Você está na página 1de 4

Estromatólitos

Já se sabe que os ​Estromatólitos são estruturas biossedimentares


produzidos por ação química de micróbios (maioria cianobactérias
fotossintetizantes, algas e fungos) que formam finas camadas de filmes microbianos
que são aprisionam na lama e com o tempo, essas camadas desses micróbios e de
lama podem formar uma estrutura rochosa estratificada – o estromatólito.

Hoje em dia é muito difícil observar os estromatólitos nos afloramentos de


rochas dolomíticas, porque o longo contato com a atmosfera vem oxidando os
delicados filmes de matéria orgânica, responsáveis por destacar as estruturas
estromatolíticas, restando poucas exposições preservadas que serviria para
melhores estudos.

Estromatólitos recentes na Lagoa Salgada (Campo, RJ) (Ilustração de Srivastava, 2002).

Estes ​Estromatólitos ainda são produzidos por micróbios hoje em dia. Sendo
que os estromatólitos modernos são incrivelmente similares aos antigos
estromatólitos, nos fornecendo então ótimas evidências de algumas das mais
antigas formas de vida que existiu e ainda existem na Terra. Estromatólitos antigos
e modernos têm formatos parecidos e, quando vistos em corte transversal, ambos
mostram a mesma estrutura de camadas produzidas por bactérias. Os microfósseis
de cianobactérias anciãs podem, algumas das vezes, serem identificadas dentro
dessas camadas.

Modernos estromatólitos em Shark Bay, Australia. Fonte:​ evosite.ib.usp.br​.

A​tualmente, os organismos que constroem estromatólitos formam


comunidades complexas que incluem grande variedade de cianobactérias, outras
bactérias fotossintetizantes, bactérias heterotróficas e até microalgas e algas
eucarióticas (Golubic, 1976b). Sabe-se que existem diferentes tipos de organismos
como as bactérias clorofiladas, as rodofíceas e até fungos que também podem
contribuir para a construção dos estromatólitos (Krumbein, 1983), assim como as
diatomáceas que são de grande contribuição para os estromatólitos mais recentes.
Imagem de lâmina petrográfica de um estromatólito domal (tem forma de domo) da Lagoa Salgada -
Rio de Janeiro. Fonte: Silva e Silva, 2007

As esteiras microbianas que originam os estromatólitos marinhos


representam um ecossistema com estimativa de três bilhões de anos, tendo
persistido e se adaptado às mudanças ambientais ao longo do tempo geológico. Em
modo de distribuição estratigráfica, os estromatólitos são conhecidos desde o
Arqueano até o Holoceno, tendo maior distribuição no Proterozóico. Sendo que ao
final do Proterozóico houve declínio generalizado de abundância e diversificação
dos estromatólitos, dando maior espaço para os trombólitos e organismos
metazoários (animais pluricelulares) a partir do registro da fauna Ediacara. Mas é
mais provável que esse fenômeno de declínio tenha resultado de uma conjunção de
diversos fatores, em adição a esse, como, por exemplo, a competição por espaço
com as algas eucarióticas macroscópicas, em expansão nessa época, e fatores
ambientais, como mudanças climáticas (Walter et al., 1992).

Os estromatólitos estavam presentes em todos os períodos do Fanerozóico,


e foram importantes nos mares do Cambriano e Ordoviciano antes da grande
expansão evolutiva de organismos conchíferos. Depois disso, só puderam proliferar
em ambientes de alto estresse ambiental (salinidade, temperatura, exposição aérea,
pH alto), hostis aos organismos conchíferos e algas.

Contudo, o papel de ecossistemas microbianos ao longo do tempo geológico


não acabou com este declínio. De acordo com Pratt (1982), a proporção de
estromatólitos foi diluída devido à ascensão dos metazoários, os quais competem
pelo espaço junto ao substrato em ambientes de submaré fornecendo altas
quantidades de sedimentos bioclásticos e peloidais, menos favoráveis à formação
de estromatólitos.

Referências:

1. CATALDO, R. A. Análise dos Estromatólitos e sedimentos associados


– Lagoa Salgada / RJ. p. 50, 2011.

2. <​https://evosite.ib.usp.br/evo101/IIE2aOriginoflife.shtml​>

3. <​https://www.batepapocomnetuno.com/post/prazer-meu-nome-%C3%
A9-estromat%C3%B3lito​>

4. FAIRCHILD, Thomas Rich; SALLUN FILHO, William. Collenia


itapevensis, o primeiro fóssil pré-cambriano brasileiro e sua
importância no estudo de estromatólitos no Brasil. ​Mantesso Neto, V.;
Bartorelli, A.; Carneiro, CDR​, p. 177-186, 2004.

Você também pode gostar