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Palavras chaves: manifestação patológica, pintura, fachada, infestação biológica,
biofilmes.
1. INTRODUÇÃO
Enunciado do problema
A preparação do substrato das fachadas para repintura inicia pela lavagem por
hidrojateamento para remoção mecânica das sujeiras e contaminações biológicas
existentes. Em ambientes urbanos os gases da combustão dos motores dos
veículos impregnam as fachadas misturando-se com névoa salina marítima, como
em Florianópolis. Assim o biofilme resultante da simbiose entre diversos
microrganismos recebe a interferência dos cloretos e da deposição de resíduos da
combustão de combustíveis fósseis. Os cloretos inibem o crescimento da maioria
dos microrganismos, levando ao crescimento dos halofílicos (Gaylarde et al., 2017)
e as emissões de veículos podem servir como fonte nutritiva para as bactérias e os
fungos (Sáiz-Jiménez, 1997). De tal forma somente a eficiente remoção destes
agentes é capaz de proporcionar um substrato limpo capaz de receber a formação
de novo filme de tinta látex que tenha aderência e durabilidade. A remoção
deficiente destes agentes pode até acelerar a degradação do novo filme de tinta,
que possui carbono como fonte de alimento preferencial. Sendo assim, além da
remoção mecânica deve ser buscada a remoção também química destes agentes.
Os fungos migram suas hifas para o interior do revestimento argamassado,
perfurando o filme de tinta, e ressurgem com avidez, consumindo o carbono novo
disponibilizado pela repintura, caso não sejam eliminados, elevando a alcalinidade.
As algas são organismos fototróficos que se desenvolvem sobre o filme de tinta,
sem agredi-la diretamente, embora aumentem a retenção de água com seu efeito
danoso. A aplicação de solução de cloreto de sódio é uma providência simples,
eficiente e de baixo custo, que após 15 dias da lavação simples e secagem pode
eliminar tais hifas. De tal forma, a sanitização prévia do substrato é determinante
do sucesso da repintura, embora Shirakawa et al (2012) tenham constatado que as
cianobactérias podem resistir a hidrojateamento, diferente dos fungos.
2. Estudo de Caso
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A figura formada pela contaminação sugere a existência de halos sem
contaminação, fotografia 3. A contaminação, após 60 dias, não evoluiu mais,
estabilizando.
Os microrganismos que cresceram em nosso meio podem ser comparados com eles
mostrados por microscopia direta no estudo realizado no Campus da UFSC
(BREITBACH, 2009), onde foram identificados os seguintes microrganismos em
superfícies pintadas com tinta látex acrílica e monitoradas durante 12 meses:
Fungo Cladosporium; fungo Alternaria; cianobactérias Gloeocapsa e Scytonema;
alga Trentepohlia; bactérias gram positivas actinomicetos; algas e cianobactérias
cocóides não identificadas. Já o fabricante da textura informou ter identificados os
seguintes fungos em fachadas na região da grande Florianópolis, Penicilium sp;
Aspergilus sp; Alternaria e Mycelia Sterilia.
Etapa 1:
1. Descontaminação química com aplicação de hipoclorito de sódio com o mínimo
de 10% de cloro ativo em solução 1:1, resultando 5% de ativo final;
2. Aplicação da solução com uso de rolo de lã de carneiro ou pulverização por
aspersão, umedecendo bem a superfície para proporcionar maior contato do agente
químico com as contaminações;
3. Lavação de toda a superfície descontaminada para remover possíveis resíduos da
solução, no mínimo uma hora após sua aplicação.
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Etapa 2:
1. Aplicação de Fundo Bloqueador de Contaminações (produto composto por
resina acrílica modificada, aditivos, micro biocidas não metálicos de amplo espectro
e água) em demão única, em toda a superfície da fachada;
2. Aplicação de impermeabilizante emborrachado com dosagem biocida, em demão
única;
3. Aplicação da tinta látex acrílica emborrachada, com algicidas e fungicidas, na cor
palha.
4. Recomendações e conclusão
Não foi possível identificar a origem da contaminação havida, mas foi possível, após
conhecer os microrganismos atuantes, sanitizar e restaurar a pintura. Notório é que
as normas brasileiras não contemplam repelência a amplo espectro de agentes
biológicos, o que nos conduz a tintas em conformidade normativa que não atendem
às necessidades da diversidade bioclimática brasileira.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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