabemos,
no entanto, que ela agora não pode ocorrer. Se esse movimento não estivesse sempre
conectado, no animal sadio, à mesma sensação dolorosa, nós veríamos o animal decapitado
realizá-la, sem pensarmos que ela se assemelha a uma ação voluntária, e é por isso mesmo que
agora ela é espantosa [wunderbar].

3) J. A. Unzer, EG, § 437, p. 441; PP, p. 234.

a cada impressão sensível externa ele experimenta todos aqueles efeitos habituais da sensação
externa provocados nos animais sensíveis da sua espécie e é coagido a todos aqueles
movimentos que ela suscitaria [...]

4) J. A. Unzer, EG, § 437, p. 441; PP, p. 234.

ele também se comporta tão por conta própria [so eigenmächtig] e parece agir de modo tão
deliberado [so vorsetzlich], que é como se sentisse e fosse levado pela sensação a imaginações,
previsões, desejos etc., em conformidade com as quais agisse.

5) J. A. Unzer, EG, § 437, p. 441; PP, p. 234.

Arranque-se a cabeça de uma mosca, tocando-a: ela voa para longe, como se ainda sentisse, e
pela sensação fosse levada à decisão de se afastar. Geralmente, caso as moscas tivessem
representação, isso seria uma ação casual da alma pela sensação externa do contato [...] Agora,
ela é indiscutivelmente uma mera ação imediata dos nervos pela impressão externa sensível
[...] um peixe decapitado lançado em água fervente balança a cauda, um iúlo [miriápode]
dividido foge a cada contato com todas as suas pernas e, onde quer que tope, se vira e tateia
a seu redor [umherfühlt] [...] um caracol decapitado retira rapidamente o corpo de tudo que ele
toca, e então novamente o apalpa [anrühret], uma tesourinha sem cabeça, que é picada, se
defende com suas pinças, e assim em inúmeros outros casos.

6) J. A. Unzer, EG, § 439, p. 444; PP, p. 236.

Aquilo que denominamos movimentos voluntários, somos nós que o denominamos assim; o
voluntário não está no próprio movimento, que permanece sempre o mesmo, quer
representações sensíveis o efetuem, quer não, mas está apenas nisto, que nós o produzimos
por meio de representações sensíveis arbitrárias [eigenmächtige].

7) J. A. Unzer, EG, § 299, p. 293; PP, p. 163.

assim, as intenções da natureza que até ali eles [animais] seguiam cegamente se tornam fins
deles próprios [ihre eignen] e agora natureza e arbítrio sensível atuam juntas, não mais ou menos,
mas com conhecimento, em direção ao mesmo objeto [auf eben denselben Gegenstand], à mesma
intenção [auf eben dieselbe Absicht], e as ações (efeitos da alma) sucedem a partir de agora de
maneira necessária do instinto e, ao mesmo tempo, do alvitre sensível dos animais [sinnliches
Belieben der Thiere].

8) J. A. Unzer, EG, § 655, p. 670; PP, p. 335.

Porque o bater de asas com que a fêmea das borboletas atrai para o acasalamento
estimula os nervos de uma borboleta macho decapitada em geral, e não
particularmente as partes sexuadas dela, como os outros abalos dessa natureza, e, não
obstante, tem o mesmo efeito nela, como se tivesse sido sentida e, portanto, fosse
refletida por uma impressão interna sensível provocada pelas representações”.

9) H. S. Reimarus, Allgemeine Betrachtungen, pp. 242-243.

Quanto mais a perfeição das ações animais se eleva acima do uso mais perfeito da razão
humana, tanto menos se pode atribuir tal perfeição à razão deles [...] E o divino na natureza
animal se revela precisamente nisto, que suas faculdades da alma menos nobres são tão
sabiamente determinadas e, com isso, tão elevadas, que conseguem com elas realizar mais para
o verdadeiro bem próprio do que nós homens teríamos excogitado e realizado com todo o
nosso pensamento e reflexão, com todo o nosso engenho e com todos os nossos silogismos.

10) H. S. Reimarus, Allgemeine Betrachtungen, p. 243.

arte da economia, tanto nas coisas corpóreas quanto nas faculdades anímicas dos animais, que
eles, com menores capacidades, produzem ainda mais e mais perfeitamente do que aquilo que
as faculdades mais elevadas e mais exercitadas do ânimo humano podem conceber, entender
e levar a cabo.

11) H. S. Reimarus, Allgemeine Betrachtungen, pp. 287-288.


uma vida sensível sustentada por um corpo orgânico mediante um mecanismo em harmonia
com tal espécie de vida; uma alma que recebe de fora, depois da impressão recebida pelos
sentidos, uma consciência obscura das coisas corpóreas presentes e que recebe no presente,
pela imaginação, uma representação confusa do passado; mas que tem também interiormente
uma sensação da natureza e das forças suas e de seu corpo, e um esforço enraizado para certas
ações conformes à [sua] natureza.

12) H. S. Reimarus, Allgemeine Betrachtungen, p. 318.

sentido particular desconhecido de nós, que dá aos animais uma sensação das direções do
mundo, ou os impele e atrai para outros países ou lhes mostra previamente uma nota
característica da mudança do tempo ou da maré que virá.

13) H. S. Reimarus, Allgemeine Betrachtungen, p. 124.

Todo animal sente a índole do seu corpo e de suas forças e sabe aplicar cada membro para o
proveito certo [zu dem bestimmten Nutzen]. A esse respeito também já de tempos se notou que
os animais manifestam seu instinto para o uso adequado de seus órgãos antes mesmo que
estes existam: de onde se infere corretamente que o empenho e a destreza no uso dos órgãos
não nascem dos órgãos, mas que, ao contrário, os órgãos pressupõem a destreza de usá-los
adequadamente.

14) H. S. Reimarus, Allgemeine Betrachtungen, pp. 167-186:

Em alguns animais se nota um instinto para o uso determinado de seus órgãos antes mesmo que os
órgãos existam efetivamente. Consequentemente, eles aprendem o uso desses órgãos não porque os
possuam efetivamente, mas o empenho prematuro em usá-los mostra que conhecem por natureza o seu
uso antes da existência deles. Os bezerros, os carneiros, os bodes jovens já querem golpear
com os cornos, antes que estes cresçam; o porco jovem quer abocanhar de lado à sua
volta, antes que os dentes despontem.

15) F. W. J. Schelling, Erster Entwurf, p. 181.

Todo animal que detém um tal instinto já entra em cena com a sua arte, e nasce ensinado.
Aqui não há nada pela metade, inacabado, o que carecesse de melhoramento. Mas assim como
o incompleto é ao mesmo tempo também o perfectível, o completo é ao mesmo tempo
também imperfectível. – Imperfectibilidade é, portanto, o principal caráter de todos os produtos
técnicos animais.

16) H. S. Reimarus, Allgemeine Betrachtungen, p. 324.

Ora, se um ser senciente é uma alma, ao menos depois da separação das partes há muitas
almas, a sensação de cada uma das quais está a partir de agora limitada a uma certa parte do
corpo, e o esforço da qual é direcionado à perfeição dessa única parte.

17) H. S. Reimarus, Allgemeine Betrachtungen, pp. 324-325.

Poder-se-ia então lembrar ainda, a respeito da alma que reside na cabeça, que ela tem todos
os sentidos a seu dispor a fim de realizar suas ações com propósito refletido. Entretanto, uma
vez que nada mais resta às demais partes a não ser o mero sentido mais confuso do sentimento
[als der bloße undeutlichste Sinn des Gefühles], e o prazer e desprazer sentido por meio dele, não se
pode atribuir nenhuma reflexão a esse esforço cego, e se tem de reconhecer que o mecanismo
naquela parte do corpo já está preparado para executar o que é útil, tão logo seja posto em
marcha por um esforço cego.

18) J. A. Unzer, Grundriß, p. 39.

Vemos, contudo, em nós mesmos que as sensações e todas as demais representações da alma
têm uma verdadeira influência no mecanismo de nossos impulsos [Triebe]. Tem-se, por isso,
de admitir que é possível um duplo móbile [Triebfeder] na determinação das ações dos impulsos
animais. Pois, ou são as representações e, sobretudo, os desejos da alma que dão ao cérebro
aquelas impressões que colocam o sensório em ação; ou isso é feito também pela mera
sensibilidade deste último, sem intervenção da alma.

19) I. Kant, Anthropologie Busolt, AA 25: 1340:

Instinto é um desejo efetivo mas sem conhecimento claro do objeto. Tal é o desejo
em relação à inclinação dos sexos. O desejo de uma criança de sugar o leite. Poder
definir corretamente o instinto vai além da fonte da filosofia.
Por exemplo, se quero indicar porque as aves na África frequentemente constroem
seus ninhos em pequenos ramos suspensos sobre a água, a saber, se elas refletiram ou
não que, se não prendessem seus ninhos em pequenos ramos sobre a água, os macacos
iriam arrancá-los.

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